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sábado, 30 de agosto de 2014

ELBA RAMALHO, A VOZ DO NORDESTE


Aos 63 anos de idade completados no último dia 17, a cantora paraibana Elba Ramalho firma-se definitivamente como uma das vozes mais fortes e vibrantes do nordeste brasileiro.
O seu primeiro disco, Ave de Prata – de autoria do primo Zé Ramalho – foi lançado em 1979.
Eu a conheci nessa época.
Na ocasião o poeta e fotógrafo Paulo Klein reuniu alguns dos principais jornalistas em S. Paulo para apresentar, na sua casa à rua Avanhandava, a nova cantora que vinha do nordeste decidida a conquistar mentes e corações do Brasil.
E conquistou.
Elba, como quase todos os nordestinos, carrega consigo a crença e fé nos mistérios da vida. Para ela, Deus é, simplesmente, “o caminho e a vida”.
Mística, ela não tem medo de dizer com todas as letras que acredita em vida pós a morte e em vida além do planeta Terra.
Ela respira fé em Deus.
Sempre alegre, comunicativa e solidária, Elba Ramalho sempre procurou estar de bem com a vida e com o próximo, transmitindo alegria e esperança.
Ela sempre diz ter ciência de que “a nossa vida é muito curta”.
Elba Ramalho – por que não dizer? – é uma espécie de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Gordurinha de saia.
Ela canta o que crê, tanto que não é raro encontrar no repertório de seus discos, canções que falam de amor e paz.
Em 2000, eu tive a alegria de contar com sua participação na gravação do CD Assis Angelo Interpreta Poetas Brasileiros (acima, clique sobre a imagem), há muito esgotado.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

QUI NEM JILÓ

Votos de boa sorte e orações de amigos espalhados por aí como Roberto, Simone, Anastácia, Celia, Celma, Clévisson, Osvaldinho, Miguel, Mara, Geraldo, Darlan, Mocinha, Ivone, Eduardo, Joel, Wilson, Onaldo, Beto, Papete, Roniwalter, e Jorge, e levantaram a bola e me deram coragem nesses dias para, mais uma vez, encarar os mistérios do Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas, acompanhado por uma equipe de capacitados e profissionais do ramo da oftalmologia que estão pelejando para me fazer ver de novo as coisas da vida. Eu estou bem, qui nem jiló.
Solidariedade, carinho, amor, amizade e bem-querer são coisas que guardamos para sempre.

Fica o registro.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

O SOM DA NOSSA LÍNGUA

Entre os dias 10 e 12 do próximo mês será realizado, em Brasília, um encontro de especialistas para discutir, mais uma vez, mudanças na língua que falamos. Dizem os cabeções de plantão que é para acabar com o alfabetismo de vez no País.
Os resultados desse encontro, denominado pomposamente de Simpósio Internacional Linguístico-Ortográfico da Língua Portuguesa, serão encaminhados ao Senado que, por sua vez, encaminhará suas apreciaçoes ao Congresso Nacional. Feito isso, o Brasil será outro, com todo mundo falando a mesma língua.
Mas que língua?
Eu, que sou bem dalí do começo da segunda parte do século passado, aprendi ainda no Ginásio lições básicas, necessárias e inesquecíveis para escrever e falar em bom português no meu dia a dia. Exemplo: antes de “p” e “b” não se escreve “n”.
Normas simples, assim, nos eram passadas por professores que sabiam ensinar.
A base referencial era o latim, que acabaram.
E aí ouvimos hoje horrores, como “interim”, ao invés de ínterim; “clítoris”, no lugar de clitoris, “houveram” e “menas” etc., tão ao gosto de personalidades como Skaf, FHC e Lula.
Mas Lula falar com sua voz esganiçada “menas” ou revelar que “fazem três anos” que não vai a Garanhuns” é uma coisa; outra, é Skf e FHC falarem alto e bom som “houveram três coisas” de que não gostaram.
A fala ou escrita culta é uma coisa, a outra é a fala ou escrita popular, inculta, como dizem os gramáticos.
Lula é povo e fico por aqui, pois não sou gramático nem nada.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

ANTÔNIO ERMÍRIO, 1928-2014

Com o desaparecimento ontem à noite do engenheiro metalúrgico e empresário Antônio Ermírio de Moraes, mais uma cadeira está vaga na Academia Paulista de Letras, a de nº 23.
Por muitos anos Ermirio foi colunista da Folha, mas ele gostava mesmo, além de ganhar muito dinheiro, era de escrever peças para teatro sempre tendo como foco e tema o Brasil.
Ele era um homem simples, que gostava de se misturar à multidão.
Lembro, por exemplo, que um dia eu almoçava no restaurante do extinto hotel paulistano Ca´d´Oro, na Augusta, com o artista plástico Miguel dos Santos e o então diretor do Museu de Arte de São Paulo, Pietro Maria Bardi (1900-1999). Ao nosso lado Ermirio nos cumprimentou com simplicidade antes de se de sair sozinho, sem guardas-costas.
Depois fiquei sabendo que fazia parte da sua rotina almoçar ali, sem que nunca ninguém o importunasse.
Em 1986, Ermírio arriscou governar São Paulo.
Um de seus cabos eleitorais foi Roberto Carlos, que agora está processando Tiririca.
Mas essa é outra história.
Após perder para Quércia (1938-20010), ele prometeu que jamais repetiria a experiência de concorrer a cargo eletivo.
Promessa que cumpriu à risca, antes de desabafar:
- A política é uma podridão.

domingo, 24 de agosto de 2014

CULTURA POPULAR E POLÍTICOS

https://www.youtube.com/watch?v=5AoY8wZHIE4
Começou ontem, às 22 horas, o primeiro encontro – debate? - de candidatos ao governo do Estado de São Paulo promovido pela TV Bandeirantes e mediado por Boris Casoy.
O encontro reuniu Paulo Skaf (PMDB), Alexandre Padilha (PT), Gilberto Natalini (PV),  Gilberto Maringoni (PSOL), Laercio Benko (PHS) e Walter Ciglioni (PRTB).
Internado num hospital da Capital paulista com problemas intestinais, o candidato à reeleilçao, Geraldo Alkmim (PSDB), não participou do encontro e acabou virando vidraça.
Foi morno o encontro que terminou pouco depois da meia-noite.
Chamou-me a atenção o fato de em nenhum momento – da refrega? - os senhores aspirantes à governança paulista fizeram alusão à cultura popular.
Mas eles não sabem o que é isso, não é mesmo?
Falaram alguma coisa sobre educação, embora assassinando a língua.
O Skaf, por exemplo, logo nos primeiros instantes do encontro tascou um “houveram” de arrepiar na trilha do cabeção FHC, que fez a mesma coisa numa ocasião de sabedoria e inspiração em que defendia a discriminalização da maconha.
Lembro-me que na primeira campanha ao governo de São Paulo, num debate intermediado por Carlos Nascimento, na TV Globo, Alkmim abriu a roda falando de cultura popular e prometendo mundos e fundos.
O fato, porém, é que ele falou e pouco fez.
A cultura popular, senhores, é a digital de um povo.Aliás, no seu discurso de posse http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-o-planalto/discursos/discursos-da-presidenta/discurso-da-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-durante-compromisso-constitucional-perante-o-congresso-nacional, a Dilma usou essa frase com a variante “alma” no lugar de digital.
Eu esperava mais.
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O calendário de comemorações de aniversário de fundação da cidade de São Paulo ainda não havia terminado quando Getúlio Vargas enlutou o País ao espatifar o seu coração com um tiro à queima-roupa. Era uma terça o 24 de agosto daquele fatídico ano de 1954. Os fatos que levariam ao suicídio do presidente alcançaram maior gravidade com a tentativa de assassinato do jornalista Carlos Lacerda duas semanas e cinco dias antes na Rua Tonelero, Rio. No seu lugar tombou mortalmente ferido a bala o seu guarda-costas, Rubens Vaz.
Getúlio é o presidente mais cantado da música popular brasileira.
Fica o registro.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

TRAGÉDIA HUMANA E FOLCLORE

O campo do folclore é imenso, no Brasil e no resto do mundo. Nele há de um tudo, desde abobrinhas cintilantes de dimensões e colorações diversas a histórias de arrepiar o corpo, além de mitos e lendas como a da Mula sem Cabeça, do Boto, do Lobisomem e do rei Athur; supersições, crenças, cantigas, jogos infantis, adivinhações, danças, anedotas, provérbios, modos de vida e tudo o mais proveniente das gentes e da natureza, incluindo tragédias humanas ou não.
No livro mais lido em todos os tempos, a Biblia, em qualquer de suas edições se acham narrativas que tratam de mitos, lendas e tragédias ao gosto do freguês. Nele é dito, por exemplo, que o homem veio do barro e a mulher, de suas costelas. É dito também que foi uma cobra a responsável pela carga de pecados que carregamos sobre o lombo até hoje, e que Jesus nasceu do nada. Mas, enfim, a maior tragédia do mundo não se acha na Biblia.
A maior tragédia do mundo ocorreu quando o homem desceu das árvores, inventou o fogo, armou-se até os dentes e matou Deus.
Essa, sim, foi a maior tragédia do mundo em todos os tempos.
Depois disso passamos a vagar, a penar sem aprender coisa nenhuma, pois continuamos a matar, a fazer sofrer os nossos semelhantes.
Até quando?
Não é à toa que somos os únicos animais que se suicidam...
Mas no começo de tudo o homem amava a Deus, admirava a Lua e nela achava forças e soluções para os seus males.
No começo de tudo o homem respeitava o Sol, do qual dependia para muitas coisas.
No começo de tudo o homem olhava para o Céu e brincava com as estrelas.
No fim de tudo...
Hoje é o Dia Internacional do Folclore, que já nem comemoramos mais.
Quer saber mais sobre o tema?
Então, clique:
e clique também:
https://www.youtube.com/watch?v=TeLQm3SbyJQ
SYBELE
Morreu ontem no Rio de Janeiro a cantora baiana Cybele, da dupla com a irmã Cynara. Cybele começou a carreira integrando o Quarteto em Cy. O primeiro disco o grupo gravou em 1964. Quatro anos depois, Cynara e Cybele defendderam no III Festival Internacional a composição Sabiá https://www.youtube.com/watch?v=Zhxcu55PRHI, de Tom Jobim e Chico Buarque, que ganhou de Caminhando ou Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré.

RAUL SEIXAS
Também foi num dia 21 de agosto que morreu em São Paulo o cantor e compositor baiano Raul Seixas. O corpo foi encontrado na manhã do dia seguinte. Raul era honesto no que cantava. Ele adorava Luiz Gonzaga, que adorava Antenógenes Silva, que adorava Carlos Gardel. Antenógenes foi o único artista sul-americano a acompanhar Gardel em show, segundo ele próprio me disse em entrevista gravada e arquivada no Instituto Memória Brasil.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

BICICLETA E VIDA SAUDÁVEL

Ainda atrás do Rio de Janeiro e Curitiba, aos poucos porém São Paulo vai se inserindo no bloco das cidades que dão atenção às pessoas que gostam de pilotar bicicletas, ao invés de carros e motos. Claro que ainda vai demorar a chegar ao patamar ideal, como chegaram Berlim, Nova Iorque e Amsterdam, por exemplo.
Paris também é uma cidade onde as pessoas – turistas incluídos – são cada vez mais estimuladas a fazerem uso de bicicletas no seu dia a dia.
Berlim tem cerca de 750 quilômetros de ciclovias e Buenos Aires 130, o dobro de São Paulo.
Passeio na Praça da Independência, em João Pessoa: fins doas anos 1960
A meta do governo municipal é implantar 400 quilômetros de ciclovias até dezembro do próximo ano, ao custo de oitocentos milhões de reais.
Bicicleta é sinônimo de vida saudável.
Ah, sim! Pode não parecer, mas eu já tive 17 anos (prova ao lado).

IBIRAPUERA
Inaugurado no dia 21 de agosto de 1954, o Parque Ibirapuera, que conta com ciclovia e quadras iluminadas, além de pistas destinadas a cooper, passeios e descanso, completa hoje 60 anos. A sua área total é de 1,584 km². É o parque em área urbana mais visitado do País. É também o mais cantado em letra e música.

EXAGERO
Gostar de bicicleta é uma coisa, agora gostar desse jeito https://www.facebook.com/photo.php?v=445655972171039&fref=nf é outra, meio suicídio, não é não?

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

MOCINHA DE PASSIRA HOJE NO ESTADÃO

O paulistano diário O Estado de S. Paulo publica hoje, na última página do seu Caderno 2, ampla matéria (clique no link abaixo) sobre a poeta improvisadora ao som de viola Mocinha de Passira. A matéria, assinada pelo repórter JB Medeiros, destaca a importância de Mocinha no mundo da cantoria. Ela, aos 65 anos, é a mais respeitada profissional do repentismo brasileiro.
JB lembra que Mocinha iniciou-se na profissão aos 11 anos de idade. A própria artista conta que para se impor no ramo da cantoria enfrentou muitos obstáculos.
A matéria é muito boa. Mocinha de Passira tem percorrido o Brasil de canto a canto, sempre empunhando a viola e encantando as pessoas com seus versos improvisados.
Ela tem vários discos gravados.
O seu nome é muito respeitado, inclusive por grandes personagens da vida brasileira, como o recentemente falecido paraibano Ariano Suassuna.
Em 1997, Mocinha de Passira integrou o corpo de jurados do 1º Campeonato Brasileiro de Poetas Repentistas realizado no Memorial da América Latina, que teve como vencedor o pernambucano Oliveira de Panelas
. Na ocasião, o jornal The Guardian, de Londres, destacou o nome de Mocinha (acima e ao lado; para ler o texto em inglês, clique sobre a imagem) como uma das mais representativas figuras do repentismo brasileiro.
Mocinha de Passira está de passagem pela capital paulista participando de eventos, como o que reuniu diversos artistas populares no último fim de semana na livraria Cortez (abaixo).

Luiz Wilson, Pedro Monteiro, Assis,  Alessandro e Mocinha de Passira


sábado, 16 de agosto de 2014

O BRASIL É KAFKIANO


Assis entre Moreira de Acopiara e Jose cortez

Há pouco tive o prazer de encerrar a programação da bienal do cordel – este ano na sua nona edição - promovida pela Cortez Editora, na Livraria Cortez, ali no bairro paulistano das Perdizes.
O poeta-declamador cearense Moreira de Acopiara atuou como mestre de cerimônia e ao fim foi muito aplaudido.
Aberta pelo editor José Cortez, a programação da bienal, intitulada Semana do Cordel, contou com dezenas de verdadeiros representantes da cultura popular, entre os quais Sebastião Marinho, Mocinha de Passira, Téo Azevedo, Valdeck de Garanhuns, Luiz Wilson, Pedro Monteiro, Luiz Carlos Bahia, Eduardo Valbueno, Marco Haurélio e um dos filhos do poeta Patativa do Assaré, o declamador João Batista.
Como o brincante Alessandro Azevedo, criador do palhaço Charles, o jornalista José Nêumanne, acompanhado da sua musa Isabel, não se cansou de aplaudir os artistas presentes com suas performances.
No encerramento do evento usei o microfone para falar da riqueza e importância da nossa cultura popular, hoje - e sempre - tão desprestigiada pelos governantes das três esferas políticas no País.
Na verdade, a nossa cultura popular se acha no limbo, e o mais grave é que os senhores conselheiros do Ministério da Cultura camuflados no CNIC não sabem o que é cultura, tampouco a popular; pois se soubessem certamente não aprovariam um projeto de 4,1 milhões de reais para sete apresentações de um moço chamado Luan Santana e nem outro de uma moça de nome Bruna Surfistinha, que teve o aval do referido Ministério para projeto de 3,9 milhões destinados à produção de um filme que contou a sua história de garota de programa.
Nos meus tempos de rádio, e não faz muito tempo, briguei muito para que se levasse de volta às escolas públicas e privadas a nossa música. Esse projeto o Congresso aprovou, mas faltam professores para a matéria.
Pode?
Pois é, somos ou não um país kafkiano?

na foto, entre outros, Teo Azevedo, Luiz Wilson, Luiz Carlos Bahia, Eduardo Valbueno, Marco Haurelio e o futuro deputado estadual Alessandro Azevedo

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

MOCINHA DE PASSIRA X LEILA DINIZ

O acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos fez me lembrar de acidentes parecidos que também encerraram a vida de outros políticos famosos, como Siqueira Campos, no Uruguai, Castelo Branco, em Fortaleza, e Ulysses Guimarães, no mar do Rio; e de artistas muito conhecidos e queridos, como o cantor Agostinho dos Santos, na França, Mamonas Assassunas, em São Paulo, e Leila Diniz, na Índia.
Leila morreu no dia 14 de junho de 1972, três anos depois de sua célebre entrevista ao extinto semanário carioca Pasquim.
Além de atriz, Leila Diniz foi uma pessoa muito inteligente e agitada, que rompeu padrões na vida brasileira a partir da segunda metade dos turbulentos anos de 1960. Nesse ponto, ela lembra a poeta repentista Mocinha de Passira.
Mocinha, de batismo Maria Alexandrina da Silva, tinha 20 anos de idade quando Leila morreu e já fazia estripulias na sua terra pernambucana, casando antes dos 18 anos e brigando pra valer com quem a provocasse, inclusive os cantadores improvisadores mais importantes de lá, como o lendário Diniz Vitorino, ao lado de quem entrou num estúdio pel primeira vez para participar da gravação de um disco.
Leila e Mocinha, depois de Dercy Gonçalves, foram quem mais usaram o palavrão para melhor se comunicar.
Mocinha de Passira e o seu colega repentista Sebastião Marinho em visita ao Instituto Memória Brasil - IMB

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A VIDA É UM VAPT-VUPT!

Ao piano, Mário Albanese acompanha Darlan Ferreira
Quase sempre na vida as coisas ocorrem de modo muito rápido, começando ou acabando num minuto; numa fração de segundo, seja na geração de uma vida, seja no término dela, no tombo de um suicida, no vôo de um pássaro ou na queda de um avião.
É tudo vapt-vupt.
Às vezes pode doer, às vezes não.
Pra morrer basta estar vivo, como diz velho dito popular.
É quase certo que Eduardo Campos não teve tempo para sentir dor.
Nem ele e nem as pessoas que com ele estavam na manhã trágica de ontem, quando seu avião em vôo do Rio de Janeiro para São Paulo espatifou-se em solo santista.
Eu conheci o então governador de Pernambuco há alguns anos num almoço com nordestinos de destaque na cidade paulistana, entre os quais o editor José Cortez, o radialista Expedito Duarte – Mano Novo -, o poeta Moreira de Acopiara e o jornalista José Nêumanne, se a memória não me falha, no restaurante Andrade.
Achei-o uma figura simpática, alegre, de gestos firmes e cativantes.
Eduardo Campos parecia apostar todas as fichas na carreira de político nacional.
Não era verborrágico como Ciro Gomes, também presente na ocasião.
Lembro convrsamos sobre Pernambuco e a respeito de alguns artistas, como Luiz Gonzaga, Marinês e Anastácia.
Até então ele só ouvira falar de Gonzaga, que anos depois se envolveria num projeto de construção do Museu Cais do Sertão, em memória do Rei do Baião.
Mas a impressão que guardo a seu respeito é a de que não era muito chegado às coisas da cultura popular... Mas até aí nada demais em se tratando de político, não é mesmo? 
O ex-governador de Pernambuco morreu com 49 anos de idade.

ERUNDINA
Com o trágico desaparecimento de Eduardo Campos, quem do seu partido ou da coligação assumirá a candidatura à presidência da República? Na minha visão, mais do que Marina Silva, o nome mais gabaritado é a deputada federal Luiza Erundina, ficha limpíssima de comportamento cidadão - e político – exemplar, sem essa de Maluf ou Feliciano.

JEQUIBAU
O 13 de agosto é o Dia do Jequibau http://artspazio.blogspot.com.br/2014/08/13-de-agosto-e-o-dia-do-jequibau-vamos.html, em referência e homenagem ao rítmo musical criado por Mário Albanese e Ciro Pereira. No Instituto Histórico e Geográfico de São foram lembrados os 49 anos de criação do rítmo. O compositor e produtor musical Darlan Ferreira declamou, acompanhado pelo próprio Albanese ao piano. Fica o registro.  
No Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo momentos  pelos 49 anos do Jequibau

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

DIA DO PENDURA E DO GARÇOM

Hoje é Dia do Garçom, do Advogado, do Estudante – e do Pendura.
O garçom tem a ver com todo mundo que frequenta restaurante, incluindo estudantes e advogados.
Em 1827, precisamente no dia 11 de agosto, o imperador Dom Pedro I criou por Decreto, via Assembleia Legislativa, os cursos de ciências jurídicas no País através das faculdades de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, e Olinda, em Pernambuco.
No rastro dessa instituição tão importante para a formação política e social do Brasil vieram o Dia Nacional do Estudante e o Dia do Pendura, que pessoalmente nunca validei como legal e correto, tanto que o Art. 176 da Lei Penal vigente diz que “Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento” é crime sujeito a punição.
Nos “penduras” é comum que se pague 10% da conta aos garçons, enquanto o prejuízo fica para o restaurante.
A regulamentação da profissão de garçon é realativaamente nova,
Há dois anos o Senado aprovou lei chamada Reginaldo Rossi que define tempo de serviço para aposentadoria de garçons, maîtres, confeiteiros e cozinheiros.
Os garçons se aposentam com 25 anos de trabalho.
O Brasil é o terceiro país com maior número de advogados: 750 mil e mais de 1,5 milhão de bacharéis em Direito. 
Para ouvir o clássico brega Garçom, de Reginaldo Rossi, clique:

domingo, 10 de agosto de 2014

POEMA NO JORNAL DO SBT

Os telespectadores foram surpreendidos ontem à noite com o apresentador Carlos Nascimento (acima, CLIQUE), encerrando o noticioso Jornal do SBT declamando um poema – A Oração da Maçaneta – de Gióia Júnior.
O poema trata da apreensão – e alívio - de um pai à espera do filho de volta à casa após uma noitada com amigos. É um belo poema.
Jornalista com passagens pelo rádio e televisão, o campineiro Gióia Júnior nasceu um dia antes do Dia dos Pais, 9 de agosto, em 1931, e tem publicados pelo menos duas dezenas de livros e gravados vários LPs, nos quais ele próprio declama.
Alguns de seus poemas foram musicados e lançados em disco por intérpretes como Sérgio Reis.

sábado, 9 de agosto de 2014

A OPINIÃO COMO ESPETÁCULO

Lembrei-me há pouco do conterrâneo e xará famoso Assis Chateaubriand (1892-1968) ao escutar pela Rádio Jovem Pan Os Pingos nos is, programinha engraçado de final de tarde do crítico de plantão Reinaldo Azevedo.
Conta-se que certa vez ao velho Chatô um jornalista foi pedir emprego e como teste recebeu a incumbência de escrever um texto sobre Jesus Cristo, mas de bate-pronto perguntou:
- A favor ou contra, Dr. Assis?  
O cara ganhou o emprego, claro.
Opinar é bom e com responsabilidade, melhor ainda.
Hoje mais do que nunca, e mais até do que os jornalões tradicionais, as emissoras de rádio de São Paulo estão apostando firmemente em opinião como produto assinado, caso das rádios CBN, Estadão e Jovem Pan, que do ramo têm bons craques como Alexandre Garcia, Arnaldo Jabor e já referido Reinaldo Azevedo.
Dentre todos Reinaldo é o que exagera, ao se colocar como sabichão dos sabichões, o que mais sabe de tudo e muito mais, por isso chega a dizer besteira em nome do livre-pensar como o fez ontem ao falar sobre as origens do saiote dos escoceses e tomar para si a a manjada expressão que dá título ao programa.
A expressão “os pingos nos is” é uma expressão folclórica tão antiga como “quem fala muito, dá bom dia a cavalo”.
O fato é que a opinião, mais do que a notícia, está virando show, espetacularização.
Não sei se isso é bom.
           
O VELHO CHICO’
Ouço no rádio notícia dando conta de que o nível das águas do Rio São Francisco está baixando assustadoramente, por causa da longa estiagem. No leito do rio não tem caído um pingo d’água sequer. Por causa disso, as consequências têm sido dramáticas. Até o serviço de balsas que atende as necessidades dos moradores de várias cidades ribeirinhas, como Januária e Três Marias, está suspenso. Em Pirapora, os passeios no vapor centenário Benjamim Guimarães – o único em ótimo estado ainda movido à lenha -, também. Porém os trabalhos para o desvio de suas águas para Pernambuco e Paraíba e outros Estados nordestinos continuam de vento em popa nas suas diversas frentes. Ao lado do Tietê, o São Francisco é o rio mais cantado na música brasileira.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

SECA, IMPRENSA E FUTEBOL

Ouvi no rádio a notícia de que a cidade de Itu, localizada na região sorocabana e distante 102 quilômetros da capital paulista, está vivendo o pior e maior drama da sua história de 404 anos: a falta d’água.
Como Itu, chamada de Cidade da Criança e onde dizem que tudo lá é grande, inclusive a esperança, dezenas de outras cidades paulistas passam pela mesma terrível experiência, embora o governo do Estado não reconheça nisso drama nenhum.
Aliás, vários bairros da capital de São Paulo estão vivendo em sistema de racionamento há meses, embora o governo também negue esse fato.  
Ironicamente Itu é uma das 29 estâncias turísticas do Estado, mas o fluxo de visitantes está, obviamente, prejudicado por motivo de força maior: a falta d’água.
Outrora Itu foi a cidade mais importante e rica do Estado, tanto que chegou até a marcar presença de destaque no processo vitorioso que levou à proclamação da República em 1889, ao sediar 16 anos antes a primeira convenção de eminentes republicanos, entre os quais quase todos os barões do café.
Mas a notícia que me trouxe a realidade vivida atualmente pelos ituenses me levou também à dura realidade ora vivida pelos sertanejos nordestinos, que amargam as consequências da estiagem mais violenta do último meio século sem que o poder público nada faça para sequer amenizar as agruras sentidas.
E nestes tempos bisonhos de pré-eleição nem a imprensa diz nada.
Por que será, hein?
Ah! Sim, além de ser uma espécie de berço da República, Itu é berço também do futebol brasileiro, pois foi lá que se soube da existência do futebol, notícia trazida por um jesuíta que fora à Europa, em 1878, em busca de novidades para o colégio no qual lecionava e onde rolou bola no Brasil pela primeira vez: o São Luís. 
Alunos do colégio São Luís, de Itu, foram os primeiros jogadores de futebol no Brasil.  A foto é de 1897

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O DIA EM QUE MORRI DE VERGONHA

Da mesma maneira que é difícil ver Vital Farias acomodado aos padrões atuais do meio fonográfico, digo o mesmo do estaduzudense Wynton Marsalis, tido e havido como o maior trompetista do mundo.
À parte gêneros e dimensões, os dois são pérolas que brilham indifentes à crítica e ao próprio mercado.
Eles cuidam de arte.
Negro, ao contrário de Vital, Wynton é um músico que encontra no trompete o seu instrumento de expressão maior, como Vital tem no violão a sua extensão mais expressiva.
À maneira de cada um, os dois são grandes.
Ouvindo Concerto Para Dois Trompetes, do italiano Antonio Vivaldi (1678-1741), a impressão que se tem é que essa peça, que abre o LP Música Barroca Para Trompetes, foi feita especialmente para Wynton.
Ouvindo Estudo nº 22, do francês Napoleon Coste (1805-1883), a impressão que se tem, com relação a Vital, é a mesma.
Nesse caso, o que faz a diferença é a Orquestra Inglesa de Câmara que acompanha o estazudense, sob a regência de Raymond Leppard.
Eu fui apresentado a Wynton Marsalis há uns 20 e poucos anos, por um amigo comum que tocava trompete na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, à época do maestro Eleazar de Carvalho.
Gostei dele.
E entre um assunto e outro, ele disse:
- Se você fosse norte-americano, você teria todas as condições para realizar seus trabalhos de pesquisa.
Morri de vergonha.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

HIROSHIMA, MEU AMOR

Há cem anos completados no último dia 28, um estudante desconhecido matou a tiros em Sarajevo o arquiduque herdeiro do trono Austro-Húngaro Franz Ferdinand e a sua mulher duquesa de Hohenburg, Sofia.
Esse duplo homicídio foi o estopim da deflagração da Primeira Guerra Mundial.
Há 69 anos completados hoje, duas bombas atiradas em Hiroshima e Nagazaki, no Japão, selaram o fim da Segunda Guerra.
Milhões de pessoas morreram tanto na Primeira quanto na Segunda Grande Guerra.
Muitas músicas e filmes renderam e ainda rendem os dois conflitos.
Dentre todos, talvez o filme mais famoso e bonito seja Hiroshima, Meu Amor, do diretor francês Alain Resnais (1922-2014), que inspiraria o autor baiano Tom Zé (aí ao lado comigo, Jarbas Mariz e Arnaldo Xavier) a compor uma música com o mesmo título que o levaria à fama em 1968, após ganhar o principal prêmio do IV Festival de Música Popular Brasileira promovido pela TV Record. Detalhe, ele me contaria anos depois: “Jamais recebi o prêmio”.
Os fatos passam e ganham lugar na história.
Para lembrar, um trecho da canção de Tom Zé:

... Salvai-nos por caridade
Pecadoras invadiram 
Todo centro da cidade 
Armadas de ruge e batom 
Dando vivas ao bom humor
Num atentado contra o pudor
A família protegida
Um palavrão reprimido
Um pregador que condena 
Uma bomba por quinzena
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito...

Num encontro mais recente, eu e Tom

terça-feira, 5 de agosto de 2014

PRAÇA ALBERTO MARINO JR.

Dois anos e nove dias depois de partir para a eternidade, o paulistano Alberto Marino Júnior, autor da letra da valsa-choro Rapaziada do Brás, virou nome de praça em Uberlândia, Minas Gerais.
Algo parecido na capital paulista até agora, nada.
Seu pai, Alberto Marino, em vida foi homenageado com nome de rua em Itanhaém, no litoral de São Paulo.
Em seguida, no ano de 1967, Marino emprestaria o seu nome a um viaduto no bairro paulistano do Brás.
Alberto Marino Júnior estudou Direito como vários integrantes da sua família, incluindo Roberto que ontem à noite, por telefone, passou a notícia da homenagem póstuma ao pai, que chegou ao cargo de desembargador do Estado de São Paulo.
Como promotor público ele jamais perdeu uma sessão do Júri, mandando pra cadeia muitos marginais, como o que se tornaria famoso como Bandido da Luz Vermelha.
Alberto Marino era compositor, instrumentista e maestro, com programa de rádio em São Paulo dos anos 30/40 do século passado.
Ele tinha 17 anos de idade quando compôs Rapaziada do Brás, sem letra, gravada entre 1926/27 pelo grupo musical Bertorino Alma, do qual era líder.
A música virou um clássico, na sua forma instrumental.
Em1960, o cantor argentino naturalizado brasileiro Carlos Galhardo pediu ao autor que à melodia acrescentasse uma letra, tarefa que foi delegada ao filho Júnior.
A tarefa foi cumprida da noite para o dia, e de modo definitivo.
Viva os Marino@
Para ouvi-la clique:

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

FARO, BONI E NÉLSON RODRIGUES

A TV da Fundação Padre Anchieta tem uns programas muito bons, como o Roda Viva, Viola Minha Viola, Sr. Brasil, Ensaio e Móbile, sem falar dos documentários.
Ontem mesmo o Móbile – o Ensaio -, criado, dirigido e apresentado pelo mágico Fernando Faro, inovador da nossa TV, estava imperdível com o osasquense José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, falando sobre si e sobre a televisão brasileira que ele tanto tem ajudado na sua melhoria; primeiro pela Globo e em seguida pela Vanguarda, que já tem uma rede formada por mais de 70 afiliadas interior paulista a dentro.
Ver e ouvir Boni revelar que passou um ano inteiro trabalhando sem ganhar um tostão sequer do todo-poderoso Roberto Marinho é, no mínimo curioso; e que só depois é que passou a receber grana através de contrato de risco firmado com a Globo, além de curioso é estimulante. 
Apostar na vida é para profissionais.
Boni trabalhou de graça porque Roberto Marinho não tinha como pagar, até porque empenhara no negócio de TV a casa e até as cuecas, na própria expressão do Boni.
É gratificante também ouvir do Boni falas como esta: “Somos concessionários do serviço público. Nós temos responsabilidade social sobre isso aí”. 
E ele ainda falou que é sonhador, como Fernando Faro.
O programa seguinte a entrar no ar pela TV Cultura já na madrugada de hoje tratou da vida e trajetória profissional do pernambucano de Recife Nélson Rodrigues, também imperdível. 
Muito bem feito, o documentário destacou o autor de Bonitinha, mas Ordinária, como o mais importante dramaturgo brasileiro.
Nélson, que nasceu há 101 anos a se completar no próximo dia 23, foi jornalista, pensador e um frasista insuperável. São dele, por exemplo, estas pérolas:
- Toda mulher gosta de apanhar, menos as anormais. As neuróticas revidam.
- Toda unanimidade é burra.
- O dinheiro compra até o amor verdadeiro.
- Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu.
- O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência.
E ainda tem aquele conselho dele aos jovens, na televisão.
Clique:
E O BRINCANTE, HEIN?
Foi muito bonita a concentração de pessoas de todas as idades no Parque do Ibirapuera, ontem à tarde. Chamou-se Brincada. Muitos artistas se apresentaram, tendo à frente o brincante dono da festa Antônio Nóbrega. Predominaram o canto e a dança do maracatu, com direito a cortejo que mobilizou um público graúdo estimado em dez mil viventes. 
O motivo dessa beleza, que se repetirá, é impedir que o Teatro-escola Brincante deixe a Rua Purpurina, como querem os tubarões urbanos do mercado imobiliário.
O Teatro-escola Brincante está há duas décadas na Rua Purpurina, 428.A luta continua.
O povo unido, jamais será vencido.
Viva o Brincante!
Viva o mágico da alegria Antônio Nóbrega! 

domingo, 3 de agosto de 2014

O FAZER POÉTICO DE VITAL FARIAS

O paraibano de Taperoá Vital Farias, antena viva e lúcida do nosso cotidiano, é dos raros artistas que têm garantido desde sempre um espaço especial na galeria dos que se diferenciam pelo estilo e postura na forma de compor e interpretar.
Vital é um violonista de formação erudita.
Ele marca pontos ao navegar com galhardia no mar revolto da intranquilidade, mas os tubarões da mediocridade urbana não o assustam.  
Fugir do fácil e da obviedade tem sido a sua meta, tanto que não há, no seu estilo e forma, como compará-lo a outros artistas.
O fazer musical dele é um fazer artesão e solitário.      
Paciente, ele investe no conhecimento e na arte.
O seu berço
tem base e apoio na cultura popular, daí a sua força.
Como poucos, ele sabe de cantador e cordelista.
Exemplo é o texto que me manda em versos de sete linhas formados por sete a onze sílabas, em que o 2º rima com o 4° e 7º e o 5º com o 6º e onde o 1º e o 3º não encontram guarida rimática.
Eis o texto:
A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU E O SEU RETORNO PARA O NORDESTE DO BRASIL. 

I
No tempo que eu era menino
Dormindo lá no Sertão
Eu sonhei que Virgulino
Chegava assim no Oitão
Da casa que nós morava 
Uma poesia recitava
Tudo em forma de Oração
II
Pedindo a Deus por seu povo
Com tanta Indignação
No seu choro ele dizia
Da cruel ingratidão
Que um seu irmão Nordestino
Cometera desatino 
Enganando a Multidão.!!
III
Quanto mais ele falava
Mas seu coração doía
Parecia uma fogueira
Precisando de água fria
Fome e sede de vingança
Eu comparo com uma Onça
Quando perde a sua Cria."!
IV
Dizendo não aceitar
(Nessa hora eu me comovo)
Um nordestino enganar
Essa Atitude eu não louvo
E depois se aproveitar
Pra depois Milhões Roubar 
Chupando o Sangue do Povo.!
V
Dizendo que confiava
Em cada um Nordestino
Foi o que o Pai lhe ensinava
Desde os tempos de menino:
"Clara e Gema se estranhar !!!!!
Pois, se a Casca se quebrar
Nem Deus consegue Colar!”!
""Cometeu um desatino."" !!
VI
No seu choro desmedido
Falava assim desse jeito
Dizendo:Oh Deus de Bondade
Sei que"Humano" não é perfeito
Mas ensina a perdoar
Se não eu vou desandar
E voltar do mesmo jeito.!
VII
Se eu perder minha cabeça
Conforme a Polícia quer
Vou me virar numa Besta
Vou virar um Lucifer
Mas não aguento Traição
Saiba que sou Lampião
Haja no mundo o que houver
VIII
Assim gemendo e chorando
Batendo de déo em déo
Lampião seguiu vagando
Foi cumprindo o seu papel
Fechou o Portão do Inferno
Disse assim: Oh Pai Eterno
Me Abra o Portão do Céu !
IX
E foi batendo na porta 
Nessa mesma ocasião
São Pedro tava sentado
Com a chave do Portão
Disse assim pra São Silvestre:
-Tem gente aí do Nordeste
Acho que é Lampião.!
X
Lampião entrou no céu
De Fuzil e cartucheira
E disse assim pra São Pedro:
-"Quero ouvir Muié Rendera !
Num vim aqui fazer fita
Cadê Maria Bunita !!
Eu num tô de brincadeira!"
XI
São Pedro tomou um susto
Desmaiou na mesma hora 
São Mateus deu logo um grito:
"Valei-me Nossa Senhora!"
-Me acuda Pai Eterno
Que o Céu virou inferno
Vou sair daqui agora!"
XII
Ao dizer essas palavras
Todo o Céu escureceu
Foi,chegando Jesus Cristo
E um clarão resplandeceu
Nessa hora Lampião 
Caíu de Joelhos no chão
-"Dizendo: ÉS FILHO DE DEUS!"
XIII
Ao se ajoelhar no chão 
Caiu num sono profundo
Jesus com essas palavras
Foi dizendo ao Moribundo:"
"Te levanta Lampião
Protetor és do SERTÃO,
Teu sentimento é Profundo.!"
XIV
- Jesus diz a Lampião:
"Tu foste Caluniado
Pelos poderes vigentes
Não fizeste mal algum
Tua alma é de inocente
Só castigasse o cruel
Inverteram o teu papel
Te fizeram de serpente"
XV
Jesus continua dizendo:
"È serpente venenosa
Gente que te calunia 
Também fui caluniado
Na presença de Maria
E na Cruz Crucificado.
Apanhando de soldado
Muito mais Mamãe Sofria. !"
XVI
Jesus com Indignação, diz:
-"Te levanta e Toma o Cetro
Tu és Um Rei Coroado
Teu valor é Bem Maior
Que qualquer Um Potentado
Vai Governar teu Sertão
Livrar da Humilhação
Todo Aquele Povo Honrado"!
XVII
Jesus Cria a Fábula da Raposa,,
Vou dizer mais uma fábula
Pra todo mundo escutar:
"A Raposa é bicho esperto
Na hora que quer Roubar
Mas se dormindo tiver
Um sujeito com um "*Quicé" 
Pode lhe desapontar !"
XVIII
JESUS CRISTO, condena a maldade do homem Traidor:
"Não existe nesse mundo 
Homem capaz de enganar
Mesmo sendo Poderoso
Qualquer dia, irá pagar
Não admito a Traição,
Dentro do meu coração
Pra ele não tem Lugar !"
XIX
Jesus dá um Conselho a Lampião e se despede com humildade:
Vá agora pro Brasil
Tomar conta do Nordeste 
E político que não Preste,
“Passe ele no Fuzil”.
Sei que lá tem mais de Mil
Se fazendo de Coitado..
São quase todos safados
Com ganância e Covardia
Reze pra Virgem Maria
E Um adeus do seu CRIADO.!
XX
E assim fui me acordando
Do Sonho quase Real
Minha mãe pro pai dizia:
Vamos acordar o Vital,
Que nem o Fogão tem Brasa,
Não tem Feijão, nessa casa.
Só tem um Restim de Sal&gt!
(fim)