O
que mais dói, uma mentira de homem, mulher ou menino?
Todo
tipo de mentira dói, mas dói menos a inventada e contada por uma criança. E por
Quem
já não ouviu uma história de pescador?
José
Dias não era pescador, era um desses personagens inventados pela imaginação de
um dos nossos maiores escritores, Machado de Assis (1839-1908).
Um
dia, nos fins da primeira parte do século 19, José Dias bate à porta em uma
fazenda e cura com remédios adquiridos sabe-se lá onde, um feitor e uma
escrava. E não cobra nada dos pacientes e nem do seu dono, pai de Dentinho.
Dentinho,
como todo mundo sabe ou deveria saber, vinha a ser Dom Casmurro.
Ilustração de Luciano Tasso para a obra Meus romances de cordel. |
Quer
dizer, há mentiras curiosas, engraçadas, que não fazem mal e não levam a nada;
e quando leva, leva para o bem do outro.
Mentira
de pescador faz mal?
Mentira
de criança faz mal?
E
mentira de homem e mulher, quando especialmente a mulher ou homem mente para
tirar proveito próprio em prejuízo de uma sociedade, por exemplo?
Pois
é, o Brasil vive numa embatucada: perdoar ou não perdoar, eis a questão.
A
Democracia é um sistema político que, nas origens, foi criada para o bem de
todos.
Quem
não dá bola à lei e comete crime, qualquer crime, deve pagar pelo que fez ou
faz, é ou não é?
Muita
gente não dá bola às leis. Getúlio Vargas, por exemplo, dava de ombros e dizia
que a lei era para os inimigos, “para os amigos, tudo”.
Mentir
é coisa grave.
A
mentira leva à degradação.
Detalhe:
José Dias era daqueles que opinavam com
obediência.
Por
falta de opinião, jamais morrerei.
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