Postos pra correr por Napoleão Bonaparte, Dom João VI e família
juntaram seus teréns e se lançaram ao mar em direção ao Brasil de Cabral.
Depois de braçadas e
braçadas mar adentro, a família Real portuguesa desembarcou na
incipiente província de São Sebastião do
Rio de Janeiro. Na trouxa o imperador trouxe documentos, livros e prensas.
Isso em 1808.
Dois anos depois, e depois de criar a Imprensa Régia, dom João VI também criou o Dia Nacional do Livro, 29 de outubro, que é hoje.
Belo dia.
A leitura transforma quem ler.
O livro é o professor que está sempre a nossa disposição, em
qualquer lugar que estejamos Ele nos
leva a grandes viagens, a grandes aventuras; ele nos provoca, nos tira dúvidas,
nos ensina de todas as formas transformando a nossa vida.
Quem ler conhece tudo ou quase tudo do tudo que há no mundo.
Depois de Louis Brailler, até os cegos leem.
Eu quero dizer o seguinte: quem aprendeu a ler e não ler
livros, é um bobo, pois não sabe o que está perdendo. Aliás, o paulista Monteiro Lobato cunhou uma frase que diz tudo: "Um país se faz com homens e livros".
Livros dão conhecimentos e mostram o caminho do saber.
Um cidadão só se faz à luz da filosofia.
Com educação e cultura
E um quê de sabedoria.
Claro, os versos acima são meus, mas o importante não é isso.
O importante é ler. Sei , porém, que livros no nosso país são produtos muito
caros. Nesse setor há muitos problemas, como de resto problemas há em todo
canto. Conheço grandes e sensíveis editores
do ramo literário que estão comendo o pão que o Diabo amassou. Entre esses verdadeiros paladinos da cultura do saber, se acha José Cortez, que está pondo no mercado 1,5 milhão de exemplares de
livros a preços que variam de 1 real a dez reais.
Carro
de boi é carro de tração animal. Foi o primeiro a rodar nos sertões do nosso
País. Isso tem ali, por baixo, uns quatro séculos. Tem carro de boi com 2 bois, com 4 bois, 8 e até 12.
Boi
carreiro é boi de carro de boi.
Carreiro
é o condutor do carro de bois.
Carro
de boi é carro, hoje, em extinção. Portanto, não há mais carreiro nem boi
carreiro.
Tem
muita história de carreiro e carro de boi. De vaqueiro também.
Vaqueiro
era o homem que vaqueja.
O
vaqueiro, também em extinção, tocava boi, aboiava.
Guimarães
Rosa – sim, aquele de Grande Sertão Veredas – tangeu boi e boiada e, como
resultado disso, gerou para nos e o mundo, a obra-prima que em 2016 estará
completando 60 anos desde seu lançamento.
A
motocicleta substituiu o vaqueiro no Sertão
O
tema gerou inúmeras cantigas; algumas clássicas, como Boi Soberano, moda de
Izaltino Gonçalves e Pedro Lopes; e Boiadeiros, toada da dupla Armando
Cavalcante e Klécius Caldas, essa imortalizada na voz abaritonada de mestre Lua
Gonzaga, rei de todos os baiões.
Pra
mim é uma alegria muito grande quando me chega às mãos disco como Trilha Boiadeira,
do violeiro de verdade Cláudio Lacerda.
Esse
novo disco de Lacerda traz uma dúzia de pérolas do repertório de cantigas de
viola que o tempo não nos faz esquecer.Além das duas músicas já citadas,
destaque para Boiadeiro Errante ( Teddy Vieira),Triste Berrante (Adauto
Santos), Tocador de Boi ( Gutia, Braúna e Téo Azevedo) e Disparada, do genial
paraibano Geraldo Vandré.
O
disco Trilha Boiadeira é um disco muito bonito, cuja beleza sonora deve ser espalha
por aí afora.
BOI
Não
lembro bem o ano agora, mas andei escrevendo texto sobre boi carreiro.
Escvrevi
e interpretei no filme BOI, dos diretores Edu Felistoque e Nereu Cerdeira.
Eu
tenho grande respeito e admiração pelo rei do futebol, Pelé.
Eu
tenho grande respeito e admiração pelo rei do ritmo, Jackson do Pandeiro.
Hoje
o mundo todo comemora a existência do atleta do futebol que mais nos encantou.
Pelé,
de batismo Edson Arantes do Nascimento, nasceu em Três Corações, MG.
O
mundo lembra de Pelé, mas o Brasil esquece Jackson.
Para
a Musica Popular Brasileira, Jackson do Pandeiro nasceu em outubro de 1953. Nesse
ano, ele gravou Forró em Limoeiro, de Edgar Ferreira; e Sebastiana, um coco, do
pernambucano aparaibanado Rosil Cavalcante, que, aliás, completaria no próximo dezembro
100 anos de idade.
Eu
tenho muito respeito por Pelé.
Eu
tenho muito respeito por Jackson.
Eu
tenho muito respeito pelo Brasil, que parece não ter muito respeito por nós.
O
Brasil musical, em disco, começa em 1902 com o cantor Bahiano.
O
Brasil dos brasileiros parece-nos um pouco distante...
É
crise pra cá, é crise pra lá, é crise em todo canto.
É
fácil contar histórias
Quando
histórias há para contar
No
Brasil há muitas histórias
Você
não quer parar para escutar?
Pelé
está completando hoje 75 anos de idade.
Forró
em Limoeiro e Sebastiana, músicas do primeiro disco de Jackson do Pandeiro,
estão completando 62.
Vocês
viram o filme Pelé Eterno? Pois bem, como consultor musical, eu convenci o
diretor Aníbal Massaine a abrir Pelé Eterno com o coco 1x1, de Edgar Ferreira. para lembrar Jackson, clique:
No texto era dito do acidente natural que
levou a luz dos olhos para o céu. No texto eu falava da importância da cultura
popular brasileira, na vida brasileira. Falava também do acervo ( Instituto Memória
Brasil – IMB) que constitui ao longo de 40 anos, reunindo milhares milhares de discos em todos os formatos,
milhares e milhares de fotografias de artistas e partituras, livros e jornais e
revistas em edições centenárias, além de muitas outras “coisas” referentes ao
fazer da cultura popular, colhidas nas
minhas andanças mundo afora.
São
milhares e milhares de raridades que devem ser preservadas com todos os
cuidados possíveis, incluindo digitalização, catalogação e, naturalmente, disponibilização
pública em ambiente próprio escolhido para esse fim.
Pois
bem, faz dois meses que a reportagem no Estadão foi publicada.
Hoje
o mesmo Júlio Maria assina texto, também no Estadão, falando sobre a “crise”
ora cantada em prosa e verso em todos os tipos de mídia. Traz falas de
representantes do Sesc, Itaú cultural, Natura e outras entidades envolvidas no
processo de divulgar as artes feitas no nosso País.
É
um choramingas danado.
Há
dois meses o Maria já me falava da ordem de suspensão do programa de apoio
cultural da Petrobras.
O
quadro apresentado no Estadão de hoje é de uma tristeza que dói,dói tanto que
nos leva a crer que tudo esta perdido, que a cultura popular nem existe mais.
O
representante do Sesc chega a falar sobre a alta do dólar e da economia, pois
esta repensando tudo, inclusive se continua a trazer ou não artistas de outros
países para se apresentar aqui.
Pela
reportagem fiquei sabendo que a Petrobras chegava a investir até R$ 600 mil na
produção de um simples cd, com direito a show de lançamento... Pela reportagem também
fiquei sabendo que a música popular se resume a Emicida, GAL Costa, Ney
Matogrosso, Elza Soares, Arnaldo Antunes, BNegão e Tom Zé.
Que
a música popular brasileira acabou, isso eu já sabia.
Um
dia no Brahma da São João apresentei Mercadante à rainha do baião Carmélia
Alves, que me apresentou tempos depois, no saguão do aeroporto de Congonhas,
Elke Maravilha e Miele.
Elke
confirmou-me ser uma mulher incrível, cidadã lúcida e competente nas suas
atividades artísticas. Miele também.
Miele
morreu ontem, deixando lembranças e tristeza a sua enorme legião de
admiradores. Era, sem dúvida, competente no que se propôs a fazer na vida:
graça no palco.
Enquanto
isso, a temperatura de Brasília está que nem a hora dos infernos. E por falar
nisso, Eduardo Cunha está se saindo réplica perfeita do Capeta. Suas pretensões
de levar Dilma à lona estão indo por água abaixo.
Impeachment?
Du-vi-de-o-dó.
Cunha
está que nem calango pulando sobre frigideira fervente, embora procure não
demonstrar isso em público. Suas incursões pelos labirintos palacianos pedindo
arrego para não cair,já são por muitos conhecidas.
O
presidente da Câmara está mais enroscado do que rolo de arame farpado.
Os
profissionais eleitos para nos representar na Câmara e no Senado têm mais é que
trabalhar, não é mesmo?
Ah,
sim! O Mercadante lá de cima é hoje, de novo, o titular da pasta que representa
a Pátria Educadora da Dona Dilma.
John
Kennedy foi o primeiro e único – até agora – presidente católico dos Estados Unidos
da América do Norte (1961- 63). Pois bem, quando ele assumiu a presidência do
seu país, ele prometeu levar o homem á Lua. Ele cumpriu.
Os
coreanos do Sul prometeram no tempo seguinte uma revolução no campo da Informática.
Eles cumpriram.
No
tempo seguinte à iniciativa dos coreanos do Sul em levar para o mundo a
inteligência cibernética, o Brasil decidiu apostar na agropecuária.
Lembro-me:
o gordinho metido a besta Delfim Netto era o ministro da Fazenda (1967 – 74)...
Hoje
é o dia da Pecuária.
Governos
diversos, de colorações políticas diversas, levaram o nosso País á uma buraqueira
dos infernos.
Estamos
pagando o pato.
Nós
brasileiros, trabalhamos, trabalhamos, trabalhamos...
O
setor da agropecuária é, hoje, o setor mais importante da esfera que governa o
nosso País. Sempre foi. É do campo para a cidade que sobrevivemos. O campo
morre quando vem para a cidade, por isso é fundamental apostar e incentivar o
homem no seu campo e tempo.
Minas
Gerais lidera hoje a produção de grãos, incluindo o café.
Em
1929, o Brasil sofreu com a queda da bolsa de valores de Nova Iorque.
O
Brasil e o mundo sofreram com a derrocada.
A
música popular brasileira, o gênero moda de viola principalmente, registrou a
decadência da Bolsa de Nova Iorque.
O
que eu quero dizer com isto?
Quero
dizer que é de fundamental necessidade apostarmos em nós mesmos.
Tristeza:
governo nenhum, desde a primeira República, tem apostado na educação e na
cultura, não esta na hora?
Plantar
é fundamental, inclusive sementes de ideias.
Viva
o Brasil!
Ah!
Ontem fez 225 anos que o Barão de Drummond (João Batista Viana, 1825 – 97)
criou o jogo do bicho. O jogo do bicho, tem 25 bichos.
Tomara
que não de bode ou zebra na situação periclitante que vivemos hoje. Prefiro
borboleta, número 4.
A semana que passou foi uma semana muito boa pra mim. A semana que passou deixou-me marcas indeléveis, pois foi nessa semana que, pela primeira vez, fui com uma turma da Laramara "ver" uma exposição com fotos incríveis e raríssimas do fotógrafo carioca Alberto de Sampaio (1870 - 1931). A mostra reúne expressiva quantidade de fotografias, até aqui inéditas. Eu "vi" as fotos de Sampaio descritas de maneira impecável pelo profissional do teatro Iuri Saraiva. Atencioso, didático, Iuri contou tudo sobre a atuação fotográfica do artista. A exposição Lentes da Memória, permanecerá à visitação pública no Instituto Tomie Ohtake até o próximo dia 1º.
Na mesma ocasião, e ainda na semana passada, apreciei também, no mesmo lugar, uma exposição retrospectiva da vida da pintora Frida Kahlo, deusa do pintor mexicano Diego Rivera. A vida dos dois foi muito atribulada. Ela estava a frente do seu tempo. E nem era bem sobre isso que eu iria falar, vejam vocês. Minha filha Clarissa chega até a mim para dar uma notícia lamentável: o governo estadual está na iminência de fechar escolas. O resultado disso, já é uma gritaria geral. Crianças de uma dessas escolas ameaçadas de fechamento interpretam uma versão da cantiga portuguesa "se essa rua fosse minha":
Se essa escola, se essa escola fosse minha Eu mandava, eu mandava não fechar Ia ter, ia ter mais estudantes E levava a D.E. pra outro lugar.
Nessa rua, nessa escola tem uma escola Que se chama, que se chama “Bispão” Dentro dela dentro dela tem alunos Que estudam, que estudam de montão.
Se fecharem, se fecharem minha escola
Vão abrir, vão abrir uma prisão
Se fecharem, se fecharem minha escola
Vão partir vão partir meu coração.
Ligam-me
do Rio lembrando que ontem, 7, fez dois anos que realizei no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro,
o belo projeto Rodas Gonzagueanas. De fato, foi um belo projeto.
Ontem
foi o dia do compositor. Viva o compositor!
O
querido Osvaldinho da cuíca telefona pra dizer que deixou recentemente o
silêncio do hospital pra pegar de volta sua cuíca e com ela externar a alegria
de viver.
Osvaldinho
conta que até o próximo final de semana terá posto a sua participação no samba
de enredo da Vai-Vai, que trata da relação França-Brasil. Ele esta entusiasmado,
pois vai fazer com a sua cuíca uma imersão na história da Revolução Francesa. Aguardem:
o enredo de 2016, da Vai-Vai, trará referências à Marselhesa via cuíca
Osvaldiana.
E
aí falamos, como sempre, sobre diversos assuntos; entre eles, a Pátria Educadora
que segue aos trancos e barrancos nessa segunda versão do governo Dilma.
Sobral,
cidade cearense, ocupa hoje o primeiro posto na relação do Enem. Bom, né?
Melhor seria, porém, se todos os estados nordestinos estivessem com seus alunos
bem colocados no item Educação.
Um cidadão só se faz
À luz da filosofia
Com educação e cultura
E muita sabedoria.
TV
GLOBO
Pois
é quem diria, o Jornal Nacional, vai ao ar hoje mais cedo, ás 20h. Motivo? O
jogo BrasilxChile.
O
fado é triste, nostálgico. O tango é trágico. O chorinho, ao contrário do fado
e do tango, é alegre e gracioso. O
chorinho é totalmente brasileiro.
O
samba também é brasileiro. E como se não bastasse, do samba há muitas
derivações.
Estou feliz.
Hoje à tardinha o meu amigo de infância, Juarez Carvalho, autor-designer da capa do livro Eu vou contar pra vocês, me telefonou de Portugal para dizer coisas que só os amigos dizem, que está com saudades... Portugal é fado. Da Argentina tenho mil histórias pra contar. E do chorinho brasileiro, meu Deus...
Lá
pelos anos de 1930, o mineiro Ary Barroso inventou um tal de “samba exaltação”. O
paulista João Pacífico fez o mesmo no campo da cantiga rural.
Poxa,
mas porque estou dizendo essas coisas?
Ouvindo
agora há pouco o noticiário da Tv Plim-Plim, não vi nenhuma fala a respeito da
notícia mais importante do dia, gerada pelo Japão, Estados Unidos, Malásia, Austrália, México,
Chile e meia dúzia de outros países preocupados com o futuro comercial do
planeta. E aqui, nesse ponto, onde anda meu país adorado, o Brasil?
Meu
país, o Brasil, tão exaltado na obra de Ary Barroso, onde anda?
Na
peça musical-documental, O Canto da Minha Terra, de Márika e Otero, o Brasil
mais brasileiro “sem exaltação”, é o país mais verdadeiro que hoje aparece aos
nossos olhos.
Ary
Barroso deixou mais de 300 músicas gravadas por intérpretes do mundo inteiro,
em línguas diversas, mas Márika e Otero optaram por apresentar o Brasil mais
autêntico do Ary; o Brasil menos exaltado, o Brasil mais brasileiro, o Brasil
do coqueiro que dá coco.
Por
que digo ou lembro isso?
O
Japão, os Estados Unidos, a Malásia, e mais alguns outros países, daqui e
dacolá se juntaram para resolver os problemas do futuro, o futuro que já é
hoje.
O
Brasil, através do seu braço internacional, o Itamaraty, parece dar as costas
ao mundo.
“Brasil,
meu Brasil-brasileiro”.
Porque
tudo liga tudo, O Canto da Minha Terra é tudo o que nós brasileiros gostaríamos
de ter certeza que há.
Uma
coisinha só, eu quero dizer: Márika e Otero são uma das marcas mais importantes da arte brasileira, em teatro.
E
Celia e Celma cantando são fado, tango, chorinho e tudo de bom que o mundo tem. Ouçam-na cantando e falando sobre o vizinho delas:
Ele
nasceu num novembro do século passado e num dezembro do século passado ele
morreu, seu nome: Ary Evangelista Barroso (1903-64).
Ary
tinha 15 anos de idade quando compôs suas primeiras músicas:
O
cateretê De Longe, e a marcha Ubaenses
Gloriosos.
Neste
2015 faz 100 anos que o mineiro de Ubá Ary Barroso estreou como pianista,
tocando para a plateia do cine Ideal da sua terra.
Coincidência
ou não, o mais importante ballet do Brasil, o Stagium, leva à cena um pouco da
vida do grande compositor hoje, no palco de uma das unidades do Sesc paulistano,
o Consolação (rua Dr. Vila Nova,245.
A
iniciativa artística do ballet Stagium, fundado há 45 anos pelo casal Márika Gidali
e Décio Otero, conta com uma dúzia de bailarinos dando forma, movimento e alma,
à obra Barrosiana.
Além
dos bailarinos, a iniciativa do Stagium intitulada
O Canto da Minha Terra, é enriquecida
pela participação das cantoras gêmeas Célia e Celma. As duas, que são mineiras
de Ubá como Ari e Otero, abrem o espetáculo lembrando histórias da infância
vivida ao lado do autor de Aquarela do Brasil, seu vizinho à época.
Célia
e Celma, donas de vozes incríveis e currículos invejáveis (participaram de
filmes e novelas, escreveram livros etc ), estreiam no Stagium neste 2 de
outubro, exatamente um mês antes de elas nascerem num ano que eu não digo.
E
chega, vou vê-las daqui a pouco no palco do Sesc.