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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

SEM TRILHA DE CHICO, RODA VIVA VAI AO AR

Ideologicamente alinhado com o marxismo-leninismo, o deputado federal licenciado Roberto Freire estará logo mais à noite, no centro do Programa de entrevistas mais importante da televisão brasileira, Roda Viva, levado ao ar pela tevê Cultura de São Paulo. Freire é o novo titular do Ministério da Cultura, em substituição ao diplomata Marcelo Calero.
O que fará Freire agora como ministro?
Hoje em dia, e há muito tempo, só se fala em falcatruas praticadas por agentes políticos das esferas municipal, estadual e federal. Um horror! É corrupção prá todo lado!
A corrupção é uma praga tão antiga quanto o ato de copular. Isso em todos os recantos do planeta e em todos os tempos. E como toda praga essa praga não presta.
Mas tem muito cabeção travestido de autoridade que parece não acreditar nisso, caso do Geddel baiano, que caiu em desgraça ao ser denunciado por tráfico de influência. O caso, trazido à tona por Calero, continua agitando os meios políticos. Pego de calça curta, Temer está dançando miudinho. Ah! Agora sem Geddel, o presidente tampão diz estar à procura de um substituto totalmente ilibado. Tarefa difícil, não é mesmo?
Há muito tempo, o noticiário político está se misturando com o noticiário policial. Difícil saber em que editoria cabe uma ou outra notícia.
A revista Isto É, edição desta semana, informa que muitos assaltantes do erário público, beneficiados pela lei de "delação premiada", estão sendo ameaçados de morte. O Celso Daniel foi morto por bem menos.
Mas como eu ia dizendo, o novo ministro da Cultura estará logo mais no centro do Roda Viva. Tomara que ele fale legal sobre a nossa cultura popular.
Chega de tanta falcatrua, chega de tanta roubalheira!
O Roda Viva vai ao ar hoje sem a trilha sonora assinada por Chico Buarque. Foi o próprio Chico que pediu que sua música fosse retirada do programa. Sua decisão deve-se ao fato de ele ter visto uma entrevista de Michel Temer como presidente da República. Hummmm..... Esquisito, não é? O Chico como censor. A propósito, poucos homens de grande destaque na vida brasileira não foram ao Roda. Chico, é um deles.

O programa Roda Viva tem 30 anos de existência. Durante esse tempo, centenas de pessoas foram entrevistadas, mas além de Chico, e embora convidadas, se amoitaram Pelé e Roberto Carlos. O Vandré também não foi, mas não foi porque certamente não foi convidado. Isso me faz lembrar a vez em que entrevistei o bom baiano Dorival Caymmi. Perguntei-lhe a razão de não achar a sua voz em discos de outros artistas. Resposta:
- Ninguém me convida.
Em entrevista ao velho e bom Roda Viva a atriz Irene Ravache fala sobre política e traição:



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domingo, 27 de novembro de 2016

FIDEL MORREU, O AZAR NÃO É MEU



O sucessor de Obama, na Casa Branca, Donald Trump, pautou os jornais do mundo todo com a frase, ontem: “Fidel Castro morreu!”. Hummm...
A frase é claríssima, mas também emblemática. 
A cultura popular explica Trump. Quer ver? "Cala a Boca já morreu".
Enfim, todo mundo diz o que quer e o tempo confirma o certo e o errado.
Horas depois do anúncio da morte de Fidel Castro, feita por seu irmão Raul, o ex-presidente Lula divulgou na imprensa a sua impressão sobre o falecimento do líder da guerrilha que libertou Cuba das mãos de Fulgêncio Batista, em 1959. Disse ele: “perdi um irmão mais velho”. Hummm... Enquanto Lula dizia isso, Temer também expunha a sua impressão: “ele foi um líder de convicções”.
Líderes políticos e governos do mundo inteiro não deixaram de dar suas opiniões a respeito do companheiro de Fidel.
Em outubro de 1962, El Comandante por pouco não provocou a terceira Guerra Mundial. Isso só não ocorreu pela negociação positiva entre Khrushchov e John Kennedy. Refiro-me à crise dos mísseis. Hoje, o mundo poderia ser outro...
Certamente Fidel foi muito importante para o seu povo, mas deixou a desejar como exemplo para o mundo. À época, a União Soviética, a China e a Coreia do Sul eram as grandes nações comunistas. A Revolução promovida por Fidel e mais 80 companheiros, incluindo Guevara e Cienfuegos, levou Cuba aos braços da URRS, e dela ficou dependente.
Em 1989, a URRS caiu e, com ela, Cuba. Persistente, Fidel, que não era comunista de primeira hora, continuou seu jogo em defesa do seu país. É quando chega, de repente, o Chaves...
E no mais a história é conhecida: Fidel derrubou Batista, e como Batista virou ditador. Batista de direita, Fidel de esquerda.
E o mundo segue girando, girando, girando...
Mais uma coisinha: pessoalmente, duvido que se voltassem à Terra José, Maria e JC, a imprensa mundial cobrisse de forma tão completa como tão completa está cobrindo o falecimento de Fidel, que leva para onde for a conta de 10 a 17 mil cubanos que matou na cadeia ou en el paredón.
Viva a liberdade!

RODA VIVA
O programa Roda Viva, da Fundação Padre Anchieta, levado ao ar toda segunda feira, às 22h, pela TV Cultura, é o programa de entrevistas mais importante da TV brasileira. Surgiu em 1986. Contem nos dedos: um, dois, três... trinta! Participei dele diversas vezes, umas 10 ou 12. O Roda começou com trilha sonora do Chico Buarque, é claro. Aliás, o programa foi inspirado na música Roda Viva. Lindíssima, lançada em disco, em 1967. Para minha surpresa, o programa irá ao ar amanhã, 28, sem essa trilha. Poxa vida... Eu adoro esse cara, e o PT também. Tomamos uns uísques muito bons num tempo lá de trás. Viva Chico!

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

NA ONDA DO BOI, A VACA VAI PRO BREJO

O que é que tem a ver o trio Parada Dura com Michel Temer e Vaquejada? Pouco antes de eu perder a luz dos meus olhos, escrevi um texto sobre as origens dos trios musicais no Brasil. Data da segunda metade da primeira década do século passado os primeiros registros de gravação em disco de 78 Rpm, pelo extinto selo Phoenix .
Outro dia acharam, numa das prateleiras do Instituto Memória Brasil, IMB, um livro autografado por um deputado chamado Michel Temer. O autógrafo trazia o meu nome e eu trabalhava na Plin Plin.
O que é que tem a ver o trio...
Há poucos dias acompanhei um debate danado sobre a proibição ou não das festas de Vaquejada Nordeste afora.
A Vaquejada tem o seu similar nos Rodeios, que se espalharam que nem uma praga por aí afora. Barretos, SP, transformou-se em pouco tempo, numa espécie de Meca do gênero.
Eu sou contra Vaquejadas e Rodeios, da mesma maneira que muita gente é contra as Touradas de Espanha. Lá as Touradas foram proibidas, aqui as festas de Vaquejada e Rodeios continuam livres. Azar dos bois.
Chega de sangue, não é mesmo?
A Vaquejada tal como todos nós conhecemos, que é uma brincadeira de mau gosto, enche os bolsos de muita gente. Nessa brincadeira, quem paga o pato é o boi. E é coisa antiga.
Eu ainda era menino quando se falava muito em Vaquejada, e assisti a algumas. Mas naquele tempo a coisa não era tão profissional como é hoje.
No último fim de semana, o ministro Marcelo não sei o que, da Cultura, pediu as contas alegando estar sendo pressionado, sufocado; puxado pelo rabo, melhor dizendo. O seu algoz, ele berrou depois aos jornais, foi um ser de chifres fortes nascido na Bahia.
O que é que tem...
Nestes tempos bicudos,  e de mugidos diversos, a vaca vai pro Brejo.
O trio Parada Dura tem tudo a ver com Temer, se incluídos Padilha e Gedel. O Temer, como esses dois seus grandes aliados, não é de dar tiro no escuro. E como bom costureiro ele vai costurando, costurando...
Ah! Não me lembro de ter lido o livro de que falo lá em cima.
O trio Parada Dura nasceu no começo dos anos 70, por iniciativa do sanfoneiro Mangabinha. Temer  nasceu em 1940, na terra do caipira Cornélio Pires...



sábado, 19 de novembro de 2016

GRANDE SERTÃO ROSA: VEREDAS




O mês de novembro, como todos os meses, registra coisas do arco da velha. Coisas de todos os tipos, datas etc.
O amigo Vitor Nuzzi, jornalista e autor do livro "Geraldo Vandré - uma canção interrompida", pergunta se eu lembro de Adoniran Barbosa, o poeta da boêmia paulistana. Claro, respondo.
Adoniran, que era de Valinhos, SP, partiu para a Eternidade quando tinha 72 anos de idade. Sua partida ocorreu em 1982. Eu era repórter da Folha, e fiquei triste por ter a certeza de que nunca mais beberíamos nos bares da vida.
O mês de novembro registra, também, o encantamento do mineiro de Cordisburgo João Guimarães Rosa. João nasceu em 1908 e foi para o sertão celestial no dia 19 de novembro de 1967, três dias depois de assumir a cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL), de João Neves da Fontoura (1887-1963).
João queria ser acadêmico, mas não queria vestir o fardão da Academia criada no dia 20 de julho de 1897 pelo carioca Machado de Assis.
Pouco antes de ele encantar-se, o seu nome fora indicado ao Nobel de Literatura, há poucos dias ganhado pelo astro pop Bob Dylan.
A literatura de João Guimarães Rosa é original sob todos os aspectos, desde o conteúdo à forma. Ele foi, digamos, uma espécie de Rembrandt e Picasso das letras, de todas as letras, pois enfim a sua boca era cheia de palavras bonitas em línguas diversas: francês, que comeceu a aprender com 7, 8 anos; inglês, espanhol, italiano, alemão...
A sua obra é prima, irmã, mãe...
Em 1956, Rosa publicou "Grande Sertão: Veredas", que acabei de rever, isto é, de ouvir num áudio-livro que me presentearam. O também mineiro cantador de folias do povo Téo Azevedo pôs à praça um CD, que recomendo.













Para escrever o livro, o autor embrenhou-se sertão adentro. Clique: http://www.redebrasilatual.com.br/entretenimento/2013/05/guimaraes


Há uns anos, gravei na Rádio Globo a página de abertura de "Grande Sertão:


É muito difícil não gostar da obra rosiana.

"Sagarana" é um livro originalmente publicado em 1946, o segundo da carreira do mestre e que reúne 13 contos e novelas originalíssimos. Entre esses contos, acha-se "A Hora e Vez de Augusto Matraga".
Conta a história de um cara que herda grana e fazendas do pai. Ele é um safado, prepotente, horroroso, canalha em graus diversos. Um cabra que bate em mulher e é filho do cão. A história começa com esse cara comprando uma escrava branca. Essa história virou filme, com direito a trilha sonora assinada pelo paraibano Geraldo Vandré. E dizer mais não digo. Leiam a história e vejam o filme homônimo, que aí está; é só clicar.



HORA E VEZ...

Neste ano da graça de 2016, completam-se 50 anos do lançamento do filme "A Hora e Vez de Augusto Matraga". O personagem-título é interpretado pelo paulista de Piracicaba Leonardo Villar. Villar nasceu no dia 25 de julho de 1924, mas hoje anda recluso. Perguntei a Vitor Nuzzi, que o entrevistou para o seu livro sobre Geraldo Vandré, o que ele lhe dissera sobre as filmagens de "A Hora e Vez...". Vitor: "Ele me contou passagens curiosas. Por exemplo, em uma cena acabou apanhando de verdade pelos figurantes, que eram gente simples, de lá mesmo, em Diamantina (MG), onde foi feita parte das filmagens. Aos risos, ele contou que os atores que também deviam bater nele tentavam protegê-lo, para evitar uma surra maior".
Querem saber mais? Leiam o livro.














MANJAR DO SERTÃO

Esta semana trouxe-me alguns itens fárteis da mesa sertaneja. Da minha terra, a Paraíba, Zeca manda pra Ana, filha minha, feijão verde, farinha, pimenta brava, carne de bode e coco com água dentro. Isso tudo veio pra mim. E eu e Ana e Cla, Daniel, comemos à farta, agradecendo a Deus; e ao Zeca. Minha avó Alcina, nunca esqueço dela, diria que isso é "manjar do sertão". E que só cabra ingrato é que reclama de barriga cheia. Deus do céu, como sou feliz! 


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

HOJE É DIA DE CORTÊZ

Hoje, o cartunista Fausto inteirou 64 anos de vida.
A data, mas não propriamente a data, fez-me lembrar o ano de 1964. No dia 25 de março daquele ano, no Rio de Janeiro, marinheiros do Brasil ficaram em pé de guerra. O motivo, pelo menos o expresso na ocasião, era que os marinheiros graduados humilhavam os marinheiros sem graduação, sem patente. De tabela, reivindicavam uma pauta que beneficiava o povo. Como a reforma agrária, por exemplo.
Foi um levante danado. Milhares e milhares de marinheiros seguiam hipnotizados a fala eletrizante do cabo Anselmo, que entraria para a história como agente infiltrado no meio marinheiro. Clique: https://www.youtube.com/watch?v=s1MbYiJz9LE

O discurso do cabo incendiou mentes e corações da marujada.
O discurso trazia a marca indelével do herói das esquerdas, Carlos Marighela.
Não é todo dia que um cartunista brasileiro faz 64 anos de vida própria. Também não é todo dia que um guerreiro da vida nordestina inteira oitent'anos de idade.
José Xavier Cortez nasceu no dia 18 de novembro de 1936. À época, o Brasil era regido pela batuta do ditador gaúcho Getúlio Vargas.
Vargas chegou ao poder após um golpe, daqueles bem grandes. Na chapa que disputava a presidência da república, estava o nome do paraibano João Pessoa, como resultado de um acerto que poria fim à política "café com leite" até então praticada por Minas e São Paulo.
A revolução de 30, que mudou o Brasil, vem desse golpe.
A manhã do dia 1º de abril de 1964 chegou surpreendendo todo o povo, de norte a sul do  País.
No Rio, José Xavier Cortêz juntava a sua voz à voz dos milhares e milhares de colegas que sofriam humilhações de superiores da Marinha, ao mesmo tempo em que aspiravam melhorias para o povo.
Como se sabe, aquele dia 1º de Abril resultaria no golpe que gerou o governo militar de consequências terríveis.
Não é todo dia que um cartunista...
O Rio de Janeiro está quebrado.
Em menos de 24 horas, dois ex governadores foram parar no xilindró.
Esta semana a Câmara Federal foi invadida por um magote de malucos gritando vivas ao juiz Sérgio Moro e palavras de ordem a favor do militarismo. Uma loucura!
Também nesta semana funcionários públicos foram às ruas do Rio para reivindicar a manutenção dos seus direitos. Para acalmar os ânimos da rude plebe, a polícia foi convocada: Surpresa: Policiais da tropa de choque arriaram as armas e desertaram.
No dia 25 de março de 1964, algo parecido ocorreu: O alto comando da Marinha destacou forças para sufocar a revolta dos marinheiros. Surpresa: Não foram poucos os marinheiros, convocados para a tarefa, que desertaram...Só que naquele tempo não havia tanta ladroagem como hoje, e em todas as esferas; na Marinha, inclusive. Não à toa, e para ilustrar a história, está preso, por corrupção, o vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. A ver com energia nuclear. Preso em Operação Lava Jato.
Cerca de dois mil marinheiros liderados por cabo Anselmo foram expulsos da marinha, entre os quais José Xavier Cortêz.
José Cortêz, como abreviadamente todo mundo conhece, dá nome a uma das mais importantes e resistentes editoras do País. E também a uma escola pública localizada no extremo sul de São Paulo. Hoje Cortêz faz 80 anos.
Sem exagero, digo que José Xavier Cortêz tornou-se um símbolo da educação e da cidadania brasileiras. É um cabra que anda Brasil afora contando suas experiências, suas histórias e a história do Brasil que ele tanto ama, e essas falas chamadas de Rodas de Conversa são feitas em escolas, faculdades e feiras de livros.
A Cortêz editora foi criada em 1985. O primeiro livro publicado por ela foi Metodologia do Trabalho Científico, de Antonio Joaquim Severino. Curiosidade: o primeiro livro que o fundador da editora leu foi Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos. Esse livro foi lançado à praça em 1938.


Viva José Cortêz!



quarta-feira, 16 de novembro de 2016

SECA, UMA REALIDADE NORDESTINA

Airton, Alcides, Bill, Sra, Assis`, Théo
Os problemas do Brasil são seculares. Vai governo e vem governo e os problemas continuam. Desde o Império.
No Século 19 o imperador Pedro jurou de mãos postas que acabaria com a seca que estava matando , que matou, muitos milhares de gentes e bichos no Ceará velho de guerra.
A jura do Pedro, à qual se incluía a venda da última pérola da Coroa, não serviu para nada. O povo continuou morrendo, à mingua.
Meus amigos e conterrâneos, espalhados Nordeste a fora, do Piauí à Paraíba, informam lamentosos que neste ano já passam de cinco anos a desgraceira que assola as centenas e centenas de municípios sertanejos vitimados pela total falta de chuvas e respeito das ditas autoridades que nada fazem. Um horror! O resultado disso, só Deus dirá.
São seculares os problemas estruturais no Brasil.
Na primeira década do século passado, grande seca engoliu de novo o povo do sertão cearense. Quem quiser saber o que isso acarretou na região, sugiro que leia o livro O Quinze, de Raquel de Queiroz.
Em 1938, o alagoano de Quebrangulo Graciliano Ramos, lançava a obra prima Vidas Secas. Esse livro foi uma pancada descomunal estrutura da literatura nacional. De certo modo, o paraibano José Américo de Almeida, fizera o mesmo dez anos antes, ao publicar a Bagaceira.
Da Paraíba,  Rômulo Nóbrega diz que o racionamento de agua em Campina Grande é uma realidade dura e feia...
Do Piai, o professor Wilson Saraine conta também que a seca por lá continua braba: "depois de muito tempo, choveu ontem aqui em Terezina."
Voltarei ao assunto, mas sugiro a leitura de Vidas Secas.

RONIWALTER
O escritor Roniwalter Jatobá está completando 40 anos de carreira literária. A efeméride será lembrada na próxima sexta feira, quando o autor lançará mais um livro. " capa ao lado". Ele está convidando amigos e amigas para uma prosa, rápida que seja, no saguão da Casa das Rosas, ali na avenida Paulista junto à Estação Brigadeiro do Metrô.
Vamos lá?



BELO ENCONTRO
Semana passa vieram trocar prosa comigo os amigos Tinhorão, Théo Azevedo, Luiz Wilson, Alcides Campos, Ayrton Mugnaini, Bill Hinchberg e Sara Monroe. E a vida segue, como as ondas do mar: Somos passageiros da vida, indo e vindo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

VIOLÊNCIA E FERIADO NUM PAÍS SEM PIB

São centenas os feriados que há Brasil afora. Há quem diga, "Graças a Deus".
Os países mundo afora que alcançam PIB que satisfaz à população não têm tantos feriados como nós os temos, não é mesmo?
Pois bem, amanhã é dia feriado, da proclamação da República, questionável.
O marechal alagoano Deodoro da Fonseca estava dormindo, de pijamas, quando um grupo de militares o tirou da cama. Isso em 1889, no Rio.
Amanhã é dia feriado, em lembrança ou homenagem à proclamação da República. Numa boa? Não houve proclamação nenhuma, de República tampouco.
À época vivíamos sob à batuta do imperador Pedro, um cara que tinha visão além dos olhos. Tipo Mauá.
Deodoro chegou à primeira presidência do Brasil republicano sem saber direito como e o que iria fazer.
Vivíamos terríveis tempos. Tempos de cangaço, de Antonio Silvino,Padre Cícero, Conselheiro...
Há no nosso país feriado demais. Para um país crescer é preciso que seu povo trabalhe. Trabalhar dignifica.
Mas o trabalho leva aonde? Trabalhar deveria ser divertimento.
Uma vez, no programa São Paulo Capital Nordeste, que eu apresentava na Rádio Capital, perguntei ao bom baiano Dorival Caymmi se ele era preguiçoso como mundo e meio o considerava. Ele deu uma risada dizendo: "não, eu gosto da vida, e se não sou mais presente em discos e shows é porque não me convidam."
Meu amigo, minha amiga, você sabe que a origem do termo "trabalho" tem a ver com sofrimento?
Adão caiu na lábia de Eva e hoje, por isso, todos trabalhamos à exaustão.
Cris Alves, uma amiga, passa por mim depressa dizendo que o Brasil é um dos países que mais desrespeitam as mulheres. Pois é, é grande o número de feminicídio no país...
E vejam vocês, eu queria falar sobre cultura popular. Estatísticas indicam que é nos feriados que ocorrem grandes desavenças e mortes.
No Brasil, um país em paz, há cerca de sessenta mil homicídios/ano. Terrível, não é?
Falarei sobre cultura popular depois.
Amanhã é feriado.
E estou doido prá voltar ao rádio, prá falar de Brasil e de brasileiros.


LULA E O GRANDE SERTÃO:VEREDAS


Outro dia ouvi o Lula dizer que "as zelite" fizeram " um quase pacto diabólico".
Essa fala fez-me lembrar do tempo da ditadura militar instaurada no Brasil em 64 e finda em 85. Naquele tempo, tudo de ruim que acontecia ao País era debitado à imprensa.
Quem daquele tempo não se lembra do então ministro da justiça Armando Falcão, cearense de pouca fala e pouco tudo? Quando perguntado sobre qualquer coisa por um jornalista, ele respondia, peremptoriamente: Nada a declarar. Aqui. ao lado, o cartunista cheio de graça Fausto emenda: e isso também era válido para quando perguntado sobre seu Imposto de Renda...
A fala do Lula fez-me lembrar também o pacto com o Demo feito por Riobaldo, o personagem narrador de  "Grande Sertão: Veredas", do Rosa. Por que?
Riobaldo não acreditava no demônio, daí o quase pacto que ele fez com ele. Prá Riobaldo "o demônio não precisa existir para haver". Mais ou menos isso.
O "quase" pacto que Riobaldo fez com o Demo foi diferente do pacto que Hermógenes fez com o chefe dos infernos, para se garantir como o todo poderoso da jagunçagem.
O Lula é incrível!
Grande Sertão: Veredas surgiu no mercado em maio de 1956, há exatos sessenta anos, portanto. Foi um estouro, algo extraordinário no mercado editorial. O livro, com mais de seiscentas páginas, trouxe à literatura brasileira, uma linguagem totalmente nova. A história tem um narrador como principal personagem. São muitos os personagens que há nessa obra e tudo ocorre nos sertões de Minas e Bahia, um pouco de Goiás É fabuloso! Deus e o Diabo são personagens secundários, como Lula hoje está se tornando no Brasil.
Pôxa vida, não soube eu de nenhum evento comemorativo relacionado aos sessenta anos da obra prima que é essa de João Guimarães Rosa.
O livro começa com uma palavra inexistente em qualquer língua: Nonada. E a respeito escrevi:

Nonada não é nada
Nas veredas do Sertão
Nonada é apenas
Começo de confusão
Prá macho que nasce frouxo
pedindo a padre perdão

Nonada não é nada
É um sim, talvez um não
É Hermógenes morrendo
No meio dum furacão
É Joca Ramiro vingado
Com muito sangue no chão

Nonada não é nada
É bendito, é oração
É padre puxando reza
Na frente de procissão
Convencendo o pecador
A fazer bem ao seu irmão

Nonada não é nada
Nem é tiro de canhão
É começo de conversa
De gente forte do Sertão
Inventada por um cabra
De nome chamado João


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

E O MUNDO NÃO SE ACABOU





Trump ganhou as eleições nos Estados Unidos, e mundo não se acabou. Ainda, pelo menos.No correr da campanha  ele jurou que faria isso e aquilo, mas não fará. Por que? Ora, Porque lá também tem deputados senadores e juízes. Há leis para brecar as loucuras de um Trump da vida. O negócio dele é fazer onda, ameaçando Deus e o Diabo. Mas não é dele que eu quero falar.
Sempre fui um grande ouvinte de rádio, e agora mais do que nunca.
Ouvi há pouco que Marrakesh está sediando uma conferência para discutir o clima. Quase todos os países estão participando desse encontro. Depois da China, os EUA é o país que mais suja o céu e a terra. Por que lembro e falo disso?
Marie-Clémence é a companheira de um amigo meu, César Paes. Ele e ela moram em Paris e dirigem a produtora de cinema Laterit productions.
Ela nasceu em Marrakesh.
Em 1999, um livro meu inspirou Marie e César a produzirem o filme Saudade do Futuro. Premiadíssimo na Europa e nos Estados Unidos da América.
A presença dos cordelistas e cantadores repentistas em São Paulo é o livro que teve por base Saudade do Futuro, que ainda pode ser achado no formato de DVD. O Filme é legendado em várias línguas: francês, inglês, italiano...
A vez em que estive na sede da Laterit productions, conversamos sobre um documentário baseado na passagem de Luiz Gonzaga, o rei do baião, por Paris. Chegamos a gravar umas tomadas sobre esse documentário que porém, jamais foi concluído, Que tal retomarmos a ideia, hein?

Clique:

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CANUDOS E ELEIÇÕES AMERICANAS





O carioca Euclides da Cunha do Canta Galo, tinha trinta anos de idade quando estourou a guera de Canudos no nordeste da Bahia.
A guerra liderada pelo cearense Conselheiro de batismo Antonio Vicente Mendes Maciel (1828-1897), começou no dia 07 de novembro de 1896. Ao fim dessa guerra resultaram cerca de 25.000 mortos.
Euclides, que foi morto pelo homem com quem a sua mulher o traía, escreveu a mais completa reportagem sobre um conflito sangrento no Brasil. Essa reportagem, resultante de uma série de reportagens para o jornal paulistano O Estado de S.Paulo, virou o clássico Os Sertões. Esse livro foi lançado em Dezembro de 1902.
Cem anos depois da publicação de Os Sertões, fui provocado pelo conterrâneo Rinaldo de Fernandes, para escrever um texto que reunisse minhas impressões dessa extraordinária obra. Perguntei-lhe sobre se valeria a pena eu escrever sobre as cantorias de violeiros repentistas feitas nas madrugadas nervosas das redondezas do povoado pobre de Canudos. E ele, então, respondeu peguntando: "e tem isso no livro?".
Foi quando eu tive a certeza de que deveria escrever sobre a sugestão abordada.
O texto que gerei sucede o texto do conterrâneo Ariano Suassuna.
A guerra de Canudos foi a tragédia mais visível já ocorrida no Brasil. Tragédia com mortes, tragédia com desespero, tragédia inominável. Essa tragédia durou menos de um ano, pois findou no dia 05 de outubro de 1897; dois anos antes de o alagoano Deodoro da Fonseca, Marechal, ser resgatado da cama empijamado para proclamar a República do Brasil no dia 15 de Novembro de 1889. Mas, cá prá nós, eu acho que a República Brasileira nunca foi, de fato, proclamada.
Que nunca mais se repita Canudos!
Ali pelos trinta, Canudos repetiu-se no Contestado...
Em 1991, o peruano Vargas Llosa inspirou-se na guerra  de Canudos e escreveu um tijolão intitulado A Guerra do Fim do Mundo.
Amanhã o fim do mundo prosseguirá com o resultado das eleições norte-americanas, disputadas por Donald Trump e Hilary Clinton. Trump é Hitler e Hilary a versão tupiniquim de Dilma Roussef. Ou seja: Trump não presta, é um perigo para o mundo todo e Hilary não fica atrás. Em suma: ambos são flores do mal.
Em 1857, o francês Charles Baudelaire publicou o belíssimo livro de poesias intitulado Les Fleurs du Mal.




Leia mais sobre Canudos:




domingo, 6 de novembro de 2016

PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS


Na vida, há coisas incríveis. Incríveis mesmo! Aliás nós todos humanos somos uma criação incrível.
No mundo há pra lá de 40 milhões de pessoas cegas, sem luz nos olhos.
Segundo dados da ONU, Organização das Nações Unidas, uma pessoa fica cega a cada 5 segundos.
No mundo, há 197 países reconhecidos como tais pela ONU.
No Brasil, segundo dados do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há pra lá de 1 milhão de pessoas que passam as 24 horas do dia no breu da escuridão. Fora essas, há 6, ou 7, ou 8 milhões de pessoas que sofrem algum tipo de deficiência visual. Fora essas, há muitos e muitos milhões de homens e mulheres, principalmente homens, que têm olhos e não veem por alguma razão de difícil compreensão ou explicação.
Interessante tudo isso, não é mesmo?
Há pouco telefonei para um dos meus professores, William. Ele me atendeu com muita alegria. Disse que estava aproveitando o dia para passear com a sua mulher, Adriana, e a filha, Yasmin. Detalhe: Wiliam e sua companheira de vida e arte não enxergam com os olhos que Deus lhes deu, como eu que hoje também não enxergo...
Mas a bem da verdade não era bem sobre isso, cegos etcetera e tal, que eu ia preencher este blog. Eu ia falar do almoço ma-ra-vi-lho-so que eu tive hoje, a pouco. Comi o melhor feijão do mundo. Comi o arroz melhor do mundo. E comi, para a inveja de vocês que me leem, o melhor ovo frito do mundo, tudo feito pelas mãos mágicas da minha menina caçula, Clá. Ah, tudo isso com uma pimentinha muito da charmosa de nome habanero. Pimenta linda e ardida que só! É mexicana e não brinca em serviço; ou seja, na boca da gente. Ui! A habanero é famosa pelo ardor que nos dá, pelo cheiro que tem e pela graça que oferece. Mais: é a mais danadinha do mundo, segundo os especialistas.
Oh, dia danado de bom!