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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (40)

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"Oxente! O que é que você está fazendo aí de pé com essa cara feia e de braços cruzados?", perguntou surpreso o botão Mané a Lampa. Como resposta, ouviu: "'Tô aqui cuidando pra impedir a entrada de bolsonaristas".
Mané acomodou-se no seu canto, juntando-se aos demais amigos de conversa.
Pessoalmente, também achei esquisita aquela postura de Lampa. E confesso que não entendi o que ele quis dizer com "'Tô aqui cuidando pra impedir a entrada de bolsonaristas".
Zilidoro foi o último a entrar. Lampa olhou prum lado, olhou pro outro, passou a mão no cabelo, espirrou e acomodou-se no seu tamborete.
Eu: Lampa, ao que me consta, aqui entre nós não há nenhum bolsonarista. A propósito vamos todos votar no melhor candidato pra governar o nosso País e o presidente que se acha ora lá em Brasília não atende aos anseios do nosso povo. Bolsonaro é do mal, é destruidor, é uma pessoa que não merece confiança de gente que é gente. O atual presidente quebrou o País. Ele é negacionista.
Zilidoro: "Pois é, o tal capitão é a favor da morte. Ele lutou contra a vacina e foi a favor do vírus que se transformou em Covid-19. Ele quer muita gente armada, pois quer contar com essa gente para engrossar o seu time de capetas".
Quieto, Lampa ouvia tudo em silêncio enquanto cutucava as unhas com o seu inefável punhal.
"Concordo com tudo que seu Assis falou e concordo também com tudo que falou Zilidoro e acrescento: o Brasil não aguenta mais quatro anos com o Bolsonaro", disse Barrica apoiado pelo irmão Biu.
"Essa conversa tá ficando chata. Essa conversa tá chata", interrompeu o botão Jão. E Zé: "A primavera está chegando. É hoje, logo depois das 10 da noite".
Zoião bateu palmas e disse: "Pra mim, a primavera é a melhor estação do ano".
Jão discordou dizendo que a melhor estação é o verão. E justificou: "É no verão que os nossos olhos brilham mais, especialmente quando estamos na praia".
Zilidoro lembrou que o cantor e compositor Gonzaguinha nasceu no primeiro dia da primavera. E disse mais: "O seu Assis foi amigo de Gonzaguinha e Gonzagão, ele fez ótimas entrevistas com o pai e o filho...".
Mané contou que chegou a ler uma entrevista que fiz com Gonzaguinha e que foi publicada numa das revistas da Editora 3. Mexendo na Internet através do celular, ele começou a ler em voz alta:
Moleque de rua, peralta, arteiro como ninguém. Sempre foi e será. Ainda bem. É carioca, casado; tem 35 anos e dois filhos, Fernanda e Daniel. Ângela é sua amiga-amante-mulher-companheira. Gosta disso. Adora a vida, repudia a morte e luta pela paz da forma como pode: cantando, compondo e falando das mazelas do seu tempo e da dor do seu povo. O seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, mas podem chamá-lo Gonzaguinha, simplesmente.
Depois de ler em voz alta um trecho da entrevista, Mané disse que já estava compartilhando o meu blog com os amigos. Agradeci.
Zé perguntou se eu conheci o violonista Dilermando Reis. Eu disse que não, que não o conheci, mas sei da sua importância para a nossa música popular. Perguntei por que me fazia essa pergunta e ele: "É que hoje é aniversário de nascimento do Dilermando. Ele nasceu em 1916 e morreu em 1977".
Os meus botões estão in-su-por-tá-veis! É muita sabência! 
Cabisbaixo, ainda cutucando as unhas, Lampa apenas ouvia.
"Seu Assis, o sr. ficou sabendo das diabruras do Bolsonaro em Londres e no Plenário da Organização das Nações Unidas?", perguntou Zilidoro. Respondi que sim e que um juiz do TSE proibiu o uso de imagens em que o presidente aparece lá fazendo campanha política. 
De repente Lampa deu um pulo, enfiou o punhal nos quartos e saiu apressado. Ao mesmo tempo, todos perguntaram: Pra onde você vai, Lampa, com tanta pressa? Lampa parou, voltando-se: "Vou pra Brasília!".
Fazer o que em Brasília, Lampa?, perguntei. "Quero ter uma conversinha com esse sujeito que vocês tão falando aí". E nada mais disse, abriu a porta e foi-se.

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