Páginas

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (41)

Olá pessoal, tudo bem? Estou sentindo a falta de alguém aqui. Cadê o Lampa?
Meus botões olharam-se e confirmaram: "É mesmo, cadê o Lampa?".
Fui dizendo que o dia está bonito, mesmo com um sol de geladeira. No rigor, o primeiro dia de primavera deste tumultuado ano de 2022. Perguntei se todos tinham visto o resultado da nova pesquisa Datafolha. "Eu vi, eu li, o Lula continua firme como candidato a vencer no primeiro turno", disse Zilidoro.
"Ainda acho cedo cravar o papo de que Lula já ganhou", opinou Barrica. "É, acho que é preciso tomar cuidado com o andor. O andor é de barro", disse Biu. "Ei! O filósofo aqui é o Zilidoro!", falou o botão Zé.
Zilidoro riu, quietinho.
"Aparentemente as ruas estão calmas. E tomara que permaneçam assim", disse Jão. E Mané emendou: "O pessoal do Bulsa tem mais é que ficar quieto. E se perder, enfiar a viola no saco e sumir", falou Zoião.
De repente ouviu-se o ranger de porta. Todos olharam em direção ao local de onde vinha o ruído, o ranger de dobradiças. Era Lampa. Com a cara meio inchada, com hematomas. Estava com uma muleta, arrastando-se, uma perna engessada e ao cumprimentar os colegas mostrou que havia avarias na boca. "O que é isso, Lampa?",  todos perguntaram. 
Mancando, Lampa entrou na casa pedindo licença para se sentar. Todos o ajudaram. Ele estava desarmado, sem seu inestimável punhalzinho. Sentado no seu banquinho, explicou: "Ontem quando saí daqui na minha bicicleta, fui agarrado por uns felasdaputa que me bateram covardemente... Eram caras que eu queria impedir de entrar aqui. Eu não ia votar no Lula, mas agora eu vou!".
"Calma, calma Lampa. Todo dia todo mundo bate em alguém. A violência mata e fere ou fere e mata", disse Zilidoro.
O bom Mané endossou a fala de Zilidoro e disse: "O importante Lampa, é que você está vivo. E isso é tudo". 
É fato que vivemos um momento difícil, angustiante. O Brasil se acha numa enrascada. A sorte, digamos assim, é que o STF e o TSE estão atentos. Tomara que nada de pior nos aconteça. O dia 2 de outubro está chegando, com calma vamos encontrar o caminho para salvaguardar a Democracia e tal. Ninguém vive bem sem liberdade, educação, saúde e trabalho. 
Zilidoro pede a palavra, levantando a mão: "Vamos mudar um pouquinho de assunto? Não sou baiano, sou paulistano. Isso todo mundo sabe, o que todo mundo não sabe é que sempre nutri uma grande admiração por um baiano chamado Heitor dos Prazeres. Esse Heitor foi sambista e pintor. Dos maiores".
"Por que você tá dizendo isso, Zilidoro?", perguntou Mané. Mané é paraibano. "Ora, ora, Heitor dos Prazeres é uma legenda no campo da cultura popular brasileira. Ele nasceu no dia 23 de setembro de 1898, mesmo ano do nascimento do jornalista e estudioso da cultura popular Luís da Câmara Cascudo".
Muito bem, seu Zilidoro. E quando foi que Heitor dos Prazeres morreu?
"Fácil, fácil seu Assis, o grande Heitor morreu no ano em que Chico Buarque e Geraldo Vandré empatavam com as músicas A Banda e Disparada. Isto é, em 1966".
Poxa! Estou muito orgulhoso de você, Zilidoro. Aliás estou sempre orgulhoso de vocês todos, a cada dia a nossa conversa fica mais bonita, rica.
De repente o som de um baque. Era Lampa que caía do tamborete, desacordado. 
"Lampa desmaiou! Lampa desmaiou! Vamos levar Lampa para o hospital! Vamos gente!", acudiram todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário