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domingo, 31 de março de 2024

DITADURA NUNCA MAIS, MESMO! (2, FINAL)

Dom João VI veio correndo para o Brasil com medo do sanguinário Bonaparte.
Bom tempo se passou até que o mesmo Dom João resolveu retornar a sua terra, logo após tomar conhecimento da prisão do seu algoz pelos ingleses.
No lugar de Dom João VI ficou o filho príncipe Pedro, ainda criança.
O tempo passou, o príncipe proclama a Independência em 1822 e vira Imperador. 
Depois que Pedro I retorna a Portugal, o filho, posteriormente, assume o Império com 14 anos de idade.
Em 1889 Marechal Deodoro, apoiado por seus pares militares, botou o filho de Pedro I pra correr.
Exilado, Pedro II morreu em Paris.
É como eu disse: a história é loooonga.
Em 1964, os generais tomaram de novo o poder. À força. 
Há pouco, um capitãozinho foi eleito democraticamente e na marra tentou eternizar-se no poder com um golpe militar que não deu certo. Cadeia pra ele!
Em suma, é como dizemos no bombo e no grito: ditadura nunca mais!
Leia aqui mais uma beleza gerada pelo talento do multitudo Klévisson Viana:

DITADURA NUNCA MAIS – 60 ANOS DO GOLPE MILITAR
Autor: Klévisson Viana

Eu que trago em minha sina
O dom de versificar,
Porque sou representante
Da poesia popular;
Quero tratar de um tema,
Sem lirismo de um poema,
Sem de nada me esquivar.

Neste cordel eu não falo
De beleza e de candura,
Do cantar dos passarinhos
Cheio de graça e doçura;
Falo de atos insanos,
Registro 60 anos
Da perversa ditadura.

Falo de uma época triste,
De falso patriotismo...
Das nossas forças armadas,
Sem bravura e heroísmo
E do momento infeliz
Que nosso belo país
Foi jogado num abismo.

No abismo da ganância,
Do poder a qualquer preço,
De gente inescrupulosa
Que segue sem ter apreço
À nossa Democracia,
Que tanto bem irradia
E da paz é sempre o berço.

Foi uma época tenebrosa,
De conotações fascistas,
Que houve perseguições
A intelectuais, artistas,
A alunos, professores,
Todos os opositores
Eram riscados das listas.

Militares legalistas,
Democratas instruídos
Pela dita linha dura,
De pronto foram excluídos;
Bastava não concordar
Com o Regime Militar
Para serem perseguidos.

Muita gente torturada
Nos tenebrosos porões,
Jornalistas perseguidos,
Banimentos, repressões,

Amargos fatos, tormentos,
Sem uma luz, sem alentos
Às terríveis provações.

Foi deposto João Goulart,
O presidente de fato,
E Humberto Castelo Branco
Se valendo, então, do Ato
Institucional número 1
Nos forçou o incomum
Regime, vil, putrefato.

Foi a 31 de março
De 64, o ano
Que o chão da boa esperança
Se viu baldado em seu plano
A ditadura amargando
E sem desejar provando
Perseguição, desengano.

Falaram ser por uns dias,
Mas logo mudaram os planos.
E num Ato após o outro
Ficaram 21 anos
No poder fazendo horrores,
Impondo mil dissabores,
Num mar de mil desenganos.

Foram anos tenebrosos,
Uma crise muito séria,
Quem pensasse diferente
Era visto por pilhéria,
Numa existência sofrida
Que muitos perderam a vida
Nessa época deletéria.

A censura perseguia
Todo produto da arte
E os estúpidos censores
Estavam por toda parte.
Por ordem dos Generais
Muitas obras geniais
Sofreram duro descarte.

Castelo Branco ficou
No poder por quatro anos.
No ano 67
Quem seguiu com os mesmos planos
Foi um outro general
Para o País, afinal,
Só trouxe mais desenganos.

Depois de Castelo Branco,
Num manipulado pleito,
O General Costa e Silva
Indireto foi eleito,
Baixou o AI-5, então,
Aumentando a repressão,
Levando tudo de eito.

Ali os Anos de Chumbo,
De fato, tiveram início.
Nosso País virou párea
Num horrendo precipício;
Mortes, torturas, tormentos
Só trouxeram desalentos,
Tristeza, dor e suplício.

O ‘Milagre Brasileiro’
Atolou nosso país,
A Dívida Externa cresceu
Numa gestão infeliz,
Incompetente, incapaz,
Com apetite voraz
Deixa o Brasil por um triz.

Nas mãos do FMI
Fomos postos de bandeja,
Os EUA dava às ordens
E essa corja malfazeja

Espoliava a Nação
Fazendo a péssima gestão
Que nenhum país almeja.

Emílio Médici assumiu
Do ano de “meia nove”,
Ficando até “sete quatro”,
Muita maldade promove.
Nesse cenário de horror
Reinou a mão do terror
Que ainda hoje comove.

Depois assumiu o Geisel
Numa forçada Abertura
Política, mas prosseguia
Toda sorte de tortura.
Um assassinato, enfim,
Comoveu, foi estopim
Para o fim da Ditadura.

Vladimir Herzog, o Vlado,
Jornalista renomado,
No ano 75
Foi detido e torturado
No DOI-CODI em negro terno,
Na sucursal do inferno
Apareceu enforcado.

Dom Paulo Evaristo Arns
Com o rabino Henry Sobel
Fizeram um Ato Ecumênico
Contra o crime tão cruel
E o famoso Sindicato
Dos Jornalistas, no Ato,
Cumpriu honroso papel.

Pelo grande Audálio Dantas
O mesmo era presidido
E a morte do Vladimir
Causou enorme estampido,
Abalando a estrutura
Da perversa Ditadura,
Tornando o povo aguerrido.

Lá no ABC Paulista
Grandes mobilizações
No ano setenta e oito
Arrebatou multidões,
Operários insatisfeitos
Lutavam por seus direitos,
Contra o jugo dos patrões.

Luiz Inácio da Silva,
Um dos articuladores,
Tinha carisma de sobra,
Além de muitos valores,

Com um grupo destemido
Fundou então um partido
Pra nossos trabalhadores.

João Batista Figueiredo
Assume em 79
Num regime moribundo,
Pouca mudança promove.
Seu governo delirante
Com inflação galopante,
Não há ninguém que aprove.

E naquele mesmo ano
Foi concedido anistia
A quem se opôs ao regime
E em outras partes vivia,
Muitos puderam voltar
Na intenção de chegar
E lutar por novo dia.

E João fez um governo
Muito pouco eficiente
Pra manter a Ditadura,
Por Deus, não foi competente.
Afirmava, sem abalo,
Gostar muito de cavalo
E muito pouco de gente.

Em mil novecentos e
Oitenta e um, se avista
Nas páginas de nossa história
Um atentado terrorista
Tramado por militares
Para jogar pelos ares
Uma festa trabalhista.

O Caso do Riocentro
Plano perverso afigura;
A trama com objetivo
De retardar à Abertura
Política, usando de horrores,
Do exército alguns setores
Queriam mais Ditadura.

No Dia do Trabalhador
Grande ato popular
Fez-se grande multidão
A fim de comemorar.
Agora, veja você,
A nata da MPB
Era pra exterminar.

No palco Bete Carvalho,
João do Vale, Alceu Valença,
Clara Nunes, Djavan
E a coisa ficou mais tensa.

Caymmi, Chico Buarque,
Ia ser grande o desfalque,
Segundo narra a imprensa.

Gozaguinha lá estava
Com Luiz, Rei do Baião,
O grande homenageado
Nessa dita ocasião,
Porém os vis militares
Iam mandar pelos ares
Artistas e multidão.

A ideia era explodir
O show dos trabalhadores,
Causar morte, pânico e dor,
Culpando os opositores.
A incompetência ganhou,
Por Deus a bomba estourou
No colo dos opressores.

Depois deu-se um movimento
Forte, de grande valia,
Chamado Diretas Já
(Gerou música e poesia...).
Foi árdua nossa jornada,
Conquistamos a sonhada
Volta da Democracia.

O voto pra presidente
Nós podemos sufragar
E o Sol da Liberdade,
Por Deus, voltou a raiar,
Mas sem punir linha dura
O fantasma da Ditadura
Sempre vem nos assombrar.

Freury, Ustra e Curió
(Carrascos da Ditadura)
Não pagaram por seus crimes
E a impunidade perdura
No milico saudosista
Com pensamento fascista
Que o país inda atura.

É quando surge um golpista
Tomado de ousadia,
Conspirando e planejando,
Sem respeito e empatia,
Tendo o inferno por berço,
Mostrando ter zero apreço
Por nossa Democracia.

Que o 8 de janeiro,
Com seu golpe fracassado,
Nos sirva, então, de lição,
Que a Justiça, o Estado,

Nunca seja complacente
E puna severamente
Cada golpista arrolado.

Povo bom do meu Brasil,
Nosso País é capaz
De ser gigante potência,
Seu povo viver em paz...
Democracia é a seta,
Assim aponta o poeta:
Ditadura nunca mais!!!

FIM

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