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sábado, 13 de julho de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (113)

Nos 800 a literatura estava ganhando forma no Brasil. 

Maria Firmina dos Reis (1822-1917) foi uma professora do Maranhão e a primeira mulher a escrever um romance intitulado Úrsula (1859). Era abolicionista. Amor e paixão se misturam na história. Bonito, bem movimentado. Personagens negros. Era também poeta.

Discretíssima no comportamento pessoal, Maria Firmina abriu o coração para poucas paixões. Um exemplo disso é o poema Ela!, incluído no livro Cantos a Beira-mar:


Ela! Quanto é bela, essa donzela,

A quem tenho rendido o coração!

A quem votei minh’alma, a quem meu peito

Num êxtase de amor vive sujeito...

Seu nome!... não — meus lábios não dirão!


Ela! minha estrela, viva e bela,

Que ameiga meu sofrer, minha aflição;

Que transmuda meu pranto em mago riso.

Que da terra me eleva ao paraíso...

Seu nome!... Oh! meus lábios não dirão!


Ela! virgem bela, tão singela

Como os anjos de Deus. Ela... oh! não,

Jamais o saberá na terra alguém,

De meus lábios, o nome que ela tem...

Que esse nome meus lábios não dirão.


Esse poema tem tudo a ver com amor feminino, entre uma mulher e outra. Apesar disso, não chamou a atenção de ninguém. Quer dizer: embora tabu, o tema aqui abordado por Firmina dos Reis não provocou espanto nem polêmica. 

Essa poetisa, de origem maranhense, morreu pobre e cega na casa de uma amiga no ano de 1917.

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