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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O BRASIL MUSICAL TEM FUTURO, COM IZAÍAS

O Brasil musical tem futuro.
Um país tão melodioso como o nosso não pode perder tempo com as bobagens apresentadas nas emissoras de rádio e televisão.
Grosso modo, o que se ouve e o que se ver no rádio e na TV é vergonhoso.
Por que isso, hein?
Um país que deu Callado, Pixinguinha, Donga, Capiba, João da Bahiana, Chiquinha Gonzaga, Benedito Lacerda, Anacleto Medeiros, Luiz Americano, Laurindo Almeida, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Garoto, Canhoto, Dino 7 Cordas, Carlos Poyares, Altamiro Carrilho, Antenógenes Silva, Manezinho Araújo, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Carlos Gomes, Alberto Nepomuceno, Villa-Lobos e centenas de outros gênios não pode perder tempo com as bobagens que as emissoras de rádio e televisão tenta nos impor.
Contam-se nos dedos os bons programas culturais que dão gosto ouvir ou ver.
Em São Paulo, o da Inezita.
Na Bahia, o do Perfilino Neto.
Em Pernambuco, o do Ivan Ferraz.
E mais um e mais outro aqui e ali.
Nem os bons discos de autor brasileiro, ou intérpretes, dificilmente se acham nas boas lojas do ramo; aliás, nem essas lojas existem mais.
Quando achamos um ou outro bom disco, achamos nas livrarias.
Uma contradição?
Pois é, nas livrarias compramos discos e filmes...
Mas agora recebo uma boa nova: o disco dos sonhos de Izaías (e Seus Chorões) acaba de ser gravado com a participação do excepcional quinteto de cordas Quintal Brasileiro.
Intitula-se Radamés Gnatalli - Valsas e Retratos.
O jornalista Matias José Ribeiro, da área de divulgação do selo Sesc, por onde está saindo o CD, informa: “O ponto alto do disco é a célebre Suíte Retratos, uma obra dedicada a Jacob do Bandolim que foi lançada originalmente há quase 50 anos”.
Já ouvi algumas músicas do disco e o recomendo.
É uma verdadeira pérola o que nos dão Izaías e Seus Chorões & Quintal Brasileiro.
O lançamento oficial de Radamés Gnatalli - Valsas e Retratos será no próximo dia 9, na unidade Sesc da Vila Mariana, a partir das 18 horas.
Vamos?
Clique:

UMA HISTORINHA:
Num ano qualquer dos 80, eu trabalhava como repórter da Folha. E um dia fui entrevistar o maestro e arranjador Radamés Gnatalli para o suplemento Folhetim, momentos depois de uma passagem de som no teatro do Centro Cultural São Paulo. Liguei o gravador e a nossa conversa se iniciou. Ele respondeu a tudo que lhe perguntei. Até sobre o historiador José Ramos Tinhorão. Nesse ponto, a resposta foi ácida. Voltei à redação para transcrever a entrevista. Foi quando constatei que o gravador não gravou nada. 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

AUDIÇÃO DE CHORO NO SESC MARIANA

Neste momento está havendo uma audição do CD Radamés Gnattali – Valsas e Retratos no Sesc Vila Mariana, com a presença de Izaias e Seus Chorões e Quintal Brasileiro e convidados. O lançamento oficial do disco será domingo 9, às 18 horas, nessa mesma unidade do Sesc. Portanto, agendem-se!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

VOU RIFAR MEU CORAÇÃO

Fui ontem ver o documentário Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper.
Interessante, feito na maior simplicidade do mundo.
Produção barata, mas de resultado positivo desenvolvido em 78 minutos.
Tudo no tamanho e enquadramento corretos.
Lá estavam a desfilar na telona o interior do Brasil e artistas que conheci de perto e entrevistei a partir dos anos 1970, como Amado Batista e Odair José e tantos, como Waldick Soriano (aí na foto).
Não mudaram nada, isto é, eles são o que são sempre: intérpretes das dores provocadas pelos arrobos dos desencontros amorosos que atingem a todos, desde pobres, pobres a ricos, ricos encastelados, como bem disse Odair, esse um craque do gênero musical brega fora do comum.
Inteligentíssimo.
O filme de Ana é um pequeno tratado de sociologia – e psicologia – calcado na vida mundana de todos nós.
Vale a pena vê-lo.

À BEIRA DO CAMINHO
Ontem também assisti o dramalhão À Beira do Caminho, do aplaudido autor de Os Dois Filhos de Francisco, Breno Silveira, com trilha musical básica do chamado eterno rei da juventude, Roberto Carlos. Esse é um filme que encarna a culpa às últimas consequências num personagem que perde a mulher grávida num acidente de automóvel. A breguice o ronda, do começo ao fim dos seus 102 minutos. Aguardemos a nova produção de Breno: Gonzaga – de Pai pra Filho, nos cinemas a partir de outubro.

OSWALDINHO DO ACORDEON
O meu querido amigo e parceiro Oswaldinho do Acordeon está, neste momento, em voo de volta da Itália para o Brasil; São Paulo, mais precisamente. No próximo dia 31 ele se apresenta no Memorial da América Latina, ao lado de Perla. Eu vou, você vai?

AUDÁLIO DANTAS
O alagoano de Tanque D´Arca Audálio Dantas receberá daqui a pouco, às 19 horas, o Prêmio de Jornalista do Ano Anatec 2012, agora na sua VIII edição. Outros três profissionais de comunicação serão premiados na solenidade que acontecerá na sede da Fecomércio, à Rua Dr.Plínio Barreto, 285, Bela Vista: Caio Barsotti, como Personalidade do Ano (CENP); Antônio Teledano, Profissional de Mídia (Pátria Publicidade) e Roberto Duailibi, Agência do Ano (DPZ). Fica o registro.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

CULTURA CAIÇARA VIVA, EM GUARAÚ

Achei bonito o Festival Caiçara de Peruíbe, realizada anteontem e ontem na quadra esportiva de Guaraú, região do polo ecológico da Juréia.
O festival consumou nesse último fim de semana a sua terceira edição.
No sábado teve a presença no palco da cantora e compositora paulistana Kátia Teixeira, acompanhada de violeiros craques.
Ontem a festança espontânea do povo da região varou a meia-noite, com pessoas de todas as idades dançando fandango.
Houve exposição de peças da cultura popular da região.
Tudo terminou com o Grupo Manema de Peruíbe.
Fica o registro.

GONZAGÃO NO ANHANGABAÚ
Também foi bonita a festa em homenagem ao Rei do Baião, no Vale do Anhangabau. Paulino Rosa do Canto da Ema esteve perfeito, como mestre de cerimônia. Elba e Dominguinhos arrasaram. A cantora e compositora Socorro Lira deu uma canja arrasora. Os cordelistas adoraram tudo.
Viva Gonzaga!

sábado, 25 de agosto de 2012

ENCONTRO COM JÂNIO

Naquela incompreensível manhã de agosto eu era um tampinha de 11 anos, mas já achava que algo de bom não estava ocorrendo no País naquele momento.
As suspeitas vinham do comportamento agitado dos adultos e dos aparelhos de rádio de onde brotavam notícias da renúncia do presidente da República, Jânio Quadros.
Ele se cansara do cargo que assumira sete meses antes e pedira o boné, embarcando para São Paulo e deixando o caos como rastro.
Pior do que aquilo, só mesmo o tiro que Vargas enfiou no próprio peito sete anos antes.
Pensando bem, o que Jânio fez foi também um suicídio.
Um suicídio que pode ser também interpretado como assassinato no toitiço da Nação.
Muitos anos se passaram até que um dia, na chefia da Reportagem Política do Estadão, eu fiz o que muitos colegas fizeram: entrevistei Jânio bem cedinho no seu gabinete de prefeito de São Paulo.
Ele me atendeu bem, educadamente e soltou uma daquelas risadas histriônicas quando lhe perguntei as razões da sua renúncia.
Ele me enrolou e não disse nada revelar a respeito.
E aí entrei na sua, dizendo que ele era um grande ator.
Ele soltou outra risada, me enrolou mais um pouco e pronto.
Mas como eu disse, ele me recebeu muito bem.
E falou de muita coisa (clique sobre a imagem).
Criticou o sistema parlamentarista no Brasil e os trabalhos dos constituintes.
Disse que nas eleições seguintes não iria apoiar ninguém.
Disse também que estava cansado de tudo, até de si próprio.
E disse que não via a hora de findar seu mandato de prefeito e viver seus últimos dias num sítio, lendo e pintando quadros.
Sentia-se desgastado, tanto que um dia ele multou o seu próprio carro.
Jânio era uma esfinge.
Neste 2012 faz 20 anos que ele morreu.

LUIZ GONZAGA
No dia 21 de janeiro de 1961, Luiz Gonzaga entrou num dos estúdios da extinta RCA Victor, no Rio, e gravou a marcha Alvorada de Paz, dele e de Lourival Faissal. A música, feita em homenagem a Jânio Quadros, foi lançada março. Um pedaço da letra:

Jânio Quadros
Tu és um soldado
Sentinela da democracia
O Brasil foi por ti libertado
Reação nacional, valentia...

FESTA PARA O REI DO BAIÃO
Logo mais ao meio dia no Vale do Anhangabaú começa festa em louvor a Luiz Gonzaga, que neste 2012 faria 100 anos. Estarão presentes nordestinos importnates, como Anastácia, coautora de Eu só Quero um Xodó, com Dominguinhos, que também comparecerá ao evento, junto com Elba. Cacá Lopes e Marco Haurélio, entre outros cordelistas, também estarão presentes. O cantor Costa Senna fará declamações. E eu vou aplaudir a todos.

MOREIR DE ACOPIARA
O cearense Moreira de Acopiara lança agora ao meio-dia mais um livro de sua autoria, na Livraria Cortez, ali na Rua Bartira, 317, Perdizes. O livro foi intitulado de O Que é Cultura Popular.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

OS MALES DE AGOSTO. TUDO CULPA DA RITA!

Desde os 400 do século 5º, só zebras ao longo da história nos dias como o de hoje.
Alarico I invade Roma, depois ser recusado no exército romano.
Malaca, na Malásia, é destruida pelas forças do militar-governador da Índia portuguesa, Afonso de Albuquerque.
Protestantes franceses são massacrados por reis católicos, num episódio que entrou para a história como o Massacre da Noite de São Bartolomeu, em 1572.
No Brasil, em 1954, o presidente Vargas dá um tiro na cabeça e pronto.
E hoje, em São Paulo, o goleiro campeão da Copa 70, Félix, foi derrotado por um câncer no Hospital Vitória.
Coisas da vida; é ou não é?

JORNAL DA CULTURA
De longe, o Jornal da Cultura vem se firmando como o melhor informativo da televisão brasileira.
É um jornal apurado, feito com responsabilidade e categoria.
A edição anteontem 22 foi perfeita.
Os principais assuntos do dia, como as greves remuneradas que assolam o País, o julgamento dos envolvidos no Mensalão, o clima de deserto que está vivendo a população de São Paulo, Dilma como uma das mais poderosas mulheres do mundo, segundo a Forbes; foram colocados e discutidos por profissionais de alto gabarito, como Miguel Reale Jr. e o professor da USP Eugênio Bucci.
Entre os temas citados, a edição levou ainda ao ar proposta de uma comissão de juristas para acabar com o sofrimento dos usuários de droga no País, sem prejuízo ao combate ao tráfico e a traficantes.
Assunto delicadíssimo.
Discordo da proposta.

AVENIDA BRASIL
Atenção, importantíssimo para a vida brasileira e dos brasileiros: foi neste 24 de agosto que a vida de Carminha começou a dar revertério. Ela tem 48 horas para deixar a casa do ex-jogador de bola Tufão. Tudo culpa da Rita!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

INCURSÕES PELO CENTRO HISTÓRICO

Ontem no finalzinho da tarde, após nossa fala no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo para uma seleta e atenta plateia, eu e os amigos João Tomás e Mário Albanese, maestro e instrumentista criador do ritmo Jequibau junto com Ciro Pereira, que já está no céu, passeamos descompromissadamente pelo centro histórico de Sampa, observando os belos e imponentes edifícios construídos nos fins dos séculos 19 e 20, pérolas que nem sempre a nossa pressa do dia a dia nos deixa ver.
Os meus olhos agradeceram.
E lá apontando para o céu de vento parado no ar a igreja da Sé vimos os prédios da Bovespa, o Martinelli, o Municipal; mas adiante o solar da Marquesa, o pátio do Colégio.
Quanta coisa bonita!
Mas no complexo da Faculdade de Direito do largo de São Francisco, a nossa sensibilidade captou um amontoado de pessoas ao relento, dependentes das pedrinhas malditas que vieram para contrastar com o natural da vida.
Atento aos detalhes, o craque Darlan Ferreira fez cliques espontâneos para a posteridade, como esse aí que ilustra este texto.
Dê um toque no mauser sobre a foto e veja a lua que lá em cima nos brinda com sua cara Nova.
Fica o registro.  

FLÁVIO TINÉ
Incursões como essa, o bom pernambucano Flávio Tiné também costuma fazer. Aliás, vocês acompanham os textos maravilhosos do Tiné?
O endereço do blog dele é este: Blog do Tiné 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

FOLCLORE, INSTITUTO GEOGRÁFICO E BOM SOM

Deve-se o 22 de agosto como o Dia Internacional do Folclore a um cidadão de nome Ambrose Merton (1803-85) e pseudônimo William John Thoms, que, diz a lenda, encaminhou uma carta à revista londrina The Atheneum sugerindo que se desse alguma atenção à cultura popular.
Na carta, ele resumia tudo na expressão de origem anglo-saxão folk lore, povo e saber, respectivamente, ou folclore no entendimento comum.
A carta de Thoms foi publicada no dia 22 de agosto de 1846.
No Brasil, o maranhense Celso Magalhães (1849-79) e o sergipano Sílvio Romero (1851-1914) foram os primeiros seguidores de Thoms.
Os dois brasileiros do Nordeste passaram boa parte da vida estudando o comportamento, dança, canto, ditos, benditos e tudo o mais vindo da fonte folclore, expressão que, diga-se de passagem, o rio-grandense do norte Luis da Câmara Cascudo (1898-1986) detestava.
Ao lado de Magalhães e Romero, Cascudo foi um dos mais importantes intelectuais do País a estudar as coisas do povo.
Coisas, diga-se, que sempre estiveram bem à frente do nariz de todos e, como se invisíveis, ninguém as via.

PROGRAMAÇÃO
Cadê a programação educativa em torno do folclore em São Paulo, hein?

CONFERÊNCIA
O maestro e instrumentista paulistano Mário Albanese, um dos criadores do ritmo Jequibau, gosta do termo conferência. Mas, enfim, o fato é que daqui a pouco, às 15 horas, estarei discorrendo sobre o tema no salão nobre do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, à rua Benjamin Constant, 158, Centro da cidade. A entrada é franca, você vai?

DISCO
Enquanto batuco estas linhas, escuto no aparelho de som o cantor e compositor pernambucano de Petrolina Alcy Carvalho. Ele é excelente. Entre canções e xotes, bumbas e outros ritmos brasileiros, Aldy surpreende e encanta com sua voz bem aprumada e diferenciada de tantas quantas se ouve por aí. Aldy é um artista feito, pronto para cair na boca do povo. Não à toa, o seu novo CD, acho que o segundo de sua carreira, se chama Alforje. São nos alforjes da vida que se guardam sons e memórias. Guardam-se sons e memórias, que voltam depois ao mundo. Parabéns, Aldy!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

FOLCLORE, INSTITUTO GEOGRÁFICO E MEDAGLIA

Amanhã 22 Internacional do Folclore estarei em conferência às 15 horas no salão nobre do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, à Rua Benjamin Constant, 158, Centro da cidade, falando sobre a importância do dia e, dentre outros temas, da necessidade de o poder público preservar melhor a memória do País, criando ferramentas adequadas para isso, pois não basta tombar prédio ou casa histórica por quem nela nasceu ou habitou e dar por encerrado o trabalho. Depois disso é que são elas, seu dotô, isto é: faz-se necessário o seu restauro e ocupação; e daí o acesso fácil ao público, coisa que ainda não se vê hoje por aí.
Tombar por tombar, tombem-se leões e jacarés, elefantes etc. e tal.
O convite é da presidente da entidade, Nelly Martins Ferreira Candeias.
E a entrada é franca.
A propósito: ontem passei de frente da casa onde viveu Mário de Andrade, ali na Lopes Chaves, Barra Funda, pertinho daqui de onde batuco estas mal batidas linhas, e a vi de portas fechadas.
Pois é, tombar por tombar não dá.
A memória de uma cidade tem de estar à mostra e não guardada a lopes chaves, hahaha.
Do Mário:

Na Rua Aurora eu nasci
Na aurora da minha vida
E numa aurora cresci.

No largo do Paissandu
Sonhei, foi luta renhida,
Fiquei pobre e me vi nu.
Nesta Rua Lopes Chaves
Envelheço, e envergonhado
Nem sei quem foi Lopes Chaves.

Mamãe! Me dá essa lua,
Ser esquecido e ignorado
Como esses nomes da rua.

JÚLIO MEDÁGLIA
Acabo de saber que o grande maestro Júlio Medaglia foi demitido junto com seus auxiliares da direção do qusse centenário Teatro São Pedro, que fica aqui de lado de casa. Motivo? Burrice da parte dos administradores públicos. Até onde vamos chegar, meu Deus? Esse maestro é orgulho do Brasil, e só os bobocas que o puseram no olho da rua não sabem disso. Mais dias, menos dias e as coisas hão de melhorar. Cadê o cipó de aroeira do Vandré, que não vem, que não vem?

sábado, 18 de agosto de 2012

CORDEL NA CORTEZ

"Essas mudernagem dos tempos de hoje só atrapalham", diria o amigo Elomar. Pois mais uma vez, ontem e até agora, fiquei impossibilitado de usar o computador para escrever o que tinha de escrever, ou seja: o texto para este espaço e as últimas páginas do novo livro (Lua Estrela Baião, a História de um Rei).
Pifou tudo.
Uma tal de fonte e uma tal de placa-mãe foram pras pinoias.
O motivo?
Um curto-circuito provocado pela empresa fornecedora de enrgia, disseram.
Bom, estou de volta.
E já atrasado, porque tenho encontro marcado já, já, às 18 horas na Livraria Cortez, ali de lado da PUC, onde se inaugura mais uma semana de cultura popular, a VII, essa dedicada à memória do rei do baião Luiz Gonzaga, neste ano do seu centenário de nascimento.
Certamente estarão lá, prestigiando, algumas das mais importantes figurinhas do ramo: Marco Haurélio, João Gomes de Sá, Costa Senna, Cacá Lopes, Sebastião Mrinho, Valdeck de Garanhuns, Pedro Monteiro, Nireuda Longobardi e Francorli e outros mais.
Vamos?
Ainda dá tempo.
Na foto, além de Cortez (centro), fundador da editora e livraria que levam o seu nome, o mestre dos quadrilhos e outros babados Jô Oliveira, um pernambucano de ouro e sensibilidade.
Atenção, ponham na agenda: no próximo 22, dia Internacional do Folclore, estarei em conferência no salão nobre do Instituto Histórico e Geografico de São Paulo, às 15 horas, à Rua Benjamin constant, 158. O convite me chega às mãos pela presidente da entidade, Nelly Martins Ferreira Candeias. O convite muito me honra.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

REGISTROS NECESSÁRIOS

Quero deixar aqui uns registros que julgo necessários, 1º:
- Foi com surpresa que vi hoje na Folha de S.Paulo chamada de 1ª página sobre a morte do flautista Altamiro Carrilho.
Isso é interessante, por que desde quando um jornalão como a Folha faz isso com artista brasileiro? O segundo passo agora é o jornal reconhecer e falar dos grandes nomes das nossas artes que ainda estão por aí.
À guisa de curiosidade: a última vez que Altamiro se apresentou na capital paulista foi na noite de 25 de fevereiro último, no Sesc Santana, por iniciativa nossa, e que quase, quase, não era aceito; como quase, quase não era aceito o nome de Inezita Barroso.
Os dois lotaram o teatro.
Pena não termos imagens da Inezita na ocasião, porque não nos foi permitido fazer.
A sua apresentação foi na noite de 25 de janeiro, no aniversário de fundação de São Paulo.
A lamentar: noutra ocasião sugerimos a apresentação de Carmen Costa e Sivuca no espetáculo de que participamos no Sesc Pinheiros, no Projeto Música do Brasil (Baião), entre os dias 25 e 26 de novembro de 2006, com Dominguinhos, Carmélia Alves e outros aristas.
Eu era o mestre de cerimônia.
Não aceitaram a nossa sugestão e logo depois Carmen e Sivuca partiram, levando alguma tristeza e muita história.
Sim, foi duro trazer Altamiro; e foi duro também conseguir autorização para entrevistá-lo no palco.
Meu Deus, quando todos vamos perceber a importância dos nossos artistas?
Detalhe: na ocasião eu era o curador da exposição-instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo.
Ah a burocracia!

BIENAL
Mas justiça seja feita: foi muito boa a maneira como o pessoal do Sesc nos tratou no Salão de Ideias da Bienal do Livro que termina dia 19. O tema que abordamos, eu e o fotógrafo Tiago Santana, foi o poeta Patativa do Assaré.

MÁRIO ALBANESE
Aproveito o espaço aqui para perdir desculpas ao artista mário albanese por não ter podido comparecer ontem à gravação de depoimento seu ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, onde estarei em conferência no próximo dia 22, Internacional do Folclore. a minha ausência deveu-se ao fato de eu estar pondo pontos finais ao texto que virará livro sobre o rei do baião Luiz Gonzaga, a ser publicado ainda este ano pela Cortez Editora. Extrapolei todos os prazos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ALTAMIRO CARRILHO AGORA É SAUDADE

Vítima de câncer, o maior flautista brasileiro, Altamiro Carrilho, morreu hoje de manhã aos 87 anos, numa clínica particular no Rio de Janeiro.
Ele vinha lutando contra a doença há muito tempo.
Altamiro correu os cinco continentes divulgado a música brasileira, principalmente o choro e o baião.
Mais do que falar dele agora, é ouvi-lo falar sobre a sua história e a história de Luiz Gonzaga. Isso ocorreu na última vez que nos encontramos, no Sesc Santana. Foi na noite de 25 de fevereiro deste ano. É uma conversa muito bonita, emocionante. Clique:

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

PATATIVA, TOM ZÉ E JEQUIBAU

Achei demasiadamente esvaziada e desatrativa essa 22ª edição da Bienal Internacional do Livro, sem falar dos altos preços dos títulos etc. etc.
Os títulos da Imprensa Oficial, por exemplo, lá estão pela hora da morte.
Sem explicação, inclusive porque esses títulos são lançados com apoio de leis de incentivo.
Eu, hein!
Quanto ao esvaziamento, houve quem dissesse que se dava por causa do Dia dos Pais e da festa de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres, onde o Brasil acabou com três medalhinhas de ouro, cinco medalhinhas de prata e o resto de medalhinhas de bronze.
A minha referência à falta de atrativo do evento se deve ao fato de eu não ter visto nenhum espaço reservado à cultura popular que poderia ter sido resolvido por iniciativas públicas, já que se depender da Câmara do Livro, bal, bal!
Não vi uma banca sequer com folhetos de cordel, livros, discos etc. etc. a ver com o assunto popular no sentido cultural, claro.
Jorge Amado estava lá por iniciativa do Sesc, que levou Tom Zé, Ilana Goldstein e Jose Castello para falar dele.
Ponto marcado!
Mas Augusto dos Anjos, coitado, foi totalmente esquecido neste ano do centenário de lançamento do mais importante livro de poesia do Brasil, que, não por acaso, vem ser de sua autoria: Eu.
E também ninguém se lembrou de fazer uma homenagenzinha que fosse ao centenário de nascimento do mais importante artista da música popular do Brasil, Luiz Gonzaga, que não por acaso ocorre este ano.
Luiz foi o divisor de águas da música brasileira.
Quando é que vão perceber isso, hein Nêumanne?
Aliás, nenhum evento significativo em torno do Rei do Baião foi realizado ou programado este ano em
qualquer lugar do território paulista ou paulistano.
Heresia?
Pra lá de heresia!
E pensar que foi aqui na capital paulista que Luiz Gonzaga montou o seu quartel-general e até um LP gravou com essa referência!
Mas tire-se o chapéu: o Sesc foi a única entidade pública a se lembrar de pelo menos um grande personagem da nossa cultura popular: Patativa do Assaré.
Para falar dele e da sua obra, estivemos eu e o fotógrafo Tiago Santiago (foto acima) no Salão de Ideias de lá, da Bienal.
Tiago é o autor do belíssimo ensaio fotográfico que ilustra o livro sobre Patativa O Sertão Dentro de Mim, assinado por Gilmar de Carvalho.
Torço para que os organizadores da Bienal valorizem mais o Brasil e a nossa cultura popular, que entendo ser a digital do povo.
Quem sabe eles, os organziadores, façam uma grande festa de encerramento do centenário de Luiz Gonzaga na 23ª edição da Bienal, hein?

DIA DO JEQUIBAU
O que é jequibau?
Avião ou estrela cadente?
Terra, pífano, galo, gaiola ou um parque sem gente?
Água de beber, bicho de morder ou pio de pinto sem pena?
Flor de açucena?
Um rochedo, floresta ou tronco de ipê?
Nome de gato, gata ou topada no meio da escuridão?
Sol ou apelido oculto do cangaceiro lampião?
Não sei; não sabes, não?
Pois, pois.
Nome de menino ou canção de ninar?
Talvez um anjo torto perdido no oco do céu.
Ou um quadro de Dalí.
Ou um vaso da China, um verso sem rima.
Talvez...
O que é jequibau?
Um romance inacabado ou um disco quebrado?
O apelido da lua cheia ou o coaxar de um sapo de olho no brejo.
Um vulcão ativo, quem sabe?
Um grito de guerra, um psiu acanhado.
Uma baleia presa num arpão.
Um operário escravo do patrão.
Ou um tigre findo num alçapão?
Um boi, um bode, um bonde, um bumbo.
Ou o boto de sinhá!
Não sabes?
Eu sei o nome de quem o inventou: Mário Albanese, um paulistano da safra 31.
Eu o conheci no século passado, há mais de duas décadas.
Não sei se na Pensão Jundiaí da Mariazinha.
Virou amigo, desses que a gente ganha e não quer perder.
Mário estava ontem na pensão da Mariazinha, tocando teclado, tocando jequibau.
Jequibau é um estilo musical criado por Mário e Ciro Pereira.
Certa vez, num folheto, escreveu o poeta popular Téo Macedo, em sextilhas:

Jequibau é jequibau
Diferente marcação
Cinco tempos por inteiro
Contrariando a tradição
Um compasso brasileiro
Nova forma de expressão

Jequibau é jequibau
A palavra é singular
Não existe em dicionário
Não adianta procurar
E depois de tantos fatos
É hora de registrar...

No ritmo jequibau gravaram Hermeto Pascoal, Jair Rodrigues, Altemar Dutra e Moacir Franco, entre centenas de outros artistas brasileiros. No campo internacional, destaque das gravações para Andy Willians, Charlie Byrd, Sadao Watanabe e Rita Reys.
Mário Albanese, nunca é demais dizer: é uma glória nossa absolutamente necessária de se rever, de se redescobrir e aplaudir.
Flores em vida.
AMIGOS
Fazia tempo, muito tempo que eu e Tom Zé não nos encontrávamos. O reencontro ocorreu ontem à tarde na Bienal, registrado no clique de Darlan Ferreira.
Ontem também reencontrei o craque do traço Jô Oliveira, o editor José Cortez, o artista e tradutor do russo para o português-brasileiro Luís Avelima, o cordelista Marco Haurélio e mais um monte de gente bonita.

RIVALDO CHINEM
O amigo Rivaldo Chinem dispara convites nos intimando e ao povo todo para a noite de autógrafos do seu livro Comunicação Empresarial - Uma Nova Visão de Empresa Moderna (Discovery Comunicações), quinta que vem às 20 horas no stand B58, na Bienal.

domingo, 12 de agosto de 2012

REPENTISTAS, CINEMA E BIENAL DO LIVRO

Logo mais às 17 horas, cinco duplas de repentistas nordestinos se apresentarão no Centro Cultural Diadema, à Rua Graciosa, 300, Centro da cidade. O responsável por essa beleza de encontro é o poeta de bancada Moreira de Acopiara, cearense da cidade que lhe enfeita o sobrenome.
Junto com Moreira estarão Ivanildo Vila Nova, Louro Branco, Valdir Teles, Sebastião a Silva, Moacir Laurentino Manoel Ferreira, Chico Oliveira, João Paraibano e Zé Cardoso.
Todos um melhor do que o outro.
Cada um incrível agarrado no seu pinho, como cigarras que não se cansam de cantar.
Mais informações pelo telefone 4056.3366.

BIENAL DO LIVRO
Pouco antes, às 16 horas, estarei proferindo impressões e ideias em torno do poeta Patativa do Assaré e sobre a cultura popular Brasileia, riquíssima. Isso se dará na 22ª edição da Bienal Internacional do Livro, no Anhembi. O convite é do Sesc.

CINEMA
As Covas Gêmeas, livro de estreia de Marco Zanfra,
acaba de ter prioridade adquirida para o cinema pelo
cineasta Zeca Nunes Pires. Zeca é jornalista, com mestrado em História e livros publicados sobre o cinema de Florianópolis, de onde, aliás, é natural. Fora isso, é autor de vários curtas focados na cultura popular. Ele é dos bons.
Arriba, Zanfra!

sábado, 11 de agosto de 2012

BIBI FERREIRA E BIENAL DO LIVRO

Sensacional!
O tempo de inverno com cara de verão lotou ontem o Teatro Frei Caneca.
Melhor: a noite de ontem lotou o Teatro Frei Caneca.
Não, talvez assim: a sexta-feira de calor encheu de gente ontem o Teatro Frei Caneca.
Ou: a atriz Bibi Ferreira estreou ontem à noite um novo espetáculo, Histórias & Canções, no Teatro Frei Caneca.
Em suma: a mais completa atriz brasileira, Bibi Ferreira, carregou a mais fina flor paulistana representada por gente de todos os credos e gostos para vê-la à vontade no palco do Teatro Frei Caneca.
À vontade, leia-se: natural, falando, brincando, contando histórias e cantando um repertório em inglês, francês etc.
Até em português-português ela cantou.
Bibi esteve perfeita em vários momentos, como quando interpretou Nem às Paredes Confesso, fado de Artur Ribeiro, Max e Ferrer Trindade, composto em 1955 e gravado pela primeira vez por Amália Rodrigues, que o transformou em clássico do gênero, no dia 30 de novembro de 1962.
Foi uma noite maravilhosa a de ontem no Teatro Frei Caneca.
Ela começou lembrando os tempos de arte no cinema norte-americano e fazendo paralelo com o que ocorria no Brasil da metade do século passado.
Lembrou a Era do Rádio, com ápice nos anos 1940.
Citou a Divina Elizeth Cardoso e a Sapoti Ângela Maria.
E Dalva.
Falou de Hollywood e da Broadway.
Nesse momento ela exibiu a sua voz de menina de 13, 14 anos, bem aprumada, afinada, como ouro que não enferruja.
E cantou By a Waterfall, tema da comédia Footlight Parade (1933), de Lloyd Bacon.
E assim foi.
Brincou com árias que a marcaram, substituindo as letras originais por letras de Caymmi, Noel.
Foi o ponto mais engraçado.
Cantou Edith Piaf (La Vie en Rose) e até brincou:
- Eu vivo às custas dela há 27 anos.
Com 90 anos, Bibi parece ter 13, 14 anos, hahaha.
Viva Bibi!

BIENAL DO LIVRO
Amanhã às 16 horas estarei no Salão de Ideias da 22ª Bienal Internacional do Livro, no Ibirapuera, falando sobre a obra do poeta popular Patativa do Assaré. Comigo, o fotógrafo Tiago Santana. A iniciativa do encontro é do Sesc.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PAULISTINHA DENGOSA, 60 ANOS

No dia 11 de abril de 1951, por volta das 14 horas, o violonista paulistano Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, entrou no estúdio da multinacional Odeon no Rio de Janeiro e gravou, de sua autoria, o chorinho Paulistinha Dengosa.
Além dessa música gravada naquele dia, ele anotou no seu diário a gravação de mais três, entre as quais duas de Ary Barroso.
Paulistinha Dengosa foi à praça no lado A do disco de 78 RPM nº 13.312, em agosto de 1952; portanto, há 60 anos.
Além de violão e cavaquinho, Garoto tocava bandolim, guitarra havaiana, banjo, violino, contrabaixo, violoncelo, piano e harpa.
"E era também um grande amigo", recorda saudoso o instrumentista e compositor também paulistano Mário Abanese, seu parceiro numa música: Amor Indiferença (partitura acima).
Garoto não era brincadeira, e por não ser brincadeira ele se transformou num dos maiores e mais completos artistas da música brasileira.
Pena que o seu nome ande hoje em dia tão esquecido.
Garoto modificou a forma de tocar cordas.
Mas ao contrário de Luiz Gonzaga, o rei do baião, a sua genialidade é referida apenas numa música composta, aliás, por seu amigo Mário Albanese, intitulada Meu Amigo Garoto.
Garoto tinha grandes amigos, como o humorista José Vasconcelos
Da sua morte, ocorrida no dia 3 de maio de 1955, o humorista soube quando se achava nos estúdios da extinta TV Tupi. Palavras dele: "Garoto era para mim um irmão. Um grande músico que não teve sucesso porque não fazia música popular. Era exímio tocador de violão. Quando todo mundo tocava com quatro dedos, ele usava os cinco. Um fabuloso artista que a morte roubou do Brasil. Chorei e o público sabia que eu contava piadas chorando. Recebi uma grande ovação quando dei explicações porque eu chorava. Foi o dia mais aborrecido de minha vida".
Na edição de 2 de abril de 1961 do Diário da Noite, o repórter Moacyr Jorge dizia que José Vasconcelos valia “por uma companhia de comédia” e o seu show era de “duas horas de gargalhadas com humorismo sadio”. Encantado, ele reconhecia ser Vasconcelos impressionante na “imitação de figuras da música, do rádio, e da política”.
Fica o registro.
Em toda a sua trajetória musical, Garoto alcançou sucesso apenas com uma obra: o dobrado São Paulo Quatrocentão, resultante de parceria com o maestro Chiquinho e gravada nos estúdios da Odeon no dia 19 de agosto de 1953, para os festejos do 4º centenário da capital paulista. Ela lhe rendeu cerca de US$ de 30, referentes a direitos autorais.

MÁRIO ALBANESE
No próximo dia 15, a partir das 15 horas, Mário estará no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, prestando depoimento sobre o Jequibau, ritmo musical 5/4 que criou junto com o maestro Ciro Pereira. O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo localiza-se A Rua Benjamim Constant, 158, próximo à tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde, aliás, estudou.

CANTORIA
Hoje às 21 horas tem cantoria das boas promovida pelo paraibano Rafael de Souza, no estabelecimento comercial da Rua Prof. Campos de Oliveira, 480, Jurubatuba, Santo Amaro. Lá estarão de violas em punho os repentistas Ivanildo Vila Nova e Severino Feitosa, dois craques da poética do improviso. Mais informações pelo telefone 5521.2677.
Uma vez Severino se saiu com estes versos em estrofe de gemedeira, que é uma das dezenas de modalidades do mundo da cantoria:

Assis Ângelo é passarinho
Que nesta floresta voa
Mas lembra de Cabedelo,
Tambaú e Alagoas
E não tira do coração
Ai, ai, ui, ui,
A capital João Pessoa.

BIBI FERREIRA
E hoje tem, também, a estreia de Bibi Ferreira no Teatro do Shopping Frei Caneca. Começa às 21 horas. Bibi é a mais completa atriz brasileira.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

BIBI FERREIRA ESTÁ EM SÃO PAULO

A partir de amanhã e até o dia 7 de outubro, a mais completa atriz brasileira, Bibi Ferreira, estará se apresentando no Teatro Shopping Frei Caneca, às 21 horas. Um grupo musical formado por 21 músicos, sob a batuta do maestro Flávio Mendes, a acompanhará num eclético repertório permeado de obras compostas em várias línguas e gêneros.
Aos 90 anos completados em junho, Bibi dispensa qualquer apresentação formal.
Ela é o próprio teatro.
E música.
Ela tem domínio total da arte que exerce desde tenra idade.
É um orgulho do Brasil.
Viva Bibi Ferreira!
Após a curta temporada em Sampa, Bibi segue com sua trupe a Portugal, e já em novembro, no dia 21, se apresenta no Lincoln Cente de nova Iorque.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

BIBI FERREIRA, UMA SENHORA ARTISTA

Ela nasceu quando?
No dia 1º, 4 ou dez de junho de 1922?
Não importa.
O que importa é que o Brasil deve se orgulhar de Bibi Ferreira, de batismo Abigail Izquierdo, filha do carioca João Álvaro de Jesus Quental Ferreira e da espanhola Aída Izquierdo, ele, o ator Procópio Ferreira; ela, uma bailarina.
Bibi, uma das atrizes mais completas, acaba de chegar aos 90 anos de idade, cantando e atuando nos palcos com um vigor surpreendente.
Eu a vi no começo da madrugada de hoje, num programa da TV Globo.
Eu a vi feliz, alegre como uma estreante, falando do que gosta e do que não gosta.
Não bebe e não não fuma, por exemplo.
Gosta de dormir e de cantar trechos de óperas.
Numa ária da Traviata, de Verdi, ela enfiou Palpite Infeliz, de Noel.
Noutra, de Le Figaro, de Mozart, nos fez ouvir Maracangalha, de Caymmi, que também gostava de dormir e descansar.
Até Ponteio, de Edu Lobo e Capinan; e Deus e o Diabo, que Sérgio Ricardo fez em 20 minutos, ela interpretou à maneira operística, sem falhar a voz.
Bibi está completando 71 anos de estreia profissional como atriz e como cantora.
As suas primeiras gravações em discos foram feitas no formato de 78 RPM, para o selo Columbia.
Em agosto de 1941, ela gravou, de sua autoria, as toadas Fitinha Encarnada e Lá Longe, na Minha Terra.
Depois dessas músicas, ela gravou outras músicas e muitos poemas, além de histórias infantis.
E até apresentou programas na extinta TV Excelsior, como Brasil 61, 62 e 63, com a presença de artistas da MPB, como Geraldo Vandré.
No correr da vida, não titubeou em se posicionar politicamente.
Até de uma campanha pela volta do presidencialismo ela participou, ao lado de Elza Soares, Isaurinha Garcia e outros artistas.
Clique:
LUIZ GONZAGA E PIXINGUINHA
- Você já leu a nova edição do caderno Memória da Cultura Popular do newsletter Jornalistas&Cia, que este mês traz a figura do rei do baião Luiz Gonzaga? Se não leu, clique na linha abaixo:

www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular04.pdf

terça-feira, 7 de agosto de 2012

ALÔ, ALÔ, MARCIANO!

Em julho de 1969, eu tinha 16 anos de idade e marchava célere para os 17 a se completarem dali a dois meses.
Era meio fim de tarde do domingo 20.
Eu me achava passando férias escolares em Timbaúba, um dos municípios pernambucanos da Zona da Mata Norte mais gostosos de viver.
A cidade de poucos habitantes, era aconchegante e estava em rebuliço.
Não se falava noutra coisa naquela tarde, a não ser no homem na lua.
Num estabelecimento comercial ao lado da praça principal as pessoas se aglomeravam meio bobocas diante de um aparelho de televisão ainda em p&b e sem os recursos de transmissão o vivo, como hoje.
Mas isso era apenas um detalhe sem maior importância.
O que importava, mesmo, era ver o homem na lua como anunciado nos jornais e noutros meios de comunicação da época.
Fiquei meio zonzo, meio abestalhado, vendo o Armstrong pulando – pensei - na cabeça do dragão.
Mas não era na cabeça de dragão nenhum que ele pisava.
Ele pisava era na nossa imaginação, tendo como pretexto o solo lunar.
Pulinhos maravilhosos, de criança feliz da vida.
O tempo passou e ontem à noite eu vi na televisão um robozinho na forma de jipe, chamado Curiosity, de US$ 2,5 bilhões, chegando à Marte no começo da madrugada, depois de uma longa viagem até lá.
A mesma sensação de incredulidade daquele 20 de julho voltei a sentir.
Até aonde ainda vamos chegar, hein?

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

UMA BOMBA-MENINA ACABOU COM HIROSHIMA

Aquela manhã a princípio igual a qualquer uma, de rotina, como são quase todas as manhãs em todas as línguas, findou como tragédia absoluta, ímpar, sem par, incomparável em qualquer tempo ou lugar.
Era uma segunda-feira, no Japão.
Às 8 e poucos do dia 6 de agosto de 1945, depois da redição dos nazistas para as forças aliadas, os japoneses de Hiroshima sentiram na pele a força arrasadora dos norte-americanos.
Força terrível, vinda das nuvens e do chão fazendo subir uma espécie de cogumelo gigante, aterrador, mortífrero.
O dia se fez noite.
Nada igual jamais visto.
A tragédia daquela manhã chegou nas asas de um avião B29, embutida num artefato de 65 quilos de urânio e poder explosivo de 15 quilotons.
Entre a liberação do artefato e sua explosão a 600 metros do solo se passou menos de um minuto, resultando daí um saldo terrível, inimaginável: 140 mil pessoas mortas, ou mais, em segundos.
Depois disso, passada uma semana, os norte-americanos ainda insatisfeitos detonaram Nagasaki e mais milhares e milhares de japoneses. Tudo isso sob o comando do presidente Harry Truman, para quem - à guisa de curiosidade - o rei do baião Luiz Gonzaga, a pedido do presidente-marechal Gaspar Dutra, tocaria sanfona numa solenidade realizada no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, dois anos depois dessa dupla tragédia que renderia vários, entre os quais a obra-prima Hiroshima Meu Amor (1959), de Alain Resnais.
A primeira bomba, a de Hiroshima, foi chamada de bebê, menino; na língua de lá, little boy, carregada por um avião batizado de Enola Gay.
A segunda, de Fat Man.
O episódio marcou o fim da Segunda Grande Guerra e o começo do fim do império americano.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

PIXINGUINHA TOCOU COM LUIZ GONZAGA

O clarinetista e maestro pernambucano Severino Araújo de Oliveira, que muita gente pensava ser paraibano por ter vivido por muitos anos, desde a infância, em Ingá, morreu hoje no Hospital Ipanema, no Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla dos órgãos.
Ele tinha 95 anos de idade.
Severino assumiu a batuta à frente da Orquestra Tabajara, que se originou em João Pessoa, PB, em 1938, aos 21 anos.
A Tabajara foi fundada em 1934 pelo holandês Oliver Von Sohsten, à época cônsul no Brasil.
Mesmo com a morte dele a orquestra, das mais antigas do mundo, continuará sobrevivendo.
Severino e a Tabajara gravaram de tudo, desde jazz à MPB, passando pela bossa nova e outras bossas. Ele que também era compositor, autor do clássico Espinha de Bacalhau, acompanhou em gravações de discos desde os 78 RPM aos de 33 RPM artistas importantes da nossa música, como a rainha do baião Carmélia Alves.
Uma das bonitas gravações que ele fez à frente da Tabajara foi Baião, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, no começo dos anos de 1960.
Essa gravação se acha no LP 12 Ritmos Brasileiros, lançado pela extinta Continental.
Viva Severino!

VIOLAS E REPENTES
Amanhã, às 15 horas, será encerrado o projeto Violas e Repentes, projeto da Associação Raso da Catarina, no espaço cultural Gam Yoga, à Rua Fradique Coutinho, 1004, na Vila Madalena.
O projeto começou no dia 3 de março.
Até agora quatro duplas se apresentaram ao som de violas nordestinas: Sebastião Marinho e Andorinha, Titico Caetano e Vicente Reinaldo, Dedé Laurentino e Zé Cândido, Luzivan Matias e Manoel Soares e Erivaldo da Silva e Zé Milson Ferreira.
A dupla que encerrará o projeto é formada por Zé Francisco e Sebastião Cirilo.
Zé Francisco, paraibano, é um dos primeiros e inspirados poetas repentistas a desembarcar na capital paulista, nos fins dos anos de 1950.
Vamos lá?
É na faixa e estarei na arena apresentando a dupla.

JORNALISTAS&CIA
Anotem: segunda-feira 6 Luiz Gonzaga é tema do especial Memória da Cultura Popular do mais importante newsletter do Brasil, o Jornalistas&Cia. Adianto que descobri algo muito importante sobre o Rei do Baião.
Sabem o que?
Confiram o título desta postagem.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ESPECIAL GONZAGÃO NO JORNALISTAS&CIA, 2ª

O 2 de agosto de 89 cobriu de luto o Brasil.
Nesse dia, bem cedo, os brasileiros desde Pernambuco foram acordados com a notícia da morte do Rei do Baião.
À época eu trabalhava na Pan, em São Paulo, e uns dois meses antes eu o havia entrevistado pelo telefone, numa tarde em que ele se dirigia a Canindé, no Ceará, para fazer uma promessa por recuperação da saúde.
Estava fragilizado, caminhando com dificuldade.
Pouco mais de dez anos depois da sua partida, e durante apresentação do programa São Paulo Capital Nordeste, na Rádio Capital AM 1040, pedi à deputada federal Luiza Erundina que levasse à apreciação do Congresso um projeto de criação do Dia Nacional do Forró não só para lembrar a importância do grande pernambucano que pôs o baião no mundo como gênero musical, mas para fazer os brasileiros continuarem a dançar ao som da boa música nordestina.
A sugestão me fora dada pelo amigo Paulo Rosa, que depois criaria a casa de espetáculos O Canto da Ema, nome, aliás, por mim escolhido para trazer à lembrança outro grande nordestino: o paraibano Jackson do Pandeiro, criador do gênero rojão.
O baião e o rojão têm uma mesma célula de origem: a viola do violeiro repentista.
A proposta encaminhada por Erundina ao Congresso Nacional foi aprovada no dia 6 de setembro de 2005 e virou a Lei nº 11.176, chancelada pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e publicada na edição de 9 de setembro do mesmo ano, no Diário Oficial da União.
É vasta a programação comemorativa ao centenário de Luiz Brasil a fora.
Em dezembro, a TV Câmara, de Brasília, levará ao ar um especial sobre o Rei do Baião.
Desse especial participamos com Arievaldo Viana e Sinval Sá, autor de um dos melhores livros sobre Luiz: O Sanfoneiro do Riacho da Brígida, lançado à praça em 1966.
Um filme de longa-metragem, Gonzaga - De Pai Pra Filho, está em fase final de edição pelo mesmo diretor de Dois Filhos de Francisco, Breno Silveira.
Clique abaixo.
O lançamento nacional está previsto para outubro.
Em setembro uma série de quatro curtas ou algo parecido será inserida no Fantástico, da TV Globo.
Eu e Dominguinhos já gravamos participação.
Esta semana chegou às lojas o álbum triplo 100 Anos de Gonzagão, pelo selo Lua Music.
Algo parecido (reprodução da capa, acima), e até com uma música inédita (Padroeira da Visão, Santa Luzia), de Luiz e Téo Azevedo, interpretada por Dominguinhos, estará na praça em breve. Desse CD, de 15 faixas, eu participo com um texto especial de nove minutos e um poema (Um Baiãozinho Para o Rei do Baião), ambos de minha autoria.
No começo do ano, uma grande homenagem a ele já havia sido prestada pela escola de samba Unidos da Tijuca, que foi à Sapucaí e ganhou o carnaval carioca com o enredo O Dia em Que Toda Realeza Desembarcou na Avenida Para Coroar o Rei do Sertão.
Depois de amanhã, sábado 4, durante o encerrramento do projeto Violas e Repentes no espaço cultural Gam Yoga, na Vila Madalena (Rua Fraqique Coutinho, 1004), os poetas improvisadores Zé Francisco e Sebastião Cirilo contarão a história do Rei do Baião em versos, na toada repentista. Entrada grátis. Estarei presente, como apresentador.
No próximo dia 12 estarei na Bienal Internacional do Livro, mediando uma banca sobre a vida e obra de Patativa do Assaré, por iniciativa do Sesc. É de Patativa um dos clássicos do repertório Gonzaguiano: A Triste Partida, gravado em 1964.
Nos dias 18 e 20 participarei de um encontro de literatura de cordel na livraria Cortez, ali ao lado da PUC, no bairro de Perdizes. O evento é dedicado a Luiz Gonzaga.
E no dia 22, no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, farei uma conferência cujo teor é a cultura popular, a partir da obra do Rei do Baião.
Atenção! Não deixem de ler a 4ª edição especial Memória da Cultura Popular do newsletter Jornalistas&Cia, resultado de parceria com o Instituto Memória Brasil, a sair na próxima segunda-feira, 6. O tema é Luiz Gonzaga.
Acesse:
www.jornalistasecia.com.br

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

LIÇÃO QUE VEM DA RUA

Há pouco um casal de moradores de rua da capital paulista achou um pacote com R$ 20 mil e o devolveu aos donos.
Agora um pedreiro de Paracatu, Minas, achou uma bolsa com R$ 30 mil e também devolveu ao dono.
Tanto no primeiro como no segundo caso, o dinheiro fora roubado por assaltantes.
Em São Paulo, de um restaurante.
Em Minas, de uma distribuidora de bebidas.
No caso paulistano o casal se deu bem, ao ser premiado com um emprego e está feliz da vida.
No caso mineiro, a pessoa que achou os R$ 30 mil foi gratificada e também está feliz.
Por que os políticos não se espelham nesses casos, hein?
Pois é, e amanhã o STF inicia o processo de julgamento de 38 políticos e empresários acusados de se beneficiarem com o dinheiro público.
Vamos ver no que dar.

UM RESULTADO A DESEJAR; VIVA GONZAGA!

Reunir artistas jovens de várias tendências musicais num projeto em torno do centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, o rei do baião, a ocorrer este ano, sem dúvida foi uma boa sacada.
Porém o resultado ficou a desejar, pois que poderia ter tido um cuidado melhor e uma linearidade nas gravações, por exemplo.
O CD triplo 100 Anos de Gonzagão (www.luamusisc.com.br), com belíssima ilustração na capa de mestre Elifas Andreato, feita originalmente para um número da 2ª edição da coleção Nova História da Música Popular Brasileira (Abril), em 1977, poderia ser ótimo e não um tiro n´água..
No entanto, das 50 faixas constantes algumas dão algum gosto de ouvir: Riacho do Navio, com Ayrton Montarroyos; A Feira de Caruaru, com Anastácia e Oswaldinho; Boiadeiro, com André Rio e Genaro; Orélia, com Ylana Queiroga; Xanduzinha, com Karina Buhr; Cintura Fina, com Gaby Amarantos; Balance eu, com Thais Gulin; O Xote das Meninas e Capim Novo, com Elke Maravilha e Trio Dona Zefa; Baião, com Wanderléa; Dezessete Légua e Meia, com Milena; e Derramaro o Gai, com 5 a Seco.
Elke e Wanderléa surpreende.
Ao álbum também faltou um encarte explicativo.
Ou seja: tudo poderia ter sido resumido num só disco.
Você sabia que a valsa Dúvida, de Gonzaga e Domingos Ramos, gravada no dia 8 de abril de 1946 e lançada pelo cantor chamado Patativa do Norte Augusto Calheiros em julho do mesmo ano é a única música do Rei do Baião constante no CD triplo 100 Anos de Gonzagão que jamais foi gravada pelo próprio Gonzaga?
E como essa, ele deixou trintena e meia gravada em discos de 78 RPM por gente como Ciro Monteiro.
Pois é: nunca são demais informações num disco, principalmente num tempo, como o de hoje, em que tudo é empurrado goela abaixo para todos nós.
Os responsáveis pelos arranjos, Rovilson Pascoal e André Bedurê, ficam devendo coisa melhor.
Viva Gonzagão!
À Lua Music parabéns pelo risco de assumir o lançamento de 100 anos de Gonzagão.