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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

VIVA JOEL DOS SANTOS!

Ele nasceu como num dia como o de hoje, em 1957.
Ele não tira coco de pandeiro, não toca viola repentista, não faz verso de cordel, não toca rabeca triângulo ou zabumba, não dança lundu nem ciranda, não é palhaço de circo ou marcador de quadrinha junina; Também não é piadista como Chico Anysio, não faz graça como o velho Faceta, mas gosta de pastoril, tanto do sacro quanto do  profano. Sim, a rigor ele não faz parte do chamado universo da cultura popular, embora defenda tudo quanto é bom. Aliás, não à toa, fez Direito pra seguir reto da vida.
Armando Joel dos Santos é natural da cidade de São Vicente, SP a mais antiga do País.
É Corinthiano, de alma e ideias.
Mesmo sem ser o artífice da cultura popular, Joel reconhece a importância de artistas do povo como Patativa do Assaré. Para ele nomes como Otacílio Batista e Oliveira de Panelas são gênios da arte da cantoria.
Pois é, o moço tem bom gosto.
Joel nasceu no mês e ano em que a cantora carioca Maysa lançava a praça nacional, em disco de 78 voltas, o samba-canção Se todos Fossem iguais a Você de Tom e Vinícius. 
Pessoa simples e amada pelo povo da rua onde mora em Osasco, Joel jamais se fez de rogado por quem o procurasse ou procura, para ajudar seja do que for.
A música de Tom e Vinícius lhe cai como uma luva,  é o que acham seus amigos e admiradores.
Há 38 anos dividindo a sua vida com a enfermeira Gracilda Luciano, Joel diz que tem muito ainda a dividir.
Joel acredita em Deus e num mundo melhor.
Viva Joel!

PS: A montagem fotográfica que ilustra este texto feita por Darlan Ferreira, registra momentos de alegria de Joel com amigos.
Joel é um dos grandes frequentadores mais assíduos do Instituto Memória Brasil, IMB.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

PETER ALOUCHE E CORDEL

O poeta Peter Alouche, elogiado por sua obra desde tempos d’antanho até pelo General Charles de Gaulle (1990-1970), é autor de versos que residem em casas de perolas como São Paulo de Todos Nós.
Embora popular o poeta Alouche, formado em letras pela Universidade de Nancy, França,  domina pelo menos uma dúzia de línguas.
Desde muito jovem, encantava a todos que liam seus versos, inclusive o D’Gaulle.
O general francês, herói na guerra contra os nasistas, chegou a escrever a Peter elogiando alguns de seus versos.
Detalhe: Àquela altura, o general-herói era presidente da França (1959-1969) e os elogios que enviou ao poeta foram assentados em papel timbrado da República francesa, com a assinatura de próprio ponho pelo presidente.
Em 2002, usando o pseudônimo Pedro Nordestino, Peter Alouche foi um dos poetas premiados no 1º Concurso Paulista de Literatura de Cordel, com Encontro no Metrô.


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

DEZEMBRO, MÊS DE FESTAS

“Eu quero ser ‘escritor de livros’”, disse aos meus ouvidos, com toda convicção, o futuro criador de histórias Pedro Ivo do alto dos seus seis anos de idade. Além de “escritor de livros”, o Pedro disse querer ser também quando crescer cantador, dançador, desenhador, enfim, estas coisas de artista...

Artista é aquele cara que sabe de tudo ou um pouco mais. Ou pensa...

O Pedro é filho de um “escritor de livros” e de uma profissional das letras; ele, Marco Haurélio, e ela, Lucélia Borges...

Ah! Esqueci de dizer que o Pedro também quer ser doutor.

Doutor e pronto!

O paulista de Mauá Pedro Ivo nasceu no dia 8 de julho do ano da graça de 2008.

Nesse dia e, em anos diferentes, muita coisa bonita e marcante aconteceu no Brasil e mundo afora. Por exemplo:

Nesse dia, e no ano de 1497, o navegador Vasco da Gama partia de Portugal para a Índia.

E nesse mesmo mês, ao redor do Brasil, a história registrava a Independência da Bahia (dia 2), a morte de Lampião (dia 28) e a pisada do homem em solo lunar, ocorrida no dia 20 (1969).

O Pedro nasceu em julho e estamos em dezembro.

O que um mês tem a ver com outro?

Muita coisa como todos os meses, semanas e dias, minutos e segundos na História.

No dia 14 de julho de 1789, a liberdade passou a ter uma referência, a tomada da Bastilha, na França, em 1789.

Em dezembro, o mundo cristão comemora o nascimento daquele que diz que veio nos salvar: Jesus Cristo, preso, julgado de modo arbitrário, humilhado, torturado e pregado numa cruz ainda vivo...

Pouco antes de Cristo morrer, Júlio César governava o futuro império romano (27 a.C.- 1453 d.C.). Esse foi um período muito atribulado da História, e quem explica isso agora em versos decassílabos é o cordelista gabaritado Marco Haurélio, baiano de Riacho de Santana:

Júlio César, notável general,
Vencedor dos egípcios e gauleses,
Teve o nome incluído num dos meses,
E, por isso, tornou-se imortal.
Se no campo de luta era brutal,
Noutro campo perdeu seu destemor:
De Cleópatra tornou-se vencedor,
Mas rendeu-se à musa esplendorosa.
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor.

Marco termina essa estrofe com um mote imortalizado pelo pernambucano Otacílio Batista, que todos conhecem. O mesmo Marco explica:

“O mote com uma pequena alteração — Mulher nova, bonita e carinhosa / Faz o homem chorar sem sentir dor — foi utilizado, em meados da década de 1940 pelo repentista José Luiz Junior em peleja com José Alves Sobrinho, que o primeiro transformou em folheto.”

Mas essa é outra história.

O mês de julho, sabemos da sua importância.

De dezembro, também.

Dezembro é mês de festas, festas a partir do a celebração do nascimento de Jesus até 6 de janeiro, dia dos Santos Reis, os magos Gaspar, Belchior e Baltazar, que levaram presentes e louvaram o Menino Jesus na manjedoura que lhe serviu de berço, longe dos olhares pecadores daquele tempo.

Dezembro de bumba meu boi, pastoris (sagrado e profano, a ver o Velho Faceta), lapinha, reisados, cavalo-marinho...

... E o Pedro Ivo (acima e ao lado nos cliques do craque Darlan Ferreira) esteve fazendo peraltices há pouco, no Instituto Memória Brasil – IMB. Detalhe: O nome Pedro Ivo, segundo seus pais, é uma homenagem a Pedro Ivo Pedroso da Silveira, personagem heroico da Revolução Praieira (1848 e 1850), cantado por Álvares de Azevedo e Castro Alves.


Viva a Cultura Popular!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

TOM E VINÍCIUS NAS OLIMPÍADAS DE 16

O Brasil é, mesmo, um país privilegiado.
Com mais de 8,5 milhões de km quadrados e uma população que já ultrapassa os 200 milhões de pessoas, o Brasil se acha entre os cinco maiores países do mundo. Como se não bastasse, somos, a rigor, uma população ainda nova.
A miscigenação brasileira também é das maiores do mundo.
Sem terremotos, maremotos, tsunamis,  nossos problemas são, geralmente, provocados por nós mesmos. Caso do que está ocorrendo na Petrobrás e outras empresas brasileiras. Mas o mal da corrupção não é exclusivamente nosso.
No campo das artes, o Brasil também é destaque no mundo todo. Na música, então...
O campineiro Carlos Gomes (1836-1896), considerado até hoje o maior compositor operístico das Américas, foi o primeiro artista a levar o nome do Brasil para o mundo, a partir da Itália, onde morava. Foi em 1870 que ele apresentou pela primeira vez a ópera O Guarani, de sua autoria, baseado em romance homônimo do cearense José Alencar.
Depois de Gomes, outros nomes enalteceram o Brasil com a sua arte, a exemplo de Ary Barroso, Villa-Lobos, Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980), entre outros.
Tom e Vinicius acabam de emprestar seus nomes aos mascotes que representarão as Olimpíadas de 2016, que serão realizadas no Rio de Janeiro.
Tom, compositor e maestro amplamente reconhecido em todo o mundo, deixou um legado musical que ultrapassará gerações e gerações, a exemplo do seu parceiro, Vinicius.
A música Garota de Ipanema, de autoria dos dois, foi gravada pela primeira vez por Pery Ribeiro, em 1963. A história dessa gravação o próprio Pery uma vez me contou, durante entrevista que realizamos para o programa São Paulo Capital Nordeste. Na ocasião, ele contou que ouviu, gostou e, simplesmente, a gravou sem o prévio conhecimento ou autorização dos autores Tom e Vinicius.
Esse marco da bossa-novista foi lançado por Pery em disco de 78 voltas.
Não custa lembrar que a Bossa Nova ganhou formato de gravação em disco em 1958, num LP da cantora Elizeth Cardoso que teve a participação instrumental do próprio Tom.
Este nosso país é mesmo incrível!
E ainda temos Cornélio Pires, Tonico e Tinoco, Antenógenes Silva, Luiz Gonzaga, Geraldo Vandré, Gilberto Gil e tantos e tantos.
Pois é.

EDUCAÇÃO & CULTURA
O governador Cid Gomes (Pros), do Ceará, acaba de recusar convite para ocupar o cargo de Ministro da Educação no segundo tempo de governo de Dilma Rousseff. Cid tem desenvolvido um excelente trabalho no campo da Educação no seu Estado. Esse trabalho começou há anos, desde quando ele era prefeito do município de Sobral. Dentre todos os estados nordestinos, o Ceará é o que exibe a melhor nota na área da Educação. E olha que o Ceará ocupa o vigésimo terceiro lugar no PIB nacional, o que o faz um dos estados mais pobres do país.
Para ocupar a pasta da cultura o nome até agora mais cotado é o de Juca Ferreira, ex-ministro da área e atual secretário do município de São Paulo. 

domingo, 21 de dezembro de 2014

LEMBRANÇAS DE DEZEMBRO

Dezembro, o último mês do ano, me traz lembranças vivas de um tempo um tanto distante. O tempo da minha infância.
Nesse mês, ainda de calças curtas, eu via de perto os pastoris que muito me divertiam.
Depois, de calças trocadas, rapazote de cigarro no bico, avançava meus olhares pras pastoras, que cantavam temas envolvendo o menino jesus e tudo de bom que o natal nos leva a refletir.
Tempos incríveis!
Lembro da missa do galo, da mesa farta, que Dona Alcina — minha avó materna — e suas amigas preparavam para amigos e familiares.
À noitinha dos dias de dezembro eu frequentava os pavilhões armados na principal avenida de Alagoinha Serra de Boi, onde moços como eu disputavam as atenções femininas.
De um lado, o azul; do outro, o encarnado.
Não dá pra esquecer dos tempos do menino que fui da Paraíba guardada na memória.
Tanta coisa bonita na cultura popular!
E como uma coisa puxa outra, lá vão uns versos para um chorinho:

Ai de mim,
por abrir para ti as portas do mundo encantado da cultura popular.
Ai de ti,
por fingir gostar do mundo encantado da cultura popular.
Ai de mim, dó de ti,
por entrar nesse mundo pela porta da frente
e dele sair pela porta de trás,
por que, rapaz,
por abrir para ti as portas do mundo?

Ai de mim, 
por abrir as portas do mundo... 

HOJE, VERÃO
Logo mais, às 21h03min, ele está chegando para bronzear nossa pele e alma, renovando nossas esperanças por tempos melhores.
Quem viver, verá.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

CULTURA POPULAR E MARCO HAURÉLIO


Andrade Leal, Rouxinol do Rinaré, Antônio Francisco,
 Evaristo Geraldo, Marco Haurélio e Paiva Neves, na Bienal do Livro do Ceará 2014.

Meu amigo, minha amiga, se você olhar lá em cima vai encontrar uma data: 15 de dezembro de 2014.

Pois é, mas hoje não tenho muito o que dizer. Pensando bem, tenho sim o que dizer.

Marco Haurélio é da Ponta da Serra, que fica lá em cima, no oeste da Bahia do Jorge Amado.

Marco Haurélio, cujo nome nos remete à velha Roma de Virgílio, é também um poeta de tamanho que não dá pra medir. Pois é, tem coisas e gentes na vida que o hoje não mede.

Marco Haurélio, junto com Klévisson Viana, é daqueles poetas que medo nenhum eu tenho de dizer ser definitivo; até porque, poeta não nasce poeta, poeta o tempo faz.

Meu amigo, minha amiga, você sabe quem foi Patativa do Assaré?

Caso tenha tempo e paciência, acesse o professor maluco Google ou seu irmão Youtube, e lá ponha o nome o nome Patativa do Assaré.

A riqueza do Brasil pode ser vista de todas as formas e ângulos.

Você sabe quem é Chico Pedrosa?  Se não, acesse- o também, nesta máquina de fazer doido, como diria o craque Stanislaw Ponta Preta, que é a internet.

Pois é, como nada tinha hoje especificamente a dizer, eu disse o que aqui está: os brasileiros precisam descobrir o Brasil; Brasil de Marco Haurélio, Patativa do Assaré, Chico Pedrosa, Leandro Gomes de Barros — em 2015, vamos comemorar 150 anos de nascimento desse paraibano —, Silvino Pirauá, Manoel D’Almeida Filho, José Soares, denominado o “Poeta-Repórter”.

E de Ariano Suassuna você já ouviu falar?


P.S.: O Marco Haurélio, autor de 32 livros, e dezenas de folhetos de cordel, está lançando Rei Lear em Cordel (Amarylis). Agora pra te ferrar mesmo, acesse o blog do Marco Haurélio.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CHICO LOBO É PRESENTE DE NATAL

Se não tivesse rádio nem televisão, eu diria, meu amigo e minha amiga, venham cá: venham ouvir violeiros tocar e cantar.

Como há rádio e TV, eu diria: ouvir violeiro tocar e cantar é pra lá de bom.

Poxa vida, como há no nosso país bons e maravilhosos violeiros tocando e cantando, as nossas coisas, as coisas do nosso país.

Um exemplo?

Tião Carreiro & Pardinho já partiram. Tonico & Tinoco, que nasceram antes do Tião e do Pardinho, já partiram também. E antes desses, teve o Cornélio Pires, quando o Brasil andava em formação.

E aí tem Inezita Barroso e Rolando Boldrin....

E tivemos Raul Torres, João Pacífico, Serrinha, Zilo & ZaloPoxa e tantos outros.

O Brasil é tão grande, tão grande que por ignorância o desconhecemos.

Agora tem Renato Teixeira, Renato Braz, Roberto Corrêa, Saulo Laranjeira, Téo Azevedo e Chico Lobo.

Você sabe quem é o Chico Lobo?

O Chico é o seguinte: é um cara de São João Del Rey, MG, a viola nasceu no peito dele. E como se não bastasse, as tradições brasileiras.

E ele toca e toca, canta e canta, e encanta...

Ó, ele está lançando um disco incrível chamado Folias de Um Natal Brasileiro, pela Kuarup.

É um disco que traz 12 faixas, uma melhor que a outra.

Chico Lobo não é uma invenção do Brasil.


Chico Lobo é Brasil.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

ADMIRÁVEIS JORNALISTAS DO BRASIL

Da esquerda para a direita: José Hamilton, Rosi, Assis, Audálio Dantas, Darlan
Ferreira, Roberto Cabrini, Assis, Luciana Freitas e Armando Joel.
(Fotos: Ana Maria)
O enorme salão de festas do Club Holms de São Paulo
ficou pequeno para o seleto público que compareceu ontem, à noite, para prestigiar os jornalistas escolhidos como "os mais admirados do Brasil" deste ano de 2014, que termina. 
Foram 100 os profissionais das diversas mídias - TV, jornal, rádio etc. escolhidos por cerca de 2000 jornalistas País a fora numa espécie de eleição direta.
 O primeiro da lista de premiados foi Ricardo Boechat, da Rede Bandeirantes; seguido de Miriam Leitão, da Rede Globo e de Elio Gaspari, da Folha.

 Além dos citados, integram a relação dos dez mais admirados profissionais do jornalismo brasileiro, os seguintes nomes:

Caco Barcellos
William Waak
William Bonner
Carlos Alberto Sardenberg
Mino Carta
Eliane Brum
José Hamilton Ribeiro

 A solenidade de entrega de troféu aos jornalistas mais admirados do País contou com a apresentação de Carlos Tramontina e de Fátima Turci que chamaram ao palco Eduardo Ribeiro para discorrer a respeito da iniciativa das empresas Jornalistas & Cia e Mega Brasil. Estamos todos de parabéns, até porque a solenidade resultou marcante, inesquecível sob todos os pontos de vistas.

Aguardemos a próxima edição.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

VIVA TÉO AZEVEDO!

Antes de gravar Asa Branca com Bobby Keys dos Stones, Téo ensaiou na casa de Michael Groissman, amigo de Dylan...

Téo Azevedo é um dos mais prolíficos produtores musicais, com centenas de discos por ele produzidos no correr de meio século. Ele é também um dos autores com o maior número de obras compostas e gravadas por inúmeros intérpretes nacionais e estrangeiros, entre os quais Charles Musselwhite.
A maestrina Chiquinha Gonzaga, carioca desaparecida na terceira década do século passado, foi a autora do maior número de músicas compostas no País até hoje. Téo Azevedo, se ainda não a superou em quantidade, está próximo disso.
Calcula-se que Chiquinha é autora de muito mais de um milhar de composições, e com alguns clássicos como Ó Abre Alas.
Como Chiquinha, outros brasileiros compuseram quantidade quase absurda de músicas, como Ary Barroso.
Entre os intérpretes, o campeão em gravação de músicas no Brasil atendia pelo nome de Chico Alves, que gravou quase 1000 músicas.
ninguém o superou até hoje.
O rei do baião, Luiz Gonzaga, deixou sua voz gravada e 625 faixas de discos de 78 rpm, 45 rpm e 33 rpm.
O cantor e compositor bissexto Nelson Gonçalves, que começou a carreira em São Paulo e a encerrou no Rio de Janeiro também foi outro campeã de gravação de discos.
O tempo passa e todos passam.
Téo Azevedo, também um dos melhores violeiros do País - apelidado de o cantador de Alto Belo - aos 72 anos de idade, acaba de ser biografado por Amelina Chaves, que escreveu Téo Azevedo - Catrumano 70; e Carlos Felipe Horta, que está lançando Téo Azevedo - Um Poeta Cantador.
Esses livro são de rara importância para se compreender a produção autoral de Téo Azevedo, que, aliás, está preparando o lançamento de uma versão curiosíssima da toada Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, feita pelo próprio Téo, Cezar Abianto, que venha ser Cezar do Acordeon, os forreozeiros Bico Doce, Ivan, Zequinha, Totonho di Biassi, Adeildo Lopes e - pasmem! - o saxofonista do grupo de rock britânico Rolling Stones, Bobby Keys.
Bobby morreu faz duas semanas, mas cerca de dois meses antes enviou carta ao Téo autorizando-o a fazer da gravação o que bem quisesse.
Detalhe: pouco depois dessa gravação, Téo Azevedo almoçou com Michael Groissman, Jorge Mautner, Bobby Keys, Bob Dylan e os integrantes do Stones, à exceção de Mick Jagger.

Viva Téo Azevedo!


domingo, 7 de dezembro de 2014

MAIS UM PRÊMIO PARA ZÉ HAMILTON


Darlan Ferreira, eu e Zé Hamilton no IMB
Meu amigo José Hamilton Ribeiro, decano do jornalismo nacional, receberá amanhã mais um prêmio de jornalismo. A entrega será feita no Club Homs, logo após um coquetel que reunirá os mais importantes jornalistas brasileiros. Ele receberá amanhã o prêmio Os +Admirados Jornalistas Brasileiros de 2014, promovido pela Jornalistas & Cia e Maxpress.

Ontem o Zé esteve fazendo pesquisas no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB – que presido – para a 2ª edição do seu livro sobre música caipira.

O jornalista José Hamilton Ribeiro é um orgulho do jornalismo brasileiro. Ele tem dezenas de prêmios. O primeiro deles foi conquistado em 1964 (Esso).
 
Com prazer, eu fiz parte da mesa que escolheu esses grandes colegas.

Viva o Zé!

 

GONZAGA EM FINLANDÊS

 

O rei do baião, Luiz Gonzaga, continua vivo na memória de brasileiros e estrangeiros, agora mesmo acabo de receber o CD Mä Olen Sun reunindo dez faixas com obras de autores nacionais, entre os quais Jorge Ben, Toquinho, Rita Lee e Luiz Gonzaga, que comparece com Xote das Meninas, dele e Zé Dantas. É um disco muito curioso, como quase sempre são curiosas as gravações de Luiz Gonzaga no exterior. Mä Olen Sun me chegou as mãos através da crooner da banda paulistana Bicho de Pé, Janaína Pereira e Natanael Sousa.


O Xote das Meninas, como de resto o repertório é interpretado por uma certa Maria Gasolina.

sábado, 29 de novembro de 2014

TOM JOBIM E SANFONEIROS




O português Natanael Sousa dá amostra do seu talento no IMB.
A história guarda histórias do arco da velha.
 
Certa vez Tom Jobim disse que a música popular brasileira é uma tragédia.
 
Exagero ou coisa de alguém que não conhece a nossa história? A Discografia da Música Popular Brasileira dá-se início em 1902, com o lundu Isto É Bom, de Xisto Bahia, gravado por seu conterrâneo de Santo Amaro da Purificação, Manuel Pedro dos Santos (1870 - 1944), o Bahiano.
 
Isto É Bom é uma composição brejeira, graciosa, com o quê muito nosso:

"O inverno é rigoroso
Bem dizia a minha vó
Que dorme junto tem frio
Quanto mais quem dorme só

Isto é bom, isto é bom
Isto é bom que dói
Se eu brigar com meus amores
Não se intrometa ninguém
Que acabado os arrufos
Ou eu vou, ou ela vem..."
Depois desse, muitos outros lundus foram gravados, não só por Bahiano, mas por seus amigos pioneiros Eduardo das Neves e Cadete, por exemplo.
Além de lundus, o início da nossa Discografia está recheado de muitos outros gêneros e ritmos musicais.
As modinhas marcaram época, muito antes do advento do samba, do maracatu, da marcha, das valsas e até boleros.
Certa vez eu disse a Tom Jobim que estava preparando um livro cujo título lhe fazia referência: O Brasil Dá O Tom.
Ele ouviu o que eu tinha a dizer e prometeu uma entrevista logo após seu retorno dos Estados Unidos. Ele voltou, mas não houve a entrevista. O Brasil chorou a sua volta.

SANFONA PORTUGUESA
Dia desses esteve conosco no Instituto Memória Brasil, IMB, o português Natanael Sousa.
Jovem de 24 anos nos deu uma amostra do seu talento à sanfona. Entre os números exibidos, destaque para Bach.
Há pouco tempo em São Paulo, Natanael Sousa promete ter vindo para ficar; e se ficar, certamente vai enriquecer a área de atuação dos grandes sanfoneiros.
Eu lembro que ainda me achava em João Pessoa, a cidade onde nasci, quando ouvi e vi extasiado uma apresentação de Severino Dias, o Sivuca, no teatro Santa Rosa. Corriam os anos de 1970. Na ocasião Sivuca fez uma exibição que muito me impressionou, imitando sons que seriam da sanfona, no mundo árabe, por exemplo. E a medida que ele tirava aqueles sons incríveis, ele também fazia uso da sua voz, do seu fôlego.
Noutra ocasião, muitos anos depois, e já em São Paulo, eu pedi ao Oswaldinho do Acordeon que me mostrasse como a sanfona soaria na Índia, por exemplo. Estávamos no ar, pela AllTV. Ele riu e também a todos nos deixou extasiado, encerrando com uma pequena “amostra” do que faria um sanfoneiro Heavy Metal, incluindo o grito “YEAH!”.
São poucos, na verdade, os sanfoneiros que dominam o seu instrumento.

Natanael Souza, se continuar ensaiando pelo menos 6 horas diárias, certamente também dominará a sanfona, cujas origens datam de alguns séculos a.C.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

DE LÂMPADA, FRIO E TRISTEZA

Há muitas formas de uma lâmpada se apagar. Quebrando-a, por exemplo. Mas a lâmpada também apaga-se sozinha. Assim como as pessoas, por exemplo. O inventor do avião, apagou-se pendurado numa corda. O escritor Ernest Hemingway (1899 – 1961) apagou-se com um tiro de winchester. O compositor Assis Valente, apagou-se se enchendo de formicida num banco de praça, no Rio de Janeiro.
Sim, há muitas formas de uma lâmpada se apagar.
Uma lâmpada ilumina um quarto, uma casa, uma rua, um bairro, uma cidade, um mundo.
Os faróis que orientam os navios são uma lâmpada.
Uma estrela no céu é uma lâmpada.
Uma lâmpada é uma ideia, uma lâmpada é vida, uma lâmpada é tudo. É o bater de um coração, também.
Uma lâmpada é alegria, é luz; o contrário é a escuridão, a tristeza, o caos, o fim do mundo.
Solidão também é o contrário de lâmpada.
Na extensa discografia da música popular brasileira o tema solidão é uma constante. Todos ou quase todos os grandes compositores abordaram e continuam a abordar o tema.
Dolores Duran (1930 - 1959), numa das madrugadas escuras da vida, sentada sozinha numa mesa de bar, escreveu num guardanapo versos sem nenhuma alegria, mas definitivos na sua procura por uma lâmpada, por uma luz, por um amigo, por uma companhia, desde que fosse verdadeira:
[...] Eu quero qualquer coisa verdadeira
Um amor, uma saudade, 
Uma lágrima, um amigo.
Ai, a solidão vai acabar comigo.
Além da carioca Dolores, e muitos outros poetas e letristas, o poeta pernambucano Carlos Pena Filho também escreveu uma pérola que evoca o tema:
Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados. [...]
O poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884 - 1914), que gerou uma obra incrível reunida no seu único livro, Eu, publicado no início da segunda década do século passado de forma independente, traz fantasticamente triste soneto N’augusta solidão, que é assim:
N'augusta solidão dos cemitérios,
Resvalando nas sombras dos ciprestes,
Passam meus sonhos sepultados nestes
Brancos sepulcros, pálidos, funéreos.

São minhas crenças divinais, ardentes
- Alvos fantasmas pelos merencórios
Túmulos tristes, soturnais, silentes,
Hoje rolando nos umbrais marmóreos,

Quando da vida, no eternal soluço,
Eu choro e gemo e triste me debruço
Na laje fria dos meus sonhos pulcros,

Desliza então a lúgubre coorte.
E rompe a orquestra sepulcral da morte,
Quebrando a paz suprema dos sepulcros.
E para encerrar, a minha conclusão é a seguinte: a tristeza é filha da solidão, que por sua vez é irmã gêmea, siamesa, da depressão.
A depressão é uma lâmpada queimada.  
Você conhece As Mariposa, de Adoniran Barbosa? Hahahaha!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

DIA DA CONSCIÊNCIA BRASILEIRA

Hoje é feriado em cerca de 18% das 5570 cidades brasileiras.
Hoje é dia da Consciência Negra, mas bom seria se esse dia fosse todos os dias. Bom seria se todos nós, brasileiros, tivéssemos consciência sobre a nossa gente e a vida nacional.
Pena que esse tipo de dia ou data exista por força de decreto aprovado pelo Congresso Nacional com endosso do presidente da República.
O escritor Monteiro Lobato dizia que um país se faz com homens e livros.
Pois é, um país se faz fundamentalmente pela via da Educação e da Cultura; com isso teríamos, com certeza, consciência da vida que nos cerca no país onde nascemos e vivemos.
Não há dia nacional da consciência branca, mas a consciência deveria habitar a nossa mente desde tenra idade.
Um povo culturalmente educado é um povo culturalmente inteligente, sadio, forte, que sabe o que quer; pois quando não se sabe o que quer, o país tende a ir para o buraco ou para as profundezas do mar, como ocorre hoje com a Petrobrás, empresa que ganhou do rei do baião Luís Gonzaga, no final dos anos 50, uma bela marcha gravada em disco de 78 voltas.
Aliás, o que ocorre hoje com o Brasil, é uma tristeza sem par. Vive-se um mar de lama e a imagem que me vem à mente é: um boi dentro de um rio sendo engolido por piranhas.
Na década de 30 do século passado, criou-se uma campanha cujo mote era: “ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”.
O mote, como se vê, continua válido, infelizmente.
Mas, enfim, hoje o dia é dedicado à consciência negra.
O tema negro, negritude, recheia a discografia da música popular brasileira.
Há verdadeiras pérolas musicais abordando Ganga Zumba, Zumbi, ou Zambi.
Zumbi, de batismo Francisco, foi adotado por um padre jesuíta e tempo o tornou guerreiro e herói. O seu chefe era Ganga Zumba, que fez um acordo com o então governador de Pernambuco, no fim do séc. XVII, mas Zumbi não aceitou. oi sua desgraça. Ele não tinha nem 20 anos de idade quando as forças do bandeirante paulista Domingos jorge Velho, foram acionadas pelos poderosos da época para dar cabo a Palmares, território hoje pertencente ao estado de Alagoas.
Zumbi foi abatido numa emboscada no ano de 1695.
Viva zumbi!

Viva o povo  brasileiro!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

MARLUI MIRANDA, A VOZ DOS NOSSOS ÍNDIOS

No novo CD de Marlui Miranda, músicas do repertório infantil dos índios Juruna.
O baiano Dorival Caymmi morou em São Paulo e aqui produziu a obra-prima Maracangaia.
Isso, na década de 50.
Anos antes, o baiano Jorge Amado morou em São paulo e em São Paulo conheceu a mulher que o acompanharia por toda a vida: Zélia Gattai.
Várias décadas depois, os baianos Caetano e Tom Zé também trocaram seus berços pela capital paulista.  Aqui os dois, em anos diferentes, compuseram Sampa e São Paulo, meu amor.
Agora me dizem que Gal Costa, de batismo Maria da Graça, está morando aqui ao lado. Eu moro no bairro de Campos Elíseos, vizinho à Higienópolis.
Gal me faz lembrar Marlui Miranda.
Gal sempre quis ser cantora. Quando era pixoxotinha ela ficava zanzando dentro de casa e procurando espaços que lhe facilitassem ecoar a voz. Um desses espaços, era o banheiro. E lá ela cantava, cantava e cantava. Outro espaço que ela adorava era a panelona que a mãe usava para fazer feijoadas. Essa panelona Gal enfiava na cabeça e cantava, e cantava, e cantava.
Marlui, como Gal, também sempre quis ser cantora.
Nos seus tempos de criança no Ceará, ela adorava ficar ao pé do rádio ouvindo os artistas da Rádio Nacional, como Luiz Gonzaga.  
Um dia, o pai chegou em casa com um monte de discos de 78 rotações. Entre esses discos, vários com gravações de números sinfônicos. Antes, ela nunca vira ou punha na mão discos desse tipo. Encantou-se. E a medida que a mãe os punha para tocar, ela emocionava-se ao ponto de chorar. E muito. No começo, a mãe preocupava-se. Depois, relaxou achando graça. Eram tão inusitadas as situações, que a mãe passou a convidar as amigas para ver a filha ouvindo discos e chorando.
Marlui Miranda, como Gal Costa, cresceu e se tornou uma das mais importantes cantoras do Brasil, emprestando a sua bela voz a, digamos, causa musical indígena.
A maior parte da discografia de Marlui é constituída por cantigas dos nossos índios. Exemplo disso é o seu novo CD, Fala de bicho, fala de gente (Sesc), que começa com a belíssima moda de ninar Duku duku.

Viva os baianos e viva a Marlui Miranda, que reencontrei no último fim de semana, depois de muitos anos.

Ouça Marlui Miranda: http://www.sescsp.org.br/online/selo-sesc/132_DIARIO+DE+VIAGEM+MARLUI+MIRANDA+E+O+POVO+DO+XINGU#/tagcloud=lista

domingo, 16 de novembro de 2014

VISITAS E EMOÇÕES

Foi uma semana de muitas falas e emoções, começando segunda passada com a visita de Fátima de Moraes.
Fátima  uma paulistana residente no Chile há  mais de 20 anos.
Terça-feira, no Memorial da América Latina, encontrei alguns amigos e amigas como Marlui Miranda. Marlui, uma das nossas maiores cantoras, continua incrível.
Eu conheci Marlui Miranda no final dos anos 1970, aqui na capital paulista.
Em 1979 ela estreava no mercado fonográfico com o LP Olho D’água (Continental), que trazia 10 músicas, entre as quais as belíssimas No pilar, de Jararaca, e Acorda Maria Bonita, de Volta Seca.
Nesse mesmo disco se acha uma composição da tribo Krahó (Grupo Krahó).
Dona de uma voz privilegiada, Marlui Miranda é com certeza a cantora que mais tem dado voz aos índios do Brasil.
Da discografia de Marlui constam três LPs e vários CDs.
Na quarta-feira tive a alegria de receber a visita da cantora Janaína (líder do grupo Bicho de pé) e do acordeonista português Natanael Souza.
Natanael, nascido em Abrantes, região central de Portugal, nos deu uma ótima amostra do seu talento, interpretando três números musicais, entre os quais um de autoria de Bach, composta originalmente para violino e adaptada para a sanfona.
Uma maravilha!
Voltarei ao assunto. Natanael completa hoje 24 anos de idade e desde já demonstra ter o virtuosismo que caracteriza os grandes músicos.
Na quinta recebi no Instituto Memória Brasil o juiz de direito Onaldo Queiroga e a sua esposa Márcia, mais seus pais: Antônio e Onélia.
Ainda na quinta-feira, visitaram o IMB os artistas da música popular Fatel e Luiz Wilson, apresentador do programa Pintando o Sete (Rádio Imprensa).
A semana foi encerrada com a presença das cantoras Célia e Celma, que nos trouxeram uma novidade: o filme Senhores da Guerra, baseado no livro homônimo de José Antônio Severo, acaba de ser inscrito para participar do Festival de Cinema de Portugal no começo do próximo ano.
No mais, viva a vida!