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sábado, 29 de setembro de 2018

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES, 50 ANOS






O momento político em que vivemos é crítico, como crítico era o momento político que vivíamos em 1968, 67, 66, 65, 64 e na ordem contrária até 1985, quando Tancredo Neves (1910-1985) foi eleito para governar o país, mas não governou.
Em 1964, os militares assumiram o poder com a ajuda de civis poderosos. Quer dizer: os civis de muita grana compactuaram com os militares e quem pagou o pato foi o povo.
Em 1968, o ano mais marcante do século em todo o mundo, o governo militar decretava o mais perigoso dos atos institucionais:  o AI-5.



Nos dias 12 e 14 de setembro de 1968, a TV Globo promoveu o mais importante dos seus festivais: o Internacional da Canção.
Na noite daqueles dias ora lembrados aconteceu, no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Tuca, a primeira eliminatória das canções inscritas nesse festival. Dessa primeira disputa, foi para o Rio de Janeiro a canção Pra não Dizer que Não Falei de Flores (Caminhando) do paraibano Geraldo Vandré.
A segunda eliminatória do Festival Internacional da Canção ocorreu nas noites de 26 e 28 de setembro. E na noite 29, hoje é 29, no Maracanãzinho lotado, ocorreu a finalíssima do festival que resultou na premiação em primeiro lugar da canção Sabiá, dos cariosas Chico Buarque e Tom Jobim (1927-1994). O segundo lugar entrou para a história com a música de Vandré, que ganharia no correr do tempo mais de uma centena de regravações em discos nos mais diferentes formatos por artistas brasileiros e estrangeiros, incluindo o italiano Sergio Endrigo (1933-2005), da espanhola Ana Belén e do norte americano Ernie Sheldon (acima a matriz original dessa gravação). Luiz Gonzaga, o rei do baião, também gravou essa música, aliás, foi ele o primeiro cantor a gravar Pra Não Dizer que Não Falei de flores, gravação de estúdio abaixo.
Sabiá é uma canção baseada no poema Canção do Exílio, do maranhense Gonçalves Dias (1823-1864). Lindíssima, aliás, outro dia o Vandré nos disse que alimenta o desejo de um dia gravar essa música.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acha toda a obra discográfica de Geraldo Vandré. Caminhando é uma espécie do hino francês La Marseillaise.
Quer saber mais sobre Vandré? Clik os links abaixo:

http://assisangelo.blogspot.com/2014/03/joan-baez-e-vandre-o-encontro.html


Em Paris, um dia, achei o disco que Vandré gravou por lá.Pela primeira vez ele pôs as mãos num exemplar deste disco na minha casa. Emocionou-se. Da mesma forma que há uns 30 anos mostrei-lhe a gravação que fizera para a TV Búlgara.





ZIRALDO
O cartunista mineira Ziraldo foi o autor do desenho que gerou o troféu Galo de Ouro, do festival internacional da canção que eternizou Sabiá e Pra Não Dizer que Não Falei De Flores. Ziraldo está internado num hospital do Rio de Janeiro. Saúde e longa vida a Ziraldo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

TINHORÃO CHEIO DE GRAÇA


Eu tenho amigos que pensam, que dizem e que agem sem medo de errar. Pessoas que traçaram e viveram uma trajetória de orgulho, de grandeza a quem por perto anda. Uma dessas pessoas têm por nome José Ramos, que o acaso lhe deu o "sobrenome"Tinhorão. E ficou assim José Ramos Tinhorão, um sobrenome inventado, mas que diz muito.
Ontem 27, alguns sabem, cheguei aos 66 anos de vida. E Tinhorão foi logo chegando, como faz sempre: "não queira envelhecer Assis, envelhecer é uma merda".
E  ele foi dizendo isso e outras coisas mais referentes à idade. Idade da vida, idade das gentes. "Melhor do que ficar velho é morrer. Morrer antes de ficar velho. Eu mesmo já fiz o que tinha que fazer e agora estou ocupando espaço".
Pois é, Tinhorão é cheio disso tudo, o assunto morte que ele fala, trata de forma humorística, sempre tirando sarro. "Eu já cumpri minha missão, vou fazer o que agora?".
Ano que vem, em Maio, Tinhorão voltará a Portugal. Uma vez o encontrei lá, em Lisboa. E ele levou-me a um restaurante daqueles bem antigos, com sabor mais gostoso do melhor bacalhau tratado lá, na terra de Camões.
Mas voltando a conversa morte...Tinhorão: "o velho vive a idade do não pode, não pode isso, não pode aquilo!"
Bom, eu nunca fiz 66 anos de idade, a não ser ontem 27. Na verdade, se e soubesse chegar a essa idade que cheguei, ao lado de pessoas tão bonitas, confesso que teria aniversariado antes, quer dizer, teria feito 66 antes. Ô coisa boa!

                                                                                                                                                                                                                                          TITO MADI
Um dos precursores da bossa nova, o paulista Tito Madi, morreu esta semana com 89 anos de idade. Ele deixou umas 300 músicas gravadas feitas, muitas delas, em parceria. Em 1957 ele lançou num disco de 10 polegadas, um dos seus maiores sucessos Chove lá Fora. Tito tinha uma voz muito bonita. Arrisco dizer que se João Gilberto tivesse a voz dele, seria um grande cantor. Mas, enfim, temos na garganta a voz que Deus nos dá. Aí abaixo, Chove lá Fora com o autor, Tito Madi. Cliken:






terça-feira, 25 de setembro de 2018

A HISTÓRIA NO ROMANCE BRASILEIRO

O cangaceiro pernambucano Antonio Silvino nasceu em 1875. Cometeu crime prá danado. Depois dele, houve outros cangaceiros violentos que ficaram famosos, como Sinhô Pereira, primeiro e único chefe de Virgulino Ferreira, o Lampião. Mas não é de Silvino Pereira e Lampião que eu quero falar. Eu quero falar de O Cabeleira.
Em 1876, o escritor cearense Franklin Távora (1842-1888) publicou um livro de extrema importância para a história do cangaço: O Cabeleira.
Cabeleira era a alcunha de José Gomes, filho de Joaquim e Joana.
Dona Joana era uma delícia de pessoa, segundo a narrativa de Franklin Távora.
Ainda segundo a narrativa de Franklin, Joaquim era o capeta em pessoa.
Joaquim levou o filho José ao inferno. A ele, ensinou todas as maldades do mundo: matar, roubar, estuprar, tudo o que não presta Joaquim ensinou ao filho José. O resultado disso foi O Cabeleira, um assassino frio, violento, terrível, que terminou encurralado pela polícia do Império e pendurado numa forca.
No livro O Cabeleira, se acha história da nossa música popular. 
Viva a história!

VIVA A DEMOCRACIA!

Um homem de princípios é burro, idiota. 
Eu li isso ali pelos anos de 1960. O livro, acho, intitulava-se O Imoral, do francês André Gide. Esse livro, novamente acho, é de um ano qualquer dos 50. Remoei, remoei tentando entender o que dizia o autor no seu livro O Imoral. Esse livro mexeu comigo.
Demorou até que entendi o óbvio: um homem de princípios é um idiota.
A mente humana, a nossa, está em constante agitação.
Isso tudo para dizer o seguinte: amigo meu que vota em Lula, Bolsonaro, Ciro, Geraldo e todos os demais candidatos a quaisquer cargos públicos continuará sempre amigo meu. Agora, prestem bem atenção: se qualquer dos meus amigos ousar dizer prá mim que não gosta de tapioca, de cuscuz, de carne verde com pirão, de rapadura e tal, aí já é provocação. Não é amigo meu.
Alguém contou essa história de outro jeito, Fiquei sabendo através de minha filha Ana. E prá variar a querida amiga Ivone veio com uma história parecida: quem não gosta de arroz com pequi é um besta!
Eita!
Votar, expressar a nossa vontade é fundamental. 
O Brasil é nosso, e dele precisamos cuidar.


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

BICHO QUE NÃO SE MEXE, URUBU CARREGA...


"Bicho que não se mexe, urubu carrega".
Esse é dito popular que ouvi no meu tempo de infância lá no nordeste, de onde sou originário.
Pois bem meus amigos, minhas amigas, é preciso se mexer, é preciso caminhar, correr em busca de paz e saúde. É isso o que estou a fazer aí na esteira, ao lado do meu algoz treinador Anderson Gonzaga (na foto ao lado).
Nós, brasileiros, tradicionalmente não nos mexemos para nada. Está mais do que na hora de nos mexermos. Se não nos mexermos, o urubu carrega.
No dia 7 de Outubro tem eleição para deputado estadual, deputado federal, governador, senador e presidente da República.
Está mais do que na hora de nos mexermos. Se não for agora, perderemos o bonde da história.
Um presidente da República governa com contrários, com partidos e pensamentos diferentes.
É preciso, pois, que saibamos escolher os nossos representantes; aqueles que se alinharão ao Presidente em nosso nome.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

IPHAN RECONHECE CORDEL E XILO COMO ARTES DO POVO

De uma tacada só o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN, aceitou hoje, 19, propostas de intelectuais voltados à preservação da memória cultural e tombou, digamos assim, a literatura de Cordel e a arte da xilogravura. 
A literatura de cordel é uma herança que recebemos dos portugueses, como  a xilogravura.
A literatura de Cordel, que nos primórdios não era assim chamada, chegou ao Brasil no começo dos anos 800. E na região da Serra do Teixeira, na Paraíba, começou a ser apreciada e recriada por poetas como Leandro Gomes de Barros (1965-1918).
Os primeiros folhetos - sim, era assim que eram chamados - já nasceram clássicos, como a Imperatriz Porcina, a Princesa Magalona, a História de Carlos Magno etc.
A xilogravura começou as ser difundida primeiramente no Rio Grande do Norte, logo depois na capa dos folhetos.
Literatura de cordel e xilogravura são arte do povo.
Em março de 2016 andei escrevendo sobre o movimento que resultou no tombamento do Cordel e da Xilo como patrimônios nacionais. Clique:



A propósito estou lendo um dos mais bonitos livros do autor carioca João do Rio: a Alma Encantadora das Ruas. Nesse livro, lançado em 1907, João fala dos costumes e hábitos dos cariocas do seu tempo. Pois é, os cariocas no começo do século passado já tinham bastante intimidade com a literatura de Cordel.



ADEUS CEZAR DO ACORDEON

Rômulo, Fausto e Cezar; Esta foi a última foto em que aparece o Cezar...

 Domingo 16, depois do meio dia, ouvi Luiz Wilson dizer no seu programa da Rádio Imprensa que mestre Cezar do Acordeon estava internado num Hospital carecendo de orações.
Ontem 18, pouco antes das 17 horas, Tio Joca telefonou prá nos dar a triste notícia: Cezar do Acordeon morreu.
Cezar, cearense dos bons, era um grande artista da sanfona. Um criador, um mestre.
Conheci de perto Cezar. Era ele um dos mais assíduos frequentadores do programa São Paulo Capital Nordeste que durante anos apresentei na Rádio Capital AM 1040.
Em 1991, escrevi texto para a contracapa de um dos seus LPs. Leia:


No dia 1º de agosto deste ano o cartunista Fausto telefonou dizendo que está na casa do Cezar, em Guarulhos, SP, junto com o amigo Rômulo Nóbrega. Nesse dia falamos longamente. E em mais duas ocasiões antes de ele ser levado a um hospital desta capital paulistana, onde morreu. 
Era para ele estar conosco, cá em casa, na próxima sexta, 21.
Escrevi muito sobre Cezar, para lembrar, clique:
http://assisangelo.blogspot.com/2017/04/a-casa-caiu.html

Num ano que não me lembro qual, Cezar e eu escrevemos um baiaozinho em homenagem à rainha do baião Carmélia Alves. Essa música composta na casa da Carmélia em Teresópolis, não foi ao mercado, mas tenho em algum lugar o IMB uma cópia dessa música. Fica o registro.


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

TEM CACARECO NA POLÍTICA


Houve um tempo em que os artistas participavam ativa e democraticamente das campanhas políticas, como Elza Soares, Luiz Vieira, Inezita Barroso, Jorge Veiga, Bibi Ferreira, Luiz Gonzaga. Adhemar de Barros entrou para a história como o político “Que rouba mas faz”. Esse slogan, aliás, foi roubado por Paulo Maluf. Há coisas incríveis na política brasileira. No acervo do Instituto Memória Brasil IMB há centenas de músicas que tratam do tema.   Vocês se lembram de Cacareco? Será que teremos um Cacareco neste ano da graça de 2018? 
Ouça a maRchinha que elegeu um Cacareco na campanha de 1960:


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

SOBRE ATENTADOS


Há poucos dias o candidato a Presidência do PSL Jair Bolsonaro foi atacado por um maluco na área central de Juiz de Fora MG. A vítima foi golpeada no abdomen e para isso o agressor fez uso de uma faca peixeira. O agressor foi preso e a vítima socorrida às pressas e levada à Santa Casa de Misericórdia mineira, onde recebeu os primeiros socorros. O fato fez me lembrar o atentado de que foi vítima João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (1878-1930) em Julho de 1930, numa confeitaria da capital pernambucana. João Pessoa recebeu 3 tiros desferidos por João Dantas (1888-1930). O atentado que vitimou João Pessoa, a época governador da Paraíba, gerou uma comoção nacional. O caso foi o estupim para a deflagração da Revolução de 30. O governador assassinado era sobrinho do presidente da República Epitácio Pessoa (1919-1922). Encurtando a história: João Pessoa deu seu nome à capital paraibana e entre as muitas outras homenagens, virou tema de um hino composto por Eduardo Souto e Oswaldo Santiago e gravado em agosto de 1930 pelo rei da voz Chico Alves (1898-1952) e depois pela Banda  do Regimento Naval, em dezembro desse mesmo ano e lançado em 1931.A campanha eleitoral de 2016 resultou em 28 mortos. As vítimas, 16 das quais do Rio de Janeiro, eram candidatas a prefeito e a vereador.Bolsonaro escapou fedendo.

TIRIRICA É DÓRIA


Está um bololô danado a campanha política que hora vivemos.
A esquerda não existe mais, está toda fragmentada.
A direta, idem.
O povo brasileiro está desacreditado em tudo. E a razão é simples: a esperança está na lata do lixo.
Na mesma lata em que se acha o capitão do mato Bolsonaro, se acham também Ciro e o PT detonados pela história recente. Um é coronel do Ceará, o outro é coronel brasileiro também nascido no Nordeste.
Na verdade, meus amigos, estamos que nem caçador num mato sem cachorro. Perdão: o que mais tem nesse campo, minado, é cachorro.
Eu sou da safra de 1952 e confesso: nunca vi nada igual como ora acontece. Por exemplo: dá pra votar num dória, que mente, mente, mente em nome da verdade. Dá pra votar num Tiririca?
Bom, Tiririca é Dória.



quarta-feira, 12 de setembro de 2018

TROCAR O BRASIL POR QUÊ?

Pode passar de 3 milhões o número de brasileiros morando fora do Brasil. 
Foi não foi ouço aqui e acolá alguém dizendo estar revoltado e desejando trocar o Brasil por um país qualquer. 
Lembro de conversas com o poeta Patativa do Assaré. Ele ficava doido só de pensar na remota possibilidade de trocar o seu Ceará por um Estado qualquer. "Quem deixa sua terra é um desnaturado", dizia ele. Nessa zoada de pombo, lembro de uma reportagem em que a ex mulher de Lula, Dona Marisa Letícia, dizia estar assumindo a cidadania italiana porque, justificava ela, "a gente nunca sabe o dia de amanhã".
Sobre esse assunto, ouço uma amiga dizer que um brasileiro morador de Portugal há 3 anos pensa em voltar ao País, pois aqui, segundo ele, é o seu lugar, "o melhor do mundo, um povo que não tem igual, caloroso e a alimentação incomparável".
Esse papo de trocar o Brasil por outro país é coisa de covarde, de pessoas que se recusam a apostar, a brigar por sua terra. Claro que desde sempre muita gente trocou de país. Muitas vezes forçado.
Com o fim da revolução de 32, por exemplo, muitos brasileiros foram obrigados a viver fora. Mas isso era castigo. Um grande castigo. O exílio é um castigo. A história conta que cabeças da Inconfidência foram levados ao exílio.  Muitos poetas já escreveram sobre o assunto: entre eles Gonçalves Dias (Canção do Exílio) e Chico Buarque/Tom Jobim (Sabiá), confiram:




CULTURA FORA DE PAUTA

O Ciro, no seu estilo franco e natural é uma besta completa. Sem maquiagem ou efeito, é um vulcão em erupção derramando lavas no próprio corpo. Ele é seu mais completo inimigo. Nas suas declarações revela-se um ditador nas origens. Dos brabos. Aliás, Ciro não nega suas origens de coronel, em estado bruto.
É impossível, no dia a dia, Ciro comportar-se como cidadão correto diante das câmeras, dos holofotes. Affff! Ele acaba de detonar Lula, Haddad, Bolsonaro, Deus e o cão. Sobrou para os generais Mourão, da reserva e Eduardo Vilas, atual manda chuva das tropas verde-oliva. Disse o coronel do clã Gomes que o general Vilas está acalmando "cadelas no cio", e que o próprio general, no seu governo, seria demitido e posto em cana pelas entrevistas que tem dado a imprensa. Coisa de macho. Eu hein?
Mas eu nem ia falar sobre isso. Eu ia falar sobre as propostas vazias dos candidatos, todos à presidência da República.
Os candidatos em campanha têm prometido mundos e fundos a nós pobres diabos eleitores e pagadores eternos de impostos desviados, na maior parte, para o bolso dos corruptos, dos larápios astutos de colarinho branco. Eu ia falar, especialmente, sobre cultura.
Em nenhum dos programas de governo dos candidatos há projetos ou propostas direcionadas ao campo das artes, da cultura, da ciência. É como diz o outro: "estamos num mato sem cachorro".
Ciro é uma embromação.
Ciro, Haddad e Marina foram ministros do governo petista.
Ciro detona Haddad, que fica na moita. Marina detona Lula e Haddad etc.
As esquerdas brasileiras estão despedaçadas, rachadas, quebradas, como o PSDB de Alckmin e Aécio. E o que dizer do MDB? E o que dizer dos demais partidos, hein?
Dez candidatos disputam o cargo de presidente.
Faltam 25 dias para as eleições de outubro.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

TÉO AZEVEDO TOMA POSSE EM ACADEMIA DE LETRAS

Será depois de amanhã, 13, a posse do poeta e cantador Téo Azevedo na Academia Montes-Clarense de Letras. Téo, o nome conhecido nacional e internacionalmente tem uns dez livros publicados e 2 ou 3 centenas de folhetos de cordel.  É o artista, vivo,  com o maior número de músicas de sua autoria e parceiros gravadas. Cono produtor musical, Téo Azevedo tem centenas de LPs e cedês. Ninguém, até hoje produziu tantos discos de poetas repentistas quanto ele. Seu discurso de posse na Academia Montes-Clarense de Letras será todo feito em versos como estes:

Academia Montes-Clarense de letras (Luiz de Paula ferreira) décimas 7 sílabas
Téo Azevedo

Luiz de Paula Ferreira
Grande homem brasileiro
Filho do norte mineiro
Que pessoa hospitaleira
Uma família de primeira
Irmanados no amor
Seu coração uma flor
No meu canto do hinário
Grande amigo e empresário
Poeta e compositor

Nasceu em Várzea da Palma
Norte de Minas Gerais  
Tradição dos ancestrais
Entregou a sua alma
Batalhou com muita calma
Um bravo empreendedor
Catrumano e doutor
Com a virgem e o rosário
Grande amigo e empresário
Poeta e compositor

Um guerreiro da cultura
E da “Vovó Centenária” 
Nossa região agrária
Da cachaça e rapadura
Essa linda criatura
Foi um bardo lutador
Com todo seu esplendor
Da calma de um campanário
Grande amigo e empresário
Poeta e compositor





Academia Montes-Clarense de letras (Luiz de Paula ferreira) martelo decassílabo
Téo Azevedo

Vários livros de sua autoria
Alguns que já foram publicados
Escrito em trabalhos caprichados
“Na Venda do meu Pai”,foi alegria
Aceito com muita simpatia
E “Aspectos do Desenvolvimento
De Montes Claros”, mais um tento
“Momentos”, e o “Armazém de Ideais”
Fez da vida vários mananciais
Empresário, e um homem de talento

Uma bela família abençoada
E a Patrícia junto ao Luiz
Juliana e João Gustavo, que diz
Que Maria Cecília é encantada
Danilo companheiro e camarada 
Maria Isabel foi uma guerreira
Esposa, mãe e companheira
Ficou junta e passou do centenário
De amor ele era bilionário
E patrimônio da terra mineira

Vinte e sete de junho foi o dia
De mil novecentos e dezessete
Veio ao mundo firme no basquete
Um varão com bastante energia
Tão cheio de vida e alegria
Em dois mil e dezessete ele chegou
Vinte e três de novembro que marcou
Deus no céu controla nossos planos
E assim se passaram os cem anos
E Luiz de Paula encantou
  




O SEMPRE ATUAL BERNARDO GUIMARÃES

Acabei de ler um livro fantástico. Trata-se do romance O Ermitão de Muquem, de autoria do mineiro Bernardo Guimarães (1825-1884).
O livro tem história que se passa num vilarejo de Goiás e estende-se pelas margens do Tocantins. É um livro denso, escrito em 2 ou 3 anos e findo em 1858. Foi publicado 10 anos depois.
O Ermitão de Muquem é o primeiro romance regionalista brasileiro. O personagem central, Gonçalo, é um jovem desejado por todas as mulheres e temido por todos os homens, inclusive por seu amigo Reinaldo, que morre num duelo a faca assistido pela jovem Maroca, sua paixão; paixão também de Gonçalo, daí o duelo mortal.
Depois de matar Reinaldo, Gonçalo foge e é capturado por guerreiros da tribo Xavante. Porém antes de cair na mão dos guerreiros, Gonçalo promove uma verdadeira carnificina. E o livro vai ganhando uma forma extraordinária: a filha do velho chefe xavante apaixona-se completamente por Gonçalo e com ele se casa. Em resumo: com uma flechada só, Gonçalo mata a amada e seu irmão. Depois disso ele foge e transforma-se no Ermitão, mas não vou contar o final, que é incrível.
No livro O Ermitão de Muquem o autor, Bernardo Guimarães fala de costumes e ritmos musicais dos começos do século 19.
Bernardo Guimarães, que foi um monte de coisa na vida e morreu só, em casa, é o autor de Escrava Isaura e O Seminarista, sobre os quais falarei em breve.


domingo, 9 de setembro de 2018

TÉO AZEVEDO É ACADÊMICO EM MONTES CLAROS




No próximo dia 13, às 20 hs o poeta e cantador mineiro de Alto Belo Téo Azevedo assumirá a cadeira 19 da Academia Montes-Clarense de Letras. A cadeira 19 era do escritor Hermenegildo Chaves, da tradicional família mineira.
Téo Azevedo é um dos mais importantes artistas de sotaque caipira, ou catrumano, como ele prefere.
O artista de Alto Belo começou a compor, a cantar e a tocar viola ainda com poucos anos de idade. Ele nasceu no dia 2 de Julho de 1943. Em 1962, ele gravou a primeira música: Deus lhe Salve Casa Santa, do folclore por ele adaptado. Ele é um dos nomes mais premiados do Brasil. Há 3 anos ganhou o Grammy latino, com o cedê Salve Gonzagão. A propósito, desse  disco eu participo de uma faixa com um poema que fiz em homenagem ao Rei do Baião.
No começo deste ano de 2018 Téo Azevedo teve um LP relançado na Alemanha por uma gravadora local.
Quer saber mais sobre Téo Azevedo? Clique:



quinta-feira, 6 de setembro de 2018

DEBATE NÃO É DUELO

A campanha política de 2016 deixou saldo de 28 mortos. As vítimas eram candidatos a prefeito e a vereador. O Rio de Janeiro foi o palco que apresentou o número maior de assassinatos: 16. A maior parte dos casos ficou por isso mesmo.
Matar políticos, no Brasil e no mundo, é rotina. E isso vem de longe.
John Kennedy, presidente norte-americano foi morto quando fazia uma visita a Dalas. O mundo todo ficou chocado com as imagens que a televisão mostrou, ainda em preto e branco. Isso ocorreu no dia 22 de novembro de 1963. 
Quase 40 anos antes desse atentado, em Recife o advogado paraibano João Dantas matava o governador João Pessoa Cavalcante de Albuquerque com 3 tiros no peito. Isso ocorreu no dia 26 de julho de 1930.
O gatilho que matou João Pessoa, candidato a vice-presidente, acionou a chamada Revolução de 30, que levou o gaúcho Getúlio Vargas à cadeira de presidente da República.
O que ocorreu há poucas horas em Juiz de Fora, MG, com o candidato do PSL à presidência da República, Jair Bolsonaro, foi um ataque tresloucado contra a democracia. Isso é óbvio. Tão óbvio quanto o assassinato de Kennedy e de João Pessoa.
Até um cego pode perceber, com clareza, que debate político não é duelo de morte entre candidatos ou simpatizantes. O cara que desferiu uma facada em Bolsonaro precisa ser punido com o rigor da Lei.

MUSEU NACIONAL

A vida no Brasil corre com uma rapidez incrível. Os fatos, de todos os tipos, se multiplicam com a rapidez de um raio. O incêndio criminoso que acabou com grande parte da história do Brasil já está, pelo jeito, caindo no esquecimento popular e dos jornais etc. O fato ocorrido hoje contra Bolsonaro vai ocupar, já está ocupando todos os jornais e mídias dessa nossa terra querida e também de boa parte do mundo. Pois é, a vida segue. Mas é preciso identificar e punir os responsáveis pela tragédia ocorrida no Museu Nacional. E a vereadora Marielle, hein? E a cidade de Mariana? Continuamos no mar de lama, o mesmo em que se afogou Getúlio Vargas na manhã do dia 24 de agosto de 1954.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

CULTURA NÃO INTERESSA A POLÍTICOS

Arrepiei-me todo quando ouvi a minha Ana querida dizer que ouvira notícia dando conta de um incêndio que estava acabando com boa parte da riqueza histórica do Brasil. Em suma: O Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais antigo do país, estava sendo consumido pelo fogo. Isso foi domingo 2. Um Horror! Chocante.
Eu já falei sobre essa tragédia, claro. Mas não falei que chorei, chorei acompanhado pelos funcionários e trabalhadores do Museu, presentes diante da tragédia, impotentes mas ali diante, tentando fazer qualquer coisa para salvar a riqueza de que cuidavam todos os dias, tocante.
A cultura nunca interessou, grosso modo falando, aos nossos dirigentes republicanos.
O Museu Nacional foi criado por Dom Pedro I e sua mulher, Dona Leopoldina. A propósito, quem decidiu pela independência do Brasil foi Dona Leopoldina, cinco dias antes de o seu marido dar o famoso berro de liberdade do Brasil em relação a Portugal às margens do riacho hoje poluído do Ipiranga.
No Brasil há, hoje, 3.025 museus. 
A França tem hoje 130 museus. 
Uma perguntinha que não custa fazer: será que há algo de errado nesses números?
O Museu Nacional, que em junho passado fez 200 anos, guardava nas suas dependências pelo menos 20 milhões de itens que iam desde documentos de muitos anos antes de Cristo a documentos mais recentes, como a História de uma de nossas ancestrais mais famosas, Luzia.
Com o incêndio que engoliu o Museu Nacional, Luzia morreu novamente.
O Museu nacional, importantíssimo para o mundo, foi criado por Dom Pedro I, repetir não custa.
O Museu Nacional foi visitado por sumidades do mundo inteiro, entre elas o físico alemão Albert Einstein. O Museu Nacional, porém, nunca foi visitado por presidentes da nossa época. O único, em toda a história republicana foi o mineiro Juscelino Kubitschek. Triste, não é?
E tão triste quanto é a informação de que os presidentes brasileiros não tiveram, até hoje, interesse nenhum em visitar o Museu Nacional é o fato de os candidatos à presidência hoje dizerem besteiras enormes sobre o incêndio, sobre a cultura, sobre museus, sobre a nossa história. Exemplo? 
O Bolsonaro andou dizendo que museu é bobagem, é porcaria, não serve prá nada, queimou, queimou.
E nessa linha os candidatos à presidência seguiram. Ackimin disse nada, Ciro disse nada. A Marina pelo menos disse que dará importância à cultura, à história, à ciência...
A cultura forma gente e identidade de um país, de qualquer país.
Ano passado uma escola do Rio de Janeiro dedicou seu enredo aos 200 anos do Museu Nacional. Ouça:


segunda-feira, 3 de setembro de 2018

TEMPOS MODERNOS E YOUTUBE

Pois é, entre tragédias e tragédias de algumas delas estou sempre saindo. Mais moderno hahaha e pimpão.
A internet, essa maquininha de fazer doido e emburrecer gente, tem lá sua importância.
As múltiplas ferramentas que a internet oferece podem levar a bons caminhos desde, naturalmente, que o cidadão navegador saiba em que terreno está pisando.
Ler livros, ler tudo, sempre foi e será de fundamental importância a formação de quem quer que seja.
O escritor paulista de Taubaté Monteiro Lobato (1882-1948) dizia que "um país se faz com homens e livros". Ele tinha razão. Creio nisso até hoje e você?
Mas eu estou ficando homem moderno, ilustrado, mostrando a minha cara por ai a fora. Na verdade, isso faz tempo. Há! A justificativa pra minha "modernidade" é o Canal Assis Ângelo - IMB confira:

https://www.youtube.com/user/assisangeloimb

A TRAGÉDIA BRASIL

Irresponsabilidade e falta de respeito ao bem comum já resultaram em grandes tragédias, como a que acaba de ocorrer no Rio de Janeiro.
Entre a noite de ontem 2 e a madrugada de hoje 3, o fogo em enormes labaredas destruiu completamente a memória brasileira de 200 anos guardada no Museu Nacional, o maior do País.
Na sede no museu moraram D. João VI e seu filho, Pedro I.
A sede do museu foi palco da Constituinte de 1823 que resultou na Constituição de 1824.
Levantamentos preliminares indicam que o fogo apagou mas de 20 milhões de itens históricos, da Cultura e da Ciência, incluindo manuscritos de membros da família real.
Quem responderá por essa grande perda, o reitor da Universidade do Rio de Janeiro ou os Ministérios da Educação e Cultura?
Como fica o governo brasileiro essa história, uma vergonha não é?
Não é de hoje que patrimônios brasileiros são atraídos e destruídos pelo fogo. Em 1631, os invasores holandeses tacaram fogo na cidade de Olinda, PE, destruindo tudo. Aquele foi um horror parecido com o horror que fez o sacana Nero por outros motivos, na Roma Antiga.
Na virada do século XIX, Ruy Barbosa - o grande Ruy Barbosa! - tacou fogo em documentos referentes à escravidão.
No começo dos anos de 1950, a cantora e pesquisadora de cultura popular Inezita Barroso tacou fogo em centenas e centenas de anotações que fez em viagem pelo Nordeste. Fez isso porque a TV Record, com a qual tinha contrato, não demonstrou interesse nenhum pelo material.
E o fogo continuou lambendo a história. O acervo da TV Cultura, por exemplo, foi alvo de incêndio. De incêndio também foi alvo a já referida TV Record.
Não faz muito o fogo lambeu o Museu da Língua Portuguesa e até matou um bombeiro. A proposito, o diretor do Museu Nacional culpou, há pouco, os bombeiros por não terem debelado no incêndio já nos primeiros minutos. Que coisa!
 E a Cinemateca, hein?
A Cinemateca também foi quase toda destruída por incêndio provocado pela irresponsabilidade de gestores.
O Brasil está sem gestor. O Brasil está perdido, a deriva, que nem um barquinho de papel em mar revolto.
E os políticos, hein?
A cultura, a ciência e a educação não interessam aos políticos de plantão e, sempre, atuando em defesa de interesses próprios ou impróprios, dependendo do ponto de vista.
A verdade meus amigos, minhas amigas, é que há muito o Brasil é uma tragédia.