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quarta-feira, 26 de março de 2014

JOAN BAEZ E VANDRÉ, O ENCONTRO

No último fim de semana eu conheci em São Paulo uma das mulheres mais incríveis do mundo, a norte-americana Joan Chandos Baez.
Joan nasceu no distrito nova-iorquino de Staten Island e essa foi a segunda vez que ela veio à capital paulista para cantar.
A primeira foi em 1981, quando o general João Figueiredo a proibiu de cantar em território nacional. Mas mesmo assim ela cantou e cantou bonito fora do palco do teatro da PUC a canção Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré.
Centenas de estudantes a acompanharam em coro, tornando o acontecimento inesquecível.
Domingo e segunda-feira passados, depois de se apresentar em Buenos Aires, Montevidéu e Santiago, Joan voltou a cantar a canção de Vandré junto com o público que lotou o Teatro Bradesco, na zona Oeste da cidade.
O ponto alto foi a presença de Vandré no palco, emocionando muita gente.
Sim, sem dúvida, foram profundamente marcantes as apresentações de Joan Baez em São Paulo. Primeiro por sua elegância, talento e categoria ímpares de intérprete incontestável da canção popular, depois pela presença histórica do autor de Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores.
Na primeira noite, Vandré subiu ao palco e ficou calado enquanto a sua música era cantada por todos.
Na segunda noite ele subiu ao palco e, para surpresa geral, declamou com emoção e firmeza trechos de um poema que fez para homenagear São Paulo, cidade que o acolheu no início dos anos de 1960.
Esse poema, Soberana, é inédito.
Após a declamação ele ainda surpreendeu a plateia ao deixar um recado na forma de praga e desabafo para os algozes dos tempos da ditadura militar que levaram o Brasil à escuridão por duas décadas inteiras e mais um pouco http://www.youtube.com/watch?v=ThIqzq60Y8s:
- Pra quem pensava que podia me calar, aquele silêncio de não se aguentar!  
Essa frase eu ouvira dele horas antes na minha casa, mas não imaginei que ele fosse pronunciá-la no palco.
Pois é, Vandré continua absolutamente surpreendente. Tanto, que no primeiro instante não acreditei que ele estivesse falando sério quando no início deste mês me telefonou do Rio de Janeiro pedindo para que eu promovesse esse encontro com Joan, que me disse em entrevista que fiz para o meu programa de rádio que vai gravar Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores.
Também perguntei se podemos esperar em breve um álbum intitulado Joan Baez e Geraldo Vandré Juntos. Ela disse que só depende dele.
Ao nosso lado, enigmaticamente, ele apenas riu.
Aguardemos.

Um comentário:

  1. Quanto mais ele se esconde
    E quando chamado, não responde
    É onde aumenta a vontade do povo
    De ouvi-lo, mesmo que desabafando
    Um silêncio, e assim voltando
    A falar das flores de novo.
    A verdadeira música está morta
    E ansiosos, batemos em sua porta
    Retorne, lhe receberemos de pé
    Formando um coral de ternura
    Para abraçar com alegria a figura
    De tamanha importância de GERALDO VANDRÉ.
    Aloisio Alves

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