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domingo, 4 de fevereiro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (72)

No 3° volume da série Millennium, A Rainha do Castelo de Ar, escrita pelo jornalista sueco Stieg Larsson (1954-2004), o tráfico de mulheres para a prática sexual forçada é abordado de modo o mais oportuno e terrível possível. As principais personagens da trama são Lisbeth Salander, Mikael Blomkvist e Erika Berger, que prendem com facilidade a atenção do leitor. 
Atualíssimo, como se vê.
Quem começa a ler a série Millennium dificilmente pára até para comer, tão convincente e agradável é a leitura.
Nessa leitura, o leitor vai se deparar com misóginos decididos a tudo, até a matar. Em série.
Nessa série Millennium o leitor vai encontrar comportamentos horrorosos da parte de muitos personagens, que permeiam a trama,  que aqui e acolá pouco diferem da vida real: advogado torturador e tal e tal.
Lisbeth, uma personagem que surge de modo secundário transforma-se em heroína.
Larsson morreu sem desfrutar do sucesso da obra que criou.
O alter ego do autor é muito bem representado pelo herói, bonitão e mulherengo, Mikael.
Mikael é um repórter investigativo, vejam vocês!
Realismo puro, que convence e empolga o leitor. 
Na Suécia, desde 1999, é crime alguém pagar pra fazer sexo. 
Não é incomum infidelidade feminina levar à prostituição, isso todo mundo sabe. 
Há situações registradas pela imprensa e abordadas no teatro, cinema e livro em que a infiel, quando não espancada, é posta para fora de casa.
Desamparadas, muitas mulheres optam por trilhar esse caminho.
No livro Lucíola, de 1862, o autor José de Alencar (1829-1877) conta o caso de Lucíola, Lúcia ou Maria da Glória que cai na prostituição em busca de dinheiro para cuidar da família infectada pela febre amarela que matara a mãe e os irmãos. Sobraram o pai e uma irmã, Ana. A personagem-título tinha 14 anos de idade quando o pai  descobre que ela estava se prostituindo. Sem considerar as razões, ele a expulsa de casa. O resultado disso é que a menina segue sua vida num bordel.
Lúcia/Lucíola deu-se bem no “mal caminho”.
Pois é, essa é uma história muito antiga e recorrente.

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

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