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terça-feira, 11 de agosto de 2020

PESQUISAS ENDOSSAM ENTREVISTAS DE CORDEL


Pesquisas recentes indicam que o novo Coronavírus contamina e mata, através da Covid-19, mais pretos e pobres do que brancos e ricos.
Em abril último, publiquei o cordel Repórter Entrevista Piolho do Cramunhão.
Nesse folheto, folheto de cordel, o personagem narrador escuta do entrevistado, personagem central, que o novo Coronavírus veio ao mundo para pegar branco, preto, rico, pobre, doutor, intelectual, gordo, magro e até jogador de futebol.
O futebol, a propósito, está de volta aos campos contagiando atletas e, assim, contribuindo para maior incidência da doença.
No último domingo, por exemplo, foi constatado que no time do goiás haviam 10 jogadores contaminados.
O goiás, que enfrentaria o são paulo, teve sua presença suspensa quatro minutos antes do início da partida, por decisão da Justiça.
A UNIFESP cruzou dados da pesquisa Origem-Destino, realizada a cada 10 anos pelo Metrô, e concluiu que o maldito vírus pega todo mundo, incluindo autônomos e donas de casa.
Outra pesquisa, da FAU-USP, segue por esse mesmo caminho. A conclusão é que pobres se lascam mais do que ricos, nessa história toda.
Em determinado momento da narrativa exposta no cordel Repórter Entrevista Piolho do Cramunhão, lê-se:

... Perguntado se tem pai
Se tem mãe, se tem parente
O Piolho invocado
Respondeu indiferente:
Isso não interessa
O meu caso é papá gente

Pego homem, pego mulher
Pego preto, pego branco
Eu não faço distinção
Sou desse jeito: franco!
Mas de mim poucos escapam
Sou pior do que um cranco

No inferno tem lugar
Pra todo tipo de gente
Alto, baixo, gordo, magro
Feio, burro e crente
Não tenho preconceito
Sequer contra parente

Sou vírus democrático
Mato macaco, leão
Tigre, burro e pato
Fácil, fácil gavião
Pra pegar um cabra besta
Basta ir na contra mão

Dizem que só pego velhos
Mas jovens pego também
São esses os mais fáceis
Pela burrice que têm
Não aceitam ordenamento
E só fazem o que convém

Pego gente sabida
Doutor, intelectual
Pintor, cantor, jogador
Nessa onda mundial
Jamais vão me esquecer
Não é sensacional?...


CBN: JORNALISMO EM TEMPO REAL

O jornalista João do Rio, principal idealizador da reportagem, nasceu num agosto. Esse João foi, de fato, incrível. Foi um cara de visão. Confira: https://assisangelo.blogspot.com/2020/06/o-jornalista-joao-do-rio-uma-marca.html
Luiz Gonzaga não era jornalista, mas tinha uma visão de Brasil muito completa. 
Gonzaga morreu em 1989, 100 anos antes nascia no município de Bragança Paulista, SP, o advogado e jornalista Cásper Líbero. 
Como jornalista e empresário do ramo, Líbero antecedeu o pioneirismo do paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, o Chatô (1892 -1968). 
Cásper Líbero formou-se em direito pela faculdade do Largo de São Francisco, SP, quando tinha 19 anos de idade. 
Lembrei-me desses personagens ao ouvir hoje cedo os apresentadores Milton Young e Cassia Godoy entrevistando o ex-presidente da República Michel Temer. 
Após breve introdução, Young indagou do entrevistado sobre a viagem que fará amanhã 12 à Beirute, como representante oficial do Governo brasileiro. Resposta dada, a pergunta seguinte questionava Temer sobre as ações que há contra ele no STF. Questão delicada, e tudo ao vivo, na CBN. Sem se fazer de rogado, mas sentindo a força da pergunta, Temer disse o que tinha de dizer após sutil alfinetada no autor da pergunta. 
Também com classe e inteligência, Cassia fez perguntas pertinentes e o entrevistado também respondeu o que tinha de responder, com clareza e educação. Gostei.
Entrevistas como a que escutei hoje, valorizam a profissão, os profissionais e o rádio. 
Dá gosto ouvir a CBN.
Gosto também do jornalismo da Bandeirantes. 
O jornalismo da Jovem Pan, grosso modo, fica a desejar. 
Nada não, mas ouvir o tempo todo jornalistas defendendo o bolsonarismo cansa.
Tudo tem dois lados, não é mesmo?
Isso, aliás, faz-me lembrar um caso "estrelado" por Chatô. 
Diz a lenda que um certo repórter foi queixar-se ao criador dos diários associados que uma de suas matérias havia sido publicada diferentemente do que escrevera. Chatô, então, teria respondido: "Meu filho, quer publicar tudo que escreve, crie um jornal pra você".
João do Rio impôs-se no jornalismo pela visão clara que tinha dos fatos. 
Cásper Líbero entrou para a história pela visão que tinha do jornalismo. Não à toa, já era profissional respeitado em 1918. Nesse ano ele empregou o dinheiro que tinha na compra do título do Jornal, A Gazeta. Depois da Gazeta, ele criou a Gazeta Esportiva, a rádio Gazeta, a TV Gazeta e a fundação que leva o seu nome.
Sempre é tempo de lembrar Cásper Líbero, morto em um acidente de avião no dia 27 de agosto de 1943, no Rio. 
No mais, é como eu disse no começo deste texto: Luiz Gonzaga não era jornalista, mas construiu uma obra como se jornalista fosse. Explico melhor: um profissional sem curiosidade é como vaqueiro sem boiada pra tanger.
Ouça a íntegra da entrevista do ex-presidente Temer à rádio CBN: https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/311405/nao-dou-conselho-para-ninguem-quando-me-pedem-palp.htm



 

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