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domingo, 30 de abril de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (12)

A pernambucana de Recife Flaira Ferro tem composto e cantado coisas bonitas, e instigantes. Afinadíssima. Numa de suas músicas mais recentes, ela enaltece o prazer de ser mulher, a liberdade. Enfim, faz-se presente na sociedade machista em que vivemos. Um trecho: “Não tem coisa mais bonita/ Nem coisa mais poderosa/ Do que uma mulher que brilha/ Do que uma mulher que goza/ Toda mulher que deseja/ Acende a força erótica que excita a criação/ Dê suporte à mulher forte/ Quem sabe a gente muda a nossa sorte…”
Em 1826, o criador da modinha como gênero musical, Domingos Caldas Barbosa, escrevia para quem quisesse ouvi-lo: "Quem quiser ter seu descanso/Quem sossego quiser ter/Na densa mata do mundo/Fuja do bicho mulher...".
Aos desavisados devo lembrar que Barbosa era religioso e chegou a travar polêmica com o desabusado Bocage, a rigor, um preconceituoso.
Ah! A grande Chiquinha Gonzaga, de batismo Francisca Edwiges Neves Gonzaga, também chegou a levantar a saia no minado terreno da música de safadeza ao compor Corta Jaca que começa assim: "Neste mundo de misérias/Quem impera é quem é mais folgazão/É quem sabe cortar-jaca nos requebros/De suprema perfeição, perfeição...".
A ditadura militar que se implantou no Brasil em 1964, implantou também a censura. E muita gente boa se fodeu à época. Odair José, por exemplo, ao ousar lançar a música Pare de Tomar a Pílula.
A censura militar impedia que artistas cantassem palavrões ou fizessem meras referências a sexo. E sobre o mundo gay nem pensar!
O livro Eu Não Sou Cachorro Não, de Paulo César de Araújo é de importância fundamental para a compreensão da música que entendemos como licenciosidade na cultura popular. Importante também para entender isso tudo que digo é o que Rodrigo Faour diz no livro História Sexual da MPB.
A obra de Paulo César de Araújo e de Rodrigo Faour são obras de referência, especialmente no tema aqui abordado.
Por não ter muito lá o que fazer, fiz uma emboladazinha com o craque Jarbas Mariz para o próprio gravar. É uma espécie de homenagem ao querido conterrâneo José Nêumanne Pinto. É um trocadalho. Ouça: 
 

OUÇA MAIS: CHIFRUDOA BESTEIRA É A BASE DA SABEDORIADAKO É BOMGIRASSÓIS DE VAN GOGH

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora.

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