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sábado, 27 de agosto de 2022

A HISTÓRIA DOS JINGLES POLÍTICOS NO BRASIL

Na Música Popular Brasileira se acha tudo, ou quase tudo, do que ocorreu no nosso País desde que nas nossas terras desembarcaram os primeiros dominadores estrangeiros. Falo do primeiro navegador português: Duarte Pacheco, que chegou à costa maranhense na virada do século 15.
Na nossa música popular se acha a fuga de Dom João VI de Portugal para o Brasil.
Na nossa música também se acham as estripulias sexuais de Pedro I, que tinha 35 anos em 1834 quando morreu.
Os mais variados assuntos referentes ao nosso País podem ser encontrados.
Com todas as letras, os dramas de homens, mulheres e crianças escravizados estão na pauta da MPB.
Inclusive a queda de Pedro II, sua partida para o exílio e o golpe militar que levou ao poder o alagoano Deodoro da Fonseca, em 1889.
A partir de 1889 deu-se início a República, cuja primeira parte chamada de velha findou com o golpe que derrubou Washington Luís e impediu que Júlio Prestes assumisse a Presidência, em 1930.
Em 1922, o rádio engatinhava no Brasil.
Em 1929, as pouquíssimas emissoras de rádio recebiam o primeiro disco com um jingle político: Seu Julinho Vem, uma marchinha assinada por Freire Júnior, interpretada por Chico Alves.
O jingle fez um sucesso danado. E o fato é que Júlio Prestes ganhou a eleição com quase 1,1 milhão de votos, quase o dobro recebido por Getúlio Vargas.
Inconformado com o resultado da eleição, Vargas liderou um golpe de Estado apoiado pelos governadores do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba.
Não podemos esquecer que o paraibano João Pessoa formou a chapa de vice de Getúlio.
Eu não entendo uma coisa: por que o golpe de 1930 é chamado de revolução?
Depois do jingle da campanha de Júlio Prestes, muitos outros foram feitos.
Getúlio Vargas ficou no poder durante 15 anos seguidos. Obrigado a renunciar, renunciou para não ser deposto sob armas. Isso ocorreu em 1945. No seu lugar, assumiu o marechal Eurico Gaspar Dutra.
Cinco anos depois, em 1950, mais uma marchinha (Retrato do Velho, de Haroldo Lobo e Marino Pinto; gravado por Chico Alves) ajudaria Getúlio a voltar ao poder. E voltou. E do poder só sairia morto, com um tiro no peito.
Substituiu Getúlio o seu vice, Café Filho.
Corria o ano de 1954.
A cada eleição aumentava o número de jingles.
Ganharam bonitos jingles Prestes Maia, Rogê Ferreira, José Bonifácio, Ademar de Barros, Jânio Quadros e seu vice, João Goulart.
Já na chamada Nova República, que começou com o fim da ditadura militar, os jingles feitos para ajudar Lula e Dilma a ganhar as eleições foram marcantes: Lula-lá e Coração Valente.
O jingle que ainda permanece vivo na memória popular é Varre Varre Vassourinha, Maugeri Neto.

Varre, varre, varre, varre vassourinha!
Varre, varre a bandalheira!
Que o povo já 'tá cansado
De sofrer dessa maneira
Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!
Jânio Quadros é a certeza de um Brasil, moralizado!
Alerta, meu irmão!
Vassoura, conterrâneo!
Vamos vencer com Jânio!


São muitos os artistas famosos que interpretaram e ainda interpretam jingles políticos. Entre esses Luiz Vieira, Jorge Veiga, Luiz Gonzaga (abaixo), Carmélia Alves (abaixo), Dircinha Batista, Isaurinha Garcia, Elizeth Cardoso e até o flautista Altamiro Carrilho.
Roberto Carlos subiu várias vezes ao palco para puxar votos para o empresário José Ermínio de Moraes, à época em que se candidatou ao governo de São Paulo em 1986.
O cantor, compositor e sanfoneiro Dominguinhos também deixou sua marca em campanhas políticas. Esteve a serviço, por exemplo, de Fernando Henrique.
Curiosidade: o baião Paraíba, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, surgiu originalmente como jingle político gravado pela primeira vez por Emilinha Borba.
 
 
Dos quase 40 presidentes que o Brasil já teve, oito deles eram vice.
Os vices presidentes que assumiram a Presidência foram Floriano Peixoto, Nilo Peçanha, Delfim Moreira, Café Filho, João Goulart, José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer.
A campanha política de 2022 já está a todo vapor.
Segunda 22/8, Bolsonaro foi sabatinado no Jornal Nacional, por William Bonner e Renata Vasconcellos. No mesmo jornal de terça 23, o sabatinado foi Ciro Gomes. Na quinta 25, Lula. E sexta 26, Simone Tebet.
Na mesma sexta 26, começou a campanha política no rádio e na televisão.
O primeiro debate reunindo presidenciáveis está marcado para a noite do dia 28, na TV Bandeirantes, mas há dúvidas quanto à presença de Lula e Bolsonaro.
Os jingles de Bolsonaro, Lula, Ciro e Simone são, musicalmente, uma bobagem.
Os responsáveis pela campanha de Bolsonaro foram buscar o sertanojo para embalar bobagens referentes ao candidato. O pessoal de Lula foi buscar o forró de plástico, forró eletrônico. Um horror!
Ciro está sendo representado em jingle na forma de pagode. Ai, ai, ai. Pior: Simone vem com sertanejo feminino.
O que é isso de “sertanejo feminino”?




Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora.

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