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quinta-feira, 11 de julho de 2024

A CEGUEIRA NÃO É O FIM

Conheci no correr da vida muita gente bonita. E feia também. Porém entre feias e bonitas, creio que destaque maior fica para as bonitas. Inda bem, né?
Na infância conheci bons professores e professoras e gente mais da lida cotidiana.
Conheci gente de todo tipo, enquanto ganhava forma e mais vontade de viver. 
Aprendi muita coisa com pessoas de profissões diversas portadoras de saber. 
Entre a gente que conheci se acham cordelistas e cantadores de viola. 
No mundo da sabedoria se acham pessoas fisicamente tortas e desprovidas de visão via olhos.
Quem já não ouviu falar da obra do grande gênio mineiro Aleijadinho?
Quem já também não ouviu falar do cego Homero dos tempos gregos, autor de Ilíada e Odisséia. 
E Camões, hein?
Camões perdeu um dos olhos e continuou a ver as coisas da vida...
O argentino Jorge Luis Borges, escritor de grande categoria, seguiu fazendo história depois de pelos olhos nada mais ver.
Mais pra cá surgiram cegos Aderaldo, Sinfrônio...
Não conheci pessoalmente nenhuma dessas pessoas, mas conheci Patativa do Assaré, José Ramos Tinhorão, Paulo Vanzolini, Luiz Gonzaga. 
O poeta Patativa perdeu os olhos nos seus tempos de infância no Assaré, CE.
O jornalista Tinhorão, estudioso da nossa música, deixou que lhe escapasse a visão de um olho. 
Quando eu próprio estava para perder os olhos, o cientista e compositor bissexto da boa música pediu que eu o olhasse bem nos olhos. E perguntou: "Está vendo aqui, no olho esquerdo, por ele já não vejo nada". 
O sanfoneiro Luiz Gonzaga, Rei do Baião, perdeu o olho direito num acidente de automóvel. 
Nunca, em nenhum momento, ouvi dessas pessoas qualquer lamentação referente à visão parcial ou total perdida. Ao contrário, até brincavam.
Pouco tempo antes de elevar-se às nuvens, em tom de galhofa, disse-me Tinhorão: "Estou ficando que nem você. Daqui a pouco vamos estar dois ceguinhos andando tontos pelas ruas".
E Lampião, hein?



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