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quarta-feira, 30 de novembro de 2022

BOLSONARO TÁ JABURU

O ex-candidato a reeleição presidencial Bolsonaro está triste, segundo o vice-presidente eleito senador Hamilton Mourão.
A afirmação de Mourão foi feita ontem 29 no palácio do Jaburu ao vice-presidente eleito Geraldo Alckimin.
O palácio do Jaburu serve de residência aos vice-presidentes.
Alckimin esteve com Mourão para tomar conhecimento da estrutura do gabinete de vice-presidente da República.
Bolsonaro deixou o palácio da Alvorada pra jantar com o seu futuro chefe Valdemar Costa Neto, dono do PL.
O jantar que levou Bolsonaro a um restaurante de Brasília foi classificado como "confraternização", entre os afiliados do PL.
Mais do que triste, Bolsonaro está jaburu.
À propósito hoje 30 faz exatamente um mês que Luís Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da República pela terceira vez.
Enquanto isso, Bolsonaro e seus malucos insistem em não reconhecer o resultado das urnas. Ai, ai, ai...

terça-feira, 29 de novembro de 2022

SEXTA O PRATO É CAMARÃO!


Tem fundamento o que o José Nêumanne disse ontem 28: "O Tite é um embuste".
Embuste e amarrado dos pés à cabeça, acrescento eu.
Geremias Manoel da Silva, pernambucano de Paulista, compreende perfeitamente o que Nêumanne diz e acrescenta: "No mais, o Tite tem compromisso com os patrocinadores". Pois, pois!
O jogo entre Brasil e Suíça foi, no geral, um pif-paf. O primeiro tempo, nulo. O segundo, gol de Casemiro.
Brasil x Suíça não rendeu o que deveria render. Melhor: rendeu uma belíssima inspirada charge do genial Fausto. Por isso, valeu.
Na próxima sexta 2 às 16 horas vamos, tomara que sim, comer camarão com cavalo branco. É isso. Tim-tim!

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O FUTEBOL REÚNE GENTE. VIVA O BRASIL!



Parece que o mundo fica feliz a cada quatro anos. 
Nem sei por que digo isso. 
E o mundo continua correndo antes e além de quatro anos. Atoamente. 
A cada quatro anos ocorre, no nosso planetinha de berda, uma Copa. De futebol. 
Futebol é uma história real, claríssima: duas dezenas de machos alfa correndo atrás ou à frente de uma bolinha. Pra lá e pra cá.
O futebol é uma coisa interessante, desde que não o levemos tão a sério. 
O futebol é pretexto pra brincadeira. Pra pessoas se juntarem. Isso é o que acho. 
No comecinho da tarde hoje 28 a porta do meu coração e da casa onde moro abriram-se. E ao abrirem-se chegou o cantador de Alto Belo, Téo Azevedo. Em seguida, Luiz Wilson e a cantora Fatel. 
Tarde de hoje bonita.
E a tarde começando, a televisão dizendo que o Brasil e a Suíça estavam chegando. 
E nessa hora, 13:05hs, apertou a campainha do meu apertamento o conterrâneo José Nêumanne. 
Era ele, Nêumanne, com sua dona Isabel. 
Bestamente fiquei feliz, porque não é todo dia toda noite que pessoas que amo chegam.
E cantamos e declamamos e dissemos coisas sobre política fantasia e tudo o mais.
Sei, é preciso respirar.
Amo profundamente o meu país.

domingo, 27 de novembro de 2022

MÚSICA E FUTEBOL, BRASIL: RUMO AO HEXA (2, FINAL)

Em 1969, Luiz Gonzaga gravou o Hino do Batistão, de autoria do jornalista Hugo Costa (1929-2010).
Gonzaga era torcedor do Santa Cruz de Recife, do Botafogo do Rio e dos Santos, SP. Curiosidade: em 1987 foi criado em Exu o Gonzagão Futebol Clube.
Nem os poetas repentistas do Nordeste e até do Sul como Teixeirinha, deixaram ou deixam de registrar suas impressões sobre o futebol.
Perguntei ao cantor, compositor, cordelista, repentista piauiense Jorge Mello por qual time torcia. Depois de responder Corinthians, saiu-se com estas décimas que se encaixam perfeitamente na modalidade Martelo:

Eu só digo que agora lhe previno,
sobre o esporte da grande maioria.
Futebol é motivo de alegria
na pisada do ato cristalino.
Sendo atleta e um grande paladino
do esporte maior desse planeta,
Charles Muller nos trouxe essa faceta
revelando o segredo da magia.
Virei fã desse esporte. Todo dia
vendo o atleta fazer sua pirueta.

Futebol tem origem medieval
mas o tempo dirige a jornada.
Tantos anos trilhando sua estrada
e se tornando um sucesso universal.
Cada atleta faz ali seu carnaval.
E com a bola ele mostra a maestria.
Seu trabalho pra nós é fantasia.
Futebol nos chegou foi da Europa,
Uruguai nos deu a primeira copa.
E o Atleta nos enche de alegria.

E foi desde vencer a primeira copa
Que eu sou torcedor do Botafogo.
Nilton Santos, Garrincha naquele jogo
Comandavam com arte toda a tropa.
E foi vendo outros jogos na Europa
Que torci pra outro time bem brilhante.
Vendo Sócrates, eu virei naquele instante
também um torcedor corintiano.
E assim, eu espero a cada ano
um novo jogador, um diamante.


Martelo é uma modalidade comum entre os repentistas. É antiga, vem das dobras do tempo. “Existem muitos martelos, que são versos escritos em estrofes de dez versos, cada um dos versos, com dez sílabas. Martelo gabinete, martelo agalopado, martelo alagoano etc”, conta Jorge.
Martelo Gabinete é uma modalidade em extinção, como o Martelo Alagoano.
Essa história é boa e bonita.

sábado, 26 de novembro de 2022

MÚSICA E FUTEBOL, BRASIL: RUMO AO HEXA (1)


O Mundial de Futebol mais louco, desvairado e polêmico é o que se acha ora em andamento no Catar.
O Catar faz parte de um mundo inacreditável pela violência que reina no Oriente Médio: muito dinheiro no bolso de poucos e nada no bolso de muitos, sem falar da discriminação contra mulher e gay. Um horror! Mas não é exatamente disso que quero aqui falar.
Quero falar da bela e imorrível paixão entre o futebol e a música.
Em 2010, publiquei A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira. Fui o primeiro a abordar essas duas questões, em livro. No mesmo ano publiquei longo artigo na revista Textos do Brasil, do Ministério das Relações Exteriores.
A primeira música que trata de futebol gravada no Brasil, foi intitulada Foot-Ball. Trata-se de uma marcha de autoria desconhecida. Foi lançada por volta de 1912.
Os clubes de futebol no País começam a se formar em 1895, no Rio. O primeiro foi o Flamengo.
Em São Paulo, os primeiros foram dois a se formarem: o Savóia, de Votorantim; e a Ponte Preta, de Campinas.
Depois do Flamengo surgiu, no Rio, o Fluminense em 1902.
Em São Paulo novos times iam sendo fundados. Em setembro de 1910 gente simples do trabalho davam forma ao Corinthians, inspirados num time inglês de mesmo nome. Quatro anos depois, em agosto de 14, era criado o Palestra Itália. O Palestra, nada mais nada menos, é o verdão Palmeiras.
A multiplicação dos times de futebol passou a inspirar compositores de todos os naipes.
Em 1930 é realizado o 1º mundial de futebol, no Uruguai.
Em 1930 é lançado o que se considerou o 1º hino ao Corinthians, de F. Loroza e Ed Dohman. Gravado por Guarany e Pirajá.
Em 1958 a seleção brasileira ganhou o 1º mundial. A vitória gerou o clássico A Taça do Mundo é Nossa, cuja a matriz se acha no acervo do IMB.
Compuseram belas obras relacionadas ao futebol Noel Rosa, Capitão Furtado, Raul Torres, Paulinho Nogueira, Adoniran Barbosa, Wilson Simonal, Gereba. Até Jarbas Mariz e eu acabamos de compor o rap Rumo ao Hexa.
Músicas levantando a bola do futebol têm sido compostas em todos os ritmos e gêneros: canção, forró, baião, samba, rock e tal.
Em 1972 a mineira Maria Alcina tinha 23 anos de idade quando trocou seu berço Cataguases (MG), pelo Rio de Janeiro, para abraçar a carreira de cantora. Apostou e ganhou: em 1972 virou sucesso ao defender Fio Maravilha, de Jorge Ben, no 7° Festival Internacional da Canção.
"Claro que sou torcedora do Flamengo, mas também sou torcedora do Corinthians", disse a mezzo soprano Alcina. Como Inezita Barroso, está sempre rindo e revelou, com toda a sua graça: "O Pelé chegou a fazer uma música pra mim. Você sabia?".
A música a que se refere Alcina é o batuque Acredite no Veio, que se acha no LP Bucaneira. (selo Origem, 1992). É assim, cantarola a cantora:

Acredita no véio
Pode falar mizifio
Que o véio tem força
Faz seu time ganhar…


Além dos compositores já citados encontraram no futebol inspiração os craques Pixinguinha, que em 1919 gerou o choro 1×0; Silvio Caldas, palmeirense de primeira hora; Jackson do Pandeiro, Gordurinha, Chico Buarque, fluminense convicto; Gilberto Gil, Moreira da Silva, Wilson Batista, Lamartine Babo, torcedor do América e autor de uma dúzia de hinos para times do Rio; Ari Barroso, flamenguista histórico; Capiba, Aroldo Lobo...
É claro que Luiz Gonzaga deixou sua marca nessa seara.


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

VIVA FRED E A MÃE DO FRED GHEDINI

 Todo mundo aniversaria todo dia. E tem dia que a gente descobre pessoas que aniversariam em dias que a gente nem nem. 

Pra minha surpresa e  agradável surpresa fiquei sabendo hoje 25 que  um querido amigo e colega jornalista aniversariou. Inventou de aniversariar. O grave nessa história é que eu não sabia quem era.

O aniversariante é Fred Ghedini, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo. 

Fred teve pai e teve mãe. 

O pai, seu Ulisses, partiu. 

A mãe do Fred, dona Jupyra, aos 97, quer chegar aos 100 anos. É seu sonho. O Fred brinca: "A senhora, mãe, vai chegar aos 150".

Fred quando diz isso a mãe ri.


AGORA É HEXA!

É como eu disse ontem 24: o 1º tempo da partida Brasil x Sérvia foi morno, sem futuro. Sem futuro, aspas, pois o 2º tempo foi ótimo. A participação do atacante Richarlison foi, digamos, impecável. 
O Brasil está de alma lavada, com o resultado do jogo de ontem no Catar.
Richarlison nasceu no Espírito Santo. Só podia ser ele. Quem nasce lá é capixaba, ao contrário de quem nasce no interior de Pernambuco e São Paulo.
O Brasil não participou do mundial do futebol do ano de 1942, mas um ano antes, o pernambucano de Cabo Manezinho Araújo lançou pela Odeon um disco de 78RPM com a embolada Futebol na Roça. Uma beleza! Fez gol, quer dizer: sucesso.
Em 1942 não houve Copa do mundo porque o mundo estava em guerra, deflagrada pelo criador do nazismo, Adolf Hitler.
Em 1962 o Brasil foi a campo e faturou o 2º título mundial de futebol, ao derrubar a forte seleção da Tchecoslováquia pelo placar de 3 a 1. A bela vitória ocorreu no Estádio Nacional de Chile.
Naquele ano de 62, o paulista de Botucatu Raul Torres emplacava um belo cateretê cantando junto com o parceiro Florêncio. Título: Futebol da Bicharada.
Torres e Florêncio, de batismo João Batista Pinto, formaram dupla que durou anos, com sucesso.
Florêncio nasceu em Barretos, SP, cidade famosa em todo o País pelos rodeios que promove.
O que é que tem a ver Manezinho Araújo com Torres e Florêncio e a atual Copa do mundo?
Os personagens até aqui citados nasceram no interior do Brasil.
O atacante Richarlison de Andrade nasceu no município de Nova Venécia, há 253km de Vitória, ES.
É o Brasil do interior fazendo bonito em todo canto. E para embalar esta história Jarbas Mariz e eu compusemos o rap Rumo ao Hexa. Ouça, vibre e dance, clicando:

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

BRASIL RUMO AO HEXA. VAMOS NESSA!

Sofri, sofri hoje 24 diante da televisão. Claro, não vi imagens. Imaginei imagens.
Brasil x Sérvia foi um jogo, no 1º tempo, bobo e besta. Redundante? Pois pois.
"Assis, você não entendeu nada. O 1º tempo do jogo Brasil x Sérvia foi tático", disse-me de modo professoral o mineiro Sinval de Itacarambi Leão.
Sinval é um craque do jornalismo e de outras artes, ex-bam bam bam da TV Globo e fundador da revista Imprensa. Eu o convidei e ele aceitou tomarmos um vinhozinho de bom gosto no decorrer de Brasil x Sérvia, cá em casa.
Concordei com Sinval. Eu sempre concordo com o bom senso. Foi tático o 1º tempo do jogo Brasil x Sérvia.
Ao concordar com Sinval lembrei de tempos passados em que eu ia pra cima dos meus adversários de campos de vársea. Eu era bruto. Não quebrei perna de ninguém, mas faltou pouco. Chato fui. E perigoso àquela época.
Os primeiros 45 minutos de Brasil x Sérvia transcorreram numa tranquilidade franciscana. Se não fosse o vinho, vinhozinho trazido pelo querido Sinval é certo que eu teria dormido.
O 2º tempo do jogo Brasil x Sérvia foi diferente do 1º tempo. Na verdade, na verdade, o Brasil começou a jogar no 2º tempo. E pra minha alegria, digamos assim, o Sinval abriu um sorriso e não é que acabou concordando comigo?
Os dois primeiros minutos do 2º tempo do jogo em retrato foram animadores. Quatro minutos depois, eu disse: "Dentro de mais 11 minutos o Brasil vai fazer um gol. O primeiro".
Sinval torceu nariz.
Dezessete minutos depois do que eu disse, aconteceu: Richarlison fez o 1º gol. Uns dez minutos depois, o segundo. E aí foi festa! E o céu do Brasil clareou com foguetões pipocando, estourando. Beleza!
Tenho gostado de algumas partidas da Copa. Adorei Alemanha e Japão.
Viva o Brasil!
Meu amigo minha amiga, você já ouviu o rap Rumo ao Hexa? Ouça:


Conheça mais sobre cultura popular no Instituto Memória Brasil.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

FLIP, MULHER E COPA. HISTÓRIA

Meu amigo minha amiga, você já ouviu falar de uma coisa chamada Flip?

Pois bem, Flip é uma feira de livros muito importante que ocorre há 20 anos em Paraty, RJ.

Todo ano a feira escolhe uma personagem de importância da nossa literatura.

A maranhense Maria Firmina dos Reis foi a escolhida neste ano de 2022 para conversas e discussões dessa Flip.

Essa Maria foi a primeira a publicar um romance (abolicionista) no Brasil: Úrsula.

As mulheres estão sendo presença em todas as situações no Brasil e no mundo.

A Copa que ora rola no Catar está mostrando as vísceras do mundo.

O que a seleção inglesa fez, até agora, para o mundo foi incrível.

O que a seleção do Irã fez para o mundo, também foi incrível.

O esporte, principalmente o futebol, é de importância fundamental para o mundo em todos os cantos.

Diverti-me com o Japão dando a volta por cima na Alemanha.  E diverti-me também com a Espanha empurrando sete a zero na barrica da Costa Rica.

Cego que sou, divirto-me vendo os gols da Copa.

Ouvi encantado uma mulher, Renata, transmitido a partida Alemanha × Japão. 

A Alemanha no primeiro tempo, estava ganhando do Japão. Depois da pausa necessária, o Japão enfiou um e dois gols no bucho da Alemanha. De virada. 

Emocionei-me com a narrativa da Renata. 

Eita, Globo!

Eu e Flor Maria estaremos em Paraty, no fim de semana que se aproxima. 

HÁ 36 MORRIA SADI CABRAL

O radialista, compositor e ator alagoano Sadi Cabral fez história na vida brasileira. Começou no rádio. Fez parte do primeiro cast da rádio Nacional. Apresentou programas e pintou e bordou, nos diversos campos das artes.
Em 1938 Sadi Cabral estreou parceria musical com o carioca Custódio Mesquita (1910-1945). A primeira produção dos dois foi a opereta A Bandeirante.
Em 1956, Sadi gravou um LP interpretando poemas de Luís Peixoto. Confira o repertório clicando aqui.
Sadi Cabral nasceu no dia 10 de setembro de 1906 em Maceió e morreu no dia 23 de novembro de 1986, na Capital paulista. A causa da morte foi uma parada cardíaca.
Em 1986 o cantor Ney Matogrosso gravou o fox Mulher, de Sadi e Custódio Mesquita. Clique:

RUMO AO HEXA

"A seleção brasileira tem a obrigação de ganhar da Sérvia, como tinham os argentinos de ganhar dos árabes", diz com firmeza a craque das artes Anna da Hora Sena.
O jogo do Brasil-Sérvia começa, no horário de Brasília, amanhã quinta 24 às 16h.
Então tá, né?
Pra embalar, entre uma cervejinha e outra, ouça o rap que Jarbas Mariz e eu fizemos: RUMO AO HEXA

terça-feira, 22 de novembro de 2022

A MORTE NOS REJUVENESCE

O dia 22, este de novembro de 2022, continua formatando imagens para o passado. De modo inesperado e triste. 
No dia dito este, final de tarde, meu coração e memória balançaram quando ouvi no rádio a nota dando conta de que Erasmo Carlos morreu.
Conheci Erasmo. Figura linda, cidadão por completo. 
No dia que conheci Erasmo, conheci também Wanderléa e outras figurinhas da antiga Jovem Guarda.
Foi um encontro muito bonito que eu tive com Erasmo, Wanderléa e outros jovenguardistas. Isso no Brasilton, hotel que havia ou há no começo da rua Augusta, SP. Darlan deve ter registrado isso em áudio e vídeo. E a vida continua.
Pois é meus amigos e amigas, eu não sou o que dizem. Mas que Pixinguinha é do caralho, é!
A minha namorada disse a mim outro dia que viver é uma graça e que a morte nos rejuvenesce. Palavras dela. Concordo. Digo mais: é preciso pensar, respirando. 


segunda-feira, 21 de novembro de 2022

ABAIXO O ÓDIO, VIVA A ESPERANÇA!

Dois mil e vinte e dois finda com o Brasil de cabeça pra baixo, mas com a esperança de cabeça pra cima.
Há muita esperança no seio do povo brasileiro.
O presidente Bolsonaro, com o seu ódio sem limite, intoxicou nosso País. Por pouco não nos atirou a todos no buraco mais profundo que é o buraco do Inferno. 
O Brasil está gemendo, penando, mas com a esperança se recompondo no coração de todos nós.
Não há vitória sem luta.

Eu planto esperança
Pra depois colher amor
Quem planta o que planto
Tem em Deus seu protetor

Planto tudo quanto posso
Na minha terra querida
Esperança bem plantada
Não faz mal, faz bem à vida

Esperança é preciso
Pra quem gosta de viver
Sem isso ninguém vive
Nem na dor, nem no prazer

Deus do céu é protetor 
De quem planta esperança 
E de quem gosta de brincar 
Brincadeira de criança 
 
Coisa boa é brincar
Brincadeira de criança
Brincadeira que consiste
Por de pé a esperança

Ontem 20 o terceiro jornal mais antigo do Brasil, A União (1893), publicou à pág. 9 uma ótima conversa que tive dois ou três dias antes com o repórter Joel Cavalcanti. Falamos de um monte de coisas, desde política à literatura, poesia, música e da adaptação que fiz de Os Lusíadas. Divido com vocês nossa conversa. Antes, devo lembrar que o jornal mais antigo do Brasil é o Diário de Pernambuco (1825) e o Estado de S.Paulo (1875). Leia:

 

SOBRE OS LUSÍADAS E SOBRE CAMÕES, LEIA: CAMÕES, SEMPRE CAMÕES (1) CAMÕES, SEMPRE CAMÕES (2, FINAL)

domingo, 20 de novembro de 2022

A PRESENÇA DO NEGRO NA IMPRENSA BRASILEIRA (3, FINAL)

Oswaldo Faustino e Assis Angelo
Pessoalmente e pardo que sou no corpo e documentos, considero necessária a iniciativa de proclamar o direito de cotas pra negros, negras e indígenas neste país tão imenso e tão desigual. Perguntei ao jornalista, ator e autor musical Oswaldo Faustino o que acha disso. E ele:
“As cotas/reparações raciais que incomodam tantas as pessoas são mais que necessárias por conta dos 350 anos de escravidão em que a população descendente de africanos, através de leis, foi proibida de se  beneficiar de vários setores da sociedade, dentre eles a educação, a posse de terras, entre outros. No caso das universidades, eu vejo as cotas mais do que beneficiando os cotistas, beneficiando a própria instituição, uma vez que abre estudos de temas que jamais seriam abordados e que com a presença negra dão à universidade a possibilidade de se tornar universal.”
Embalado pela resposta que ouvi, fiz com ele a seguinte entrevista, na base do pingue-pongue:

O Brasil é negro. Que importância tem o Brasil para o Negro?
A importância do Brasil para o negro é a mesma do negro para o Brasil. Nossos antepassados foram trazidos à força para cá. Sequestrado em sua terra, sem saber o que estava acontecendo, sob violência, sem conhecer a língua, nem entender as ordens que lhe eram dadas. Os mais de 350 anos de escravidão ensinaram meus ancestrais a enfrentar todas as intempéries da vida, pelos séculos que se seguiram. Assim como ajudamos a forjar o Brasil, construindo-o e nos construindo, o Brasil nos fez um povo essencial para transformá-lo na grande Nação que ele é.

Muitas profissões aconteceram e acontecerão durante todo o tempo. O jornalismo é uma profissão. Por que você escolheu essa profissão?
Não escolhi o jornalismo. O jornalismo me escolheu. Eu, desde menino sonhei em ser ator. Passei minha infância nos porões da Pinacoteca do Estado, onde funcionava a Escola de Arte Dramática de São Paulo, criada por Alfredo Mesquita, onde minha mãe trabalhava, na cozinha, preparando e servindo a tradicional sopa para os alunos. Na hora do vestibular, porém, tentei me lembrar de quantos negros e negras eu vi se formarem na EAD, ao longo dos anos todos, em que lá estivemos. O número não passava de três. Então me entreguei ao meu segundo amor, já que o primeiro me parecia inalcançável. O segundo era a palavra. A palavra para mim é sinônimo de ar, eu a respiro. Hoje vivo dela e me fiz amante da arte da informação.

O negro, com toda importância que tem para o Brasil, continua discriminado. O jornalismo mexe nesta questão, no sentido positivo?
Sem dúvida. “Conhecimento é poder”. Informar é transmitir conhecimento. E, sempre que possível, e algumas vezes até enfrentando o impossível, eu aproveito da minha profissão para transmitir algum conhecimento que ajude as pessoas a se empoderar.

João do Rio
Você é um jornalista de grande importância para o Brasil. Que importância você dá para o jornalismo dito “negro”?

Meu jornalismo é negro, porque eu sou negro. Mesmo que eu não esteja atuando na chamada “imprensa negra”, meu olhar sempre será negro. E as informações que transmito são fruto desse olhar. Historicamente há uma imprensa, desde os tempos da escravidão, que teve esse olhar, então chamado “Abolicionista”, mas que ia para muito além do abolicionismo. Houve uma importante rede de trocas de informação, no século XIX. Mesmo que hoje sejamos tão poucos nas redações, continuamos essa tradição de compartilhar o que sabemos e nos mantemos abertos no que os demais compartilham. 

Existe jornalismo branco e negro?
O jornalismo hegemônico é branco. Basta ver as prioridades na escolha do que será noticiado. Um desentendimento na família real britânica, ou uma cadelinha perdida em qualquer país europeu, derruba a pauta dos resultados das eleições presidenciais em qualquer país africano. Um Prêmio Nobel a um africano ou africana só será notícia, se houver um buraco na página da editoria internacional. E já houve 22 ganhadores do Prêmio Nobel naquele continente: quatro de Literatura, três de Medicina, 13 da Paz e dois de Química. Quem já leu sobre isso? Sempre que possível, a imprensa branca alimenta o imaginário das massas com conceitos mentirosos que nos inferiorizam e até nós mesmos acabamos acreditando nessa inferioridade. O normal é ser branco, e os demais são no máximo “toleráveis”.
 
Gilberto Freyre, sabemos, disse muita idiotice a respeito do negro no Brasil. Ele também foi jornalista. Que importância você vê no que ele escreveu sobre a história do negro?
O melhor da produção de Gilberto Freyre é estimular nossos estudiosos a pesquisarem, com afinco,
Abdias do Nascimento
para contradizê-lo. Por outro lado, Casa Grande de Senzala, nos ajuda muito bem a entender a branquitude. Confesso que não conheço a produção jornalística dele.

Enumere-me 10 jornalistas negros, no Brasil, de todos os tempos:
O primeiro é Luiz Gonzaga Pinto da Gama, o Luiz Gama. Da mesma época, José Ferreira de Menezes e José Carlos do Patrocínio. Depois destacaria Afonso Henriques de Lima Barreto. Gosto também de ler as crônicas jornalísticas de João do Rio, João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Mais para cá, o campineiro Lino Guedes, que criou os jornais O Getulino e O Progresso, Jaime Aguiar e Abdias do Nascimento. Nos anos 1960, Odacir de Mattos, em especial por sua famosa reportagem com Narciso Kalili, para a revista Realidade: “Existe Preconceito de Cor no Brasil”, de 1967. Ele foi o editor do Jornegro, um importante jornal do Movimento Negro. Dos nossos contemporâneos, amo Oswaldo de Camargo, apesar de ele ter atuado muito mais na revisão, mas seus escritos e estudos jornalísticos são impecáveis. E todos os meus parceiros e minhas parceiras da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial, com destaque para meu irmãozinho Flávio Carrança. Porém, tem muita gente boa fazendo jornalismo negro, no rádio, na TV – Veja Maju Coutinho, o Heraldo, a Joyce Ribeiro –, como também na revista Raça Brasil e os jornais Alma Negra e O Empoderado.

Oswaldo de Camargo
Eu sabia, Oswaldo, que você ia me dizer, que Luiz Gama foi o mais forte jornalista negro no Brasil. Por quê?

A começar pela história de ele não ter podido estar em escola formal, por ter sido escravizado por 8 anos. Foi alfabetizado aos 17, por um jovem estudante da escola de Direito do Largo São Francisco. Pouco tempo depois escreveu nos mais importantes jornais da província de São Paulo, e criou três jornais com o Angelo Agostini: O Diabo Coxo, o Cabrião e o Polichinelo. Árduo defensor da abolição, da República e da liberdade. Só se fala de sua carreira de advogado, mas foi também um grande jornalista. A cada dia se descobrem novos escritos dele. Um pesquisador levantou mais de 800. Não por acaso eu escrevi um romance juvenil intitulado: “A Luz de Luiz – Por uma terra sem reis e sem escravos”.

No jornalismo eu cresci sem jornalistas negros ao meu redor. Isto continua. Por quê?
Esta resposta já foi dada. Esse número continua ínfimo porque a imprensa hegemônica é branca. Mas não seja injusto, no final dos anos 70 e início dos 80, você trabalhou na reportagem policial da Agência Folhas, ao lado de um grande jornalista negro, chamado Oswaldo Faustino, que mais tarde seria editor de Cultura, no Diário Popular… Grande e modesto (risos)

Seu melhor momento como repórter:
Vou destacar uma matéria para a revista Raça Brasil. O editor me pediu para entrevistar por telefone para uma matéria de capa o Ed Motta. Mandou um fotógrafo, do Rio, fotografá-lo. A assessora disse que ele só tinha uma hora para a revista, somando o tempo com o fotógrafo e com o entrevistador e que as fotografias demoraram 45 minutos. Eu só teria 15. O editor até passou mal e eu ri. Começou a entrevista e, em determinado momento eu disse: “Ed, sua assessora disse que só tenho 15 minutos para te entrevistar. Já conversamos uma hora e meia. Você quer parar?”. E ele respondeu: “De jeito nenhum, esta entrevista está ótima. Vamos continuar!”. Me senti realizado.

Sofreu alguma discriminação na sua vida profissional?
Quanto tempo você tem para ouvir todas? (risos)



O dia 20 de novembro foi escolhido como o Dia da Consciência Negra em 2011, quando Dilma Rousseff era presidente da República. O texto, aprovado pelo Congresso foi:

LEI Nº 12.519, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2011
Institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É instituído o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ser comemorado, anualmente, no dia 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 10 de novembro de 2011; 190º da Independência e 123º da República.
DILMA ROUSSEFF
Mário Lisbôa Theodoro

A dívida que o Brasil tem com os negros e negras é impagável.

LEIA MAIS: IMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IIIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IIIIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE IVIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE VIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE VIIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE VIIIMPRENSA NEGRA, RESISTENTE E HEROICA: PARTE VIII (FINAL)

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 19 de novembro de 2022

A PRESENÇA DO NEGRO NA IMPRENSA BRASILEIRA (2)

Mariana Aldano
No próximo domingo (20/11), Dia da Consciência Negra, Mariana Aldano e duas colegas suas, Denise Thomaz Bastos e Gabriela Dias, vão apresentar um programa especial na TV Globo, logo depois do Fantástico: Sons de São Paulo. Esse programa tratará do que se refere o título, ou seja, da presença dos negros nos mais diversos cantos da Capital paulista.
Sobre a música de São Paulo, leia: SÃO PAULO EM VERSO, PROSA E MÚSICA, que publiquei no dia 24 de janeiro de 2022 como especial do Jornalistas&Cia.
Ao ator Davi de Almeida, outrora repórter cinematográfico da TV Globo e de outras tevês em São  Paulo, perguntei se em algum momento de sua vida fora de algum modo discriminado, na Redação ou fora da Redação. Depois de dizer que nunca foi discriminado, que nunca o viram com preconceito, disse: “Na vida há espaço para todos. O universo está aí à disposição pra realizar tudo o queremos ser. Feliz com o reconhecimento e as conquistas dos negros, que cada vez mais estamos ocupando espaços em todos os setores, inclusive no audiovisual. Somos todos iguais nessa vida de meu Deus e perante a Constituição”.
Trabalhei com Davi na Globo e dele guardo belíssimas imagens. Como ator, Davi de Almeida brilha nas séries PSI (2014), Beleza S/A (2013), Pico da Neblina (2019), Hebe (2019) e nos filmes VIPs (2010) e Carcereiros (2019).
Jorge Araújo é baiano como Davi de Almeida. Disse que nunca sofreu discriminação nenhuma entre colegas. Como baiano, aqui e acolá, foi visto por olhares preconceituosos e discriminadores. “Mas isso faz parte da vida”, diz ele.
Trabalhei com Jorge, na Folha. Século passado. Jorge Araújo é repórter fotográfico dos melhores do
Davi de Almeida com a atriz Brenda Lígia Miguel
Brasil e do mundo. Tem quase 50 prêmios, nacionais e estrangeiros, ganhados no decorrer da vida profissional. É dele a famosa foto da Pomba da Anistia. E diz, a mim: “Trabalhei durante 40 anos na redação da Folha de S.Paulo. Eu contei nos dedos de uma mão quantos profissionais de cor negra trabalharam ao meu lado e em cargos de chefia. Dados do Perfil Racial da Imprensa Brasileira mostram que a maioria da categoria (77,1%) é branca, segundo dados do IBGE. Em 40 anos na editoria de  Fotografia da Folha, somente dois negros trabalharam ao meu lado. Eu, como pardo declarado em minha carteira de identidade, nunca sofri nenhum preconceito pela minha cor. Num país com 56% de negros (IBGE), o Nordeste é o que mais emprega jornalistas negros, com 39%. Norte, 25%, Oeste, 21%, e Sul, apenas 5%. Na Semana da Consciência Negra é muito triste ver as pesquisas do IBGE. Precisamos caminhar mais 100 anos para equipararmos esta tragédia profissional”.
Na Folha trabalhei também com o craque Ubirajara Júnior, repórter policial. E nas horas vagas, contista. Na Folha trabalhei também com o fotógrafo pernambucano Manuel Isidoro, que se vangloriava de ser impoluto perante as mulheres. Era um cara cheio de graça, que já está no céu.
Jornalistas negros fizeram história, inclusive na Paraíba.
O primeiro presidente negro do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba, Sindjorp, foi João Bosco Gaspar (1947-2018). Trabalhei com ele, no tempo em que ele era editor geral do jornal Correio da Paraíba, hoje portal na internet, e eu editor de Local.
Local era o nome que se dava, na Paraíba, à editoria que reunia notícias da cidade. No caso, 
Jorge Araújo
especificamente, João Pessoa.
João Bosco foi uma figura muito conhecida e polêmica.
Figura conhecida e também polêmica foi o paraibano de Santa Rita Severino Ramos Pedro da Silva, por todos chamado de Biu Ramos. Também trabalhei com ele. Biu Ramos (1938-2018) iniciou a carreira de jornalista como datilógrafo do promotor público Ivaldo Falconi, editorialista do jornal Correio da Paraíba. E foi então que ele, a partir daí, foi contratado como redator do jornal. E aí tudo ficou mais fácil. Biu Ramos escrevia muito bem, mas era um chefe ranheta. Detestava burrice. Uma de suas frases mais conhecidas é esta: “[...] A vida roda, até a consumação dos séculos, para sempre, sem fim, amém [...]”. O jornalista Biu Ramos não conheceu o poeta Augusto dos Anjos, mas conheceu e entrevistou o romancista paraibano, autor de Menino de Engenho e Fogo Morto, Zé Lins do Rego. O texto memorial que Biu faz sobre Zé Lins é memorável. Começa assim:

“Lembro-me como se fosse hoje. Foi aí por volta de 1952 (eu tinha exatamente 14 anos). Era o governo de José Américo, eu havia lido em A União que o grande romancista de Pilar encontrava-se na Paraíba em visita ao seu amigo governador, de quem participara da campanha que o elegeu em 1950. Passava pouco das nove horas da manhã, eu sentado num banco em frente à igreja, quando vi parar um jipe na porta da casa-grande e dele saltar aquele corpanzil imenso, sólido e ágil, os óculos inseparáveis, a roupa de linho branco, o paletó aberto, sem gravata, tão à vontade como se estivesse entrando na casa-grande do seu avô. Nunca o tinha visto de corpo inteiro, conhecia apenas a sua cara redonda com aquele começo de sorriso, no célebre bico de pena de Luiz Jardim. Mas não tive dúvida: ‘Zé Lins’, disse comigo. ‘Meu Deus, é Zé Lins do Rego que está chegando ali, trazido por Dr. Odilon’. Senti uma emoção forte e sincera. Tanto falava dele em minhas conversas com Seu Rodolfo que toda a minha mente já estava tomada de sua narrativa sem floreios, de seus personagens familiares e de sua linguagem peculiar, que eu o considerava um desses seres distantes, inalcançáveis, que só existiam em nossa imaginação. Dois dias antes eu tinha lido um de seus artigos em A União, reproduzido de outono, no qual ele falava de coisas da Paraíba, citava José Américo. Como podia um escritor daquela dimensão, que escrevia em O Globo, que já publicara tantos livros, estar ali, à meia distância de mim? Eu me refiz do susto − e foi um susto − e decidi que iria abordá-lo, iria conversar com ele, aquele seria o meu dia de glória e da minha definitiva consagração, que haveria de ficar eternamente gravado na minha memória. E ficou. [...]”
(Do livro Memórias de Um Repórter, A União; 1994)
 
O santarritense Biu deixou sete ou oito livros publicados.
A maior parte da população brasileira é formada por pretos e pardos. Em 1872, o Brasil tinha uma população estimada em algo em torno de 10 milhões de pessoas. Mais ou menos 15% dessa população era constituída de negros escravizados.
Tem sido comum, mas não dá para nos habituarmos com frases do tipo “negro, quando não faz na
Flávio Tiné
entrada, faz na saída”. Pedi ao jornalista pernambucano Flávio Tiné, pardo, um pequeno depoimento a respeito de frases desse tipo, questões desse tipo. E ele: “Como todo pretenso escritor, me surpreendia às vezes construindo frases de caráter racista. A revisora imediatamente chamava a minha atenção para o deslize, sabedora de que não se tratava de convicção, mas de um texto mal articulado, que não levou em conta a natural convivência de pessoas de cor diferente. Tinha em minha própria casa algumas pessoas de cor preta, encarregadas das tarefas domésticas. Eram tratadas como pessoas da família, que comiam a mesma comida e participavam de festas ou comemorações com a maior intimidade. Apesar dessa comprovada experiência, algumas vezes me surpreendi chamando de coisa de preto algum procedimento pouco civilizado, como jogar papel na rua ou buzinar na frente de um hospital. Mais recentemente, tem sido comum certas pessoas se recusarem a entrar num elevador onde se encontra uma pessoa de cor preta ou má vestida. Casos do gênero aparecem diariamente nos noticiários de televisão, fartamente ilustrados com imagens. Já passou da hora de superarmos tais desencontros. Tenho certeza, ou pelo menos esperança, de que alcançaremos em breve a igualdade de tratamento entre pessoas diferentes de gênero, cor ou qualquer outra forma de identificação.”
No jornal, revista, Rádio e TV é visível a atuação de redatores e repórteres. Carlos Silvio é um
Carlos Silvio
profissional do rádio e a ele pedi um pequeno depoimento:

“’Racismo, preconceito e discriminação em geral/É uma burrice coletiva sem explicação’, diz um trecho da letra da música Racismo É Burrice, de Gabriel, O Pensador. Pois bem, o racismo existe. O racismo sempre existiu. O racismo sempre, infelizmente, existirá. O debate racial nunca esteve tão em alta na sociedade brasileira. As políticas de ações afirmativas, idem. Eu, como radialista e apresentador do programa Paiaiá na Conectados, há mais de seis anos, na Rádio Conectados, nunca sofri racismo. Mas já entrevistei gente que sofreu, como o locutor esportivo baiano Sílvio Mendes. ‘O início foi muito difícil no rádio, por eu ser negro’, afirma Mendes. Os movimentos negros, que poderiam contribuir mais para o debate, parecem adotar uma narrativa político/partidária, em que se um negro não é da  mesma linha ideológica, é excluído, deixado de lado. Eu, como índio/negro, o fato de não ter sofrido racismo, não significa que não luto para o fim deste mal. No entanto, acredito que a melhor forma é o direito à igualdade, sem qualquer tipo de porcentagem em qualquer espaço. O rádio me deu esta  possibilidade de me comunicar, sem me sentir inferior ou superior. Nossa consciência é única e deve ser sempre mais humana.”

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

FAUSTO SETENTÃO!


Ao criar o mundo, Deus encheu o Brasil de chargistas, cartunistas, quadrinistas e tudo o mais que recriam o tempo e a vida através de lápis, canetas, pincéis.
No Brasil, real e fictício, germinaram talentos chamados J. Carlos, Mendez, Jaguar, Henfil, Alcy, Nani, Santiago, Fortuna, Ziraldo, Laerte, Angeli, Novaes, Luiz Gê, JAL, Maurício de Sousa e os irmãos Paulo e Chico Caruso.
E Fausto Bergocce?
Fausto é um craque do traço nascido em Reginópolis, SP. Sabe tudo de criação e recriação. Inventa e reinventa a vida como mestre que é.
Fausto, através da sua obra, faz o tempo mais bonito.
Eu conheci Fausto Bergocce ali pelos começos da década de 80 na redação do suplemento Folhetim, que circulava aos domingos no jornal Folha de S.Paulo. Ilustrou muitos textos meus, inclusive textos que eu fazia para o extinto Pasquim.
O acervo de charges, cartuns, colagens, xilos, aquarelas, é riquíssimo.
A obra de Fausto calculada em números é absurda e linda. A ele pedi que escolhesse uma dezena de charges e cartuns para ilustrar essa coluna. E não se fez de rogado. O resultado é o que se vê.
Fausto é daqueles caras que encantam à primeira vista. É muito observador e tem curiosidade por tudo.

Conhece uma dúzia e meia de países, entre os quais Estados Unidos e França. Dentre todos em que botou os pés, destaca o Marrocos.
O Marrocos fica ao norte da África e foi lá, no final do século 16, que o jovem rei D. Sebastião de Portugal sumiu. A lenda diz que ele, D. Sebastião, seguia à frente de sua tropa combatendo inimigos na batalha de Alcácer-Quibir. Mas essa é outra história. O que importa é que Fausto tornou-se o orgulho do pai Antônio e da mãe, Maria. E dos irmãos Luiz, Francisco, Flávio, Maria Albina e Sebastiana.
A jornalista Carla Maio está mergulhada em pesquisas para contar como se deve, passo a passo, a história de Fausto Bergocce. O livro, que ainda não tem título, será lançado em 2023 e nele estará com a primeira ilustração de Fausto, publicada em 1972, no tablóide Diário de Guarulhos. Há 50 anos, pois.
Fausto, que está completando 70 anos de idade, já publicou 16 livros. O mais recente é Pré-Histórias, com prefácio assinado por mim.
Em 2023 Fausto e eu lançaremos o livro Histórias de Esquina.
Ah! Sim: Fausto, o cara que traça tudo, é um orgulho do Brasil.

LEIA MAIS: JOGANDO CONVERSA FORAHOJE É DIA DE FAUSTO!FAUSTO: O TURISTA APRENDIZREMÉDIO PRÁ TRISTEZA É CARTOONNO PAIAIÁ O MELHOR DE SEMPRE

BOQUINHA MILITAR PODE ACABAR

Indevidamente, e na moita, quase 80 mil militares receberam o tal auxílio Brasil. Indevidamente porque, segundo o presidente do TCU Bruno Dantas, estão empregados e trabalhando como funcionários públicos. Esse pagamento começou a ser feito em setembro de 2020. Somente o titular do ministério da Cidadania, Osmar Terra, tinha conhecimento da irregularidade.
Esse escândalo, mais um do governo Bolsonaro, foi levado à conhecimento num relatório ao vice-presidente da República eleito, Geraldo Alckmin.
Muitas irregularidades, e até crimes, contra o povo estão sendo identificados. 

Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera 
Presidente predador
Hoje quem foge é caça
Amanhã é caçador 
 
À propósito: por onde anda Bolsonaro, hein?
Os malucos e maluquetes bolsonaristas fizeram de um tudo para infernizar a vida do ministro Barroso, em Nova Iorque. Barroso, nervoso, deu o troco chamando um provocador de mané. Assim: "Perdeu, mané. Não amola!".

A PRESENÇA DO NEGRO NA IMPRENSA BRASILEIRA (1)

Pesquisas indicam que a maioria da população brasileira é formada por pretos e pardos.
Pretos e pardos são pessoas que assim se declaram aos agentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para fins políticos, segundo o Instituto, “negra é a pessoa de ancestralidade africana, desde que assim se identifique”.
A Região Nordeste é a que registra o maior número de pretos e pardos. Dentre os nove Estados, a Bahia é destaque. A História aponta que foi a Bahia o lugar em que os chamados “homens de cor” mais se rebelaram contra o sistema escravocrata. Foi lá, por exemplo, que ocorreu a Revolta dos Malês, na  madrugada de 25 de janeiro de 1835. Entre os líderes, uma mulher: Luiza Mahin, mãe do jornalista e poeta Luiz Gama.
Luiz Gonzaga Pinto da Gama foi o primeiro jornalista negro do Brasil. Nasceu em Salvador e pelo pai foi vendido como escravo. Tinha dez anos de idade. Passou uns tempos no Rio de Janeiro e depois, no interior paulista. Foi alfabetizado, às escondidas, por um amigo de seu dono.
Depois de livrar-se da condição de escravo, Luiz Gama dedicou-se à luta pela liberdade das pessoas escravizadas. No decorrer dessa luta conseguiu livrar do cativeiro centenas de homens e mulheres.
A própria liberdade Luiz Gama conseguiu pouco antes de completar 18 anos de idade, provando que nascera de um ventre livre. Casou-se aos 29 anos com uma mulher chamada Claudina Fortunato, com quem teve um filho: Benedito.
Na imprensa foi atuante, chegando a fundar jornais junto com profissionais do naipe de Angelo Agostini e Rui Barbosa. Chegou a dividir espaço em jornais com Castro Alves, O Poeta dos Escravos. Esse título, digamos assim, Alves ganhou espontaneamente da imprensa por sua dedicação à causa abolicionista. É dele o poema Navio Negreiro, uma parte do qual gravei com o professor músico Jorge Ribbas. Foi no jornal recifense A Primavera que publicou o primeiro poema sobre a temática, A Canção do Africano, em 1863. Começa assim:

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...

De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez, pr’a não o escutar!...


Luiz Gama que viveu num tempo de extrema violência, política inclusive, morreu de diabetes e sem
voz, seis anos antes de a princesa Isabel assinar a Lei Áurea, na manhã do dia 13 de maio de 1888.  Tinha 52 anos. Seu féretro foi acompanhado por cerca de 4 mil pessoas. A população da Capital paulista era de 40 mil habitantes. O corpo está sepultado no Cemitério da Consolação.
Durante toda a sua vida Luiz Gama atuou na imprensa paulista e em alguns jornais do Rio. O que escreveu está sendo reunido pelo doutorando em História do Direito Bruno Rodrigues de Lima, da Universidade de Frankfurt. Segundo ele, esse material será publicado até o final deste ano pela editora Hedra, em 11 volumes.
Não à toa, os poderosos de seu tempo o temiam. Uma de suas frases fez muito barulho, esta: “Todo escravo que mata um senhor, seja em que circunstância for, mata em legítima defesa”.
Gama, autor do livro Primeiras Trovas Burlescas (1859) costumava apresentar-se assim:

Amo o pobre, deixo o rico,
Vivo como o Tico-tico;
Não me envolvo em torvelinho,
Vivo só no meu cantinho:
Da grandeza sempre longe
Como vive o pobre monge.
Tenho mui poucos amigos,
Porém bons, que são antigos,
Fujo sempre à hipocrisia,
À sandice, à fidalguia;
Das manadas de Barões?
Anjo Bento, antes trovões.
Faço versos, não sou vate,
Digo muito disparate,
Mas só rendo obediência
À virtude, à inteligência...
(Quem Sou Eu, páginas 110 a 114)

Os poderosos mais esclarecidos viam no filho de dona Luiza Mahin um dos revoltosos da tomada de São Domingos, no Haiti.
Se Luiz Gama foi o primeiro jornalista negro de nossa história, também não custa lembrar que foi um jornalista negro o primeiro e único, até agora, a ocupar a cadeira de presidente da República, entre 1909 e 1910, depois de eleger-se deputado Constituinte, governador do Rio de Janeiro e senador.
Refiro-me ao fluminense Nilo Procópio Peçanha. Nilo Peçanha nasceu no dia 2 de outubro de 1867 e
morreu no dia 24 de agosto de 1924. Era pobre, de família pobre. O pai era padeiro. Frequentou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, mas bacharelou-se no Recife. Tinha 20 anos. E, como Luiz Gama, foi um grande abolicionista. Permaneceu no cargo de presidente por 17 meses, substituindo Afonso Pena (1847-1909), que morreu no Catete vítima de pneumonia.
Bom administrador da coisa pública, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura e introduziu o ensino técnico no Brasil, depois de criar o Serviço de Proteção ao Índio, que em 1967 se transformaria na Funai.
Contemporâneo de Luiz Gama foi o poeta, tipógrafo e editor literário Francisco de Paula Brito quem descobriu Machado de Assis para as letras nacionais.
O tempo faria de Machado crítico literário e colunista político, com presença frequente no Parlamento. Publicava seus textos políticos no Diário do Rio de Janeiro. Embora tenha sido o fundador da revista A Mulher do Simplício (1832) e dos jornais O Homem de Cor (1833) e A Marmota (1849), Brito não se considerava jornalista.
A importância dos jornalistas negros na imprensa brasileira é inegável. Muitos jornais foram fundados,
dirigidos e redigidos por profissionais negros, mas nem todos são identificados. Ficavam na moita. Muitos textos eram assinados com o carimbo, digamos, de Redator. Poucos sabiam quem era Redator ou O Redator.
Editor era um detalhe, como detalhe era o corpo redacional.
Os jornais pioneiros no campo de luta pelo abolicionismo foram publicados em Pernambuco (O Homem), Rio Grande do Sul (O Exemplo), São Paulo (A Pátria) e outras publicações noutras partes do País.
A chamada “imprensa negra” continuou atuando. Hoje são poucas as publicações direcionadas à questão da negritude, mas o problema continua grave.
Todo dia sai notícia relacionada ao racismo.
No último dia 29 de outubro deste ano de 2022, a deputada por São Paulo Carla Zambelli, de revólver
em punho, foi vista e filmada por câmeras instaladas estrategicamente nas ruas perseguindo um jornalista negro, atuante no setor esportivo: Luan Araújo, de 32 anos.
Nos jornais, revistas, rádio e televisão, o campo de trabalho para jornalistas negros está se ampliando, embora vagarosamente.
O primeiro repórter negro a ocupar espaço de apresentador no Jornal Nacional, ainda o mais assistido,
foi o paulista Heraldo Pereira. Isso em 2002, portanto há exatos 20 anos. Heraldo passou pelos principais jornalísticos da TV Globo, incluindo o Fantástico. E continua firme fazendo o que sabe fazer: jornalismo. A propósito, ele destaca que foi numa edição desse programa que fez uma de suas melhores
reportagens. Tratava-se do acordo entre o governo da África do Sul com os grupos que defendiam o fim do apartheid.
A primeira jornalista negra a apresentar o Jornal Nacional foi a paulistana, da região de Pinheiros, Maria Júlia Coutinho, a Maju.
Maju é uma pessoa incrível, cheia de graça e muito simples. Sabidona. Sabe de tudo e um pouco a mais. Conheci Maju pouco antes da pandemia do Novo Coronavírus, quando apresentava um programa todo seu na extinta Rádio Globo. E aí falei, falei e declamei, declamei e disse muita coisa. POEMA DOS OLHOS
Maju foi vítima do radicalismo político e racial, de pessoas que atacam pessoas por pensarem diferente.
Antes de Heraldo, estreou no programa Fantástico a repórter negra, carioca, Glória Maria. Linda. Isso em 1998. Uma de suas melhores reportagens foi a que fez sobre o chamado “País da Felicidade”,  localizado no Continente asiático, Butão.
Glória é do ano de 1949. Bem mais nova do que ela é Mariana Aldano, nascida na Capital paulista em
1986. É negra, ativíssima. De uma inteligência espantosa. Simples. Antes de ser contratada pela TV Globo, correu mundo. Fala alemão, dinamarquês, espanhol e inglês e esteve a trabalho em Londres,
Alemanha, Dinamarca, Malásia, Hong Kong e Tailândia. Perguntei: Qual é a importância dos  movimentos negros no Brasil?
Mariana considera de extrema importância os movimentos negros não só no Brasil, mas também mundo afora. Pra ela, e também pra mim, “somos todos iguais, independentemente de cor, condição social e crença”.
À propósito, esse entendimento natural consta da nossa Constituição (1988), especialmente no art. 5º:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A ESPERANÇA ESTÁ DE VOLTA

 
O presidente eleito Lula da Silva falou que nem gente grande ontem 16, na COP27, que ora se realiza no Egito. Começou dizendo que o Brasil, através dele, está voltando para de novo mostrar sua importância ao mundo. Falou durante cerca de meia hora. Seu discurso foi aplaudido várias vezes e transmitido, ao vivo, para inúmeros países.
Na sua fala deixou claro que vai cobrar o que devem os países ricos aos países pobres. A dívida é grande e antiga.
Entre várias promessas, Lula garantiu que vai acabar com o desmatamento criminoso na Amazônia. E também com o garimpo, visando a proteção dos povos originários residentes na região amazônica. Disse: 
"O planeta que a todo momento nos alerta de que precisamos uns dos outros para sobreviver. Que sozinhos estamos vulneráveis à tragédia climática. No entanto, ignoramos esses alertas. Gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e mortes, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer".
A fala de Luís Inácio Lula da Silva foi a fala de um verdadeiro estadista. Gostei.
Lula trouxe de volta a esperança.
Para ilustrar, lá vai:
 
Eu planto esperança
Pra depois colher amor
Quem planta o que planto
Tem em Deus seu protetor

Planto tudo quanto posso
Na minha terra querida
Esperança bem plantada
Não faz mal, faz bem à vida

Esperança é preciso
Pra quem gosta de viver
Sem isso ninguém vive
Nem na dor, nem no prazer

Deus do céu é protetor 
De quem planta esperança 
E de quem gosta de brincar 
Brincadeira de criança 
 
Coisa boa é brincar
Brincadeira de criança
Brincadeira que consiste
Por de pé a esperança

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

AMERICANOS MANDAM FOGUETE À LUA

Depois de o homem pisar pela primeira vez na Lua, os cabeções da Nasa preparam-se para repetir a façanha.
Na madrugada de hoje 16, foi disparado o foguete Space Launch System (SLS).
O foguete SLS tem 98 metros de comprimento e pesa cerca de 130 toneladas. Custo: 50 bilhões de dólares. Foi disparado de uma plataforma no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, às 3h47 (horário de Brasília). É considerado o mais sofisticado, completo, da história espacial.
A ideia, segundo os bam-bam-bans da Nasa, é testar a possibilidade de levar à Lua astronautas. Isso, até 2025.
Manequins feitos à "imagem e semelhança" humana, feminina inclusive, foram acomodados nas dependências do foguete. A viagem, portanto sem tripulantes, está programada pra durar 25 dias.
A conquista do espaço pelo homem foi resultado da guerra fria travada pela ex-União Soviética e os EUA, no final dos anos 40.
Em 1957, os soviéticos mandaram ao espaço o primeiro satélite espacial, o Sputnik.
Em 1961, o presidente norte-americano John Kennedy (1917-1963) anunciou aos seus patrícios, que até o final da década conquistaria a Lua. Isso ocorreu na noite de 20 de julho de 1969.
O Sputinik dos soviéticos mereceu do compositor e cantor nortista Ary Lobo (1930-1980) a música Eu Vou pra Lua, gravada por ele mesmo e muitos outros artistas, como Zé Ramalho.
Ary Lobo morreu há exatos 42 anos.



LEIA MAIS: AINDA O HOMEM NA LUA HOJE É DIA DE HOMEM NA LUA

terça-feira, 15 de novembro de 2022

SOMOS TODOS SUICÍDAS

Os craques especialistas em cálculos da Organização das Nações Unidas, ONU, chegaram à conclusão de que o nosso planetinha não passa de um perigoso e crescente formigueiro. Há pouco apontaram que hoje terça 15 o número de pessoas alcançaria a estratosférica soma de 8 bilhões de habitantes. 

Os números indicam que continuam nascendo mais pessoas do que morrendo.

As pragas e todos os males conhecidos e desconhecidos matam o tempo todo, sem contar os conflitos corriqueiros e guerras envolvendo nações como Ucrânia e Rússia. Inexplicavelmente. 

Viver continua sendo um desafio pra gentes e bichos. 

Cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome nos quatro cantos do mundo.

Sim, viver é desafio.

Números indicam que mais de 30 milhões de brasileiros sofrem de fome aguda e o dobro disso chupa o dedo e reza pedindo a Deus um dia melhor.

Além de tudo é preciso levar em conta os problemas, mortais inclusive, provocados pelo violento e criminoso desmatamento de florestas mundo afora. 

A derrubada da Amazônia e a ilegítima prática do garimpo nas terras indígenas são inaceitáveis sob qualquer aspecto.

E o efeito estufa, hein?

A poluição é veneno, puro veneno.

Os mares e rios estão morrendo.

Doentes os peixes morrem afogados. 

Somos todos assassinos e suicidas.

O fato meu amigo, o fato minha amiga, é que não temos salvação. 


domingo, 13 de novembro de 2022

NOSSO MUNDO ESTÁ DOENTE, ENTUBADO (2, FINAL)

 
A questão ambiental é uma questão que diz respeito a todos nós.
Meu amigo, minha amiga, você conhece a Canção Maringá?
Meu amigo, minha amiga, você conhece a toada Asa Branca, o baião Riacho do Navio e outras coisinhas lindas no sentido musical como Acauã, Planeta Água e O Índio?
Eu também andei falando sobre índio. Clique: ÍNDIO, VIDA E PÁSSARO. TUDO É NATUREZA
A floresta amazônica nos dá o ar que respiramos.
O erudito Villa-Lobos escreveu uma bela peça sobre a Amazônia (Forest of the Amazon).
Artistas populares, como o paraibano Vital Farias, também mergulharam olhares na grande mata.Vital é autor de Saga Amazônica. Trata da preservação/destruição da Amazônia. Obra-prima.
Preservar a natureza é fundamental.
A natureza é forte, fortíssima. Não há nada nem ninguém mais forte do que a Natureza.
O repórter fotográfico paraense José Pinto e Iuri Moraes, lançaram, em 1997, o livro Natureza Cidade. Esse livro reúne legendas e poemas de anônimos e famosos que vivem ou viviam em São Paulo.
No livro Natureza Cidade há textos de personalidades como o cardeal Arns, o cantor e instrumentista Paulinho Nogueira, os cantores Pena Branca/Xavantinho, o pintor Aldemir Martins, o engenheiro Peter Alouche e o jornalista Audálio Dantas. Até eu entrei nessa história, provocado que fui por Zé Pinto:

O verde que dá vida
é verde que vem do chão
é verde que vem com fé,
força, graça e emoção;
emoção que leva às lágrimas
e ava o mais duro coração.

A força da natureza
é força que vem do nada
é uma força que dá vida
é uma força danada!
é uma força que renova
é bem-vinda, aventurada.

E o que faz o homem?
mata rio, mata mata,
mata pássaro, rã e cobra
cachorro, gato e gata
descontrolado transforma
vida em aço, ferro e lata.


Foto e reproduções por Flor Maria e Anna da Hora.
Xilogravura de Fausto Bergocce.

sábado, 12 de novembro de 2022

NOSSO MUNDO ESTÁ DOENTE, ENTUBADO (1)

Morre sorte, morre vida
Morre fé, morre esperança
Morre fim, morre começo
Morre paz, morre bonança
Morre tudo, nada fica
Só a dor da má lembrança

Morrem homens e mulheres
E crianças nas esquinas
Morre dia, morre noite
Nos morros, nas colinas
Morre tudo que se mexe
No rico solo de Minas

Mariana se repete
Com dor e muito espinho
O povo de Deus precisa
De amor e mais carinho
Por quê morre tanta gente
D'uma vez em Brumadinho…?


Que o mundo está perdido, está. Desde sempre. Desde Noé, que tentou salvar as espécies naquele diluviano bíblico.
A história do fim do mundo se acha em todo canto, mas ainda pode ser tempo de salvar essa história. Quem sabe?
O Cristo veio à Terra e à terra foi sepultado depois de torturado e morto cravado numa cruz.
Terremotos, maremotos e tsunamis a todos nos assustam.
Os mares continuam subindo de nível, assustadoramente. A temperatura, também.
O planetinha Terra está se afunhenhando rapidamente.
Toneladas e toneladas de lixo são expelidos anualmente nos mares.
O Atlântico e seus pares, que são sete, estão pedindo socorro a cada segundo em que se espraiam. E nós, nem não.
E os rios, hein?
Milhares e milhares de rios e riachos que os acompanham gemem correndo em direção aos mares.
O verde das águas marinhas mudam de cor a cada instante. Ao mudarem de cor, exalam o fedor que acolhem das águas dos rios. Da gente, das gentes.
Dos céus caem chuvas tóxicas. Com elas, pedaços de coisas quase sempre não identificadas.
E os ventos, hein?

O vento sou eu
O vento sois vós
Sem os ventos ventando
O que será de nós...?

A questão ambiental é uma questão mundial que a todos nos toca.
O mundo está doente, gravemente. E o Brasil, também.
Para que o nosso planetinha possa um dia se salvar é preciso que contribuamos de alguma maneira. Por exemplo: parar de jogar uma latinha de cerveja na rua ou uma garrafinha contendo água, leite ou sei lá o quê.
Domingo 6 foi inaugurada no Egito a COP-27.
A COP é um tipo de conferência promovida pela Organização das Nações Unidas. Reúne quase todos os 200 países identificados e com banca na ONU. O objetivo é discutir as questões climáticas sob todos os ângulos. O número 27 representa o total de conferências realizadas até agora.
O Brasil tem grande importância nas questões referentes ao clima do planeta.
A temperatura está subindo a cada ano e a Terra, esquentando. O mar avançando.
Essa é uma questão importantíssima para debate.
A Amazônia é o pulmão do mundo?
O meio ambiente tem sido discutido com intensidade e isso já faz tempo, e de todas as formas.
Desde o século 19, os autores realistas têm abordado a questão.
A questão seguiu como tema dos luteranos do século 20.
Vale a pena ler o romance A Bagaceira, do paraibano José Américo de Almeida; O Quinze, da cearense Rachel de Queiroz e também Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos.
Os poetas populares Leandro Gomes de Barros e Patativa do Assaré também abordaram a temática que faz doer até hoje o coração do povo nordestino.
Há muito o povo do Brasil do fundão anda esquecido pelos poderosos de plantão, incluindo Pedro II que chegou a jurar a se desfazer até da última pérola da sua coroa em prol das assassinas secas seculares.

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