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segunda-feira, 3 de junho de 2024

HOJE É DIA DE JOSÉ LINS DO REGO

O ano começa em janeiro e termina em dezembro.
Janeiro traz como registro o Dia Mundial da Paz.
Dezembro, segundo o calendário cristão, marca o nascimento de Cristo, Jesus Cristo. Mas ele não nasceu em dezembro, tampouco no dia 25. Essa, porém, é outra história.
E junho, hein?
Junho é o mês dos santos famosos Antônio, João, Pedro e Paulo. Os três primeiros integram a agenda festiva das comemorações juninas, ou joaninas.
O dia 3 de junho de 1901 deveria entrar no calendário mundial por marcar o dia de nascimento do paraibano de Pilar José Lins do Rego, autor de dúzia e meia de belíssimos romances. Alguns clássicos como Menino de Engenho, Pureza, Fogo Morto e Cangaceiros.
Pureza é uma verdadeira obra de arte literária.
Menino de Engenho, publicado em 1932 de modo independente, abre o ciclo da cana de açúcar. É uma mistura de autobiografia e ficção. Aliás, essa é a marca literária do brasileiríssimo Zé Lins.
Outro grande paraibano de intelecto espantoso recebeu na pia batismal o nome de Ariano Suassuna. 
Suassuna nasceu no dia 23 de junho de 1927. Quer dizer, véspera de São João. 
Quando Zé Lins morreu Suassuna tinha 30 anos de idade.
Ariano Suassuna nasceu num quarto do Palácio da Redenção, em João Pessoa, PB. O pai, João (1886-1930), era à época o governador do Estado cuja capital ganharia o nome do seu principal adversário, pra não dizer inimigo político.
O pai de Ariano foi assassinado à bala no Rio de Janeiro. Covardemente, pelas costas.
O último romance publicado por José Lins do Rego foi Cangaceiros. Belo. Não custa lembrar, que já no seu primeiro romance, Menino se Engenho, o cangaceiro Antônio Silvino surge com seu bando como personagem. 
Depois desse romance, como se previsse a própria morte, Zé Lins lança os Meus Verdes Anos. Autobiográfico. 
Os grandes José Américo de Almeida e Gilberto Freyre foram os principais influenciadores da escrita reguiana. Mas não foram desses autores os dois primeiros livros que leu.
Antes de Américo e Freyre, Zé Lins leu Raul Pompéia (O Atheneu) e Machado de Assis (Dom Casmurro).
A obra de José Lins do Rego continua sendo lida em várias línguas: alemã, italiana, espanhola, francesa, inglesa, russa...
O nosso Zé Lins foi um escritor muito além do seu tempo. Ele falava de relações homoafetivas com a naturalidade de quem sabe o que dizer.
Já no seu segundo romance, Doidinho (1933), Zé Lins apresenta aos leitores a prática sexual entre pessoas do mesmo sexo: Manuel e Clóvis. 
No romance Usina (1936), o autor de Menino de Engenho cria mais dois "sem-vergonhas" ou frescos, como eram chamados os meninos que copulavam entre si.
Noutro romance, Água-Mãe (1939), Zé Lins brinda seus admiradores com um casal de lésbicas: Edna e Ester. A primeira aluna e a segunda, professora. E por aí vai.
Em Cangaceiros Zé Lins encerra seu ciclo criativo com mais sexo entre homens.
Essa história de sexo entre homens me faz lembrar uma historiazinha que ocorreu sobre o temível bandoleiro Virgulino Ferreira, o Lampião. Até um livro robusto foi escrito por um juiz de Direito cearense afirmando ser o famoso cangaceiro feito a prática de sodomia. Pois é. O livro do referido juiz tem por nome: Lampião Mata Sete (2011).
Adolfo Caminha, não custa lembrar, foi o primeiro escritor brasileiro a tratar do tema da homossexualismo em livro. No caso, o romance Bom-Crioulo.
Em 1956, ano do lançamento do último romance de Zé Lins, o cantor e compositor Zito Borburema, também paraibano, gravou em 78RPM a música Mata Sete. Engraçada. Ouça:



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