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sábado, 11 de maio de 2024

A CULTURA PERDE TÉO AZEVEDO



O cantor, compositor e violeiro Téo Azevedo morreu hoje de madrugada em Montes Claros, MG. Ele estava internado e em coma desde a semana passada.
Essa triste notícia chegou-me por telefone, em ligação do cantor e compositor Luiz Wilson.
"Soubemos disso, da morte de Téo, através de um recado de uma das filhas do querido Téo", contou Luiz.
A história do violeiro Téo Azevedo é enorme, riquíssima.
Falei com ele faz uns 15 dias e estava, segundo disse, em plena recuperação. Pretendia vir à Sampa ainda neste mês de maio.
Téo Azevedo nasceu numa sexta-feira (2 de julho) e morreu num sábado. 
Pra lembrar Téo, clique:


LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (96)

De séculos passados é também a história de Marília de Dirceu.
Dirceu, no caso, é o poeta Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
Marília era Maria, uma jovem de 17 anos que viu em Antônio o seu amor eterno. E vice-versa.
O poeta, que tinha 40 anos de idade na época, participou da Inconfidência Mineira.
Entre uma reunião e outra com seus colegas de trama, Gonzaga escrevia uma pérola poética como declaração de amor a sua Maria. É um poema enorme. Nesse poema entram deuses e deusas como Vênus e o seu filho Cupido, que apronta como aprontou na Ilha dos Amores (Os Lusíadas).
Essa obra foi publicada em muitos idiomas entre os quais grego, francês, alemão, russo.
A primeira edição saiu em Portugal em 1792, apenas com as iniciais do autor, T.A.G.
Uma das partes mais bonitas de Marília de Dirceu se acha logo nos primeiros versos do poema:

…Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.

Tem redonda, e lisa testa,
Arqueadas sobrancelhas;
A voz meiga, a vista honesta,
E seus olhos são uns sóis.
Aqui vence Amor ao Céu,
Que no dia luminoso
O Céu tem um Sol formoso,
E o travesso Amor tem dois.

Na sua face mimosa,
Marília, estão misturadas
Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados;
Os seus dentes delicados
São pedaços de marfim…

Tomás Antônio Gonzaga foi violentamente separado da amada pelo governo do seu tempo representado pelo Visconde de Barbacena (Felisberto Caldeira Brant Pontes; 1802-1842).
O poeta morreu na África em 1844 depois de se casar e ter dois filhos com a filha de um rico comerciante de escravos.
Quanto à Maria, cujo o nome completo era Maria Doroteia Joaquina de Seixas, há várias contradições. Casou-se ou não? Teve filhos ou não? Findou num convento de freiras?
O famoso poema de Gonzaga é formado por 71 liras e 14 sonetos.
Liras são pequenos poemas e não apenas o nome de um antigo instrumento de origem grega.

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