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domingo, 9 de junho de 2024

FOI UMA FESTA, PÁ!

Ricardo Kotscho e Assis
Nos últimos anos, o Brasil e brasileiros têm comido o pão do diabo.
Quando digo brasileiros quero dizer brasileiros de bom juízo, de bom senso.
Quando digo brasileiros quero dizer de brasileiros e brasileiras que vislumbram na boa luta um país melhor para todos.
A discordância entre nós brasileiros é lamentável.
Será que somos meros vira-latas que ladram e brigam à toa sem entender e sem aprender nada?
Fico matutando tudo isso cá com meus botões...
Gostei de estar na noite de sexta 7 última batendo palmas pra meu querido amigo e colega de profissão Ricardo Kotscho, que recebia como prêmio o troféu Audálio Dantas de Jornalismo. Foi no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo, onde em agosto de 1998 os vereadores desta fantástica cidade me agraciaram com o título de Cidadão Paulistano. Mas essa é outra história.
Assis Angelo e amiga Denise
No Salão Nobre da Câmara estiveram cerca de duas centenas de coleguinhas. Houve pequenos discursos e tudo mais. Lá estavam Vanira e Mariana, viúva e filha de Audálio. Mais: os vereadores Eliseu Gabriel (PSB) e Luna Zarattini (PT); Juca Kfouri, Jorge Araújo, Dácio Nitrini, Serjão (Sérgio Gomes), Valmir Salaro, Denise, Markun...
Luna Zarattini foi a única petista a comparecer ao evento.
Paulo Markun tem importância fundamental na história do jornalismo de São Paulo. Entre tantas funções e cargos ocupados no correr da vida, Markun chegou à  presidência da Fundação Padre Anchieta à qual está ligada a TV Cultura (Canal 2).
A última vez que Markun e eu nos encontramos faz uns seis anos. Foi no Museu da Imagem e do Som, MIS. Na ocasião estava sendo lançada a série O Brasil Toca Choro, de que participei. 
Hoje Markun mora em Portugal. Figura e tanto!
Bom, cheguei à Câmara pelas mãos do amigo Magrão, que lá me deixou e seguiu pra compromisso em Pinheiros, zona oeste da Capital.
Na Câmara fui abraçado por muita gente bonita e lá mesmo fiz um novo amigo de infância: Júnior do Peruche, que disse estar escrevendo um livro sobre samba. Contei-lhe que fui amigo de Geraldo Filme e que tenho comigo ainda uma boa reportagem que escrevi sobre ele, publicada no extinto tabloide D.O. Leitura. Matéria Grande de duas páginas. A capa da publicação foi feita para ilustrar belo texto sobre o samba paulista assinado pelo craque José Ramos Tinhorão (1928-2021).

Denise, Assis Angelo, Paulo Markun; Ricardo Kotscho, Assis e Jr do Peruche

Fazia tempo que Kotscho e eu não nos encontrávamos. E não custa dizer e repetir à exaustão: Kotscho é um jornalista que honra a profissão.
Foi uma noite bonita.
É isso!
Ah! Ia me esquecendo: voltei pra casa pelas mãos de Júnior do Peruche, que imita a voz do amigo Oswaldinho da Cuíca como ninguém.

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (104)

E Hilda Furacão, hein?
Hilda Furacão é o romance do mineiro de Ferros Roberto Drummond (1933-2002) adaptado para TV em 1998. No enredo a bela jovem Hilda se apaixona por um religioso considerado santo da cidade em que vive, Belo Horizonte. O real, mais uma vez, se mistura com a ficção.
O livro foi lançado em 1991.
No mesmo ano em que foi lançada a novela, Hilda Furacão virou paródia no programa Sai de Baixo, da TV Globo. Miguel Falabella interpreta a personagem título.
O religioso da história de Roberto Drummond é interpretado pelo humorista Tom Cavalcante.
Há um momento em que o religioso fala a assumir a Furacão, precisa largar a batina. No que, de imediato, ela fala: “Não precisa largar a batina não, seu trouxa! Basta suspender…”.
Os paraibanos José Américo de Almeida (1887-1980), José Lins do Rego (1901-1957) e Moacir Japiassu (1942-2015) legaram à posteridade obras originais como A Bagaceira (1928), Menino de Engenho (1932) e A Santa do Cabaré (2002), respectivamente.
Em A Santa do Cabaré, Japiassu se inspira no cangaço pra desenvolver a sua trama. E lá põe um desabrido macho sem escrúpulos e rápido no gatilho que entra num puteiro sapecando bala a torto e a direito, pondo em polvorosa as raparigas de plantão.
Em Menino de Engenho, Zé Lins faz do personagem Carlinhos uma espécie de alter ego.
A história começa quando o menino presencia a morte da mãe pelo pai que é preso, colocado num manicômio e de lá some. 
Levado à fazenda de um rico parente, Carlinhos descobre as delícias do sexo antes de ser posto num colégio de padres. Seu “professor” de putaria é um certo Guedes empregado da fazenda.
Carlinhos ganha o apelido de Doidinho no segundo romance do seu criador, Zé Lins.
Em Doidinho, Carlinhos passa a se excitar com muita frequência. Pensa na prima Maria Clara, na Maria Luísa e lê livros de safadeza que o tio Juca guardava no quarto. Foi estudar no Colégio, mas lá aprendeu muito pouco as letras que o avô tanto prezava.
No seu terceiro romance, Banguê, Zé Lins traz de novo Carlinhos e aí já grande.
A Bagaceira trata do dia a dia num engenho. No engenho de um coronel que violenta uma jovem de nome Soledade. 
Esse coronel, Dagoberto, é pai de um advogado recém formado de nome Lúcio, que se apaixona por Soledade. Tem rolo. Virou filme.
Uma vez Japiassu me disse que era aparentado de Guimarães Rosa. Achei estranho, mas ele falou com tanta firmeza que não tive dúvida.
A obra de Rosa é toda recheada de encantos, incluindo amores proibidos.
Tema tabu praticamente até os dias de hoje é a homossexuliadade.
Em 1888 Raul Pompeia (1863-1895) publicou na forma de folhetim o romance O Atheneu. Saiu no jornal Gazeta de Notícias, RJ. Nesse mesmo ano, o Atheneu foi à praça no formato de livro. Provocou muita polêmica.
Pompeia morreu quando tinha 32 anos de idade, afirmando não ser homossexual.
Logo após sua morte, Machado de Assis escreveu:

Raul Pompeia suicidou-se em casa, com um tiro no coração. Mas não morreu instantaneamente. Ele ainda teve tempo de perceber que a sua irmã, ao vê-lo, tivera uma crise nervosa; por isso, murmurou à mãe que cuidasse dela.


A polêmica ocorreu por causa da prática homossexual entre estudantes do Colégio que dá título ao livro.

Sobre o escritor cearense José de Alencar, já andei falando. Mas não custa dizer algo mais, né?

Alencar foi um dos mais inspirados e prolíficos escritores do século 19. Fez carreira no Rio, RJ. Foi jornalista, dono de jornal e tal. Seu primeiro grande sucesso literário aconteceu com a publicação do romance O Guarani, sua primeira grande obra publicada no formato de folhetim, em 1857. Virou ópera. A história se passa bem no começo do século 17, com estreia mundial na Itália. A Ária dessa ópera foi gravada por vários tenores, incluindo Caruso.

Ainda no século 19, a partitura de O Guarani foi impressa e vendida em várias partes do mundo. Até no Brasil. No Rio, as moçoilas de antigamente tocavam essa peça ao piano. Há registro disso no romance Casa de Pensão, do escritor naturalista Aluísio Azevedo.


Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

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