Seguir o blog

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

E O PETRÓLEO DA AMAZÔNIA, HEIN?

Gostei da fala do Lula ontem 9 em entrevista coletiva, em Belém, PA, quando cobrou grana dos países ricos prometida para o Fundo Amazônico. Disse: 

"A Amazônia não é só a copa das árvores, não é só os rios. Lá moram milhões de amazônidas que querem viver bem, trabalhar, comer, ter aquilo que produz, além de querer preservar, não como santuário, mas preservar como uma fonte de aprendizado da ciência do mundo inteiro para que a gente possa encontrar um jeito de preservar ganhando dinheiro, para o povo possa viver dignamente".

A fala de Lula foi feita após o encerramento da reunião da Cúpula da Amazônia, que resultou praticamente em nada. Nem a pauta sobre possível exploração de petróleo na margem equatorial brasileira foi posta à discussão. Frustração geral. O que acho disso?
Acho que quanto mais petróleo for encontrado nos domínios da nossa terra, melhor. Não basta uma grana daqui e dali vir pra manter de pé a floresta Amazônica. Como diz o Lula, "A Amazônia não é só a copa das árvores, não é só os rios". É muito mais. A pobreza grassa na região, incluindo a fome. E como uma coisa puxa outra, lembrei de um livro de extrema importância publicado em 1937 pelo escritor paulista Monteiro Lobato.
A história contada por Lobato no livro O Poço do Visconde começa com Pedrinho, Narizinho, Emília, Dona Benta e Tia Anastácia assistindo aula de Geologia dada pelo "professor" Visconde de Sabugosa.
Depois de falar sobre matérias orgânicas, o Visconde discorre a respeito da erosão que corrói tudo que pode corroer. Ele:

"... A erosão desagrega as rochas e por meio dos rios as conduz para o mar. Por isso os continentes estão sempre a diminuir de volume e o fundo do mar está sempre a crescer de altura. Os sábios calculam, por exemplo, que cada mil toneladas de material pulverizado extraído do continente, de modo que em cada dez mil anos o tal golfo fica mais raso um metro. No fim de 7 milhões de anos estará completamente aterrado. Aqui no Brasil temos o Amazonas que, segundo os cálculos de Euclides da Cunha, leva para o mar 3 milhões de metros cúbicos de detritos por dia, ou seja quase dois quilômetros cúbicos por ano. Mas esses detritos não se acumulam logo adiante do despejo do Amazonas, por causa da velocidade da correnteza na foz. São levados mar adentro até alcançarem a célebre corrente do Golfo do México".

Euclides da Cunha, não custa lembrar, foi jornalista, engenheiro, poeta e geógrafo. Como jornalista cobriu a Guerra de Canudos para o jornal O Estado de S.Paulo. É dele o livro Os Sertões, cuja primeira parte é uma verdadeira aula de geologia.
Bom, voltemos ao Visconde e suas aulas aos viventes do Sítio do Pica-pau Amarelo. 
Aqui e ali interrompido por Pedrinho, Narizinho e Emília, sobre se havia petróleo no Brasil ao tempo em que o livro foi publicado, o Visconde responde:

"Não existem perfurações, isso sim. Petróleo o Brasil tem para abastecer o mundo inteiro durante séculos. Há sinais de petróleo por toda parte — em Alagoas, no Maranhão, em toda a costa nordestina, no Amazonas, no Pará, em São Paulo, no Paraná, em Santa Catarina, no Rio Grande, em Mato Grosso, em Goiás. A superfície de todos esses Estados está cheia dos mesmos indícios de petróleo que levaram as repúblicas vizinhas a perfurar e a tirá-lo aos milhões de barris. Os mesmíssimos sinais".

O que é melhor: morrer com o corpo e a mente cheios de doença, de fome, ou puro e simplesmente respirando o ar puro?
Monteiro Lobato foi o primeiro brasileiro a lutar pela localização e extração de petróleo nos nossos domínios. É dele a frase: "O petróleo é nosso". Por colocar em pauta essa questão, foi preso por Getúlio. Curiosidade: no dia 3 de outubro de 1953, Getúlio Vargas criou a Petrobrás (música abaixo).
É claro que não é importante para os grandes países produtores de petróleo e derivados ter o Brasil lado a lado. É natural que temam a concorrência e, de tabela, não queiram que o petróleo localizado na margem equatorial brasileira seja explorado.
E o poço do visconde, deu resultado?
Ao fim do livro, Pedrinho exibe uma placa com a data 9 de agosto de 1938. O que significa isso?
Ah! Sim: Lula arrancou do baú a expressão "amazônidas". Você sabe o que é isso? E você sabe também o que é manauara? E soteropolitano?
Bom, eu sou paraibano de João Pessoa.


POSTAGENS MAIS VISTAS