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domingo, 7 de maio de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (14)

A violência da censura se estendeu por todos os campos das artes: literatura, incluindo romance e poesia, dança, pintura...
Até o escritor, poeta e crítico literário, Mário de Andrade não escapou da burrice ativa dos trogloditas da Censura. O alvo deles no caso foi Pauliceia Desvairada.
E passado por passado, lembro uma vez o rei do baião Luiz Gonzaga dizer que tivera uma música sua proibida. Título: Asa Branca.
Gonzaga, como Genival Lacerda, compôs e gravou várias músicas com duplo sentido.
O rei do baião, além das brincadeiras que fazia com os mais próximos, achava bacana dizer o tempo todo que era macho. Aliás, título de um dos seus LPs: Sanfoneiro Macho.
Ainda acho, porém, que Genival foi o artista que mais e melhor cantou putarias implícitas. Nunca chegou às vias de fato. Era um humorista. A molecada adorava vê-lo se balançando com aquele barrigão.
Ao contrário de Gonzaga, Genival era cheio de graça. Ria à toa. Mas devo dizer o seguinte: aqui e acolá os dois se encontravam, musicalmente. Gonzaga cantou um matuto em Copacabana "Zé matuto foi à praia só pra ver como é que é/ Mas voltou ruim da bola de ver tanta rabichola/ Nas cadeiras das muié/ Zé matuto matutou matutou/ Escreveu pra Clodovil..." (Deixa a Tanga Voar).
Nessa mesma onda, Genival fez o mesmo com um certo Severino que "Foi na praia e ficou de queixo caído/ Viu um bumbum vestido em um tal de fio dental..." (Fio Dental).
Curiosidade: uma vez, na allTV, onde eu mantinha um programa semanal, ao vivo, perguntei a Clodovil o que achara da música de Gonzaga. Indiferente, com ar de desdém, disse que não achava nada.
Quem também ria à toa era Costinha. Boca suja, mas engraçado.
Engraçado também era Walter D'Ávila, com aquela cara aparentemente amarrada. Suas caretas eram impagáveis. Meio de bunda.

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