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quinta-feira, 30 de julho de 2020

CASCUDO PEGA A ESPANHOLA (1)

Dois meses antes de completar 20 anos de idades, em 1918, Luís da Câmara Cascudo pegou a Gripe Espanhola.
O pai de Cascudo, Francisco Justino (1863-1935), também pegou a Espanhola.
Pai e filho, portanto, escaparam da praga que matou muitos milhões de pessoas na Europa e no resto do mundo.
No Brasil, a Espanhola matou pelo menos 35 mil pessoas.
Como hoje, o Governo Federal nada fez. Até porque ainda não existia Ministério da Saúde.
No livro História da Cidade de Natal, de 1947, Luís da Câmara Cascudo conta que registros da época indicavam que a praga, denominada Gripe Espanhola, matou no Rio Grande do Norte pouco mais de mil pessoas. Isso mostra o seguinte: que as autoridades de plantão já procuravam esconder a realidade escrachada pela Espanhola. I-gual-zi-nho como hoje.
O Presidente Cloroquina tentou também fazer isso, esconder dos brasileiros a desgraça que está matando brasileiros. Isto é, a COVID-19.
Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) foi jornalista, advogado, etnólogo e tudo o mais.
Cascudo foi incrível!
Cascudo escreveu até poesia, você sabia? Ouça: 



Luís da Câmara Cascudo morreu em Natal, RN, sua terra, no dia 30 de julho.
No correr de sua vida Cascudo publicou cerca de 150 livros. Foi o mais importante estudioso da cultura popular brasileira.
Eu adorava conversar com Luís Câmara Cascudo.
Um dia Cascudo me disse que quando morresse viraria cédula, moeda. Falarei disso amanhã.

DEPOIS DA LUA, O HOMEM QUER MARTE

Um barato!
Acabo de ouvir na plim plim notícia segunda qual árabes mandaram a pouco uma geringonça até Marte, chamado por todos, e há muito, de “Planeta Vermelho”.
Os gringos do Norte, também acabam de mandar máquina parecida com as dos árabes até o distantíssimo Marte.
É um barato ou não é?
Em julho de 1969, os gringos do Norte representados por Armstrong, Aldrin e Collins, pisaram pela primeira vez na Lua. Pisaram não, violentaram a Lua. Com isso, os românticos ficamos todos tristes.
Antes disso tudo, os antigos soviéticos fizeram Gagarin (1934-68) rodar até se cansar na órbita da Terra.
A ousadia dos gringos europeus inspiraram filmes engraçados no Brasil.
Ah! Você lembra meu amigo, minha amiga, a jóinha musical que a nossa querida Elis gravou sobre Marte? Clique: 


VIVA SÉRGIO RICARDO!



Sérgio Ricardo foi um puta artista.
Em outras palavras: o paulista de Marília, Sérgio Ricardo, desaparecido há sete dias, foi uma pessoa incrível. Era acessível, ouvia a todos com calma. Quer dizer, aprendia e ensinava.
Sérgio expressava pensamentos com a maior naturalidade do mundo.
Quem conheceu Sérgio Ricardo, sabe que foi um puta cara.
Uma vez o convidei para participar de um projeto sobre os nervosos anos 1960, com exposição e tudo.
Eu o levei a Fortaleza, junto com o compositor e violonista Théo de Barros e o jornalista Zé Hamilton
Ribeiro. Esses três caras produziram uma história fantástica, cada qual a seu modo.
Sérgio compôs a música-tema da trilha do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, em 20 minutos. Talvez 30. Foi o que me disse. E acreditei.
Théo é coautor de Disparada, com Vandré. Sua obra é pequena, porém intensa.
Zé, autor de quase duas dezenas de livros, foi o único jornalista brasileiro a cobrir a guerra do Vietnã, em 1968.
Um dia Sérgio perguntou o que eu pensava sobre sua atitude de quebrar o violão no palco e atirar os restos à plateia delirante que o vaiava.
Eu disse que no lugar dele faria o mesmo. Disse também que homem que é homem, não é barata, não é rato, não é inseto. E que falaria sobre o assunto quantas vezes fosse preciso. Olhou-me nos olhos e disse:
− Você tem razão, Assis. Irritei-me muitas vezes quando me perguntavam sobre aquele ato. Isso que você diz é correto, me deixa mais aliviado.
Na hora da nossa apresentação num espaço do BNB, em Fortaleza, comecei nossa conversa perguntando exatamente sobre a fatídica noite do festival em que ele quebrou o violão. Olhou pra mim e riu, assim de modo meio cúmplice.
Sérgio escreveu um ótimo livro sobre essa história. Nesse livro, Quem Quebrou Meu Violão (Editora Record, 1991, 288 páginas), além de lembrar em detalhes o episódio, ele conta os encontros que teve com o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
O motivo da vaia foi o samba Beto Bom de Bola, que a plateia sequer deixava que ele cantasse. Ouça: https://www.youtube.com/watch?v=I81WNRdYsoM&feature=youtu.be
Anos depois, audaciosamente gravou em disco a música que a plateia sem cabeça criticava. Ouça: https://www.youtube.com/watch?v=bodRpC6rxdE&feature=youtu.be
Bom apreciador de emboladas nordestinas e poemas de cordel, neles Sérgio se inspirou para musicar Estória de João-Joana, de Drummond, em 1985, com orquestração de Radamés e regência de Alexandre Gnattali.
Quer conhecer melhor essa figura incrível que foi Sérgio Ricardo? Clique: https://assisangelo.blogspot.com/2020/07/brasil-mais-pobre-sem-sergio-ricardo.html
No acervo de onde se está a sede eternamente provisória do Instituto Memória Brasil (IMB) é possível encontrar quase tudo que o artista Sérgio Ricardo produziu.
Quer conhecer mais? Acompanhe a entrevista que fiz com ele, em São Paulo.




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