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segunda-feira, 28 de maio de 2018

DITADOS CAMINHONEIROS...


O compositor paulista de Guaratinguetá Lourival dos Santos (1917-1997), costumava telefonar a altas horas da noite para conversa. E conversava muito. Lembro que uma vez, já de madrugada, lhe perguntei como compunha, como se inspirava. E ele disse: "me inspiro lendo os ditados dos caminhoneiros, expressos nos para-lamas e para-choques".
Lourival é autor de belíssimas modas de viola, muitas delas gravadas por Tião Carreiro e Pardinho. Ouça:

Os motoristas que acabam de paralisar o Brasil não se inspiraram em Geraldo Vandré, mas poderiam."Quem sabe faz a hora, não espera acontecer". Este verso se acha na composição Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores aliás, esse verso me remete a outro que eu ouvia da minha santa avó Alcina: "Quem corre cansa, quem anda alcança".
Os caminhões que rodam os quase 2 milhões de quilômetros de rodovias, 14% delas não asfaltadas, exibem verdadeiras pérolas nos seus para-choques e para-lamas, como estas:

"Nas curvas do seu corpo capotei meu coração"
"Não sou o dono do mundo, mas sou filho dele"
"Alegria de poste é ficar no mato sem cachorro"
"Quem fica parado é poste"
"Perigo não é cavalo na pista, é um burro na direção"
"Não é pressa é saudade"
"Pobre é igual barbante: quando não está esticado está no rolo"
"Pobre é igual pneu, quanto mais trabalha mais liso fica"
"Pneus cheios e um coração vazio"
"Deus é a joia, o resto é bijuteria"
"Turbinado no pé, Reduzido no mé, Carona só pra muié"
"Amor é igual fumaça, sufoca mas passa"
"É triste a dor do parto, mas tenho que partir"


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