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sábado, 20 de abril de 2013

O CRAQUE SINFÔNICO OSWALDINHO DO ACORDEON

No século passado Oswaldinho me disse que ia mais uma vez à França para tocar com cobras criadas do zydeco, que é um ritmo nascido ali pelos anos 1950, em Louisiana, EUA, que se mistura de modo bom com o cajun, que é a música do povo acadiano expulso do Canadá, e com o canto creole de trabalho dos negros escravos americanos e tem na canção Les Haricot Sont Pas Sales a origem do seu nome.
Clifton Chenier, discípulo de Amédé Ardoin, primeiro negro sanfoneiro a gravar música creole, em 1929, foi um dos mais expressivos representantes do gênero.
Chenier morreu em 1987 e Amédé, em 1934.
Pois bem, e aí eu pedi a Oswaldinho me trouxesse o catálogo ou folder desse encontro de cobras para os nossos arquivos.
E ele trouxe, porque nordestino ou filho de nordestino quando diz que faz, faz.
E Oswaldinho faz e toca de um jeito que ninguém faz, nem toca.
Oswaldinho, filho do baiano Pedro Sertanejo, que foi pioneiro na difusão do forró e do baião em São Paulo, a pedido e orientação do seu amigo Luiz Gonzaga, é uma espécie de reserva do que há de melhor em termos de música sanfonada no Brasil.
E o Brasil, ó, parece que nem liga.
Enquanto norte-americanos, japoneses, franceses, espanhóis, portugueses, holandeses, suíços, alemães, canadenses, italianos e outras raças e gentes de outras falas e cores o requisitam e o aplaudem e o cortejam de todas as maneiras, fazendo afagos, acarinhando e convidando-o para festivais, nós ficamos indiferentes a isso tudo e, lamentavelmente, dando uma de morto para torturar o coveiro.
Até quando?
O carioca de Duque de Caxias Oswaldo de Almeida e Silva, o Oswaldinho, filho de seu Pedro e de dona Noêmia, nasceu no dia 5 de junho de 1954 e cresceu com o Nordeste dentro de casa, isto é: com os mais importantes artistas nordestinos visitando e tocando com seu pai. O Rei do Baião, por exemplo, o punha no colo. O mesmo fazia a filha de baianos e cearenses Carmélia Alves
O pai Pedro lhe deu a primeira sanfona de oito baixos e depois eletrizou a de 120.
Pronto! Não havia mesmo jeito de o menino fugir da sina de sanfoneiro.
E como se não bastasse, o rei Gonzaga também lhe dava sanfona e o incentivava a ir em frente para alegrar o povo.
E foi assim que Oswaldinho se apaixonou pelo instrumento.
Mas para que tudo corresse bem, tinha de estudar.
E estudou, no Brasil e na Itália.
Aos 13 anos de idade ele já gravava disco com o pai, que tinha casas de forró e programas de rádio.
E o menino foi crescendo e ficando famoso e importante.
Tem mais de 30 discos gravados, entre LPs e CDs.
Tem também centenas de participação em discos de outros artistas e shows de gente como o norte-americano All Jarreau e o paraibano Sivuca.
Os moldes das suas mãos estão expostos no Museu de Reggio Emilia, Itália, “identificados como as mãos mais ágeis do acordeon”.
É pouco?
No Brasil, nada.
Mas ele vai seguindo a vida, fundindo sonhos com cores e sons.
No teclado da sua sanfona, ele vai do baião e do forró gonzaguianos ao blues e a todos os ritmos e gêneros musicais conhecidos ou não.
E se você não sabia, fique sabendo que Oswaldinho foi o primeiro artista brasileiro a se divertir com uma sanfona digital, que nada, nada, tem  140 timbres acústicos.
Nesses anos todos ele tem atuado também como solista de várias orquestras, entre as quais a Jazz Sinfônica de São Paulo, a Sinfônica do Paraná, a Sinfônica de Santo André, a Sinfônica de Porto Alegre, a Sinfônica de Santos, a Infanto-Juvenil de Violões...
E agora, para relaxar, ouça um baiãozinho que fizemos juntos. CLIQUE:

SARAU
Oswaldinho do Acordeon participará do Sarau Popular do Instituto Memória Brasil que será apresentado no próximo dia 24, às 19h30, no Centro de Convenções Rebouças. O evento faz parte da programação do 16º Congresso Mega Brasil de Comunicação, que este ano se desenvolve sob o tema Planeta Comunicação na Era do Diálogo. Também participarão do sarau que terei o prazer de estar, o jornalista e poeta Fernando Coelho, o multitudo Jorge Mello, o mágico da percussão Papete, as cantoras Fernanda de Paula e Celia e Celma. 

PS – A foto em que também se vê Cesar do Acordeon, registra apresentação nossa no teatro Brincante, de Antônio Nóbrega, quando comemorávamos a primeira edição do Dia Nacional do Forró - 13 de dezembro - , que nasceu no programa São Paulo Capital Nordeste, virou projeto-lei aprovado pelo Congresso Nacional e em seguida sancionado pelo então presidente da República, Lula da Silva.    

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