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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

NO RÁDIO, O NORDESTE EM SÃO PAULO

Assis Angelo e convidados do
São Paulo Capital Nordeste
Eu comecei a minha carreira de jornalista e radialista em João Pessoa, PB.
Meus primeiros textos foram publicados no jornal O Norte, da cadeia associada formada pelo paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello. À época, 1972, eu assinava meus textos sob o pseudônimo Di Angelus. Esses textos ocupavam uma coluna intitulada Arte e Espetáculos. 
No rádio iniciei carreira, ainda nos anos de 1970, na Correio da Paraíba como produtor e locutor noticiarista, à tarde de hora em hora. À época eu me identificava pelo pseudônimo D'Ângelo Bianchini.
No decorrer do tempo, usei quase duas dezenas de pseudônimos.
Na Paraíba, o rádio foi inaugurado no dia 25 de janeiro de 1937. Era estatal e se chamava, como se chama até hoje, Tabajara.
Depois da rádio Tabajara, foi inaugurada a Arapuan no dia 18 de agosto de 1950. Eu nasceria dois anos, uma semana e 2 dias depois: a 27 de setembro.
No dia 22 de agosto de 1976, eu chegava à Capital paulista.
Em São Paulo apresentei programas nas rádios Mulher, Atual, Capital e Trianon. 
Na rádio Atual eu apresentei o programa Gente e Coisas do Nordeste.
Na rádio Capital eu apresentei o programa São Paulo Capital Nordeste.
Na rádio Trianon eu apresentei o programa O Brasil Tá Na Moda.
Na rádio Jovem Pan trabalhei na chefia de reportagem.
Entrevistei centenas e centenas de artistas como Dominguinhos, Inezita Barroso, Mário Zan, Otacílio Batista. Muitos.
Otacílio Batista foi um dos mais importantes repentistas do Brasil.
Muitos nordestinos ocuparam, e continuam ocupando, os microfones de rádio em São Paulo. Entre esses, Germano Júnior, Mano Veio e Mano Novo e Luiz Wilson.
No dia 9 de setembro de 2007, o compositor e cantor pernambucano Luiz Wilson entrava no ar pela rádio Imprensa FM 102,5 apresentando o programa Pintando o 7. É ele quem conta:
 
Minha inspiração começou na infância, no Sítio Recanto Verde-Sertânia, PE, com aproximadamente 10 anos ouvindo a Rádio Cardeal de Arcoverde. Iniciei na carreira musical e abracei o rádio depois. Já  gostava do Rádio,  mas só tive oportunidade de me dedicar quando deixei a área comercial, onde trabalhava. Iniciei no rádio gravando uns Programas e seleções musicais para a Rádio Nacional de Cotia, a pedido do saudoso Sr Waldemar Ciglione. Posteriormente apresentei Progranas em Rádios Comunitárias. Estreei o Programa Pintando o 7 na Rádio Imprensa FM 102,5 de São Paulo. Comemorando 15 Anos, o programa é compromissado com o resgate e a Preservação do Forró Pé de Serra e demais segmentos da cultura popular. Em 2016 ampliei o Pintando o 7 para a Rádio Itapuama FM 92,7 da Cidade de Arcoverde, PE, a caminho de sete anos no ar. Como Intérprete gravei 15 discos, sendo dois compactos duplas,  01 LP e 12 CDs. Aproximadamente 140 músicas gravadas. Como Cordelista são aproximadamente 20 folhetos, em destaque o Livro/ Método de Vendas: Vendendo e Aprendendo em Cordel.

O programa Pintando o 7, produzido pela cantora mineira Fatel, é um programa recheado de xotes e
Beto Alves, Paulinho Rosa e Dominguinhos na Rádio USP
forrós, como é o programa do paulistano Paulinho Rosa. É ele quem conta:

Talvez por amar rádio e achar um veículo de comunicação fantástico acabei conseguindo criar, produzir e apresentar um programa chamado Vira e Mexe na Rádio USP, programa este que mostra tudo sobre o FORRÓ desde de 2009 e que teve ninguém menos que Dominguinhos como parceiro e ainda o Beto Alves, um ótimo técnico que ajuda em tudo o programa. O programa reflete a minha vivência como produtor de FORRÓ há 22 anos no Canto da Ema e muito do que aprendo na musica sendo sócio da Casa Natura Musical.
 
Outro paulistano que fazia da música do Nordeste bandeira no rádio foi Jorge Paulo (1938-2015).
Durante anos e anos Jorge apresentou o programa Chapéu de Couro nas rádio Bandeirantes, Cultura, Globo. Até um filme ele estrelou. Neste filme, Chapéu de Couro, participou o rei do baião Luiz Gonzaga. Éramos amigos e ele costumava abrilhantar nossas conversas com suas histórias. Chegou a ser deputado.
O compositor e cantador mineiro Téo Azevedo também usou os microfones de rádio (Record e Atual) para mostrar os artistas da sua terra e do Nordeste.
Ao lembrar do rádio da Paraíba, lembro-me imediatamente de nomes famosos como Enoque Pelágio e Bernardo Filho, com quem trabalhei na rádio Correio da Paraíba.
Enoque, durante anos, apresentou o programa líder de audiência Eu Sou Eu e o Povo é o Povo. Essa história é contada pelo historiador José Octávio de Arruda Mello, no Livro A Arapuan e o Rádio Paraibano — Uma Biografia Dual (Ed. A União, 2020).
Por ninguém ter se tocado em compor um hino para o rádio, Jarbas Mariz e eu compusemos O Samba do Rádio. Abaixo, na voz do próprio Jarbas: 

O IDIOTA E A RAINHA

A minha filha Ana Maria telefona perguntando se eu vou ou não escrever sobre o desaparecimento de uma de suas melhores amigas. Foi ontem, ela disse. Curioso, perguntei: quem é essa sua amiga, filha?
Com um sorrizinho cheio de graça, Ana Maria respondeu: "A Beth, pai. A minha rainha morreu".
Diante de tal curiosa revelação, prometi escrever algo. Começo assim:

A rainha Elizabeth
Partiu silenciosamente
Deitada na sua cama
Pensando na sua gente
Pra sempre seu nome fica
Gravado na nossa mente

Com certeza foi grande
A rainha dos ingleses
Amada por muitos povos
Entre os quais os franceses
Sem esquecer os alemães
Esquimós e holandeses

Mas posso também falar
Da rainha Flor Maria...


Elizabeth II (1926-2022), a mais longeva dentre todas as rainhas, deixou exemplo a ser seguido por governos e povos de todas as línguas. Há mais de seis mil línguas na boca dos povos. Línguas vivas. E há tiranos e democratas no mundo.
A democracia é o melhor sistema de governo pra tudo quanto é gente.
Elizabeth II era democrata.
Bolsonaro é um idiota.
Pela primeira vez na história da nossa República, um presidente não comparece a uma solenidade de homenagem à independência do Brasil. Triste. Lamentável, sob qualquer ponto de vista.
O presidente do Senado, Ricardo Pacheco, foi a primeira autoridade brasileira a se manifestar publicamente sobre o desaparecimento da rainha Elizabeth.
E já que falei do Senado, não custa lembrar que houve lá uma sessão especial muito bonita em comemoração ao bicentenário de Nossa Independência. À cantora Fafá de Belém coube interpretar o Hino Nacional. Representantes de vários países, como o presidente de Portugal, prestigiaram o evento. 
No dia 7 de setembro a Embaixada britânica em Brasília acusou o recebimento de uma mensagem de parabenização ao Brasil assinada pela rainha Elizabeth II. A mensagem é a seguinte:
"Em meio à celebração da importante ocasião dos 200 anos de independência, gostaria de parabenizar Vossa Excelência e enviar minhas felicitações ao povo da República Federativa do Brasil, lembrando com carinho da minha visita ao país em 1968. Que continuemos trabalhando com esperança e determinação para superar os desafios globais juntos ".
A rainha Elizabeth foi recepcionada em São Paulo no ano de 68 pelo magnata da imprensa brasileira: Assis Chateaubriand. 
Há sim! Ia-me esquecendo de recomendar a leitura do livro O Idiota, de Dostoievski.

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