Seguir o blog

sábado, 26 de novembro de 2022

MÚSICA E FUTEBOL, BRASIL: RUMO AO HEXA (1)


O Mundial de Futebol mais louco, desvairado e polêmico é o que se acha ora em andamento no Catar.
O Catar faz parte de um mundo inacreditável pela violência que reina no Oriente Médio: muito dinheiro no bolso de poucos e nada no bolso de muitos, sem falar da discriminação contra mulher e gay. Um horror! Mas não é exatamente disso que quero aqui falar.
Quero falar da bela e imorrível paixão entre o futebol e a música.
Em 2010, publiquei A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira. Fui o primeiro a abordar essas duas questões, em livro. No mesmo ano publiquei longo artigo na revista Textos do Brasil, do Ministério das Relações Exteriores.
A primeira música que trata de futebol gravada no Brasil, foi intitulada Foot-Ball. Trata-se de uma marcha de autoria desconhecida. Foi lançada por volta de 1912.
Os clubes de futebol no País começam a se formar em 1895, no Rio. O primeiro foi o Flamengo.
Em São Paulo, os primeiros foram dois a se formarem: o Savóia, de Votorantim; e a Ponte Preta, de Campinas.
Depois do Flamengo surgiu, no Rio, o Fluminense em 1902.
Em São Paulo novos times iam sendo fundados. Em setembro de 1910 gente simples do trabalho davam forma ao Corinthians, inspirados num time inglês de mesmo nome. Quatro anos depois, em agosto de 14, era criado o Palestra Itália. O Palestra, nada mais nada menos, é o verdão Palmeiras.
A multiplicação dos times de futebol passou a inspirar compositores de todos os naipes.
Em 1930 é realizado o 1º mundial de futebol, no Uruguai.
Em 1930 é lançado o que se considerou o 1º hino ao Corinthians, de F. Loroza e Ed Dohman. Gravado por Guarany e Pirajá.
Em 1958 a seleção brasileira ganhou o 1º mundial. A vitória gerou o clássico A Taça do Mundo é Nossa, cuja a matriz se acha no acervo do IMB.
Compuseram belas obras relacionadas ao futebol Noel Rosa, Capitão Furtado, Raul Torres, Paulinho Nogueira, Adoniran Barbosa, Wilson Simonal, Gereba. Até Jarbas Mariz e eu acabamos de compor o rap Rumo ao Hexa.
Músicas levantando a bola do futebol têm sido compostas em todos os ritmos e gêneros: canção, forró, baião, samba, rock e tal.
Em 1972 a mineira Maria Alcina tinha 23 anos de idade quando trocou seu berço Cataguases (MG), pelo Rio de Janeiro, para abraçar a carreira de cantora. Apostou e ganhou: em 1972 virou sucesso ao defender Fio Maravilha, de Jorge Ben, no 7° Festival Internacional da Canção.
"Claro que sou torcedora do Flamengo, mas também sou torcedora do Corinthians", disse a mezzo soprano Alcina. Como Inezita Barroso, está sempre rindo e revelou, com toda a sua graça: "O Pelé chegou a fazer uma música pra mim. Você sabia?".
A música a que se refere Alcina é o batuque Acredite no Veio, que se acha no LP Bucaneira. (selo Origem, 1992). É assim, cantarola a cantora:

Acredita no véio
Pode falar mizifio
Que o véio tem força
Faz seu time ganhar…


Além dos compositores já citados encontraram no futebol inspiração os craques Pixinguinha, que em 1919 gerou o choro 1×0; Silvio Caldas, palmeirense de primeira hora; Jackson do Pandeiro, Gordurinha, Chico Buarque, fluminense convicto; Gilberto Gil, Moreira da Silva, Wilson Batista, Lamartine Babo, torcedor do América e autor de uma dúzia de hinos para times do Rio; Ari Barroso, flamenguista histórico; Capiba, Aroldo Lobo...
É claro que Luiz Gonzaga deixou sua marca nessa seara.


POSTAGENS MAIS VISTAS