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sábado, 29 de julho de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (34)

A licenciosidade no cordel vem desde fins da Idade Média, que começou no século V e terminou no século XV com a tomada de Constantinopla pelos turcos. A donzela Teodora é exemplo. E o tempo vai, vai, vai até os dias de hoje. Na poética bilaquiana, bandeiriana, drummondiana e tantas; Hilda Hilst
A temática é sempre revisitada, aqui e alhures.
Mineiro e Manduzinho
É raro encontrar um poeta popular ou compositor popular, de coisas simples do povo, que não aborde o tema erótico no duplo sentido. Mais das vezes as abordagens beiram a banalidade, o chulo. Porém, diga-se, aqui e acolá se acham coisas engraçadas.
O mineiro Téo Azevedo, o mais prolífico dentre todos os compositores contemporâneos, popular no sentido estrito do termo, brinca com palavras que formam composições de baixo calão. Daí, muitas vezes, a graça. Exemplos: Abelha Tubi, Aperto na Ruela, Atola João Cabeçudo, Baile do Jacú, Boiola, Cacete Armado, Castrado, Cagão na Camisa, Carimbó do Filho do Tuta, Ele é Boiola, Eu Comi a Jaca Dela, Filho do Tuta, Forró do Zé Atola, O Fumo Só Ta Entrando, Jaca Dela, Sem Calcinha, Tira a Saia Maria, Vou Te Dar Minha Pitomba, A Mulher do Corno Rico, Acorda Corno, Corno Conformado.
É vasto o repertório que trata musicalmente do corno como personagem do infortúnio, digamos assim. E nunca é tarde para lembrar das gracinhas musicais que fazia o grupo Mamonas Assassinas, que tinha Dinho como vocalista. Na valsa Bois Don’t Cry, Dinho canta: “… Soy un hombre conformado/ Escuto a voz do coração/ Sou um corno apaixonado/ Sei que já fui chifrado/ Mas o que vale é tesão…”.
Até no mundo animal há bichos que pulam a cerca, ou ninhos, segundo levantamentos de cunho científico.
E a história do João de Barro, hein?
Uma lenda dá conta de que o João de Barro, quando descobre ter sido “corneado”, tranca na sua casa a infiel. E presa, morre.
Zé Mulato e Cassiano
A dupla caipira Mineiro e Manduzinho gravou em 1956 uma toada de autoria de Moíbo Cury e Teddy Vieira, que diz: “Mai neste mundo o mal feito é descoberto/ João de Barro viu de perto sua esperança perdida/ Cego de dôr trancou a porta da morada/ Deixando lá sua amada presa pro resto da vida…”.
Os violeiros Zé Mulato e Cassiano fazem comparação do homem com a espingarda, que quando jovem se acha com todo o vigor. A espingarda, no caso, é o órgão genital masculino. Diz:

— Em compade pensando bem. A vida da gente é mesmo que ver uma espingarda. É mema coisa compade. No princípio a gente dá tiro.
— É verdade. Atirar é muito bão. Vai tirando vida a fora, mais lá por fim o tem lenca. Eh, mais quando tá ficando bão lenca compade.

Dos vinte até os trinta
Nossa vida é muito boa
A espingarda anda armada
E o atirador caçoa

Sortimento tá sobrando
Muitas veiz atira à toa
É só triscar no gatilho
Que a língua de fogo avoa…

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