O Brasil caiu em prantos e se vestiu de luto na manhã do dia 24 de agosto de 1954, ao tomar conhecimento do suicídio do gaúcho Getúlio Dorneles Vargas, baixinho que formara chapa à Presidência no ano de 30 com o paraibano João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, morto a tiros numa confeitaria da capital pernambucana, Recife.
Na hora como a de agora, naquele agosto de 54, muita gente desmaiava no Rio de Janeiro, sofrendo tipos diversos de dores e sentimentos no velório do político que ficou conhecido de norte a sul do País como o “pai dos pobres”.
O Catete, em Copacabana, virou muro de lamentações.
Primeiro, foi a Rádio Nacional que divulgou a tragédia na voz do ministro Oswaldo Aranha, da Fazenda.
Depois, todas as emissoras de rádios do País emitiam seguidamente a íntegra e partes mais fortes da carta-testamento do presidente morto.
Essa carta logo teria interpretação registrada num disco (selo Monumento) de dez polegadas na voz do paulista Silvino Netto, cantor, compositor, radialista:
“Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram, respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate”.
A carta dramática, com imagens shakespearianas, findava assim:
“Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”.
Getúlio começou a morrer na Rua Tonelero pelos tiros de uma Smith & Wesson 45 disparados pelo pistoleiro de aluguel Alcino João que atingiram o major Vaz, e no Catete quando acionou o gatilho de um Colt 38 com cabo de madrepérola no próprio peito. Mas seu fim fora anunciado bem antes, pela boca de seu arquiinimigo Carlos Lacerda que o chamava nas páginas do seu jornal, Tribuna da Imprensa, de “protetor de ladrões”.
A história polêmica é conhecida por muita gente.
Um dia antes do suicídio, o jornal Última Hora estampou em manchete uma frase histórica: “Só morto sairei do Catete”.
Nunca, nenhum presidente do Brasil foi tão espontaneamente cantado em verso e prosa como Getúlio Vargas.
Dezenas e dezenas de músicas foram compostas e gravadas em sua memória. E até clássicos perduram no nosso cancioneiro, como o rojão Ele Disse, de Edgar Ferreira, gravado, entre outros, por Jackson do Pandeiro e Zé Ramalho. Diz o refrão:
“Ele disse muito bem
O povo de quem fui escravo
Não será escravo de ninguém...”
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Nunca também nenhum presidente do Brasil fez o que Getúlio fez. E não por falta de bala ou revólver...
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Mas cá pra nós, o que diria hoje Carlos Lacerda do presidente Lula, hein?
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O rei do Maranhão, o bigodudo Sarney, subiu mais uma vez ontem ao palco da Casa que preside – a de mãe Joana – para falar sobre o escritor Euclides da Cunha. O velho ator falou e falou como se nada tivesse acontecido. Crise, que crise? E ainda ficou irritado com o aparte feito por Eduardo Suplicy, que queria explicações dos atos que lhe renderam 11 denúncias indevidamente arquivadas pelo Conselho de aÉtica da Casa. Resposta ao aparte: Vossa Excelência, disse ele a Suplicy, “coloca neste gesto um gesto que não é de Vossa Excelência. A não ser que tenha sido tomado por paixão política para que tenha desrespeitado as regras da educação e convivência parlamentar. Eu coloquei todas as acusações feitas à minha presidência do Senado. Se Vossa Excelência tiver alguma a apontar, coloque se é da minha primeira presidência, da segunda. Se naquela época não protestou, qual tomamos nos últimos cinco meses se não corrigir o Senado? Mas não quero arranhar a memória de Euclides da Cunha".
Pqp!
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E o caso Belchior?
Quanta besteira foi dita ontem no programa Fantástico, da Plim plim. O programa mostrou exatamente como não fazer jornalismo sério.
Há uns dois anos, eu já registrava isso na coluna que assinava no Music News. Mas um registro comum, natural; do sumiço voluntário e momentâneo de um artista que tem mais o que fazer além de cantar simplesmente o que as gravadoras querem, ora!
O Vandré fez o mesmo.
Onde anda Vandré? Compondo em casa, tomando uma cervejinha, conversando com amigos fora dos palcos.
Do colega jornalista Luciano Sá, assessor de imprensa do BNB, eu recebo:
“Em 28 de agosto de 2007, o cantor e compositor Belchior concedeu entrevista musical, aberta ao público, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza, dentro do programa Nomes do Nordeste, quando compartilhou sua história de vida e descreveu sua trajetória artística. Nessa entrevista, Belchior falou sobre os projetos artísticos em andamento. Ele revelou ter iniciado a exaustiva façanha de traduzir o poema épico e teológico A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265-1321), considerado até hoje o maior poeta italiano. Para se ter uma idéia da proeza estética enfrentada pelo artista cearense, o poema tem nada menos que 14.233 versos a serem vertidos para o Português. A Divina Comédia é a fonte original mais acessível para a cosmovisão medieval, que dividia o Universo em esferas geocêntricas, dividindo a Terra e o Céu pela órbita lunar. (Coincidentemente, Belchior é autor de uma canção intitulada Divina Comédia Humana, gravada em 1978, como faixa de abertura do disco Todos os Sentidos.
Paralelamente, ele afirmou estar preparando um CD que incluirá músicas com diversos parceiros, além de uma caixa com três DVDs, trazendo uma completa retrospectiva sobre sua vida e obra. Enfim, será um documentário com tratamento cinematográfico apurado, abrangendo imagens de espetáculos e entrevistas realizadas, material musical inédito e depoimentos de amigos, parceiros, pesquisadores e fãs.
Essas duas informações foram publicadas na matéria intitulada Belchior em Quatro Tempos, veiculada na revista Conterrâneos (edição nº 8, setembro/outubro 2007), editada pelo Banco do Nordeste com periodicidade bimestral, tiragem de sete mil exemplares e distribuição entre os funcionários do BNB.
Talvez o sumiço de Belchior - divulgado ontem (domingo, 23) pelo programa Fantástico, da TV Globo - possa estar relacionado à sua imersão total nesses dois projetos”.
Tel.: 85 3464-3196 / 8736-9232
lucianoms@bnb.gov.br
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segunda-feira, 24 de agosto de 2009
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