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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

EU E MEUS BOTÕES (7)

"Confesso que estou ficando bastante preocupado com o que tenho ouvido por aí", diz com o semblante franzido o nosso papa-jerimum Biu, que lá na terrinha é chamado de Severino. "Esse cabra aí é frouxo, patrão!", interrompe o desabrido Lampa, acrescentando: "Se fosse lá no Pernambuco, no mínimo esse cabra levaria uma pisa até virar homem!". "O Lampa tem razão, o Biu é um frouxo!", provocou Zé. "Sou macho, sou das terras das Alagoas. Lá na minha terra, macaco avoa e minhoca fácil, fácil vira cobra". Vamos parar com isso, pessoal.

"O Biu tem razão, patrão. O clima tá ficando esquisito. Sinto cheiro de pólvora no ar", disse enigmaticamente o cearense Jão. "Na terra onde eu nasci, a gente já nasce preparado pra tudo", emendou Zé, recebendo palmas do discreto Mané. "Que ninguém se esqueça, foi lá em Princesa que começou a guerra de 30", lembra o paraibano. Vocês hoje estão demais, observo.

Enquanto meus botões mostram preocupação com o que pode acontecer já, já no Brasil, o telefone toca. Era o juiz Onaldo Queiroga dizendo que tem uma pessoa querendo falar comigo. E passa o telefone. Ouço: "Boa tarde Assis. Estudamos artes plásticas com o João Câmara, Celene Sitônio e Raul Córdola, Lembra?". Zoião quis saber com quem eu estava falando. Respondi que estava a papear com um conterrâneo dos fins dos anos de 1960, o João Batista. "E ele era pintor, era?". Respondi que sim, e dos bons. E tipógrafo, responsável pela primeira revista editada a cores na Paraíba. "E como se chamava essa revista?", quis saber o curioso. Esqueci, respondi.

O tempo segue, infalível. 

Mas eu quis saber qual o motivo que estava deixando Biu preocupado. E ele: "A direitona, essa que vive pra judiar os pobres, está se armando. É só ver e ouvir a convocação do Bolsonaro para o 7 de setembro". O Zé concordou, rapidamente: "A fala do cantor Sérgio Reis é também muito expressiva". Cutucando as unhas com um punhal e depois dando uma cuspida de lado, Lampa disse: "Pela Democracia, lutarei até o fim". E aí as palmas foram gerais.

Lá do seu canto, Zilidoro deu o ar da graça: "A política tá pegando fogo e as florestas também. Agora mesmo, o parque do Juquery, com seus 2 mil hectares, está sendo engolido por labaredas insaciáveis". Gostei desse "labaredas insaciáveis". É bom falar com um poeta, não é mesmo Barrica? E Zilidoro: "O patrão nunca falou, mas eu conheço uma música dele e do Téo Azevedo que fala sobre incêndios provocados por balões". Incrédulo, Biu disse: "Bom, vamos deixar a política de lado e ouvir a música do patrão?".

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