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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

BOECHAT FOI DO CARALHO!

Hoje faz uma semana que Ricardo Boechat foi para um lugar que ele não acreditava existir: o céu.
Boechat dizia-se ateu. E mais ou menos comunista. Mesmo incompleta está ai uma mentira.
Boechat era um anarquista inserido no mundo capitalista, que sabia perfeitamente como lidar com as diversas tendências políticas e sexuais.
Além de ateu, ele declarava-se um tarado. Moderado, claro.
Boechat não tinha o menor pudor de dizer aos microfones da Band FM que gostava de ver filme pornô. E falava isso com todas as letras, naturalmente.
Boechat era uma figura...
Acho que foi ainda num dia deste ano que eu o ouvi a falar sobre hemorroidas. E foi muito engraçado. Ele contou detalhes até onde se lembrava da cirurgia. Achei legal.
Boechat quebrava rótulos, mitos e tabus. Falava língua simples, a do povo, por isso tanto carinho, respeito e admiração por ele.
Ricardo Boechat foi um cara do caralho. Ele contou histórias do dia a dia de modo o mais natural. Ele fez do microfone o instrumento mais potente de que um comunicador pode fazer. Nisso ele era bom demais. O cartunista Fausto, que embarca amanhã ao Paraguai, sacou isso em traços. Ai está:

UMA VEZ FLAMENGO, FLAMENGO ATÉ MORRER!

Hoje segunda, 18, faz dez dias da tragédia incendiária que vitimou mortalmente o sonho de dez jovens, no Rio. Dos três que ficaram gravemente feridos, dois receberam alta hospitalar e um continua internedo: Jhonata Ventura, de 14 ou 15 anos.
O Rio de Janeiro é uma tragédia, por si só.
O Brasil é uma tragédia. Os poderosos são uma tragédia. Até quando suportaremos tanta tragédia?
Como sobreviver às tragédias?
As tragédias acontecem de modo previsível, aqui no Brasil. Especialmente aqui, no Brasil.
As últimas grandes tragédias ocorreram em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Em Minas, a Vale do Rio Doce assassinou trabalhadores das localidades de Mariana e Brumadinho. A primeira, já está praticamente esquecida. A segunda está indo para o esquecimento, também.
Pois é, há pouco veio aquela enxurrada que matou não sei quantas pessoas no Rio de Janeiro e o caso do Ninho do Urubu. Que nome, hein?
O Ninho do Urubu é o local em que jovens treinavam sonhos para alcançar o estrelato no mundo do futebol. Nessa “brincadeira”, morreram 10 futuros jogadores do Flamengo. Eram futebolistas em formação.
Bom, o Flamengo é um dos times mais antigos do Brasil. Tem mais de 100 anos de existência. E é o mais rico dentre todos os times de futebol do País.
Em 1920 um dos atletas do Flamengo e também jornalista, Paulo Magalhães (1900-1972) compôs o hino oficial do time que defendia: Hino Rubro-negro, gravado em disco pela primeira vez em 1932, pelo cantor Castro Barbosa (1909-1975). Em 1945, Lamartine Babo compôs a marcha Hino ao Flamengo, gravado originalmente por Gilberto Alves (1915-1992).
No céu não tem time de futebol, mas certamente foi pra lá que os meninos assassinados pelos descaso dos diretores do Flamengo foram.
O Flamengo é o time de maior torcida do país, o segundo é o Corinthians.
Grandes nomes das artes e da literatura torciam fervorosamente pelo time de Zico: Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Ary Barroso.
Diz a lenda que uma vez perguntado porque torcia pelo Flamengo o autor do clássico Grande Sertão: veredas, respondeu dizendo, emblematicamente: “Os homens inteligentes torcem pelo Flamengo”.
Uma vez, também, Walt Disney ofereceu mundos e fundos ao compositor Ary Barroso. Ele queria que o autor de Aquarela do Brasil fosse trabalhar nos Estudos Disney, nos EUA. Conversa vai, conversa vem, Ary perguntou: “Nos Estados Unidos tem Flamengo?”. E como nos Estados Unidos não tinha e não tem Flamengo, Ary não foi trabalhar nos Estúdios Disney.
Não á toa, a marcha de Lamartine contém os versos: “Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer”. Foi por esse time que os meninos do Ninho do Urubu morreram.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, há todas as músicas enaltecendo o Flamengo gravadas em discos de 78 rotações, compactos e LPs.
Ai na foto, duas matrizes com Flamengo interpretado por Jacob do Bandolim e Flamengo em Marcha, do Spots contendo spots veiculados nas emissoras de rádio no ano de 1962, quando o Rubro-negro carioca desenvolveu uma grande campanha para construção do seu centro de treinamento, na Gávea.


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