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sexta-feira, 9 de julho de 2021

MINHA AERONÁUTICA?

"Homem armado não ameaça".
A frase ai, ameaçadora, saiu da boca do tenente brigadeiro do ar, Carlos de Almeida Baptista Junior, em entrevista publicada hoje 8 no jornal carioca O Globo. Rendeu manchete.
O autor dessa lamentável frase vem a ser, nada mais nada menos, do que o chefe da nossa briosa Aeronáutica.
E tudo começou há dois dias, com uma declaração do Senador Omar Aziz, presidente da CPI que apura incompetências e irregularidades no Ministério da Saúde. Noutras palavras, corrupção. Disse Aziz, na ocasião: “os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia. Fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo".
Em todo lugar, em todas as profissões, inclusive nos pomares, existem pessoas de comportamento condenável. Podres, que nem laranjas mal colhidas ou alojadas.
Tudo é muito óbvio: não há perfeição, nem na terra, nem no ar, nem no mar. 
A nota oficial assinada pelos chefes das três forças, que teve por base a fala do senador Aziz, não retratou com fidelidade o que foi dito. O senador disse uma coisa e as Forças interpretaram outra. E a partir daí, certamente por orientação do presidente da República, deu no que deu. Grave é a insistência de transmitir ao público o falseamento de uma fala. 
O Chefe da Aeronáutica disse que não vai mais assinar nota direcionada ao titular da CPI: "'Nós temos mecanismos dentro da base legal para evitar isso".
O isso aí referido, também uma ameaça, tem a ver com eventuais novas declarações de membros da CPI à militares da ativa, ou da reserva, envolvidos nas investigações que apuram possíveis irregularidades no Ministério da Saúde.
Pena, pena. 
Depois da entrevista do comandante Baptista Junior, fiquei com uma pulga na orelha: será que ele está pensando em fechamento do Congresso? Humm... Bolsonaro deve estar se coçando para fazer isso. 
Até hoje, na história do Brasil, houve uma dúzia e meia de ocasiões em que o congresso foi fechado. Uma vez no primeiro Império, 11 vezes no Segundo; um na Velha República; dois no Governo Vargas; e três na ditadura militar que durou de 64 à 85. Detalhe: coube ao marechal Floriano Peixoto reabrir o Congresso fechado por Deodoro da Fonseca. 
Peixoto não só reabriu o congresso, como suspendeu o estado de sítio. E Peixoto não foi flor que se cheirasse, certo?
Enquanto isso, Bolsonaro continua destemperado e soltando palavrões a torto e a direito, mas na certeza de que são suas as Forças Armadas. 

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