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domingo, 8 de setembro de 2024

CEGOS FAZEM BONITOS EM PARIS

Depois de uma semana e quatro dias  terminou hoje em Paris a Paralimpíada que mais resultado rendeu desde seu início em 1960, em Roma.
O total de medalhas conquistadas por nossos representantes brasileiros soma 462 de ouro, prata e bronze. Dessas 134 de ouro, 158 de prata e 170 de bronze.
Os brasileiros estão voltando da França com 89 medalhas conquistadas por lá.
A seleção brasileira de cegos ficou em 3º lugar. O 1º coube aos franceses e o 2º aos argentinos.
A sensação brasileira da Paralimpíada em Paris foi a pernambucana Carol Santiago, de 39 anos de idade, que faturou três medalhas de ouro.
Juntando essas de ouro que acaba de ganhar com as outras faturadas em torneios anteriores, Carol já tem seis medalhas do mais cobiçado metal.
Medalhas de ouro valem 350 mil reais.
Nada mal, né?
Curiosidade: é incerto o número total de pessoas cegas no Brasil. A última pesquisa do IBGE foi feita em 2010.

ANALFABETISMO

Hoje 8 é o Dia Mundial da Alfabetização. Ser analfabeto é como ser cego. Deve ser pior, até pois ter olhos que veem mas não leem deve ser de lascar.
No Brasil há pelo menos cerca de 7% da população não sabe ler ou distinguir o O de uma roda. Pena. É muita gente.
A educação é a mola que alavanca um país.

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (128)

No Brasil de Guimarães Rosa, Paulo Dantas (1922-2007), Limeira e Manoel Camilo dos Santos (1905-1987) houve e continua havendo espaços para o fantástico. 

Camilo, como Limeira, deixou além de saudade uma obra muito bonita.

A Viagem a São Saruê por exemplo, país inventado por Camilo, começa assim:


…Eu que desde pequenino

sempre ouvia falar

nesse tal São Saruê

destinei-me a viajar

com ordem do pensamento

fui conhecer o lugar.


Iniciei a viagem

as quatro da madrugada

tomei o carro da brisa

passei pela alvorada

junto do quebrar da barra

eu vi a aurora abismada…


E lá pras tantas, segue dizendo o poeta:


…Lá os tijolos das casas

são de cristal e marfim

as portas barras de prata

fechaduras de “rubim”

as telhas folhas de ouro

e o piso de sitim.


Lá eu vi rios de leite

barreiras de carne assada

lagoas de mel de abelha

atoleiros de coalhada

açudes de vinho do porto

montes de carne guisada…


Na terra de São Saruê há de um tudo. Lá ninguém passa fome, porque lá tudo tem e tudo dá sem sequer precisar plantar. É tudo frouxo e legal. 

Quase no fim dessa história, diz o cordelista sobre amor e felicidade:


Tudo lá é festa e harmonia 

amor, paz, benquerer, felicidade 

descanso, sossego e amizade 

prazer, tranquilidade e alegria;... 


Pois é, amigos e amigas, esse cara, Camilo, deixou um monte de coisas bonitas.

Eu o entrevistei e publiquei nossa conversa no extinto diário paulistano Jornal da Tarde.


Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.

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