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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

POETA COSTA LEITE É AGORA ESTRELA NO CÉU

 
O poeta e xilogravador José Costa Leite fechou os olhos e partiu para uma viagem sem volta, ontem 24.
Costa Leite nasceu no dia 27 de julho de 1927 em Sapé, município paraibano conhecido pela qualidade da produção de abacaxis.
Muito cedo, com cerca de 11 anos de idade, Costa Leite deixou Sapé junto com a família para morar no município de Condado, localizado na zona da mata pernambucana, foi lá que cresceu e iniciou a carreira vendendo folhetos nas feiras livres.
Tinha uns 20 e poucos anos quando compôs seu primeiro folheto de cordel. Gostou e seguiu em frente, transformando-se num dos mais expressivos poetas populares do Nordeste.
Autor de centenas de folhetos, Costa Leite chegou a gravar 2 LPs, um em 1977 e outro, em 1983.
Um dos poemas mais conhecidos desse cordelista é A Véia Debaixo da Cama e a Perna Cabeluda.
José Costa Leite deixou marca profunda na poesia de gracejo, na poesia de debate/desafio e tudo mais. Leia mais: JOSÉ DA COSTA LEITE, 93 ANOS
 
 

JÂNIO, RENÚNCIA: 60 ANOS

Em setembro de 1987, eu chefiava a Editoria de Política do jornal O Estado de S.Paulo.
No dia 22 daquele mês e ano, eu deixava bem cedo a minha casa para um encontro com o prefeito Jânio Quadros (1917-1992), como combinado.
O combinado naquele dia era que eu chegasse a seu gabinete, no Ibirapuera, pontualmente às 7 horas. Cheguei.
A porta estava aberta, nem a secretária havia ainda chegado. E o prefeito de braços abertos, de pé, disse ao me ver: “Parabéns”.
Numa longa e até engraçada entrevista, Jânio relembrou a sua história e o motivo que o levou a disputar a cadeira de prefeito do Município de São Paulo, o mais rico e populoso do Brasil. E falou e falou. Disse ser a favor do presidencialismo como sistema ideal de governo do País e que o parlamentarismo é uma josta. Disse também que a esquerda, como a direita, poderia decretar golpe político a qualquer momento. Mas ressaltou: “Ao Supremo Tribunal Federal cabe exercer ação fiscalizadora sobre os outros poderes, mantendo ou cassando leis, mas sempre respeitando a Constituição”. LEIA: ESQUERDA DOMINA O CONGRESSO
Jânio Quadros disputou e assumiu todos os mandatos políticos, antes de chegar à presidência da República.
Antes de Jânio, nenhum presidente recebeu tantos votos nas urnas. Mas a isso ele não deu muita bola e tentou o inimaginável: um golpe, depois de ganhar a Presidência. Até parece, pela forma dita, o que ora ocorre no Brasil: um presidente eleito pelas urnas, querendo se perpetuar pela violência e bala.
Bolsonaro, o atual presidente do Brasil, detona as instituições democráticas no propósito de perpetuar-se no poder.
Jânio tentou perpetuar-se no poder com uma carta de “renúncia”.
A vontade de Jânio era “voltar” nos braços do povo.
Mas Jânio não pensava em pôr as forças nas ruas, incluindo o Exército.
Sobre sua renúncia, no dia 25 de agosto de 1961, leia: A RENÚNCIA DE JÂNIO
O detalhe é o seguinte: Jânio foi um grande marqueteiro e duas músicas o marcaram profundamente: Varre, Varre Vassourinha e O Jeito É Jânio. Ele sabia se “vender”. Leia: A POLÍTICA EM JINGLES
Jânio seguiu passo a passo todos os passos até chegar à presidência da República.
Jânio entendeu tudo, na vida política. Chegou ao ponto de homenagear, com medalha valoroza, o guerrilheiro Che Guevara (1928-1967).
Bolsonaro jamais faria isso, jamais reconheceria o valor da oposição.
Chamar Bolsonaro de idiota é burrice, pois os idiotas são puros. Que o diga Dostoiévski (1821-1881).
De direita, Jânio foi um patriota. Conhecia leis e gostava do povo.

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