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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A POÉTICA MUSICAL DE IVES GANDRA

A forte base de sustentação das diversas melodias do músico-arranjador Eduardo Santhana para o CD Para Ruth (ao lado) é óbvia: os poemas de 14 linhas curtos e decassilábicos e alexandrinos de Ives Gandra da Silva Martins.

Nessa nova empreitada poética Ives se sai muito melhor do que a encomenda, tanto que se não fosse quem é na área jurídica, um nome de renome internacional, certamente não faria feio como poeta de carreira.
A prova são os belos versos que extraiu de recôndita sensibilidade para o singelo CD/tributo a sua musa querida, Ruth.
Há verdadeiras pérolas no disco, de 15 faixas, como esta que aparece já na 1ª faixa (Navegantes do Espaço), e que diz para gáudio geral:

Navegantes do espaço cruzam mares
Marinheiros do tempo sonham luas
Saltimbancos das vidas estelares
Descortinam sidéreas sombras nuas.

E segue:

Cavaleiro e cavalo em descompasso
Formam nuvens pálidas no azul
Cavalgando sem nunca deixar traço
Como os corcéis alados d´Stambul.

A melodia desenhada elegantemente pela irrepreensível flauta em Sol e o bandolim mágico do craque Pratinha completa a beleza dos versos, assinados por Ives.
Outra pérola se acha na 4ª faixa (Meu Cansaço), em que o autor confessa, de chofre:

Neste tempo de naves pelo espaço
E de espaços, no tempo, descobertos,
Eu vivo navegando por desertos
Que se escondem detrás do meu cansaço.

A penúltima faixa (Rainha de Todos os Cantos), mote para o músico numa estrofe em quadra, talvez seja a melhor de todas. É uma tocante ladainha composta na forma tradicional e interpretada por Santhana (voz) e Pichu Borrelli no violão 12 cordas, percussão e efeitos perfeitos.
Para Ruth é um disco para ser ouvido na paz dos silêncios.
Altamente recomendável.





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