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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

HOJE É DIA DE DRUMMOND

Vamos bater palmas para o Drummond?
O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade nasceu no dia 31 de outubro de 1902, mesmo ano em que o carioca Euclides da Cunha levava a público o seu importante livro Os Sertões.
Em 1928, Drummond publicou na Revista de Antropologia o seu primeiro e mais conhecido poema: No Meio do Caminho.
Esse poema remete ao cidadão que passa grandes dificuldades na vida, que encontra dilemas, situações problemáticas, de enrascada, como ora vive Lula e o Partido dos Trabalhadores.
O PT, criado em nome dos trabalhadores brasileiros, cometeu muitos equívocos no correr de sua trajetória. O primeiro problema veio com a negativa do então presidente Luís Inácio Lula da Silva sobre o Mensalão. Disse repetidas vezes que eram infundadas as acusações envolvendo José Dirceu e outros membros da cúpula petista.
Além do Mensalão, vieram a tona situações extremamente embaraçosas para o PT, encurtando a história: Lula e o PT continuam negando todas as acusações que lhes são feitas.
Hoje, 31, o jornal Folha de S.Paulo traz bombástica entrevista de Ciro Gomes. Ciro diz, com todas as letras "que foi miseravelmente traído por Lula". Diz também que Lula o convidou para ser seu vice. Convite recusado e no seu lugar foi posto Fernando Haddad. E foi o que se viu...
É possível que se Lula e o PT tivessem feito a "mea culpa" a situação atual fosse outra. 
Num debate na televisão a ex petista Marina perguntou a Haddad por que o PT não reconhecia seus erros. Haddad desconversou, e foi o que se viu...
Onte, 30, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o PT vai resistir ao resultado das urnas. Pior: disse que o que ocorreu nessas últimas eleições "foi um golpe", mais um.
O poema No Meio do Caminho continua atualíssimo. Tem ou não tem a ver com o que ora se passa nas entranhas do Partido dos Trabalhadores?


No Meio do Caminho

Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra


JUNTA MILITAR

Não custa lembrar faz hoje 49 anos que a Junta Militar foi dissolvida. Durou 2 meses. O Regime Militar instaurado em 1964, expirou para sempre em 1985. Ditadura Nunca Mais. Vade Retro.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

UM DIA DE DOMINGO. E QUE DIA!


O não "mea culpa" do Haddad levou muita gente a não votar no PT. Isso é fato. É fato também que o medo e a raiva fizeram os eleitores escolherem Bolsonaro como novo presidente do Brasil.
Mais de 55 milhões de brasileiros votaram no capitão reformado. Pelo bem, pelo mal. Isso é fato. Na sua primeira entrevista, ele disse que vai respeitar a Democracia e a Constituição. Inda bem, é o que todos esperamos, certo?
Eu fiz a minha parte. Vesti a roupa de domingo, branca e linda, e fui com minha filha Clarissa apostar na urna. Na volta pra casa tive a alegria de reencontrar o querido amigo Jorge araujo (ao lado), com quem trabalhei durante anos na Folha. Ele como repórter fotográfico, premiadíssimo, e eu como repórter. E conversamos, conversamos, conversamos sobre tudo e mais um pouco. Inclusive sobre os erros e destinos do PT.
Haddad postou hoje, de manhã, mensagem no Twitter desejando a Bolsonaro boa sorte como presidente da República. A mensagem é esta:

"Presidente Jair Bolsonaro. Desejo-lhe sucesso. Nosso país merece o melhor. Escrevo essa mensagem, hoje, de coração leve, com sinceridade, para que ela estimule o melhor de todos nós. Boa sorte!"

Bolsonaro governará para todos os brasileiros. Não votei nele, mas não há como não desejar dias melhores para o Brasil.
Em São Paulo o candidato do PSB Marcio França, perdeu por pouca diferença para Dória. França também desejou sucesso a Dória. Detalhe: FHC e Geraldo Alckmin, ao contrário, silenciaram diante da vitória de Dória.





sábado, 27 de outubro de 2018

UM 28 PARA A HISTÓRIA

Cerca de 150 milhões de brasileiros, voltarão às urnas amanhã 28 para escolher 13 governadores de Estado e o do Distrito Federal. Fora isso, será escolhido o presidente que dirigirá o destino do País.
Haddad ou Bolsonaro?
As pesquisas de opinião indicam que o novo presidente será o ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro. Mas seja quem for, governará para todos nós, brasileiros.
Esquerda ou Direita?
A questão não é tão simples assim. A propósito, as ideologias identificadas como Esquerda e Direita não vem bem ao caso. O importante é que o novo presidente e seus aliados tirem o País do sufoco em que está. E essa coisa de dizer que teremos um governo radical, tanto de um lado quanto de outra ideologia é bobagem. O que se pede do novo presidente é respeito por todos nós e pela Constituição.E esse negócio de golpe nem se cogita, embora muitos achem que Bolsonaro  apresenta-se como um perigo real. Eu também acho isso. Bolsonaro tem dito muitas bobagens. Quando ele abre a boca o que se nota é um fedor, uma catinga, um cheiro esquisito. Isso mesmo, ele só diz merda.
Eu sou da safra de  1952 e vou às urnas desde 1989. Naquele ano o Brasil escolheu o alagoano Fernando Collor para dirigir os destinos da Nação. E deu no que deu.
Este ano de 2018 entrará para a história como o ano mais difícil para o Brasil: Bolsonaro ou Haddad? essa é a questão....
O voto é um belo  exercício democrático.







quinta-feira, 25 de outubro de 2018

TODO DIA É DIA DO REI DO BAIÃO

Luiz Gonzaga foi um dos maiores autores musicais do Brasil. E noutra ponta foi, especialmente, uma das mais representativos símbolos do Nordeste.
Luiz, filho de S. Januário e D. Santana, nasceu no dia 13 de dezembro de 1912. Ele deixou registradas, na sua voz, mais de 600 músicas. Entrou para a história como inventor de gêneros musicais, como o forró e o baião. E gravou com sua sanfona mágica, os mais diversos gêneros musicais. Dentre os gêneros musicais que gravou, estão o choro e a valsa.
No dia 07 de Outubro de 1942, no Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga gravou Aquele Chorinho e Ligia, respectivamente um choro e uma valsa. Clique:




A obra de Luiz Gonzaga é uma obra riquíssima, bonita sob todos os ângulos. Ele gravou muita gente e com muita gente.
Nos cabarés do Rio, ele cantava músicas suas ainda desconhecidas e músicas de artista já consagradas pelo público como o baiano Dorival Caymmi, que um dia me disse em entrevista que deu ao programa (São Paulo Capital Nordeste) que eu apresentava na rádio Capital AM 1040:"é, ele cantava minhas músicas. Eu gostava do jeito dele cantar".
Somente hoje ouvi o documentário produzido pela TV Câmara. Compartilho com vocês. Cliquem:



VANDRÉ
Como Luiz Gonzaga, Geraldo Vandré deixou marcas muito bonitas na Música Popular Brasileira. Clique:


INFANTO JUVENIL
Eu escrevi mais de um livro sobre Luiz Gonzaga. O primeiro, Eu Vou Contrar Pra Vocês, foi publicado sem a presença dele. Ele partiu antes, sem nada combinar, como diria o querido Boldrin. O último Lua Estrela Baião foi publicado no ano de seu centenário de nascimento pela Cortez Editora. A capa desse livro é essa aí embaixo.



ALAÍDE COSTA
Logo mais a noite, a cantora carioca alaíde Costa estará se apresentando na unidade SESC Carmo.É uma das vozes mais envolventes da nossa música. É pouco conhecido seu lado de compositora. Ela compôs duas músicas com Geraldo Vandré. Conheci de perto Alaíde, a mim apresentada pela rainha do baião Carmélia Alves. Se eu fosse você, meu amigo minha amiga, eu deixaria tudo de lado para ir bater palmas para Alaíde. No dia 8 de Dezembro ela completará 83 anos de vida emais de 60 de vida artística. O SESC Carmo fica ali ao lado da Estação Sé do metrô paulistano.






VLADIMIR HERZOG ESTÁ VIVO!



O jornalista e escritor Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892. Muito cedo aprendeu a contar histórias. A inventar histórias. Casou-se teve uma penca de filhos. No começo dos anos de 1930, publicou o primeiro livro: Caetés. Corria o Estado Novo quando a polícia de Getúlio mandou prendê-lo.
No dia 16 de janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho foi preso pelos carrascos da Ditadura Civil-Militar de 64 e morto sob tortura, no dia seguinte.
O que havia em comum entre Graciliano com Manuel?
Graciliano e Manuel eram Alagoanos de Quebrangulo.
Dois meses e três semanas antes da prisão e morte de Manuel Fiel Filho foi a vez de o jornalista Vladimir Herzog apresentar-se ao DOI-Codi para “esclarecimentos”.
A morte de Vlado ocorreu no dia 25 de outubro de 1975, ou seja: há exatos 43 anos completando-se hoje....
O que levou a polícia a prender e fazer o que fez com esses três brasileiros?
Graciliano Ramos, Manuel Fiel Filho, Vladimir Herzog foram acusados de seguirem  a ideologia comunista.
A  história do Vlado é  contada minuciosamente no livro As Duas Guerras de Vlado Herzog, escrito pelo jornalista alagoano Audálio Dantas (1932-2018).
Audálio foi presidente do Sindicatos dos Jornalistas no estado de São Paulo e da Federação do Jornalistas (FENAJE) e também, da Comissão Nacional da Verdade.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB  se acham um LP contando em versos a história do operário Manuel e discos que contam a história do rádio no Brasil. Num desses discos produzidos pela BBC de Londres,  é possível ouvir a voz de Vlado. É documento.
Vlado era professor de jornalismo da USP, além de diretor de Jornalismo da TV Cultura.
No último dia 2 o jornalista Jamal Khashoggi, do Washington Post, foi ao consulado da Arábia Saudita, na Turquia, para apanhar documentos pessoais e de lá não mais saiu. Foi torturado, morto e esquartejado pelas forças do governo Riad. Quer dizer: a prática de matar jornalista e escritor ainda está viva no mundo.
Não custa ficar de olho no Bolsonaro.
Ah! outro dia fiz um poema em memória do Valdo. 




quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O PT NO DIVÃ

Uma vez disse Santo Agostinho que preferia os críticos por lhe corrigir aos puxa-sacos que corrompem.
Lula não leu isso, se tivesse lido a história do PT seria mais bonita.
Há poucos dias o senador eleito pelo PDT-CE, Cid Gomes, criticou o PT diante de petistas em reunião. Foi direto. Disse que o PT ia perder por não fazer "mea culpa". 
Ontem, 23, o cantor e compositor Mano Brown tomou fôlego e coragem para dizer que o PT esqueceu a língua do povo e por isso deve perder a corrida à presidência da República. Ouça:


Mano Brown, paulistano do Capão Redondo,  foi vaiado mas recebeu o apoio de Caetano Veloso que se achava a seu lado, junto com Chico Buarque e Fernando Haddad. 
Os problemas todos que estão mexendo com a vida do PT merecem estudo e, quem sabe, uma ida ao psicanalista. 
A cabeça do PT está doida.
Da semana passada prá cá, Haddad tem ensaiado fala sobre o reconhecimento dos erros petistas. Ontem mesmo, na Lapa carioca, ele chegou a concordar, embora timidamente, com o que disse Brown.
A campanha política à Presidência está em nível baixíssimo. Principalmente nesses últimos dias.
Bolsonaro, o líder nas pesquisas de opinião, tem xingado mais o seu concorrente do que apresentado propostas de governo. Diz que vai metralhar os vermelhos, que vai isso, que vai aquilo. E um dos seus filhos chegou a usar a internet para dizer que o STF pode ser fechado com a ação de um cabo e um soldado. Um horror!
Quando Bolsonaro abre a boca só diz besteira. 
O evangelista Mateus disse que o mal não é o que entra pela boca, é o que sai. Mas Bolsonaro, embora venha fazendo citações bíblicas, também é sujeito de pouca leitura, de visão curta, perigoso.
Há muita mentira nessa campanha de ambos os lados. E provocações assustadoras.
"Antes de mais nada eu vou votar no PT porque o Haddad é sério, ele foi o melhor ministro da educação e se o outro candidato ganhar eu não sei o que será do setor livreiro e do povo brasileiro".
Essa fala aí aspeada é do editor José Xavier Cortez. A propósito, a Cortez Editora publicou o livro, já esgotado,  Prá Que PT, que reúne artigos dos principais criadores do partido.
Votar no Bolsonaro é como votar no Dória. É como dar um cheque em branco, assinado, a quem não se conhece.
Nessa história toda, aparentemente o menos ruim é Haddad. Mas a fala corajosa do Mano Brown vale por mil tratados sociológicos ou antropológicos, que os petistas saibam levá-la em conta, chegando ou não ao governo neste momento. Porque o PT perdeu o rumo, não evoluiu no correr dos anos e acabou se tornando um partido comum. Para se recuperar ainda vai ter que comer muita poeira.
Acho que foi no livro O Imoral, do francês André Gide, que li algo como -Só não mudam de opinião os sábios ou burros assumidos.



















terça-feira, 23 de outubro de 2018

A LIBERDADE É FILHA DA DEMOCRACIA

"Estou cada dia mais desconsolada com a proximidade das eleições e os destinos próximos do meu País, o desalento vai tomando tudo e não resta mais esperança, a ignorância venceu, com toda a sua brutalidade".
O desencontro de ideias não é algo original no mundo. Desde sempre. E isso não tem nada a ver com analfabetismo. Tanto que países da Europa estão se engraçando da ideologia política de direita. Direita extrema. Extremista. Mas tem, também o radicalismo de esquerda. 
Stalin fez o que fez nos primeiros anos do século 20.
E aí tivemos o Franco, Hitler, Mussolini; na África Idi Amin Dada. Por aqui, na periferia de nuestra América tivemos Pinoche, Videla...
Na história do Brasil, depois do Império, tivemos 4 marechais como presidentes do Brasil: Deodoro, Floriano, Hermes e Dutra. Detalhe: Dutra chancelou a mais importante Carta do Brasil, em 1946.
Depois dos marechais, tivemos 5 generais...Agora temos um capitão de reserva.
Precisamos estar atentos, sempre, ao porvir.
Bolsonaro vai ganhar, mas não com voto meu.
Na esfera estadual paulista, o jogo está empatado tecnicamente entre Dória e França. 
As cabeças pensantes, aquelas de livre pensamento, certamente não votarão num mentiroso e oportunista traidor, Dória.
Mas meus amigos, minhas amigas, não podemos brigar com pessoas que pensam diferentemente da gente.
A liberdade é filha da Democracia.
Ah! O pensamento -desabafo- aí em cima é de uma amiga muito querida, Cris Alves, assino embaixo.
Mais uma coisinha só: os candidatos a cargos majoritários, no caso Governo do estado e Presidência da República, deveriam expor seus projetos de governo e não atacar pura e simplesmente um ao outro com balas verbais terrivelmente mortais.
Domingo que vem, 28, vestirei a minha melhor roupa e usarei o meu melhor perfume para votar em nome da liberdade, do porvir, do futuro dos meus filhos e netos.
O PT está correndo risco de perder por não aceitar os seus erros. Todos erram. Se não fosse assim não seríamos humanos. Paz, paz, paz...




TUDO É POLÍTICA!

Assis Angelo, Téo Azevedo, Marco Haurélio e Luciano Pacco

Tudo é política.
Ouvi essa definição absolutamente perfeita do cordelista e estudioso da cultura popular Marco Haurélio.
Perfeito: tudo é política. Aliás, o dramaturgo alemão Bertold Brecht dizia algo parecido.
Como parecido também disse Aristóteles: o homem é um animal político.
Esse algo parecido tinha, e tem, a ver com o nosso dia a dia, em todos os tempos. E em qualquer luar.
Pois é, tudo é realmente política no nosso cotidiano, em qualquer cotidiano, em qualquer parte do mundo.
Em todos os lugares, há, hoje, politicamente “esquerda” e “direita”.
O continente africano é riquíssimo. Em todos os sentidos. Lá surgiram maravilhas e desgraças, como maluco ditador Idi Amim Dadá.
O Brasil nunca foi um país politicamente de esquerda.
O primeiro presidente do Brasil foi um marechal, Deodoro. O segundo, outro marechal, Floriano: Floriano. Depois desses dois militares, veio um civil: Prudente de Moraes, linha dura.
O tempo passou, livre e célere.
Não custa lembrar que a primeira constituição do Brasil, de 1824, foi quase toda escrita por José Bonifácio.
A segunda constituição brasileira, de 1891, também foi praticamente escrita por um civil, Ruy Barbosa.
Ruy Barbosa, aliás, concorreu à presidência da república duas vezes. Perdeu as duas. A segunda, para o marechal Hermes da Fonseca. E os generais na presidência da República brasileira continuaram a se fazer presentes. Em 1946, o Brasil foi presidido por Eurico Gaspar Dutra. Depois vieram os generais que assumiram o poder em 1964. Os civis, poderosos, dando total apoio, ao tempo que hoje a História registra como ditadura. E Brava, bravíssima. Com muitos mortos e desaparecidos. Tortura etc. Um detalhe: em 1922, o presidente o presidente paraibano Epitácio Pessoa mandou prender o presidente Hermes da Fonseca.

Assis – Marco, o que eu acabei de falar, faltou algo a acrescentar?

Marco – Você falou quase tudo,
Fez um incrível resumo.
De generais a civis,
O Brasil perdeu o rumo,
Ricos cada vez mais ricos
E o povo levando fumo.

A – O Brasil está encurralado. Nunca nós brasileiros sofremos tanto para escolher o nosso destino. O Brasil está com ódio; ódio do PT. O que você tem a dizer sobre isso?

M – O ódio é mau conselheiro,
É inimigo da paz.
É parceiro da injustiça
E muitos estragos traz,
Pois, em nome de Jesus,
Pode eleger Satanás.

A – Pelo histórico que delineei na abertura dessa conversa, ficou claro que o Brasil não é e nunca foi um estado politicamente de esquerda. A propósito, a esquerda e a direita, como definições políticas, surgiram na segunda parte do século XVII, na França. A tomada da bastilha foi o ponto. Você discorda ou não. Diga pra nós o que é esquerda e direita no Brasil e no mundo. E o que bem ou o mal que a esquerda ou a direita podem fazer a um país.

M – Esquerda é luta de classes,
Direita é o capital.
A esquerda é socialista,
A direita é liberal.
E ambas podem nos trazer
O bem e também o mal.

Qualquer regime que pune
A mulher, o proletário,
Desrespeita as diferenças,
Com furor autoritário,
Merece a reprovação
Do espírito libertário.


A-     O Brasil está polarizado. De um lado a “esquerda” Haddad. Do outro a “direita” Bolsonaro. Poderemos ter bom futuro com um ou outro lado?

M – Haddad vem de um partido
Que fez a transformação,
Mas também se lambuzou
Na lama do mensalão,
E frustrou a esperança
Dos pobres desta nação.

Bolsonaro é um boçal,
Ex-militar elitista,
Deputado sem projeto,
Homofóbico, racista,
Admirador de Hitler,
Intolerante, golpista.

Nenhum dos dois representa
Meu projeto de país,
Mas indo prefiro Haddad
Nesse momento infeliz,
Pois da triste ditadura
Não fechou a cicatriz.

A – A falta da mea-culpa pesou no voto odioso contra o PT.

M – A mea-culpa pesou,
Eu disso tenho certeza,
Mas também vejo pessoas
De perversa natureza,
Ameaçando e matando,
Com desmedida torpeza.

O PT errou demais,
Em mais de um triste episódio,
Mas isso não justifica
Todo um discurso de ódio
Que faz de um ser dito humano
Algo menor que plasmódio.

A – Filhos brigam com pais, amigos brigam com amigos, em nomes de uma política quebrada, partidária e pessoal mais das vezes... Vale brigar dessa forma? Política não pode unir?

M – Discutir é salutar,
Discordar, essencial,
O problema é que o país,
Possuído pelo mal,
Atira muitas pessoas
No fundo do lodaçal.

Um sombra coletiva
Turva mentes antes calmas,
Pessoas, perdendo o senso,
Ao fascismo bate palmas;
Querem tolher nossos passos
E governar nossas almas.

Quem não consegue entender
O porquê do cataclismo
Cede à noite, perde a paz,
Se veste de despotismo
E, imaginando-se livre,
Faz da existência um abismo.

A – O Brasil teve quatro marechais presidentes e cinco generais, sem contar a junta militar de 1969, iniciada no dia 30 de agosto e findo no último dia de outubro. Dois meses, portanto. No mundo inteiro, desde tempos d’antanho, houve ditadores de esquerda e de direita como tal entendemos: Stálin, Franco, Hitler, Mussolini, Salazar, Videla, Pinochet, Stroessner... Marco, você acha que os eleitores do Bolsonaro têm consciência de que os eleitores de Bolsonaro têm ideia do que representa uma ditadura de direita ou de esquerda?

M – Eu seria muito injusto,
Se, na atual conjuntura,
Dissesse que os eleitores
Dessa nefasta figura
Em sua totalidade
Glorifica a ditadura.

Mas, infelizmente, muitos,
Desprezando a liberdade,
Os direitos conquistados,
A santa lei da vontade,
Berram alto: “Tradição,
Família e propriedade”.

A – No correr do primeiro turno e também do segundo turno, o eleitor ficou alheio às propostas dos candidatos à presidência da República. O que se viu e se ouviu foi o disparar de uma metralhadora verbal, impiedosa contra um e contra outro candidato. No segundo turno, ambos se matando, e nós, povo, torcendo feito bestas num Fla-Flu. Nenhum candidato à presidência da República falou sobre cultura popular, cultura brasileira, literatura, dança, nada. Isso é triste, não é? A cultura popular é a identidade de um povo, eu disse isso uma vez em entrevista a um jornal do Piauí. A Dilma disse isso, trocando “identidade” por “alma”. Tudo bem. Sem problema. O diacho é não apostar na arte e no artista brasileiros. Lembra aquela frase, Marco, “O melhor do Brasil é o Brasileiro”? Essa frase é do Câmara Cascudo, que o PT usou sem dar crédito. O Brasil é dos Brasileiros e não adianta Bolsonaro namorar com Trump, bater continência pra bandeira dos EUA. O futuro que se delineia diante de nós é um futuro perigoso. Cabeça que pensa que pensa bem não pode votar nem em Bolsonaro nem em dória para governador do estado mais importante do Brasil. Por que os políticos não falam claramente sobre educação, saúde e cultura, essas noções básicas da vida humana? Saneamento básico, então... Qual a importância das artes para um país?

M – Um país que fecha os olhos
À cultura, educação,
Que não investe em ciência,
Desde a tenra formação
Pode até pensar que é grande,
Mas nunca será nação.

Em países como a França
Há pesado investimento
Em cultura, e isso reflete
Num bonito movimento.
A arte embeleza a vida
Em todo e qualquer momento.

Um país que glorifica
Um monstro torturador
E despreza Paulo Freire,
Seu maior educador,
Demonstra que a educação
Tem pouco ou nenhum valor.

Um país que deu ao mundo,
Sivuca, Luís Gonzaga,
Jorge Amado, Guimarães,
Tem, sim, uma linda saga,
Que nem mesmo a ditadura,
Com seus gendarmes, apaga.

Imagine se tivéssemos
O orçamento da França,
A educação da Suécia,
Cinema, teatro e dança
Seriam flores colhidas
No canteiro da esperança.

Pois, tá. Terminou esta foi a segunda entrevista que eu fiz com o cordelista e estudioso da cultura popular Marco Haurélio, baiano de nascimento e universal por conhecimento. Marco é um desses seres que nasceram para pensar, para viver, para brincar, para cantar, para contar histórias, para dizer coisas que desconhecemos. Não é exagero: Marco já nasceu grande. E continuará se agigantando e dividindo seus conhecimento conosco. Ele é de esquerda, de direita, de centro? Marco pensa. E se pensássemos com o Marco, talvez não tivéssemos Bolsonaro como presidente. Marco veio hoje, mais uma vez, em casa, e aqui ele reencontrou o grande cantador, cordelista, poeta, violeiro Téo Azevedo, que trouxe consigo outro violeiro: Luciano Pacco, cantador, violeiro, poeta mineiro de Fruta de Leite. O Brasil e brasileiros precisam pensar, aposta na vida e nas artes.

 Meu amigo, minha amiga, se você gostou desse texto, passe pra frente. Ele foi escrito no tempo que você acaba de lê-lo. 

Ah! Ia me esquecendo: ontem 22, à noite, o nordestino do Rio Grande do Norte José Xavier Cortez foi convidados por artistas e intelectuais a apresentar um calhamaço com milhares e milhares e milhares de assinaturas pela democracia. Haddad recebeu esse apoio, e, na ocasião, referindo-se a Bolsonaro como "soldadinho de araque". E o que dizer do filho de um candidato a presidente da república que afirma bastar um cabo e um soldado para fechar o STF. 

E não custa lembrar que essa coisa é antiga e feia. Ouçam esta canção do grande Jackson do Pandeiro.



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

É FODA!

Não é todo dia que o sino toca nos chamando a atenção para a hora do dia.
Não é todo dia que a gente se acha sem se perder.
Não é todo dia, meu amigo, minha amiga, que temos a alegria de receber pessoas que pensam, que nos fazem bem.
Agora pouco, por exemplo, recebi Manoel Dorneles, jornalista, e José Ramos Tinhorão também jornalista que todo mundo conhece. E a conversa foi fantástica. Uma conversa sobre tudo. Sobre homem, mulher e menino. História.
Deus do céu, como o Brasil é bonito!
O Brasil que pensa está sofrendo.
O Brasil que pensa sofre porque se acha sem alternativa para o futuro.
Bolsonaro é futuro, é futuro bom para o Brasil? A história dirá.
Amigos queridos como músico Osvaldinho da Cuíca, o advogado Braz Bacarin e o compositor e instrumentista Vital Farias (ai que sodade de ocê) e tantos e tantos outros grandes das relações do meu coração e pensamento optaram por Bolsonaro. Fazer o quê? Democracia é vida. É relação, é respeito mútuo. E outros e outros tantos que pelo ex-capitão do Exército optaram.
Um amigo queridíssimo, Flávio Tiné, jornalista do nosso coração, diz que está doido por não saber em quem votar.
O Tiné, que andou levando porrada no tempo da ditadura militar, tem mais de 80 anos.
Meus amigos mais queridos têm mais de 80 anos. Eu acho que eu nunca vou chegar aos 80 anos.
Tinhorão tem 90 anos e está beirando 91 e diz que vai votar. Mas não sabe em quem.
E eu? 
Como tantos e tantos sofro por viver opções dilacerantes: um ou outro?
É triste, triste demais, acompanhar na televisão os debates dos candidatos sobre o que eles mais pretendem: o governo. E não acrescentam nada, e não dizem nada, pena. Precisamos de debates. Precisamos saber o que pensa Haddad e Bolsonaro. E isso só será possível, em parte, com debate público no rádio e na televisão.
Nenhum dos candidatos, no primeiro ou no segundo turno, falou de cultura popular ou cultura brasileira em geral. Deveriam. Como deveriam com clareza falar sobre educação, saúde e economia.
Um amigo lá da minha terra Paraíba, Rômulo, diz pra mim que está entre a cruz e a espada. E me pergunta: Assis, em que a gente vai votar?
Ai lhe respondi, simplesmente: opte por sua consciência.
O PT, como todos nós, está cheio de pecados. O Bolsonaro, também. O problema é que o PT tem que achado acima de Deus e do diabo. Talvez mais pró diabo. E não dá pra ser assim. Para acertar na vida, erramos. PT PT PT mea culpa. 
Um amigo, dentre tantos, encurralado pela dúvida, chegou a me dizer: Assis tá foda, não sei em quem vou votar.
O foda a que o amigo aqui se refere, não tem nada a ver com transa, com relação sexual, com amor entre amantes. O foda, aqui, é um desabafo. É um querer sem saber o que fazer. É uma doidura. Tipo: "é foda, não sei o que fazer".
Dizem isso é palavrão

Palavrão é fome

Na língua do povo tem:
Palavrinha e palavrão
Palavrinha é cochicho
Palavrão eu não sei não
Mas isso é besteira
Na boca do cidadão

Palavrinha é fome
Essa sim é palavrão
Assassina serial
Na cidade e no sertão
A fome é coisa feia
Ela mata sem razão!

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

O POVO COMO MOEDA DE TROCA

O dia do médico, hoje 18, me fez lembrar do pernambucano José de Souza Dantas Filho (1921-1962), o Zé Dantas, de tantas belas obras, assinadas e gravadas por intérpretes talentosos como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marinês e tantos e tantos.
É de Zé Dantas, por exemplo, o baião A Profecia. Ouçam:



Em 1953, o mesmo Zé Dantas gerou a obra prima Vozes da Seca,  que o mesmo Luiz gravaria com sucesso estrondoso. Essa música, também um baião, foi uma estocada das brabas na consciência dos poderosos de plantão. Vários políticos, no Congresso, disseram que Vozes da Seca "vale por mil discursos". Ouçam:



A miséria no Brasil, especialmente no Nordeste, persiste desde sempre. Ela ferra e mata. 
Milhões de nordestinos ainda sobrevivem de fé e esperança, provocadas pela miséria do dia a dia. Daí as bolsas-família disputadas por presidentes, ex-presidentes e candidatos à presidência da República. A conclusão disso é que se cortarem as bolsas acabam-se os votos, por isso é preciso alimentar a necessidade dessas bolsas nas mesas de quem vive de esperança e fé.
As bolsas foram criadas por FHC e assumidas por Lula, que as transferiu para Dilma, que Haddad pretende manter. Essas mesmas bolsas o Bolsonaro disse ser um crime, mas voltou atrás dizendo que não só irá mantê-las, mas vai aumentar o seu valor. Pobre de um país rico em miséria e de miseráveis milionários, usurpadores da alma do povo.
Eu sonho com um país rico, de iguais, de respeito mútuo, dessas coisas todas que a todos fazem bem. E aqui lembro do velho e bom Patativa do Assaré, autor imortal de A Triste Partida. Ouçam:



A Profecia e A Triste Partida foram gravadas em 1964, ano em que as forças militares assumiram o Poder. Esse mesmo poder que provavelmente cairá nas mãos do ex capitão do exército, Bolsonaro. Ainda Patativa:



TEVÊ CULTURA

O presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça, reuniu artistas, jornalistas, críticos para anunciar a nova série musical que será exibida na Tevê Cultura a partir do dia 4 de Novembro, sempre as 11 hs. O anúncio foi feito na aconchegante Casa de Espetáculos Tupi Or Not Tupi, que fica ali na Rua Fidalga, 360, na festiva Vila Madalena. Foi ontem, 17. A nova série terá 13 capítulos e enfocará o Chorinho. Começa com Pixinguinha e termina com Jacob do Bandolim. Luiz Gonzaga também está presente na série. Ele gravou duas dúzias de choro. Eu conto lá essa história.


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O OVO E A GALINHA

Os tempos estão mudados, sem dúvida.
Quem poderia imaginar que a Justiça levasse à cadeia figurões da República escolhidos pelo povo como seus representantes no Congresso e noutras instâncias, como a Presidência?
Pois bem, muitos desses figurões se acham presos no Rio de Janeiro, Paraná e Brasília. Hoje mesmo mais um senador foi apeado do cargo para puxar cana na Papuda.
Hoje, também, o presidente Temer foi indiciado pela Polícia Federal. Ele a alguns dos seus colaboradores mais próximos, incluindo o Coronel Lima.
Os desmantelos provocados pela cúpula do Partido dos Trabalhadores têm levado os eleitores a abominar o partido.
Lula está preso, como todo mundo sabe. No seu lugar, e por ele indicado está Haddad disputando o cargo de presidente da República com o ex capitão Bolsonaro.
Bolsonaro é uma cria inconteste do ódio que ora o povo sente pelo PT. Essa conclusão não é minha. Acha-se em todas as pesquisas de opinião pública.
É triste, muito triste o panorama político que se divisa de ponta a ponta do país.
O Brasil está dividido, como também indicam as pesquisas.
Haddad, por orientação do Lula, abriu a porta convidando FHC a entrar. Horas atrás FHC recusou apoio ao PT dizendo: "a porta está enferrujada".
Ontem, 16, o senador Cid Gomes, recém eleito, pela sigla PDT, abriu a boca e disse um monte de coisas. Coisas de arrepiar o PT. Clique:


Depois de também pedir apoio a Ciro Gomes Haddad foi tentar levar às fileiras petistas o ex juiz Joaquim Barbosa e outras e outras figuras de realce na sociedade. Em vão.
O PT fez muita coisa bonita por determinada parte da população brasileira, especialmente a mais carente, do Nordeste, mas também fez coisas lamentáveis, que levaram Lula e outros e outros à cadeia.
Discordar do PT é complicado. Que o digam Marina, Erundina, Marta, Eduardo Jorge e tantos outros.
Bolsonaro, eu já disse é resultado dos desmantelos do PT que levaram o povo a irritar-se e perder a esperança pelo Partido que nasceu sob o símbolo da honestidade etc.
Os nomes aí citados, que um dia engrossaram as fileiras do PT, lavaram as mãos, que nem Pilatos diante de Cristo.
E agora? Haddad o Bolsonaro?
O futuro do Brasil é uma incógnita.
Agora só falta uma coisa: Bolsonaro não ir a debates até a véspera da eleição. Se fizer isso não estará sendo original e nem tomando uma posição que outros no passado não tomaram. Em 2006 Lula não compareceu ao debate da Globo. Antes dele Collor e FHC também negaram fogo na hora H. 
Ah! Hoje o Bolsonaro, do alto da sua prepotência e arrogância, disse como quem come banana que já está com as mãos na faixa. Entenda-se: faixa presidencial, aquela verde e amarela que fica atravessando o peito do vencedor. Se a minha avó Alcina vivesse ela resumiria essa fala com o dito popular: "ele está contando com o ovo no cú da galinha".

CULTURA

O diabo nessa história toda é que nós, eleitores, ficamos sem saber em que projeto de governo votar. A propósito, a Cultura, erudita ou popular, nunca esteve na pauta dos candidatos.

Ah! Hoje o Bolsonaro, do al

terça-feira, 16 de outubro de 2018

NA CORDA BAMBA DE SOMBRINHA

Quase 150 milhões de brasileiros e brasileiras estiveram aptos a votar no primeiro turno das eleições deste ano da graça de 2018. Nunca foi tanta gente brazuca às urnas. O resultado disso é o que se vê: um embate da gota serena entre partes que ideologicamente estão dividindo o País.
Bolsonaro ou Haddad?
Pois bem, a questão é essa: escolher quem para dirigir o Brasil nos próximos 4 anos.
O Brasil está rachado politicamente, ideologicamente.
Votar em quem para presidente do Brasil?
Jovens têm brigado muito com os pais e nas ruas e redes sociais. Muita gente tem quebrado relações de amizade, de namoro etc.
Votar em quem, Haddad ou Bolsonaro?
O Brasil foi invadido por gente de todo canto, desde sempre.
Depois do Império veio a República.
Foi em 1824 que o rei Pedro I entrou para a história por ter anunciado a independência do Brasil, com um gripo ali às beiras do Riacho Ipiranga, bairro de mesmo nome na capital paulista.
A nossa primeira Constituição foi um horror, no rigor do termo. Era toda pró imperador e o povo, Ah, o povo.
Em 1889 veio a República usurpada pelo Marechal Deodoro. Depois outro Marechal tomou as rédeas do Brasil. O terceiro presidente e primeiro civil mandou tropas militares para destruir Canudos, lá na Bahia. E a história seguiu...Não vou aqui nem falar do golpe de 64 que levou a todos nós a uma escuridão que durou 21 anos.
Mas votar em quem, em Bolsonaro ou em Haddad?
As pesquisas mostram que os brasileiros estão, na maioria, indignados com o PT, com Lula, com Haddad...
As eleições deste ano estão se apresentando como as mais difíceis de todas as que vivemos nas últimas décadas. O PT tem buscado aliança com tudo quanto é partido, mas não tem obtido êxito nessa empreitada. Até o Ciro, do PDT, deu uma banana ao Lula. A propósito, ele está na Europa, e o apoio que deixou ao PT é crítico, ele disse "apoio crítico". Quer dizer: não está nem aí com Lula e o PT. Na verdade ele está magoado com Lula e o PT. 
Essas eleições entrarão para a história, pelo radicalismo das partes.
Uma coisa eu posso dizer, pela experiência obtida no correr dos anos: ganhe a parte que ganhar, a democracia brasileira se manterá. Viva o Brasil!



segunda-feira, 15 de outubro de 2018

FIM DE SEMANA EM TAUBATÉ


Até os anos de 1950, por ai, o Brasil era uma enorme fazenda. Uma fazendona.
Ali pelos finais de 1950 o Brasil passou a se ilustrar, a viver melhor, mesmo com uma imensa quantidade de brasileiros analfabetos.
Hoje somamos cerca de 12 milhões de brasileiros que têm dificuldade em distinguir um "o" de uma roda de caminhão. Mas avançamos, né? Há! Ainda temos hoje algo em torno de 30 milhões de brasileiros que leem sem saber o que estão lendo, estes são os "famosos" analfabetos funcionais". É uma pena. Eu nasci numa capital. Sou de João Pessoa, PB. Minhas férias de estudante eu passei no interior paraibano. Brinquei muito de colher feijão, milho, inhame, macaxeira, batata doce... Também espantei como espantalho vivo, os passarinhos que enxiam o bico de arroz molinho, gostoso, como se leite fosse. Belê!
Nesse ultimo fim de semana revivi emoções do meu passado em Alagoinha, PB.
Fiz parte de verdadeiros quadros da natureza, como esse ai em cima clicado pelo meu mais novo amigo de infância Mario, o Chileno.
Foi bom demais estar ao lado de Mário, Hélio, do Carlos, do cantor Saturno (Moreno)companheiro da Ieda, da Stella, da Beatriz, da Rosa, da Benê, do Robson, do menino Vitor e da mãe, Renata.

Foi bom demais esse fim de semana a mim concedido pela namorada Lúcia.
Essa curtição toda nesse fim de semana foi em Taubaté, terra bonita e gostosa do grande Monteiro Lobato. 
Lobato foi um ser incrível. Um grande criador de personagens, de histórias infantis. Politicamente, porém, Lobato decepcionou a muita gente. Ele como Luiz da Câmara Cascudo, nosso maior estudioso do comportamento humano e do Folclore, certamente estaria vociferando contra a péssima campanha política que nos levará a um ganhador. Tomara que esse ganhador seja a povo brasileiro.
Ai a cima há fotos que me flagram curtindo a natureza e o que a natureza nos dá: como a cachaça, por exemplo.Estive no alambique do mestre Jair e lá encontrei muitas pessoas incríveis, a partir do próprio Jair.
No alambique artesanal do Jair Presoto foi apresentado a Luiz, Lelé, José Esquerdinha, Adriano e outros mais da linhagem de Tonico e Tinoco.
O alambique de Jair esta instalado numa fazenda construída por escravos há uns 200 anos, pelo menos.
A fazenda do Jair está intacta, pelo menos no tocante à casa grande. Foi lá que Jair e seus filhos, todos, nasceram sob os auspícios do saber das parteiras.
No Brasil há, hoje, cerca de três mil parteiras. 
As parteiras são mães do povo, tão deusas. Meus respeitos a elas.
É isso, amigos, e pensar que no texto de hoje eu ia falar de piadas caipiras, das coisas de Cornélio Pires.
Cornélio foi o pioneiro em gravação da música de viola, de música de caipira, como dizia a Inezita Barroso. 
Cornélio Pires gravou a primeira moda em 1929: Jorginho do Sertão. Ele, Cornélio, era de Tietê, SP, mesma terra em que nasceu esse "coiso" ai chamado Michel Temer. Mas essa é outra história. Há! Ia-me esquecendo de dizer a coisa curiosa do Alambique de Jair. Ele, Luis, chegou como saiu: montado num trator de ultimo título. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O BRASIL É NOSSO

Estamos todos  nos perdendo à toa.
Estamos nos perdendo por brigarmos uns contra  outros. Um contra  outro, é o caso. A favor de (A) ou a favor de (B). O A é Haddad e B é o Bolsonaro.
Por quê isso?
Famílias estão se despedaçando, é filho brigando com pais e pais.....
Dizem me que a guerra entre amigos e amigas no facebook é terrível. Eu digo que dizem porque não vejo com olhos, mas com os ouvidos. E ainda tem o tal de Watzap. Que veio pra lascar!
O fato é que estamos nos perdendo, em discussões banais, rasteiras, rotineiras. Mas tem uma coisa: o Brasil é nosso e pelo Brasil temos que pensar. E o melhor para o Brasil é melhor para nós.
Você gosta do Haddad? vote nele. Você gosta do Bolsonaro? vote nele.
Não deixe que ninguém vote por você. O voto é seu, opine na urna. Faça-se presente na urna. Com isso você estará escolhendo o nosso futuro.
O PT é vermelho e virou verde amarelo.Paciência....
O PSL nem existia antes do Bolsonaro.
Deus do céu, a situação é complicadíssima. Nunca vivemos uma situação tão complexa, tão difícil quanto a que hoje vivemos, não é mesmo?
A vida é um eterno desafio.
E antes do dia 28, do domingo decisivo, abrace o seu amigo que pensa diferente de você.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

SE CORRER O BICHO PEGA, SE FICAR O BICHO COME

Triste, muito triste o que está acontecendo no Brasil.
Nunca vi tanta lama envolvendo político. Lama que vira mar, que vira ondas tsunâmicas.
Nunca vi uma campanha política tão radical como a que ora acompanhamos. É muita mentira rolando solta por aí. Os candidatos acusam-se mutuamente e de modo baixo. è uma baixaria dos infernos.
Em que nós, o povo, devemos acreditar? Em Haddad que parece não ter opinião e voz própria ou em Bolsonaro, que fala mal e parece ameaçar o futuro do País. Com agressões fora de qualquer raciocínio lógico. Ou de bom senso.
O poeta romancista e dramaturgo francês Vitor Hugo (1802-1885) dizia que uma das maiores virtudes do ser humano, senão a maior, é a razoabilidade. 
Ser razoável é muito importante.
É muito importante respeitarmos o próximo com seus conflitos e imperfeições. Enfim o próximo somos nós.
Haddad chama Bolsonaro de fascistinha, de ditador e outras coisas horrorosas, enquanto Bolsonaro chama Haddad de marmita do preso corrupto...Um horror!
Política é a arte do entendimento entre os contrários. É ou deveria ser uma arte.
A prática cotidiana da política enriquece uma nação e dá forças à democracia.
Estamos mais ou menos assim, como diz o ditado popular: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Ou como naquele samba que diz: o couro vai comer na casa de Noca.




terça-feira, 9 de outubro de 2018

DÓRIA TRAIDOR

Traição imperdoável, seja em que tempo for.
Judas traiu Jesus, e Brutus?
A política é uma arte, como arte é pintar um quadro...
Traição dói, o amor não correspondido dói também.
Dória, aquele da prefeitura que jurou mundos e fundos está aí, traindo, traindo, traindo.
O inferno está cheio de Dórias.


O BRASIL DAS ARÁBIAS




Marco Haurélio e Némer Salamún

Marco Haurélio é um baiano nascido na roça. No sudoeste da Bahia. Ele plantou e, agora, está colhendo os frutos da cultura, da vida e da história. Fugindo à regra nordestina, das quebradas lá de longe, ele aprendeu o beabá desenvolvendo o intelecto. Intelecto é aquela coisinha, massa cinzenta, que carregamos no cérebro. E os seus pais, Valdi e Maria, fizeram tudo para lhe dar um canudo uma beca. E, assim, Marco Haurélio Fernandes Farias entrou na universidade m Caetité (BA) e, quatro depois, licenciado em Letras, fez sorrir seus pais. E o mundo abriu-se para Marco. Abriu-se, ele continua lutando apaixonadamente pela história do Brasil, pela cultura popular, pelas coisas da gente. Eu conheci muitas pessoas importantes da área da cultura popular como Luís da Câmara Cascudo ou Mário Souto Maior. Eu tenho certeza de que Cascudo e Souto Maior orgulhar-se-iam do Marco como eu.

AssisMarco, você andou pelo mundo todo, ou quase. Você esteve ausente? Tá bom, eu sei onde você esteve, mas os leitores do blog não sabem. Diga. Onde você esteve ultimamente.

Marco – Estive em Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, a convite do Institute for Heritage, ou melhor, do presidente desta importante instituição do Oriente Médio, o Dr. Abdul Aziz Al-Mussalam.

A – E você foi o que lá, nesse lugar tão distante?

M – Fui contar histórias de nossa tradição oral num evento que acontece por lá há 18 anos, o International Narrator Forum, que reúne narradores e pesquisadores de várias partes do mundo.

A – O que se fez mais presente lá, a cultura popular ou a erudita? Ou as duas se juntaram?

M – As duas estão tão mescladas que não dá para saber onde termina uma e começa a outra. Vi grupos de música tradicional, ouvi a voz do muezzin, convocando os fiéis para a mesquita, e lembrei do nosso vaqueiro na solidão dos ermos nordestinos. Li sobre lendas e mal-assombros muito próximos dos nossos mitos, como o camelo sem cabeça, em tudo semelhante à nossa mula-sem-cabeça. Vi, no Museu da Civilização Árabe, artigos em couro que lembravam a civilização do couro do Nordeste, evocada por Capistrano de Abreu. Confesso que me senti em casa.

A – Ao pisar o solo árabe, você lembrou-se de quê? Das Mil e Uma Noites?

M – As Mil e Uma Noites são a nossa principal referência cultural em termos de literatura, abrangendo a vastidão do mundo islâmico, que vai da Índia ao Marrocos. Lá, a arquitetura, os trajes, as saudações, a devoção remetiam aos velhos contos narrados por Xerazade, mas vai muito além disso. Há todo um caudal de tradições que dialogam com os nossos costumes, com o Brasil que, irresponsavelmente, estamos deixando morrer.
A – O real e o imaginário se confundem mais em Sharjah do que em outro lugar que você conhece?

M – O trabalho de recolha e catalogação feito pelo Dr. Abdulaziz Al-Mussalam, entre os povos do deserto, revelou um mundo muito rico, em que as superstições, os seres fantásticos impregnam a vida cotidiana. Na capital, isso não está tão presente, mas, uma coisa é certa: Sharjah é um exemplo de país em que a modernidade e a tradição convivem em perfeita harmonia.

A – Estamos falando de cultura popular. Provocado, o que você viu no mundo árabe semelhante ao local em que você nasceu?

M – Muita coisa em comum. O fato de as mulheres usarem lenço no sertão é uma herança do mundo árabe. O medo de criaturas que habitam nas profundezas da caatinga, assombrando árvores como juazeiro, umbuzeiro e gameleira é parecida com uma lenda de lá, de uma tamareira assombrada. Lá, tem um camelo que leva embora as pessoas ruins num saco que traz entre os dentes, assim como nós temos o velho do saco ou velho do surrão. E, na música, embora não saiba nada de árabe, conversando com pessoas de lá, descobri que os temas eram quase sempre amorosos, líricos, e me lembrei de Teófilo Braga, etnógrafo português, que estudou as cantigas de amor portuguesas, as aravias, assim chamadas, pois tiveram origem entre os povos do deserto que conquistaram e deitaram raízes na Península Ibérica.

A – A distância é um ponto de vista. Você encontrou na Arábia o Brasil, Marco?

M – Claro. O Brasil recebeu, dos povos de cultura islâmica, além de várias palavras incorporadas para sempre ao nosso vocabulário, crenças arraigadas na alma de nosso povo. O saci preso na garrafa com o fito de propiciar riqueza deriva do djin do folclore árabe, o gênio das lâmpada dos contos das Mil e Uma Noites. Outra ligação que merece ser ressaltada tem a ver com a culinária, principalmente a nordestina, carregada de tempero, saborosa como mais não pode ser. A história explica isso, pois, além de Portugal ter sido dominado pelos mouros, tempos depois, no período de expansão marítima, os nossos patrícios foram os primeiros povos do Ocidente a conquistar a região, usada como entreposto em suas viagens à Índia.

A – O que te fez aceitar um convite para ir para um lugar tão distante?

M – Na Bienal do Livro de São Paulo, por indicação da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, participei de uma mesa redonda sobre contos folclóricos com o Dr. Abdulaziz, representante de Sharjah, país homenageado no evento. Dois dias depois, numa cerimônia reservada, recebi, das mãos do Dr. Addulaziz, uma medalha de honra por meu trabalho de pesquisa e salvaguarda da tradição oral brasileira. O convite foi feito nesse mesmo dia, 6 de agosto, uma segunda feira.

A – Marco, fala-se muito da mulher árabe. O que você viu por lá?

M – Lá, as mulheres ocupam cargos importantes, dirigindo entidades, na coordenação de importantes eventos. Lá estive com minha companheira Lucélia, também convidada pela organização do Forum, para ministrar uma oficina de xilogravura para crianças. Lá esteve ainda um casal de amigos, Fabio Lisboa e Bianca Tozato, também representando o Brasil. Sentimo-nos muito à vontade, como eu disse antes, estávamos em casa.

A – Então, você se sentiu em casa. Temos muito a ver com o mundo árabe. E a Donzela Teodora, você a encontrou?

M – A Donzela Teodora, Simbad, Ali Babá estão presentes na fala cantada de nossos irmãos. A Donzela Teodora é a Douta Simpatia das Mil e Uma Noites, a mulher sábia que foi imortalizada em nosso cordel por Leandro Gomes de Barros e na voz de Elomar. Afinal de contas, o nosso Brasil, repositório de culturas, é também filho das Arábias. Salam Aleikum!
 
Oficina de xilogravura com Lucélia Borges

A – Dá pra resumir tudo isso numa estrofe em decassílabo?

M – O Brasil, um país continental,
Traz na veia o sangue de mil povos,
Dos nativos e de outros bem mais novos,
Integrando o concerto universal.
Das Arábias herdou um cabedal,
Reunido ao cantar do lusitano,
Índio negro, francês, bantu, cigano,
Que atravessam minh’alma como açoites,
Como os contos das Mil e Uma Noites,
Que eu celebro em martelo alagoano.



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