Seguir o blog

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

COVID MATA MAIS DO QUE GUERRAS

A Guerra do Paraguai começou em 1864 e terminou em 1870, envolvendo além do Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil.
A Guerra de Canudos começou em novembro de 1896 e terminou em outubro do ano seguinte, envolvendo grandes levas de nordestinos que não tinham o que comer nem onde morar.
A primeira vítima fatal da Covid-19 no Brasil ocorreu em março de 2020.
Pois bem, na Guerra do Paraguai morreram cerca de 50 mil brasileiros.
No decorrer da Guerra de Canudos, no interior da Bahia, morreram 25 mil pessoas.
No decorrer de 11 meses a contar de março de 2020, morreram 251.661 pessoas sufocadas pela Covid-19 no Brasil.
Nos seis anos que durou a Guerra do Paraguai, houve grandes perdas de todos os lados. O confronto mais sangrento dessa guerra ocorreu na região pantanosa de Tuiuti, no dia 24 de março de 1866, quando morreram 737 brasileiros.
O número de mortos pela Covid ontem 25 foi de 1582, ou seja: mais do que o dobro de mortes ocorridas na terrível batalha de Tuiuti.
Não dá pra esquecer: a Covid-19 já matou 5 vezes mais do que a Guerra do Paraguai.
Não dá pra esquecer: a Covid-19 já matou 10 vezes mais do que a Guerra em Canudos, quando sobraram pouquíssimas pessoas para contar aquela história.
Enquanto isso, o presidente da República dá de ombros à tragédia que vivemos. Chegou a dizer ontem 25 que as máscaras provocam efeitos colaterais nos usuários. É o capeta. LEIA MAIS: O CRIMINOSO BOLSONARO

PAÍS DE AMADORES

O Tom Jobim tinha razão quando dizia que o Brasil não é para amador.
E não é mesmo. 
O Brasil parece ser um país fora de qualquer contexto. 
No Brasil não tem terremoto, tsunami, vulcões em atividade, mas tem uns políticos que deus nos acuda. 
O que Bolsonaro faz com o povo é triste, lamentável. Ele faz o que ninguém faz: humilha-nos a todo tempo.
Jornalista, pra ele, não é gente. 
Desde sempre ele ataca jornais e jornalistas de todas as formas. 
A mais recente agressão ocorreu ontem 25 no Acre. 
Durante entrevista coletiva, um repórter quis saber o que achava da decisão do STJ em suspender os sigilos bancário e fiscal do seu filho senador, Flávio. 
Subiu nos tamancos e latiu: "Acabou a entrevista!".
Pois é, somos mesmo amadores. 




UM HOMEM RIDÍCULO

Não tinha Covid nem nada, mas queria morrer. Matar-se. Para isso comprou um revólver e balas, mesmo com a grana curta e morando numa espelunca.
Faltava a hora exata para a vida com os miolos estourados. 
A hora estava chegando. 
Era noite, umas onze.
Lá fora caia uma chuva fina, fininha, muito gelada.
Olhando para o céu, descobriu uma estrela lá longe. Parecia piscar-lhe. E ele pensou: é hoje. 
Estava a caminho de casa. 
De repente, uma menina de uns oito anos correu a seu encontro tremendo e pedindo ajuda. Ele não deu bola e apressou o passo. A menina implorou. Mas ele fez-se ouvido de mercador. 
Chegou na espelunca em que vivia e arriou numa poltrona. 
Na espelunca tinha um divã, uma mesa e duas cadeiras, além da poltrona. 
Sobre a mesa, alguns livros. 
Na gaveta da mesa, um revólver carregado esperava seu dono. 
Todo mundo o achava ridículo, mas não ligava. Até gostava. 
Fora ridículo desde sempre, desde os 7 anos.
Ninguém sabia o seu nome, sua profissão ou idade. 
Era recatado o homem ridículo que queria matar-se, faltando escolher apenas dia e hora. 
O local era onde morava.
Nada nem ninguém incomodava esse homem. Seu vizinho era um capitão esquisito, que vivia jogando cartas com amigos igualmente esquisitos. O homem dessa história naquela noite rapidamente adormeceu. E sonhou que enfiara um tiro no peito e que esse tiro o levou a outra dimensão onde surpreendeu-se com os habitantes. Todos seres felizes, lindos, alegres, sem dor, sem nada. Um lugar perfeito, onde o amor imperava.
Foi nesse sonho que o homem encontrou o sentido da vida.
Quanto a menininha que tirlintava de frio quando o procurava, perdeu-se no tempo. E mais não contarei. Fica o suspense e a dica para os leitores de bom gosto procurarem o conto O Sonho de um Homem Ridículo, escrito por Dostoievski em 1877. 
Fiódor Dostoievski nasceu há dois séculos e morreu 1881 aos 60 anos de idade. 
 

 
 

POSTAGENS MAIS VISTAS