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sábado, 30 de abril de 2016

AMIGOS, O MELHOR REMÉDIO

Intimado a produzir uma ilustração para este blog em dois minutos,
Fausto atendeu o desafio e fez a ilustração em menos de dois minutos.
É bom ter amigos. Quem tem amigos, tem alegria. Amizades são uma boa razão para viver. Para viver bem. Quem não tem amigos, toma muito remédio de farmácia.
Eu não me lembro da última vez que entrei numa farmácia. E querem saber de uma coisa? Depois que fiquei cego, passei a ver melhor. A ver melhor as pessoas que me cercam. E vendo assim, cada vez mais não preciso ir à farmácia.
Hoje, a minha casa, templo onde moro, recebeu Fausto e Vitor.
Fausto é o cartunista que boa parte deste país tão judiado politicamente conhece, amigo de todos nós. Sensível, de alma encantadora e talento absurdo. Vitor é o Nuzzi, jornalista, autor do livro mais completo que trata sobre a vida e obra do conterrâneo Geraldo Vandré: Uma Canção Interrompida (editora Kuarup).
Fausto é paulista de Reginópolis. E Vitor, paulistano da Liberdade.
E conversa vai, conversa vem, lembramos de muitos amigos. Amigos que nunca foram à farmácia; e se foram, foram poucas vezes.
Anna de Hollanda e Fernando Faro com Assis Ângelo no programa de rádio "São Paulo, Capital Nordeste"
Lembramos do Fortuna, Fausto, Goethe, Angeli, Baltazar - o “Cabecinha de Ouro”, herói do Timão em 1954 –, Quarentinha, Sócrates, Garrincha,  Tinhorão, Vandré, Inezita, Vinícius, Alcy, Gê, Ziraldo, Jaguar, Chico, Lula, Temer, Dilma, Fernando Pessoa, Brian de Palma, Rolling Stones, Téo Azevedo, Marcos Zanfra, José Cortez, Anna de Hollanda, Osvaldinho da Cuíca, Izilda Alves, Edu Lobo, Lucy Alves, Erico Verissimo, Luís Dantas, Joel dos Santos, Carla Maio, João Henrique, Cecília Thompson. E também as três ceguinhas da Paraíba: Maroca, Pondoca e Indaiá.
Conversa que vai e vem é conversa que quase nem termina, de tão gostosa que é. Ah! Inda lembramos de alguns personagens que também viveram sem farmácia e que partiram este ano, como o teatrólogo Naum Alves de Souza, o jornalista Sandro Vaia, os atores Umberto Magnani e Flávio Guarnieri e o multi-tudo sergipano Fernando Faro...
A última vez que estive com Faro faz uns dois anos. Estávamos com Vandré, Peter Alouche, Paulo Benitez e outros amigos, comendo uma saborosíssima paella. Lembro-me que, ao sairmos, no carro ele contou, sem eu perguntar, sobre um show musical que produziu para o PT em fins dos anos 1970, no Juventus. O partido estava em formação. O resultado desse espetáculo, segundo ele, foi lamentável. Ele passou a detestar Lula desde então. Grana na parada, desviada.
Quanta história a contar.
Poucas horas antes de o Brasil tomar conhecimento do passamento de Faro, por esses inexplicáveis da vida, o Vandré telefonou para saber como estou. E, como sempre, conversa vai, conversa vem, falamos de muita coisa. Ele gargalhando do outro lado, e eu deste também. Ele acha que tenho de dar aulas, que tenho de voltar ao rádio.
Uma coisa puxa a outra, e não há como eu não tecer os versos que se seguem:

Fernando Faro partiu.
Foi pra eternidade.
Foi brincar com as estrelas.
E foi brincar de verdade!
Fernando “Baixo” partiu.
Deixando muita saudade.

Só que saudade tanta assim
Não é certo alguém querer.
É saudade demasiada
Que vai muito além do ser.
É saudade que machuca
E essa ninguém quer ter.

...

A tarde de quem não precisa de farmácia é sempre uma boa tarde, e a de hoje foi uma boa tarde. Falamos, eu, Fausto e Vitor, sobre tudo; até sobre a formação do mundo. Falamos até de Copérnico, Isaac Newton, Albert Einstein, pés de maçã, de jaca. Só não falamos de pé de minhoca. Depois disso, fomos comer um baião de dois, que ninguém é de ferro. E lá encontramos Regina, Nilson e outras pessoas queridas. De lambuja, eu trouxe pra casa uma garrafa de manteiga de garrafa.

Para lembrar: 



sexta-feira, 29 de abril de 2016

FERNANDO FARO PARTIU

Fernando Faro representou o pensamento mais lúcido da intelectualidade cultural do nosso País. Prova disso foi a sua presença inestimável desde os primeiros anos da televisão brasileira, trazida pelo paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, em 1950. Não dá para esquecer a interferência de Faro em programas musicais como Móbile e MPB Especial, que virou Ensaio. Só nesse último, ele entrevistou mais de setecentos artistas de nossa música, entre os quais Adoniran, Elis,  Baden, Chico e Tim, aliás, a única vez que o Tim chegou no horário. Só por isso,  ele é merecedor de todos os aplausos e reconhecimento. Portanto, acho que o tema Fernando Faro não pode nunca ser esquecido.

Fernando Faro partiu
Foi para a Eternidade
Foi brincar com as estrelas
E foi brincar de verdade!
Fernando “baixo” partiu
Deixando muita saudade...


Fernando Faro permaneceu na TV Cultura de São Paulo por dois séculos e meio, pelo menos. E na nossa memória, para sempre.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

UMA CIDADE QUE LÊ

José Antônio Severo ladeado pela cantora Celia e o diretor de cinema Tabajara Ruas
Milhares de quilômetros separam o Brasil da Grécia. Não, milhões de quilômetros...
Na verdade, correm tempo adentro os quilômetros que separam o Brasil da Grécia.
Cerca de cinco séculos antes de Cristo, a Grécia era chamada de O País da Filosofia e Atenas, a Cidade da Sabedoria, ou do Saber.
Ano passado, o Brasil foi apelidado de A Pátria Educadora. Mas isso não tem nada a ver com a Grécia, com filosofia, saber ou sabedoria.
Você, amigo, sabe que um dos nossos 5.570 municípios é conhecido como “uma cidade que lê?” Pois é, essa cidade existe desde 1831 e fica ao sul do País, mais precisamente a 259 km de Porto Alegre. Seu nome? Caçapava do Sul. Desnecessário dizer que os caçapavanos são um povo feliz.
O escritor paulista Monteiro Lobato (1882/1948) cunhou a frase definitiva que traduz a importância da leitura e de quem lê: “quem lê sabe mais”.
Termina no próximo dia 1º, a 26ª Feira do Livro de Caçapava do Sul, dedicada à Simões Lopes Neto (1865/1916). Claro, essa feira reúne muitos bam-bam-bans do ponto e vírgula nacionais. O patrono dessa feira, este ano, é o jornalista e escritor José Antônio Severo, autor de vários títulos fundamentais para o conhecimento da epopeia gaúcha desde tempos d’antanho.
Severo é de Caçapava do Sul.
Detalhe: no segundo dia da feira, os caçapavanos aplaudiram de pé a exibição do filme Os Senhores da Guerra (adaptação do livro homônimo de Severo), dirigido por Tabajara Ruas e que conta com um grande elenco encabeçado por Rafael Cardoso e participação das irmãs cantoras, Celia e Celma. O filme entrará em circuito nacional no próximo mês de junho.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER

Essa história de golpe já está enchendo a paciência, pois até cego como eu sabe perfeitamente que golpe não há no caso que põe Dilma como irresponsável e praticante do crime das “pedaladas” amplamente por aí difundido. O processo de impeachment assinado por Bicudo, Reale e Janaina está minuciosamente justificado, tanto que foi aceito pela grande maioria das excelências da Câmara Federal. Aliás, foi um espetáculo horroroso... o pior disso tudo são as mentiras alardeadas aos quatro ventos pela presidenta, que se acha em Nova Iorque para de dizer, na ONU – e à imprensa local -, que está sendo vítima de golpe no Brasil. Terrível. Ela corre o risco seriíssimo de ser levada à chacota e, de tabela, também o nosso País.
A fala de Dilma é uma fala frouxa que deixa o nosso País em maus lençóis.
Por que a nossa mais alta representante fala mal da gente, fala mal do Brasil aqui e lá fora? Isso me faz lembrar de d. Helder Câmara que, para os militares, falava muito mal de nós no Exterior. Na verdade, ele denunciava a violência injustificada dos militares contra nós, brasileiros.
Ah! Sim! Na última eleição eu votei em Dilma, Erundina, Suplicy e Alessandro Azevedo,- o palhaço Charles - e deu no que está dando...





A fala repetitiva de Dilma sobre o suposto golpe de que se considera vítima me faz lembrar o personagem o Grilo Falante da cultura popular; faz-me também lembrar o ministro da Propaganda de Hitler, Goebbels (1897-1945), que deixou no ar a frase famosa: a mentira tantas vezes repetida torna-se verdade. Mas, no caso da Dilma, a mentira que diz é impossível de tornar-se verdade, pois o crime praticado está previsto em artigo constante da Constituição em vigor.
O pior cego é o que não quer ver... aliás, Dilma usa muitos ditos da cultura popular que ela mesma não leva a sério. Alguns:
- vamos por os pingos nos is
- nem que a vaca tussa
- é hora da onça beber água
A cultura popular é a alma de um povo... essa é de minha autoria  e no original é: a cultura popular é a identidade de um povo.

E eu não ia falar hoje nada disso do que acabei de falar. Eu ia falar sobre cultura popular, praia em que navego com algum desembaraço. Eu ia falar, por exemplo, das três irmãs que nasceram cegas na minha terra, a Paraíba. Elas são incríveis! Cantam bem e tocam bem o ganzá. Eu estive com elas recentemente, em companhia da minha filha, Ana, e do amigo Chico Pereira, pró-Reitor da Universidade Estadual da Paraíba, UEPB. Vejam, clicando abaixo:


Assis Ângelo e as paraibanas Maroca, Poroca e Indaiá, em Campina Grande - PB

E sobre elas, escrevi:


O Sol e três mulheres 
Três mulheres, três visões
Três visões e mil planetas
Há milhões de rotações
Indicando que há Deus
Em todas as dimensões

O Sol, Deus e mulheres
Energizando a Criação
Da vida no Universo
Em eterna gestação
Mas como explicar isso
Em meio à escuridão?

A vida traz histórias
De luta e superação
De olhos que tornam a ver
Pela força da oração
Mas como explicar isso
Se não há explicação?

É tudo uma incógnita
É tudo interrogação
Quem somos, pra onde vamos?
Teremos salvação?
Mas uma coisa eu digo:
Há luz na escuridão!

Não é fácil ver sem luz
Mas impossível isso não é
É preciso crer na vida
E no Homem de Nazaré
Filho especial
De Maria e de José

Que o digam Maroca
Poroca e Indaiá
Três mulheres, três irmãs
Rainhas do ganzá
Nascidas em Campina
Na Para-i-b-a-bá



sexta-feira, 15 de abril de 2016

ESTÁ CHEGANDO A HORA...

Assis Ângelo e Geraldo Vandré
Para uns, o tempo passa rápido. Pelo menos, é essa a impressão.
Para uns a semana, por exemplo, passa rápido. No momento todo mundo vê que a política no Brasil está pegando fogo. O Planalto Central é um fogaréu só. A Dilma sai, a Dilma não sai. Eu acho que sai. Eu e a torcida do Flamengo e do Treze de Campina Grande; ou do Botafogo Paraibano de Geraldo Vandré.
Quando ontem eu disse que domingo 17 começou segunda 11, é porque domingo que vem está se apresentando  como um domingo interminável...
Quando o Presidente da Comissão de Ética da Câmara pôs ponto final no seu relatório, ouvimos na própria Câmara muitas excelências cantando desafinados a cantiga “Cielito Lindo”, na versão em português do carioca Henricão:

Ai ai ai ai
Está chegando a hora
O dia já vem raiando meu bem
E eu tenho que ir embora




Em 1992, quando Collor caiu por força de processo de Impeachment o que se cantou muito nas ruas foi a Guarania “Para não dizer que não falei de flores”, de Vandré. Aliás, essa cantiga era alternada com o hino nacional brasileiro, cujo dia foi ontem.


quinta-feira, 14 de abril de 2016

UM PROCESSO PENOSO...

Domingo 17, começou segunda 11.
17 Domingo, é quando a Câmara apresentará ao Pais o resultado da votação oficial do processo de Impeachment contra a presidente Dilma.
Quando digo que domingo 17 começou na segunda 11, é porque naquele dia, 11, começou o martírio da quela de quem a maioria dos brasileiros tem dito horrores.
Quase todo mundo quer ver a Dilma de costas.
Os principais jornais e cadeias de rádio e tv espalhados mundo afora têm dito que Dilma não se sustentará por muito tempo.
Tudo que tenho dito a respeito do assunto é de me cortar o coração. Pois na verdade, na verdade, jamais se quer imaginei poder presenciar o processo de derrubada de dois chefes da minha Nação. O primeiro foi Collor em 1992...
Estou triste.

CAMPINA GRANDE

Quinta feira passada falei a alunos e professores da Universidade Estadual da Paraíba, UEPb, em Campina Grande. Falei sobre cultura popular e cidadania. Falei do Instituto Memória Brasil, IMB.
Falei da importância do nosso Pais, da importância de se fazer política; de participar emfim da vida brasileira. Tudo nessa nossa vida é politica, já dizia Brecht . A minha ida da Campina deveu-se a programação comemorativa aos 50 anos de fundação da UEPb. Gostei basante. Revi amigos, como, o reitor Rangel Junior e o vice reitor Chico Pereira. Também revi o colega jornalista Fernando Moura, coautor de um livro sobre o paraibano Jackson do Pandeiro, e Ajalmar e Rilávia, criadores do Troféu Gonzagão, que me levaram a farrear no Manoel da Carne de sol. Alegria enorme foi também poder abraçar o amigo Rômulo Nóbrega, autor de um belíssimo livro sobre o pernambucano Rosil Cavalcanti. Rômulo teve tempo de me levar para saborear uma fava com cana no Qdoca. A minha cicerone foi minha filhona Ana Maria...
De quebra ainda proseei com três maravilhosas artistas do povo: Maroca, Poroca e Indaiá (foto acima, no clic de Ana Maria).

sábado, 2 de abril de 2016

VIVA A CONSTITUIÇÃO!

Eu sou de um tempo recente, mas de um tempo que homem fumar era coisa elegante. Era charmoso e denotava independência e até masculinidade.  Pois é. Hoje quem fuma vive no pior dos mundos, vive arreliado, perseguido. Na verdade, quem fuma hoje, vive no inferno. Beber pode.
Eu sou de um tempo em que a solidariedade existia pra valer, ao contrário de hoje.
Em 1953, Luiz Gonzaga gravou o baião Vozes da Seca. Obra-prima dele e do seu conterrâneo, Zé Dantas. Começa assim:

Seu dotô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas dotô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão...

Não era bem esse tipo de solidariedade que se praticava àquela época. E não é também o tipo de solidariedade a que me refiro. Esse tipo de solidariedade aí, que Dantas e Gonzaga de modo poético contestam, não é propriamente a solidariedade no seu estado mais puro que vi, vivi entre amigos, vizinhos, desconhecidos em geral. Esse tipo aí, no baião gonzagueano, já é o tipo de solidariedade político/partidário, praticado pelos políticos de hoje, com bolsa disso, bolsa daquilo. O que todos nós queremos, mesmo, é trabalho, respeito e que a Constituição nunca mais seja violentada.
Mas como eu ia dizendo, eu sou de um tempo recente em que fumar era coisa elegante.
No ano em que nasci, 1952, o Rei do Baião –no mês de abril- lançou Cigarro de Páia, de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti. Cavalcanti era general. Ops!


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