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sábado, 30 de junho de 2018

SÃO JOÃO E FUTEBOL

No correr de todo este mês de Junho, tentei mas não consegui ouvir nenhuma música de São João no rádio de São Paulo. Só rock, rock, rock, funk, funk, funk e bobagens que tais. E olhe que ouço tudo quanto é rádio, do Am ao Fm. 
Em 1958 eu tinha 6 anos de idade.
Ontem, 29, foi o dia de São Pedro e São Paulo. Também foi o dia em que a seleção brasileira de futebol, toureada por Feola, ganhou o primeiro título mundial. Quer dizer: ontem fez 60 anos que o Brasil chutou prá cima a máxima do pernambucano Nelson Rodrigues (1912-1980), segundo a qual vivíamos o complexo de vira-lata com toda a sua intensidade. Ui!
Lá de cima dos meus 6 anos de idade, eu colecionava figurinhas da Copa e comia milho assado na fogueira.
Por que, quase sempre, os tempos de ontem são melhores que os tempos de hoje?
Optei por morar em São Paulo Capital, no começo do segundo semestre de 1976. no dia 22 de agosto desse mesmo ano eu já estava em Sampa e em Sampa continuei a carreira de jornalista iniciada na capital paraibana, João Pessoa. Mas essa é outra história.
Semana passada, acho, a revista britânica The Economist publicou reportagem dizendo que a Seleção do Tite tem 27% de possibilidade de trazer o Hexa. Vamos ver.
Hoje de manhã a França mandou prá casa a Seleção Argentina.
Neste momento, agora mesmo, os uruguaios acabam de despachar os portugueses, A propósito, não custa lembrar, no dia 29 de junho de 1950 os uruguaios silenciaram Brasil, no Maracanã, ao marcarem 2 a 1 no placar, o mesmo placar que fizeram hoje contra os portugueses.
Poxa, ia me esquecendo: hoje faz 65 anos da morte de um cara chamado Charles Miller, filho de um escocês com uma brasileira.
Você sabe, meu amigo, minha amiga, quem foi Charles Miller? Anote aí e chega de papo: Charles Miller (1874-1953) foi o cara que trouxe o futebol para o Brasil.
E prá relaxar, vamos ouvir Luiz Gonzaga:



segunda-feira, 25 de junho de 2018

ÓPERA E CULTURA POPULAR EM ALCINA

Oronte ama Morgana que ama Ricciardo que ama Ruggiero...
Parece aquele poema do Drummond, que é assim:

João amava Teresa que amava Raimundo 
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili 
que não amava ninguém. 
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento, 
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, 
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes 
que não tinha entrado na história.


Pois é, mas a história a que me refiro não é essa de Drummond que termina com J. Pinto Fernandes.
Refiro-me ao enredo de Alcina ou a Ópera Italiana para Inglês Ver (e ouvir), do alemão naturalizado britânico, Georg Friedchi Händrel (1685-1759). Nele o autor vai bem mais longe do que o nosso Drummond.
Morgana é irmã de Alcina, que é uma mulher má, bruxa, que usa seus poderes para enfeitiçar os homens que deseja. Porém, depois de cansar-se deles, ela os transforma pedras e animais. Alcina se engraça de Ruggiero, que é noivo de Bradamante.
Bradamante termina por salvar o seu amado das garras de Alcina, que finda morta pelo próprio Ruggiero.
A morte de Alcina liberta seus antes transformados em pedras e animais. Com isso fica tudo bonito na história. E é uma baita história escrita no século XVIII.
Alcina é classificada como ópera barroca.
Ópera é uma espécie de teatro, cujo texto dito pelos personagens é cantado e acompanhado por orquestra.
Fui assistir a Alcina ou a Ópera Italiana para Inglês Ver (e ouvir) ontem 24 no centenário Teatro São Pedro, localizado aqui ao lado de casa. Fui com Ana e Lúcia. Adoramos. Ah! Sim: cultura erudita tem tudo a ver com cultura popular.

domingo, 24 de junho de 2018

HOJE É DIA DE SÃO JOÃO, MAS CADÊ A FESTA?

Os colonizadores portugueses trouxeram ao Brasil coisas boas e coisas não boas.
Os colonizadores portugueses trouxeram ao Brasil, por exemplo, uma pá de folguedos folclóricos.Dividiram conosco boa parte de suas tradições, como folia de reis, o repentismo (desgarrada), etc. Isso é coisa boa.
Os colonizadores portugueses trouxeram ao Brasil a Coroa na cabeça de D.João VI, até aí tudo bem. Trouxeram também a decisão de explorar e matar nossos índios. Isso foi um horror!
Da tradição portuguesa são as festas joaninas ou juninas.
No período junino, a tradição nos enche a barriga com canjica, pamonha, milho verde, etc.
Dos franceses, herdamos o que passou-se a chamar aqui quadrilha junina,  e o palavreado engraçado que nos faz rir, como "anarriê".
Dos chineses, herdamos o foguetório que ilumina o espaço nas noites de Antonio, João e Pedro.
Eram muito bonitas as festas joaninas do meu tempo. Um tempo recente diga-se de passagem.
Nos tempos lá de trás, dos anos 1950 até recentemente, eram bom demais brincarmos o São João com fogueiras, paus de sebo, quadrilhas, fogueiras, etc. Mas isso acabou.
Os inocentes balões que acendiam nossa mente e coração foram substituídos por balões que ameaçam, provocam incêndio, ferem e matam. Eu e Téo Azevedo chegamos até a compor uma marchinha sobre isso. Ouça:


O São João até recentemente, era comemorado de Norte a Sul do País.
No Nordeste,aqui e acolá, ainda pode ser encher a bariga com pratos da culinária própria e até dançar uma quadrilhazinha promovida pelas paróquias, mas isso mais no sertão, no interiorzão do Brasil, pois nas capitais a música junina foi substituída pelas tranqueiras sertanojas.
Música para São João, Santo Antonio e São Pedro, começaram a ser compostas a partir do final dos anos de 1920.
Em 1934, o carioca Mário Reis pôs sua voz no samba que segue. Ouça:

Em 1935 entre outras músicas, foram lançadas ao mercado discos com Aracy de Almeida e Chico Alves cantando essas pérolas, no estilo marcha.Ouça:




Embora muitos artistas da música brasileira tenham gravado músicas para o período junino, Luiz Gonzaga foi o que mais ganhou atenção e relevo. Ele mesmo costumava dizer que, além de Rei do Baião, era também o rei da marchinha junina...para lembrá-lo:





sábado, 23 de junho de 2018

GATO COM FOME ENCANTA E DIVERTE


O Gato Com Fome em noite de estréia no SESC Belenzinho (foto Ana Maria)
Assis, Lúcia Agostini e Osvaldinha da Cuíca
Depois de acompanhar  a modorrenta partida de futebol entre Brasil x Costa Rica, com Neymar caindo pelas tabelas feito laranja madura e encenando bobagens próprias de ator sem futuro,  fui pessoalmente conferir na unidade SESC-Belenzinho o belo espetáculo Sedento, do Trio musical paulistano Gato Com Fome. Isso ontem 22. O espetáculo mistura samba, mambo e roque escrachado com humor de categoria,  nos trinques. O resultado dessa mistura é emoção e graça.
Cadu, Gregory e Renato, integrantes do Gato Com Fome, tem luz própria e como tal se firmam, definitivamente, no cenário da melhor música paulistana, brasileira. Quer dizer, botam pra quebrar. Sedento é aberto com 3 sambas assinado pelo próprio trio, seguido de uma belezura que o tempo escondeu chamada Juaninha do Riacho,  de autoria do paulista de Botucatu Raul Torres ( 1906-1970). Essa música foi gravada no dia 26 de agosto de 1941 (Odeon) e lançada à praça 2 meses depois.
Além das músicas compostas por Gato Com Fome, o espetáculo apresentado no SESC, reúne dúzia e meia de composições, assinadas por  Canarinho,  Gordurinha e Osvaldinho da Cuíca (Minha Vizinha), entre outros autores de boa cepa.
Gato Com Fome ainda leva ao palco, de improviso, o compositor e cantor Carlinhos Vergueiro, beleza! fora isso  tem samba de breque no melhor estilo do carioca Moreira da Silva, o Kid Morengueira.
Em pouco mais de uma hora e meia, Sedento encanta e diverte o público de modo extraordinário. Fazer isso não é fácil.
O espetáculo Sedento deve percorrer outras unidades do SESC do interior,  inclusive,  e de outros espaços Brasil afora.
O Brasil merece o Gato Com Fome. Detalhe: nesse espetáculo o trio é acompanhado por trompete, trombone, sax, bateria, violão de 6 e 7 cordas e bandolin, além de uma percussão de altíssimo nível.

RELÍQUIA RESGATADA
O Instituto Glória ao Samba, de São Paulo, acaba de extrair do limbo uma relíquia: a gravação de 7 sambas de enredo da Portela. Essa gravação já era dada como extinta. Ela reúne pérolas de autores cariocas. A gravação, numa fita de rolo é de 1958. A descoberta ocorreu semana passada.
Viva o Samba!







sexta-feira, 22 de junho de 2018

CAI CAI, NEYMAR...CAI CAI....

Sim, um fiasco.Sinto dizer, mas foi um fiasco. Acordei cedo, fui fazer ginástica e voltei digamos, ansioso, para ver o desempenho da seleção canarinho lá na Rússia. Foi duro, duro e difícil de acompanhar o jogo. E olha que o time da Costa Rica não é lá essas coisas não.
As 9 horas  em ponto os dois times em campo. O juiz apita e a Costa Rica começa a se impor.
Neymar de topete cortado, fez o que sabe fazer: cair, cair, cair.
Neymar cai, segundo quem entende de jogo, até quando começa a tocar o hino nacional. Cai também quando o Tite, lá da beira do campo, o olha. Enfim, Neymar cai e cai. E caiu tanto nesse último jogo que o juiz desconfiou da armação e negou a Seleção um pênalti, e foi penalti aquela jogada. S´que Neymar, mais do que um jogador de bola, é um ator. Chinfrim, mas ator.
Depois de muito cansaço e muita besteira em campo, o jogo termina em 0 x 0 ao final do tempo regulamentar. Num segundo seguinte, já na prorogação de 6 minutos dada pelo juiz o salvador da pátria Felipe Coutinho faz a rede adversária balançar e já no final de tudo, alguns segundos já do tempo esticado o Neymar- sempre o Neymar- dá um bico e deixa o placar em 2x0. Pois é, né?
Com essas palavras aí é possível que alguém diga que torço contra a seleção brasileira. Não é verdade.Mas é verdade uma coisa: só mais a seleção de ontem do que a de hoje. E isso não é saudosismo. Pergunto: dá para comparar alguém com Pelé, Garrincha, Didi, Vavá; mas ára cá Gerson, Rivelino, Tostão, Jairzinho...?
Eu já fiz até música prá Seleção. Quer ouvir?




quinta-feira, 21 de junho de 2018

CAPA COMO SÍMBOLO DE UMA SOCIEDADE

Não confundir beca com breca, embora hajam muito senhores da breca aprontando  por aí afora.
Beca, toga, túnica são tudo uma espécie de capa. De capa preta inclusive.
Você meu amigo, minha amiga, já ouviu falar dos " homens da capa preta"?
Na Roma antiga deu-se origem a beca, a toga, a túnica, usadas por pessoas  de importância na vida social daquele tempo. Pessoas sem importância também usavam não propriamente beca, toga ou túnica, mas algo parecido como bata.
Os homens da lei, assim chamado os advogados, juristas, juízes, usam até os dias de hoje a beca, a toga, a túnica.
As magestades de antigamente usavam túnicas, naturalmente diferenciadas dos demais mortais.
A beca, a toga e a túnica são símbolos. No caso dos homens da lei (homens da capa preta)  esses símbolos representam  sabedoria, respeito, honestidade e tudo de bom que se almeja numa sociedade de paz e democracia. A esses símbolos se ancora a sociedade, como um todo. A esperança do povo, da sociedade, se acha nesses símbolos.
E porque o preto na beca, na toga, na túnica?
O preto a rigor não é cor, é o nada da cor.
O preto anula a força dos raios que dela, a "cor preta",  nada tira e nem influencia.
No meio  jurídico, há senhores da breca.
Os senhores da breca, e da beca, costumeiramente decepcionam o povo. Um exemplo clássico em nosso País? Gilmar Mendes e sua turma.
A beca, a toga, a túnica é tudo uma espécie de capa que guarda, resguarda ou deveria guardar ou resguardar os valores da vida, da sociedade, do povo. 
Simbolicamente a capa,  da Copa ou não,  é a rigor guardadora de conteúdo moral.

COPA 70
Hoje 21 faz 48 anos que o Brasil tornou-se tricampeão de futebol. Isso ocorreu no México. O Brasil ganhou da Itália por 4x1. Fica o registro.





terça-feira, 19 de junho de 2018

ESTÃO ACABANDO COM SÃO JOÃO




O São João como festa popular recebemos de herança dos portugueses que colonizaram o País. É festa bonita. Cresci brincando nessa festa. Brincadeira que continha tudo de bom além de música: canjica, pamonha, milho assado na fogueira, pau de sebo, quadrilha, traque, estrelinha, bombinha e mais fogos de artifício de pequeno porte.
Os balões, ah, os balões, eram balõezinhos multicores que subiam poucos metros e só.  Balõezinhos que não comprometiam a vida de ninguém. Eram balões de esperança, balões de sonhos, diferente dos balõezões atirados ao ar por pessoas que carregam na cabeça parafusos frouxos, das grandes cidades.


Cresci ouvindo Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e tantos e tantos compositores e interpretes da música popular brasileira, artistas esses que cantavam, felizes, nossas tradições, a partir das festas de São João. O Santo vive, mas sua tradição por estas bandas terrenas está no fim, infelizmente.
Onaldo Queiroga (na foto acima comigo) é um paraibano de raízes profundas na cultura popular. É um cidadão por completo: sensível, inteligente. Onaldo carrega consigo a bandeira da liberdade das festas tradicionais da cultura popular. É dele o texto que segue e os dois links discorrendo sobre as festas juninas, leiam:

É com tristeza que assistimos o desmonte de uma cultura. Novamente chegam as festas juninas e gestores públicos associados ao fator comercial e outras coisas mais, adotam ações que só promover a desconstrução da Festa de São João. Cadê os 8 baixos, a sanfona, o triângulo e a zabumba? Campina Grande não pode mais dizer que tem o Maior São João do Mundo, nem Caruaru se intitular de Capital do Forró, pois promovem festivais que visam aniquilar o São João. O forró foi banido do evento e, em troca, tocam músicas eletrônicas, rap, funk e sertanejo universitário. Nada contra esses ritmos, mas não possuem ligação com a tradição da festa. O que há por trás de tudo isso?





ANDERSON

O professor Anderson Gonzaga da Cia Life passou pelo mico de apagar hoje 34 velinhas. Já passei por isso. Anderson foi recebido pela turma da academia sob uma chuva de palmas e bolo, claro. Gostei. O ambiente ficou mais leve, mais solto, legal mesmo. Aí na foto o registro. Viva Anderson!



segunda-feira, 18 de junho de 2018

TRISTE BRASIL!


Pois é, a seleção do Tite estreou ontem jogando contra a Suíça. Segundo o Macaco Simão, da Folha e Band, o Brasil apresentou-se com Cabral, Paulo Preto, Paulo Costa, Maluf e não sei mais quem, tendo, na defesa, o maioral do STF, Gilmar. Gilmar é o cabra que solta todo mundo. Tá preso, quer ser solto? Chame Gilmar.


Falando sério, a seleção do Tite não deu o que tinha de dar. Falhou muito. O Neymar, vaidoso que só, parecia preocupado apenas em não ter o cabelo assanhado. Cabelo amarelo o que já sugeria que o time, no correr do tempo, amarelaria. Fora essa preocupação, o Neymar ainda tinha o dedo mindinho esquerdo ou direito, não sei, prá cuidar. Daí ele jogar de salto alto. Ele e quase o time todo, incluindo o Gabriel Jesus. Jesus foi um fiasco, como fiasco foi o jogo que findou no empate de 1 a 1. Foi duro ouvir a narração desse jogo no rádio e na tevê. Galvão Bueno narrando é uma besta. No rádio foi melhor. Oscar Ulisses (CBN/Globo) é craque, é do ramo, transmite emoção aonde não há. Ulisses Costa, da Band, é outro craque. 
Depois do jogo, fui zapear na tevê. Horrorizei-me com o que passava no canal 7, lá do Bispo. Exploração dos infernos de crianças e gente do chamado povão. No 9 idem. 
Não há nada de bom na televisão, especialmente nos fins de semana. É triste, não é? Ouvindo a transmissão do jogo de ontem lembrei o conterrâneo Jackson do Pandeiro (1919-1982), que diria "esse jogo não pode ser 1 a 1").


MUNDIAL DE 1958

A Seleção Brasileira sagrou-se campeã em 1958. Foi uma campanha fantástica, com Pelé e Garrincha botando prá quebrar, sem falar no Didi, no Vavá, no Zagalo... O time de Feola não era brinquedo, não.
No acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, se acha uma raridade entre tantas: uma coleção dos Fósforos de segurança universal, com centenas de caixinhas que traziam propagandas diversas de candidatos a cargos eletivos e até de craques da seleção brasileira, campeã de 1958 (reprodução acima). Da mesma coleção, se acha também uma curiosa e violenta propaganda contra o Comunismo. Iniciada no princípio dos anos de 1960 que resultou na tomada do poder pelos militares, em 1964. A URSS tem raízes fincadas na Revolução de 1917 e na Guerra Civil de 1918. Criada, oficialmente em 1922, a URSS foi dissolvida em 1991. Isso é história.
A Copa de 58 rendeu poucas, mas boas músicas,. Entre essas músicas, o clássico A Escola de Feola.






sexta-feira, 15 de junho de 2018

GATO COM FOME, O SAMBA DE SAMPA

A Rússia goleou a Arábia Saudita, e daí?
O Uruguai meteu um no Egito, e daí?
E daí? E daí? E daí?
Portugal mostrou que se resume a Cristiano Ronaldo, e daí?
Copa é grana. Grana pela mobilização do Capital.
E a vida segue...
O Brasil, seleção de futebol, disputa partida com a Suíça domingo que vem, no começo da tarde.
Politicamente, o Brasil tá uma merda.
Culturalmente, o Brasil tá uma merda.
A besta do Temer, o Temer, acabou com os ministérios do esporte e da cultura, arrancando deles a mínima grana que tinham, para pôr no ministério recém criado de Segurança.
A besta do Temer...
O Temer é uma merda, um besta, um bobo, porém, de unhas afiadas sempre pronto para engolir o coração do povo e mais.
A salvação nacional se acha na educação. Na cultura. Sabemos. E apostemos nisso.
É bom constatarmos que há, na vida brasileira, artistas em formação e artistas formados no campo musical mostrando a beleza da arte.
Exemplos há os mais diversos, espalhados por aí.
A Paraíba, minha terra, tem gente do tamanho de gigante. Esses gigantes também se acham em Pernambuco, Pará, Bahia, Rio Grande do Sul, Maranhão, Rio de Janeiro etc.
Em São Paulo tem um grupo de samba apadrinhado por mestre Osvaldinho da Cuíca. Esse grupo, já falei aqui noutras ocasiões, denomina-se Trio Gato com Fome, formado por Cadú (percussão), Grégori (cavaquinho) e Renato (violão 7 cordas).
O Trio Gato com Fome, apresenta-se hoje como a cara mais nova de São Paulo, no resgate que faz da história.
O Trio Gato com Fome apresenta-se como identidade mais bonita que São Paulo tem como samba, como música, que canta vida, cidadania.
Esse grupo é eclético. Eclético no samba. Por que digo isso?
No primeiro disco, o Gato com Fome canta Monsueto Menezes, Alcebíades Nogueira e outros artistas brasileiros, de regiões diversas. No segundo disco, o grupo passeou pela obra do paulista Raul Torres, dela tirando pérolas do samba esquecidas no Baú do tempo.
O Trio Gato com Fome se firma cada vez mais como um grupo que canta música da melhor qualidade, a partir da cidade de São Paulo. É um grupo que canta Brasil. E sambas do próprio grupo como, "Numa Certa Madrugada", "Dá de 10" e "Responderei Sambando".
A Copa do Mundo começou com goleada da Rússia contra a Arábia Saudita, então tá.
Tá na hora de a gente brasileira cuidar deste nosso País. Cuidemos deste país para que nunca mais tenhamos 7x1, e não só no futebol.
Meu amigo, minha amiga, se não sabe ainda quem é o Trio Gato com Fome corra logo pra saber. O Trio é bom.
No próximo dia 22, sexta-feira, o Trio estreia seu novo show no teatro do Sesc Belenzinho, às 21h.
E quem não for é bobo. Já reservei meu ingresso.
É bom demais ouvir o Trio Gato com Fome. Confira:

quarta-feira, 13 de junho de 2018

UM BRAÇO, UM VIOLÃO. VIVA CACÁ LOPES!


Ele é um cabra tranquilo. Sua fala é simples, clara, objetiva. Nela é possível localizar suas esperanças. Por um tempo melhor para todos, claro. É cantor, compositor, instrumentista e poeta de cordel. Eu falo de Cacá Lopes. Um artista popular.
Nascido em Araripina, cidade pernambucana localizada a cerca de 680 km da capital Recife, Cacá tomou conhecimento da música através de um rádio de pilha e de um rádio de mesa que havia na sua casa. Adorava ouvir Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Manezinho Araújo e outros mais. Seu sonho era conhecer a cidade grande. Esse sonho concretizou-se nos fins dos anos de 1980.
Cacá, de batismo José Edvaldo Lopes, começou a gravar discos no início dos anos 90. Primeiro foi um compacto simples, depois um compacto duplo; um LP e vários cedês. Também tem lançados vários folhetos de cordel e dois livros, um deles sobre a vida e obra do rei do Baião Luiz Gonzaga.
A trajetória de Cacá Lopes é uma trajetória um tanto tortuosa. E isso é fácil de explicar: Vítima de paralisia infantil, Cacá não conta com os movimentos do braço esquerdo. Com o braço direito, ele faz de tudo. "deumtudo" como se diz lá no Nordeste. O violão que Cacá Lopes toca parece ser um violão ensinado, no mínimo. No mínimo por que prá mim o violão de Cacá é mágico. Aliás, acho mágicos o violão e o próprio Cacá.
Cacá Lopes surpreende como cantor e instrumentista. O seu canto é puro, é limpo, é bonito, afinado. Suas letras, seus poemas são de uma naturalidade que se encaixa perfeitamente às coisas simples da vida. 
Ouvir Cacá Lopes tocando, cantando ou declamando é uma beleza, é uma dádiva, 
Cacá Lopes é um gigante.
Cacá nasceu no dia 24 de Agosto de 62 e vive em São Paulo alegrando o povo triste da vida e dando exemplo, a cada dia, da força que nós todos temos. Ele já realizou vários sonhos além de o de conhecer uma cidade grande. Conhecer e viver, no caso, em São Paulo.
No correr da sua trajetória, Cacá Lopes conheceu muitos dos seus ídolos de infância, como Luiz Gonzaga (1912-1989) e Patativa do Assaré (1909-2002).
De Patativa, recebeu uma carta escrita de apresentação ao cantor, compositor e apresentador de tevê, Rolando Boldrin, aí ao lado.
Um dos desejos hoje de Cacá Lopes é se apresentar no programa Sr. Brasil, da Tevê Cultura.






A cidade onde nasceu Cacá já foi cantada por muitos artistas, incluindo Luiz Gonzaga (Fole Gemedor), e o próprio Cacá. Ouçam:



















segunda-feira, 11 de junho de 2018

SERVIÇO BOM ERA "ROUBAR" MULHER

Delmiro Gouveia foi o primeiro e mais importante empreendedor nordestino. Começou por baixo e terminou por cima. Riquíssimo. Diz a história que ele era prepotente, egocêntrico etc. Mas respeitava os humildes, as pessoas mais simples, a quem dava apoio e trabalho. No grande parque industrial que construiu em Alagoas ele construiu mais de 2000 casas para seus trabalhadores, que eram bem tratados e recebiam pagamentos semanais. Coisa raríssima à época. A Vila que construiu e que depois virou cidade com seu nome, tinha suas vias limpas e sobre as quais era rigorosamente proibido que se cuspisse. Lá o homem que "abusasse" de uma mulher era punido e obrigado a com ela se casar.
O segundo maior empreendedor nordestino foi o paraibano Francisco de Assis Chateaubriand, o Chatô, que criou o maior império jornalístico do Brasil e da América Latina. Esse império, no seu auge, contou com 36 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 revistas e 18 canais de televisão. Entre as revistas, a semanal mais famosa, O Cruzeiro, criada em 1929.


Chatô foi quem implantou no Brasil a televisão, em setembro de 1950. Uma curiosidade: O primeiro brasileiro a andar de avião foi, como se sabe, Alberto Santos Dumont (1879-1932). O segundo foi Chatô. Essa sua primeira grande façanha ocorreu em 1913, na capital pernambucana. Foi um voo panorâmico.
A obra empresarial de Delmiro Gouveia despertou a curiosidade de todo o país e do Exterior.
O escritor alagoano Graciliano Ramos (  ) virou fã de Delmiro, como o paulista Mário de Andrade. Ao paraibano Chatô também não passou despercebido tudo que Delmiro fez no Nordeste, chegando até a escrever um longo artigo no Diário de Pernambuco, em 1914. 
O fato de Delmiro ter "roubado" a filha do governador Sigismundo para fazê-la sua mulher  faz-me lembrar que isso era um "tradição" no Nordeste arcaico. Aliás fugir com alguém cujo namoro a família impedia era fato comum. Muitas tragédias ocorreram com isso. Lampião roubou do marido, um sapateiro, a mulher com quem viveu até morrer, em 1938. São muitos os casos parecidos ao praticado por Delmiro. Quem não conhece a tragédia Shakespeareana Romeu e Julieta, que se passa em Verona no começo do século 16. Luiz Gonzaga, o rei do Baião sentiu vontade de também roubar a garota por quem suspirava, mas uma surra providencial do pai e da mãe impediram seu ato. Mas ele deixou numa música o registro:


E ele voltou ao assunto noutra música, em Casamento Improvisado, clique:


sábado, 9 de junho de 2018

DELMIRO GOUVEIA, UMA FORÇA DO NORDESTE

Ele nasceu em junho de 1863 e morreu, com três tiros no peito, em outubro de 1917.
Em 1917, eclodiu a Primeira Guerra Mundial e o mundo ficou doido.
Delmiro Augusto da Cruz Gouveia.
Delmiro Gouveia foi, a rigor, o primeiro capitalista nordestino, empresário, a por luz no Nordeste a partir da cidade que hoje tem o seu nome, localizada a oeste de Alagoas, AL.
Delmiro foi, portanto, o primeiro brasileiro a fazer mover águas que gerariam eletricidade. Isso, no seu tempo, era novidade e das grandes. Esse milagre foi feito com águas de Paulo Afonso. Pioneirismo puro, não é?


Como se não bastasse, Delmiro foi o cara que implantou o primeiro shopping center no Brasil. Isso na primeira década do século passado, em Recife, PE. 
A história do empreendedor Delmiro Gouveia é uma história incrível e que todos nós deveríamos conhecer, de modo reto e salteado.
O cearense Delmiro Gouveia, como o paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (1892-1968), plantou a modernidade no nosso País. 
O nome Delmiro Gouveia é nome para ser aplaudido por todos nós.
A história leva-nos a crer que Delmiro foi um cara prepotente e mulherengo ao extremo. Tinha estampa. Falava grosso e com ele não tinha perreps. Era pão pão, queijo queijo. O impossível não fazia parte do seu vocabulário. Era homem de decisão e atos. Deus no céu, ele na terra. Terra nordestina, diga-se, onde tudo faz a vida pobre.
Humilde de berço, e órfão logo cedo de pai e mãe, a vida o fez como o fez. Aprendeu tudo na marra, na persistência. 
Pra chegar onde chegou, Delmiro brigou com meio mundo.Brigou com medíocres, medíocres poderosos, etc.
Antônio Sigismundo Gonçalves (1845-1915) foi um desses poderosos com quem Delmiro brigou. Outro foi Francisco de Assis Rosa e Silva (1857-1929), vice na chapa vencedora do presidente da República, o 4º, Campos Salles (1898-1902).
Sigismundo era governador de Pernambuco quando Delmiro resolveu raptar uma menina, sua filha, de 15 anos, para ser sua mulher. E ai começou o inferno em cujas brasas arderia para sempre o raptor. Pra piorar a situação, Delmiro encontrou-se com Rosa e Silva numa rua do Rio de Janeiro e tascou-lhe uma sova a bengaladas. Estava selado o seu fim.
Rosa e Silva foi uma das figura políticas mais poderosas do Brasil. Todos pediam-lhe a benção e literalmente ajoelhavam-se a seus pés. Perdeu pra Ruy Barbosa (1849-1923), mas morreu como senador desfrutando o bem bom da República.
No ultimo dia 5 a Câmara aprovou um projeto que impede pessoas com menos de 16 anos de se casar. Esse foi o dia em que nasceu Delmiro, que tombaria assassinado no alpendre da sua casa no dia 10 de outubro de 1917, em Alagoas. 
Saiba mais um pouco vendo o filme de Geraldo Sarno:







quinta-feira, 7 de junho de 2018

CÉLIA E CELMA, 50.VIVA!

O ecletismo musical das cantoras  Ceia e Celma é bonito e forte.
Não sei quantos anos têm  Celia e Celma, irmãs gêmeas, mas o espetáculo Duas Vidas Pela Arte, dá conta de que as duas estão completando 50 anos de carreira. Carreira brilhante, diga-se de passagem.
Celia e Celma nasceram num ano qualquer do século passado na pequena cidade do grande compositor Ary Barroso, Ubá.
No começo dos anos de 1960 no Rio de Janeiro, Celia e Celma foram "adotadas"pelo cantor Moacir Franco, depois pelo esculhambador geral da cultura popular,  Carlos Imperial. O espetáculo Duas Vidas Pela Arte transcorre em 2 horas, mais precisamente em 1h55. Assisti-o ontem 6 à noite, no Teatro Itália.
O espetáculo começa com a exibição de trechos de  filmes ainda em preto e branco, em que as duas irmãs aparecem no tempo em que eram crianças, seguido de "takes" com ambas cantando ao lado do já citado Imperial e outros personagens midiáticos de anos passados.
O grupo de músicos que acompanham Célia e Celma é pequeno, mas competente. Aluízio Pontes é um deles. Aluízio é um nome bastante conhecido na noite paulistana. Engraçado e competentíssimo pianista, todo cheio de graça e isso ajuda a moldar o texto interpretado por Celia e Celma. E as duas vão chamando, pouco a pouco, seus convidados: As Galvão, Renato Teixeira, Altemar Dutra Jr., Simoninha, Claudete Soares.
As Galvão, Claudete Soares e Renato Teixeira arrasaram. Esses 3 são um show à parte.
Aos 73 anos de idade, Renato Teixeira já completou 50 anos de carreira há algum tempo.https://assisangelo.blogspot.com/search?q=renato+teixeira

Celia e Celma justificam em as Duas Vidas Pela Arte porque são importantes no panorama da música brasileira. Ah! é sempre bom ouví-las cantar.




terça-feira, 5 de junho de 2018

BRANCO E NEGRO, POR QUE O INEXPLICÁVEL?

Em 1958,Pelé era negro. 
Em 2018, a Fabiana Cozza dormiu negra e acordou branca.
Essa é a história muito louca. História de gente.
Dona Ivone Lara morreu há pouco, com quase cem anos de idade. Dona Ivone e Fabiana tinham uma relação muito bonita, de mãe e filha. Cantavam juntas.
Em 1958, Pelé deu a Copa para o Brasil.
E começamos de novo, com Copa na parada. Quem sabe, o Brasil trará o hexa.
O IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou hoje números assustadores: o Brasil continua matando negros e jovens.
Pelé e Fabiana são negros. Mas Fabiana foi impedida de interpretar Dona Ivone Lara no Teatro...
Por que? 

Meu Deus do céu, chegamos a um ponto em que o negro é afrodescendente e o movimento que carrega essa loucura acaba de impedir que Fabiana Cozza, uma negra, represente no palco uma das estrelas maiores da música popular brasileira: Dona Ivone Lara (1922-2018).
Viva o samba!


segunda-feira, 4 de junho de 2018

A VIDA É DE MORTE. ADEUS HÉLIO

Tristonha a cantora Anastácia telefona para dizer que seu produtor, empresário e amigo Hélio Rodrigues acabara de falecer. Isso foi ontem quer dizer, eu ainda nem havia me recuperado do tombo sofrido pelo desaparecimento de Audálio Dantas, quando me chega essa.
A ultima vez que fazei com Hélio não faz ainda nem um mês. Ele estava em Minas, sua terra, quando telefonara pra dizer que o amigo comum Wilson Solto, da gravadora Atração iria entrar em contato comigo para pedir que eu fizesse um texto para o DVD de Anastácia. "Precisamos desse texto, Assis", reforçou.
 Hélio Rodrigues deixa seis filhos e uma mulher chorosa por quem se apaixonara em Vitória, ES.
Hélio acabada de chegar à casa dos setenta. 

KIKO

A Kiko não enxerga com os olhos, como eu. Eu a conheci na Laramara. Ela acaba de me ligar pra dizer que Fabio, o Fabinho, trocou a terra pelo céu. Fabinho nos deu aulas de informática. Pois é, né?

domingo, 3 de junho de 2018

PRIMEIRO DOMINGO SEM AUDÁLIO



Este é o primeiro domingo sem a presença térrea do cavaleiro andante de Tanque D'Arca, Audálio Dantas. É um domingo triste, meio feioso.
Audálio foi um baluarte, um ser briguento, uma pessoa que não conseguia ficar indiferente diante das injustiças, da opressão praticada pelos poderosos de plantão.
O desenho acima, da querida Laerte, ao lado de quem por  anos trabalhei na Folha, Folhetim, resume a grandeza de Audálio. Quer dizer, diz tudo o que nem conseguimos dizer.
Outro grande artista, o poeta Marco Haurélio, também externa num soneto (Guerreiro Sereno) o sentimento que todos nós alimentamos por Audálio. Leiam:

GUERREIRO SERENO

Foi Audálio Dantas, guerreiro sereno,
Dotado de rara sensibilidade,
Repórter que sempre buscou a verdade,
Senhor de si mesmo, altivo e tão pleno.

Em tempos sombrios, sempre em tom ameno,
Falava de um mundo com mais liberdade,
Foi sopro da brisa contra a tempestade
E fez da decência seu firme terreno.

Audaz cavaleiro das lutas inglórias,
Depois registradas nas muitas memórias
De vozes e letras, de livros e gentes...

Amigo querido, que a tua coragem,
Guiando-te agora na Terceira Margem,
Esparja nas almas dos justos sementes


O jornalista José Hamilton Ribeiro, um dos mais completos do País, gerou um texto excepcional sobre o bom , velho e terno Audálio Dantas. Esse texto, que releio emocionado, é para ser impresso, emoldurado e fixado no ponto mais visível do nosso coração. Confiram no link, clique:

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/06/audalio-dantas-era-reporter-aliado-dos-fracos.shtml

Para encerrar, Audálio por Audálio, no discurso pronunciado na Igreja da Sé de São Paulo, durante o ato ecumênico em memória de Vlado Herzog. Clique:


Abaixo a transcrição do discurso de Audálio na Sé:
"Em nome do Deus-Homem, nós pedimos paz. Nós desejamos a paz! Nós desejamos a paz! A paz que é uma necessidade do homem!
Nós pedimos em nome da consciência, neste momento de dor para todos nós, não só os jornalistas, mas a todos os nossos irmãos de todas as crenças religiosas, eu quero fazer um apelo, uma de todas as crenças religiosas, eu quero fazer um apelo, uma última homenagem, ao nosso irmão morto, ao homem morto, ao Deus-homem morto, ao Deus que está em todos os homens. Em silêncio saiamos daqui, deste templo, sob o qual se reúnem todas as crenças. Saiamos em silêncio e aguardemos o caminho da paz!"






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