Um amigo telefona perguntando se já tomei conhecimento de que o Exército partiu pra cima do ministro Luís Roberto Barroso, do STF. Eu disse "hein?".
E foi então que fiquei sabendo de uma palestra que Barroso fez domingo 24 a estudantes brasileiros de uma universidade alemã. Ele disse, de forma direta, que o Brasil vive uma situação complicada. Disse também, em tom de apelo, que as forças armadas não se deixem contaminar pela política: "É péssima mistura para a democracia, é uma péssima mistura para as Forças Armadas, e eu tenho fé de que as lideranças militares saberão conter esse risco de contaminação indesejável, que levou à ruína da Venezuela".
Na ocasião, ele lembrou que foi um severo crítico da ditadura militar. Acrescentou dizendo que não poderia, porém, deixar de elogiar o comportamento das forças armadas nos últimos 33 anos: "Eu gosto de trabalhar com fatos e fazer justiça".
Mesmo ressaltando o bom comportamento das Forças, Barroso não deixou de receber severas críticas em nota oficial assinada pelo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, titular do Ministério da Defesa.
Esse quiprocó todo foi provocado pelo fato de Barroso lembrar de a Democracia brasileira correr risco. E corre.
Já foram várias as vezes que Bolsonaro disse que o Exército está com ele, que as Forças estão com ele. E detalhe: fora isso reforça campanha permanente contra a lisura das urnas eletrônicas.
O STF convidou todos os principais seguimentos da sociedade, incluindo as Forças Armadas, para acompanhar todo o processo de apuração das próximas eleições. Curiosidade: o Exército elaborou uma lista com uma centena de perguntas questionando a inviolabilidade do sistema eletrônico eleitoral. Essa lista foi encaminhada ao STF. No caminho, a lista vazou e, foi assim, que todos nós tomamos conhecimento do estranho questionário.
As urnas que elegeram democraticamente Bolsonaro, são as mesmas em que ele põe dúvidas. Sem provas.
E de uma hora pra outra, mais uma vez, Bolsonaro atiça seus seguidores dizendo de modo prepotente que "Decreto da graça e do indulto é constitucional e será cumprido. No passado soltavam bandidos, ninguém falava nada, hoje eu solto inocentes".
Ele fazia referência ao deputado Daniel Silveira.
Depois de agradecer a Deus por ter sido eleito presidente, sem esperar, acrescentou: "Só Deus me tira daquela cadeira" .
Pois é, o ano nem começou e a desgraceira no meio social e político continua serelepe.
E é Carnaval.