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quarta-feira, 13 de maio de 2015

O TEMPO PELOS OLHOS DA VIDA


Aprendemos com o tempo. Tenho aprendido, por exemplo, que podemos ver o tempo, a vida e tudo o mais de outra forma, inclusive através da porta do sol e da janela do mar, também pelo assobio do vento e o balançar das árvores. Podemos ver também pelos olhos da consciência, do saber, da inteligência. Aprendi que posso ver até com os teus olhos. Quer ver?

Eu vejo com os teus olhos
E caminho com os meus pés
É teu o meu pensamento
Eu sou quase quem tu és
Neste mundo meio torto
De Marias, Joões, Josés.

Estes teus olhos me trazem
Imagens da natureza
O movimento das águas
No fluir da correnteza
O florir da plantação
E de Deus toda a grandeza.

Sem teus olhos não veria
Rumos na escuridão
Esperança no porvir
Ao cantar uma canção
Sem teus olhos não veria
A força de uma oração.

Meu amigo Marco Haurélio, poeta erudito enrustido no seio do povo, dá um chute cá na minha canela que hoje é dia de libertação. Pois é. Nesse dia e mês, proclamou-se a abolição dos escravos. Corria o ano de 1988. Foi uma vitória e tanto para todos, inclusive brancos, até porque, nessa luta pela liberdade, engajaram-se intelectuais brancos e pretos, como Joaquim Nabuco, Luís Gama e José do Patrocínio. Foi, com certeza, o primeiro grande movimento social ocorrido neste nosso país tão desregulado pelas elites governamentais. Mas, de certo modo, as correntes da negritude estão voltando à nossa gente.

E lá vem o Marco Haurélio fechando esse texto com uma setilha:

Livres nós seremos mesmo
Quando surgir o arrebol
Em que raças, credos, povos,
Seguindo o mesmo farol,
Entenderem que pra todos
Todo dia brilha o sol.


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