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quinta-feira, 19 de março de 2020

GATO TAMBÉM É GENTE


Bons tempos: Geraldo e Luna
Mais um gato morreu atropelado por um estúpido voador. Isso aconteceu à boca da noite de segunda 16, numa rua da Zona norte da Capital paulista.
O gato que as rodas do carro do motorista estúpido matou não era um gato qualquer, era um gato grande e bonito com pinta de gente. Chamava-se Geraldo.
Geraldo era um gato dono da noite, rei dos telhados. Tinha miaus diferentes, vários, para momentos muito próprios. Fácil, fácil, conquistava a todos: meninos, meninas, todo mundo. Era uma graça. Negro e manhoso, que nem um puma. Não tinha um cachorro ou cachorra que não gostasse dele, por exemplo. Pidão, no que pedia era sempre atendido. Dono de si, só faltava gargalhar. E jogava-se ao colo de quem escolhia. Era c-a-r-i-n-h
-o-s-í-s-s-i-m-o.
Quem teve a alegria de conhecer o Geraldo, teve a alegria de conhecer um gato, gato. E se, embora rapidamente, um ser feliz. Até o grande historiador José Ramos Tinhorão, paulistano do céu, apaixonou-se por ele. E até dizia: "Esse gato é rico, feliz".
Geral partiu deixando
saudade em corações
infantis e adultos,
como o meu
Pessoalmente, confesso que em muitos momentos senti ciúmes do Geraldo. Aiaiai!
Geraldo era poliglota. Sei, sei, vocês podem achar que estou exagerando. Mas, não. Ele não fala, por exemplo em inglês pra todo mundo. Ele escolhia o interlocutor, que poderia ser francês ou italiano. Os miaus dele eram incríveis. Nada não, Geraldo era quase gente. Não que isso fosse especialmente importante...
Segunda alí pelas sete, Geraldo achou de desafiar a noite dando um pulo na rua. Foi aí que um motorista tresloucado passou por riba dele. Pegou de repente, Geraldo não teve tempo nem de miar. E encantou-se. Sua companheirinha Luna, Leide Luna, anda pra lá e pra cá procurando com seu miau doce de viúva o seu Geraldo.
Embora ciente, de quarentena e cuidando-se do vírus da corona, foi dar uma espiadinha fora de casa e...
Dados do IBGE indicam que há 22 milhões de gatos no Brasil. Agora, menos um.
No livro mais recente do cartunista Fausto, Gataiada (capa ao lado). Minha por ele foi registrada a frase: "Eu não sei, você não sabe, mas há quem ache que o gato também é gente". Essa frase tem haver com Pistolinha, que também foi atropelado há uns cinco meses.
Pistolinha era um gato miúdo e alegre, feliz, que enchia de beleza a casa do Fausto.
Geraldo era um gato grande e bonito com pinta de gente.



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