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sábado, 20 de abril de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (90)

Oscar Niemeyer
O ano de 1968 foi um ano bastante agitado. Foi o ano em que as mulheres foram às ruas para protestar e exigir direitos iguais entre gêneros. Rasgaram e queimaram sutiãs em praça pública de Nova Iorque, EUA. Nascia ali os movimentos feministas que tiveram na romancista e filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) a sua inspiração e símbolo.
Naquele ano de 68, na Suécia, foi realizada uma grande exposição de arte pornográfica. Os organizadores dessa exposição não conseguiram, porém, reconhecer a palavra pornografia, “Em vez disso, eles descreveram a exposição como uma mostra de arte erótica e propuseram uma tentativa de distinguir esta última da pornografia ao tratar pornografia como especulação financeira prejudicial e arte erótica como uma forma de arte meritória”, lembrou anos depois o escritor inglês Poul Gerhard, acrescentando: “Esta distinção apenas preservou uma confusão de ideias claramente demonstrada na legislação, a qual, por um lado, permite arte de conteúdo erótico enquanto, por outro, proíbe pornografia. Uma indicação da impraticabilidade de tal distinção é o caos jurídico que ocorre com tanta frequência nos últimos anos, quando a questão da pornografia tem sido levada aos tribunais. Os limites da arte pornográfica são mais do que formalmente fixos, e surge o fato de que a atividade artística-pornográfica não está restrita a um período articular, nem está ligada a nenhum ‘ismo’. Arte pornográfica é tão antiga quanto a própria arte”.
Foi naquele maldito ano, mais precisamente no dia 13 de dezembro, que os brasileiros tomaram conhecimento do enorme catatal pornográfico intitulado AI-5.
Esse Ato fechou portas e bocas no Brasil. Muita gente foi perseguida, presa, torturada, morta e muitos dos que não morreram, foram exilados.
Antes de 68, mais precisamente quatro anos antes, o arquiteto Oscar Niemeyer foi preso pelos gorilas da repressão. Ao ser inquirido sobre como “ganhara tanto dinheiro”, entredentes respondeu: “Dando o cu”.
Na versão definitiva do seu depoimento, o escrivão pôs lá: “Quando perguntado sobre como havia auferido tantos resultados financeiros, o inquirido afirmou que praticando a pederastia passiva”. Oscar não aceitou essa versão, dizendo: “Eu não disse isso, disse dando o cu!”.
Triste ano.
O assunto é amplo e sempre polêmico.

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