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quinta-feira, 24 de julho de 2014

A LUA, ARIANO E A CULTURA POPULAR

Hoje faz 45 anos que o homem voltou à Terra trazendo nos bolsos pedaços da Lua.
Foi assim, simples, diante de São Jorge que nada fez para impedir tamanha violação.
E logo ele, até então tido e havido como fiel guardião dela!
Foi um choque terrível para os cultores das tradições.
Quatro dias antes de encher os bolsos, o homem fez o que quis no solo lunar; até pular, pulou feito besta e nele fincou uma bandeira com as cores da sua terra para depois se pabular.
Mas a brincadeira ficou cara: 22 bilhões de dólares.
Era uma quinta-feira quando isso ocorreu.
A viagem que levou o homem até lá durou oito dias, três horas e 35 minutos.
Um dia antes de essa façanha completar 44 anos, o sanfoneiro Dominguinhos, que amava a Lua e o Céu, partiu para o espaço etéreo de onde jamais voltará. Exatamente um ano depois dessa viagem, foi a vez de também virar estrela o romancista Ariano Suassuna.
Tudo a ver com vida e cultura popular.
Então a Lua encantada desencantou para poetas do mundo todo, rendendo até hoje poemas, filmes e músicas, livros e folhetos de cordel (o primeiro sobre o seu encantamento, de Klévisson Viana, acaba de ser publicado em Fortaleza) no Brasil e fora do Brasil.
Como muitos artistas, Dominguinhos não esqueceu a Lua nos seus forrós e xotes, entre os quais Firim Fim Fom do Fole e Eu me Lembro e Lembrando de Você.
E Ariano, como o homem que voltou com os bolsos cheios de lua, partiu em fase Minguante. Mas antes, sob as abas do tema, escreveu Noturno, que começa assim:

Têm para mim chamados de outro mundo
as noites perigosas e queimadas,
quando a Lua aparece mais vermelha
São turvos sonhos, mágoas proibidas,
são ouropéis antigos e fantasmas
que nesse mundo vivo e mais ardente
consumam tudo o que desejo aqui.

Será que mais alguém vê e escuta?

Sinto o roçar das asas amarelas
e escuto essas canções encantatórias
que tento, em vão, de mim desapossar.

Diluídos na velha luz da Lua
a quem dirigem seus terríveis cantos?...


Entre milhares de músicas feitas para a Lua e sobre a Lua, há verdadeiros clássicos, como o baião Eu Vou Pra Lua, de Luiz de França e Ary Lobo, e a toada Lua Bonita, de Zé do Norte, que Socorro Lira gravou num disco (acima, reprodução da capa) que a levou há dois anos a ser escolhida pelos jurados do Prêmio da Música Brasileira como uma das cantoras mais importantes do País. Ouça-a participando do programa Sr. Brasil, de Rolando Boldrin, clicando aí sobre a imagem:

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