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domingo, 2 de fevereiro de 2025

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (165)

Chico Anysio criou mais de 200 personagens. Incluindo mulheres ditas da vida.

Casou-se várias vezes, inclusive com uma ex-ministra do governo Collor: Zélia Cardoso de Mello, que por sua vez teve um caso com o ex-senador Bernardo Cabral.

Chico foi quem foi, no humorismo desenvolvido de todas as formas. 

Na poesia, como no teatro são inúmeros os autores que abordam desde sempre o tema erótico, que a hipocrisia social teima em torcer o nariz. 

O poeta paraibano Augusto dos Anjos não deixou de enveredar por tais trilhas. Os exemplos são muitos e bons como esses que escreveu: Orgia, A Meretriz e o mais conhecido de todos: Versos Íntimos. 

Houve um tempo em que o autor era chamado de O Poeta das Putas. A razão disso devia-se ao fato de ele ser declamado por tudo quanto era “mulher perdida”. 

Aqui, um exemplo da escrita erótica do autor de Eu e Outras Poesias: 


Ah! Por que monstruosíssimo motivo

Prenderam para sempre, nesta rede,

Dentro do ângulo diedro da parede,

A alma do homem polígamo e lascivo?!

Este lugar, moços do mundo, vêde:

É o grande bebedouro colectivo,

Onde os bandalhos, como um gado vivo,

Todas as noites, vêm matar a sede!

É o afrodístico leito do hetairismo,

A antecâmara lúbrica do abismo,

Em que é mister que o gênero humano entre,

Quando a promiscuidade aterradora

Matar a última força geradora

E comer o último óvulo do ventre!

Em 1982, Hilda Hilst lançou à praça o livro A Obscena Senhora D.
Nesse livro a narrativa é em primeira pessoa, o que aos desavisados ficam na dúvida de quem de fato a autora se refere: à ela mesma ou à personagem do título.
No decorrer de toda sua existência, Hilda Hilst provocou grandes polêmicas hora falando mal de Deus e tudo mais. A sua boca era uma espécie de cachoeira de palavrões e a sua mente, um universo de fogo sem preconceitos.
Hilda era filha de um fazendeiro do interior paulista da linhagem quatrocentona Prado. Apolônio, seu nome, conheceu a futura esposa Bedecilda no Rio de Janeiro. Corria o ano de 1920. Ele voltou para sua cidade, Jaú e Bedecilda logo depois foi a sua procura. Na cidade, começou a perguntar onde era possível achá-lo. Encontrou-o num bordel em Bauru, SP.
Voltaram os dois às boas e logo se casaram. Ele não queria filho. Em 1930 nasce, pra seu desespero, Hilda.
No correr do tempo, Hilda conta que o pai largou a mãe quando ela tinha dois ou três anos de idade.
Essa história é longa; longa e acidentada. A própria Hilda chegou a revelar que o pai ficara louco e fora internado num hospício. Morreu em 1966. Revelou também que a mãe era uma doidivana.
São muitos os textos em versos e prosa deixados por Hilda Hilst.
Aníbal Machado, que chegou a se esconder no pseudônimo Antônio Verde, é um nome pouco lembrado hoje em dia. Deixou boas coisas publicadas, entre essas coisas o conto Viagem aos Seios de Duília. Trata de uma história que tem como protagonista o funcionário aposentado José Maria. Solteirão. Uma hora, esse José lembra-se da sua primeira namorada e resolve procurá-la nos cafundó do Judas, onde nasceu. Reencontra a amada viúva com uma porrada de filhos e netos nas costas. As dificuldades a deixaram velhinha, velhinha da Silva. Num determinado momento, o personagem dá no pé arrependido de ter voltado ao passado. Virou filme, em 1964, mesmo ano em que aos 70 Aníbal morreu.

Foto e ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

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