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terça-feira, 16 de julho de 2013

TAIGUARA: EXÍLIO E FOTOGRAFIAS

Uruguaio de Montevideo naturalizado brasileiro Taiguara Chalar da Silva foi um dos artistas mais censurados da ditadura militar, com dezenas de músicas impedidas de ganhar espaço em discos; e ele foi também o mais representativo intérprete de músicas de festivais de canções no Brasil, tanto que em 1968 lançou, pela Odeon, o excelente LP Taiguara o Vencedor de Festivais.
Nesse disco ele interpreta com sentimento, talento e profissionalismo ímpares onze grandes obras, entre as quais Benvinda, de Chico Buarque, vencedora do IV Festival da Música Popular Brasileira; Modinha, de Sérgio Bittencourt, 1º lugar do Festival O Brasil Canta no Rio; e Helena, Helena, Helena, de Alberto Land, campeã do 1º Festival Universitário do Rio de Janeiro.
Há 40 anos, ou seja, em 1973, Taiguara lançava pela gravadora Odeon um de seus mais belos LPs, Fotografias.
Nesse LP, todas as músicas são de sua autoria, com exceção da pouco conhecida Não Tem Solução, de Dorival Caymmi e Carlos Guinle.    
Taiguara era um sujeito incrível, sempre a exibir um sorriso largo e bonito a amigos, conhecidos e desconhecidos, como presenciei várias vezes, mesmo de punho cerrado, em nome do socialismo e da liberdade, após espetáculos em teatros como o do Hotel Maksoud, na capital paulista.
Fotografias merece ser ouvido, com calma.
É encantador.
Fui eu quem o apresentou a um de seus ídolos, Geraldo Vandré.
E fui eu quem, antes disso, o entrevistou para os suplementos há muito extintos Mulher e Folhetim (acima), do jornal Folha de S.Paulo.
Taiguara faz, sim, falta.
Lembro-me dele, eu na sua casa, no Tatuapé, tocando ao piano a canção Que as Crianças Cantem Livres, constante do LP Fotografias.
Lembro-me dele também d´outra ocasião, me mostrando ao piano a música até então inédita O Cavaleiro da Esperança, que saiu, acho, no seu primeiro e único CD pela Movieplay.
Essa música foi feita em homenagem a Luís Carlos Prestes.
Lembro-me dele também chegando lá em casa e brincando com minha filha Luciana, ainda pequenina.
Há 40 anos, logo após lançar Fotografias, Taiguara se viu na obrigação de deixar o Brasil e partir para um exílio, digamos, voluntário, em Londres...
Viva Taiguara!

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