Seguir o blog

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

LULA GANHOU. O POVO GANHOU. VIVA A DEMOCRACIA!


Até o momento em que dito estas mal batidas linhas, o candidato à reeleição Bolsonaro continuava em lugar desconhecido e não sabido. Na moita, arquitetando loucuras radicais. É do seu feitio.
Bolsonaro passou 38 dias para reconhecer a vitória de Biden à presidência dos EUA. Biden, por sua vez, não demorou nem 38 minutos para reconhecer e aplaudir a vitória de Luís Inácio Lula da Silva, ontem 30.
Essa é a 3ª vitória de Lula à presidência da República.
Lula ganhou com uma diferença de 2,1 milhões de votos. Nos detalhes, o TSE divulgou números totais: Lula recebeu 60.345.999 votos, 2.139.645 a mais que Bolsonaro.
Na parte da manhã de ontem eu calculava a diferença pro Lula em 2.225.000 votos.
Os brasileiros residentes do estrangeiro aptos a votar eram de 697 mil, desses votaram 298.169. Lula ganhou com 152.605 votos.
As abstenções somaram 32.200.558, um pouco a menos que no 1º turno.
O presidente derrotado ganhou porém, em 13 Estados e no Distrito Federal.
O candidato do PSDB no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de virada faturou mais uma eleição derrotando o candidato bolsonarista Onyx Lorenzoni. Leite teve, no total, 3.687.126. A diferença de votos a seu oponente foi de 919.340.
Lorenzoni é aquele radical negacionista que, depois de virar as costas e recusar-se a apertar a mão de Leite, disse que a melhor vacina contra o Coronavírus era pegar o Coronavírus. Homofóbico, disse também que "iria ter uma 1ª Dama de verdade", no governo gaúcho. Quebrou a cara.
Em São Paulo, Bolsonaro fez da sua sombra Tarcísio de Freitas, governador.
Em Minas, mesmo com toda máquina do Estado, Bolsonaro perdeu. Curiosidade: historicamente, o candidato a presidente da República que ganha em Minas, ganha o Brasil.
Lula, no seu discurso após a vitória, disse que "A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação".
E disse também: "Nosso compromisso mais urgente é acabar outra vez com a fome. Não podemos aceitar como normal que milhões de homens, mulheres e crianças neste país não tenham o que comer, ou que consumam menos calorias e proteínas do que o necessário. Se somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos e o primeiro de proteína animal, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, se somos capazes de exportar para o mundo inteiro, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias".
As principais ruas e avenidas do Brasil se encheram de brasileiros comemorando a vitória de Lula, a vitória do próprio povo, da Democracia.
A avenida Paulista ficou completamente tomada de pessoas de todas as idades e credos.
Fica o registro.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

O poeta mineiro de Itabira Carlos Drummond nasceu no dia 31 de outubro de 1902. Há exatamente 120 anos, portanto.
Drummond, que morreu no dia 17 de agosto de 1987, deixou uma obra excepcional. Chegou a ser indicado pra receber o Nobel de Literatura. Não deu. 
Eu entrevistei o poeta num dia qualquer de dezembro de 1980. 
É de Drummond a frase "Democracia é a forma de governo em que o povo imagina estar no poder".
Viva Drummond!

domingo, 30 de outubro de 2022

ZAMBELLI PEGA PRA CAPÁ

Depois de o terrorista Bob Jefferson atacar policiais federais foi a vez de a pistoleira Carla Zambelli sacar uma pistola e mandar ver contra o jornalista Luan Araújo, de 32 anos. O primeiro caso aconteceu domingo passado no Rio e o segundo ontem 29 em Sampa.
Jefferson, que é presidente do PTB, se acha no xilindró de Bangu 8.
Zambelli, que é deputada federal, ainda está solta. Solto também está um de seus seguranças, cujo nome não foi revelado. O tal pagou fiança de um salário mínimo e está tirando onda da cara do povo pacato.
Neste domingo 30 de eleição é visível o desespero de Bolsonaro e seus asseclas. Caso percam, estarão afunhenhados. 
Os pontos de votação foram abertos pontualmente às 8hs, no horário de Brasília; e assim seguirão até às 5 da tarde.
A apuração dos votos para governador de 12 Estados e para presidente começará logo após o fechamento das zonas eleitorais. 
Até a conclusão deste texto, a situação no Brasil era aparentemente tranquila.
Fica o registro. 


sábado, 29 de outubro de 2022

DUELO NA TV

Uma coisa é certa: o Brasil não aguenta mais o Bolsonaro.
Bolsonaro entrou ontem 28, à noite, com os cascos afiados nos estúdios da TV Globo não para discutir, debater, mas para brigar. Chegou gritando, afobado. Os olhos pareciam querer sair da cara. A boca, os trejeitos, afe! Começou perguntando a Lula se ele, Bolsonaro, iria mesmo cortar o 13º salário do trabalhador. E perguntou e perguntou e perguntou. Diante do silêncio, passou a agredir o concorrente à cadeira de presidente.
Dessa vez, ao contrário da vez anterior na Band, Lula evitou cair nas armadilhas do Coiso.
Muita baixaria da parte do Coiso.
Lula chamou o adversário várias vezes à discussão pertinente aos interesses dos eleitores, da população brasileira. Disse, lá pras tantas, que estava cansado de ouvir tanta besteira.
Bolsonaro chamou Lula de ladrão e corrupto o tempo todo e lá pras tantas disse que sua ida recente ao Complexo do Alemão foi resultante da negociação da campanha do PT com traficantes e chefes do tráfico. Nos bastidores, Bolsonaro foi de uma grossura incomparável com os repórteres. Chegou a bater boca com Fábio Wajngarten, da Folha.
Lula bateu na tecla da valorização do trabalhador, dizendo que irá aumentar o salário mínimo acima da inflação. O Coiso também disse que iria aumentar o salário mínimo. Ora, ora! Lula lembrou que isso ele não fez nos 4 anos em que se encontra como presidente do Brasil. E não será agora que irá fazer isso, não é mesmo?
Lula disse que vai apostar cada vez mais na educação, na valorização do trabalho da mulher e na própria mulher. Disse também que a Amazônia será respeitada e que o Brasil sairá do limbo em que se acha para voltar a ganhar o aplauso e o reconhecimento da sua grandeza perante o mundo.
No confronto com Bolsonaro, Lula falou da importância da cultura e dos artistas, que vivem ao Deus-dará. 
Bolsonaro foi grosso com os correspondentes estrangeiros após o malfadado debate com o Lula.
Em muitos momentos, Bolsonaro parecia explodir e o fato é que perdeu terreno, e muito, no confronto de ontem na Globo.
Era pra ter sido um belíssimo debate se Bolsonaro levasse a sério o Brasil e os brasileiros. Mas como isso poderia ocorrer se ele, Bolsonaro é um cara sem caráter, de baixíssimo nível?
O Brasil não aguenta mais Jair Messias Bolsonaro. O seu lugar é a cadeia, e isso ele teme. Sua derrota se aproxima.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

DOMINGO ESTÁ CHEGANDO. HOJE TEM DEBATE NA GLOBO

 
Domingo 30 está chegando. É o nosso dia D. Nesse dia deverão ir às urnas pelo menos 130 milhões de brasileiros. No total, estão aptos a votar, pouco mais de 156 milhões de brasileiros e brasileiras, a partir dos 16 anos de idade.
No 1º turno das eleições deste 2022 foram às urnas 123.682.372 eleitores. Desses 118.229.719 foram votos válidos; brancos e nulos foram 5.452.653. 
Deixaram de votar no último dia 2 de outubro quase 32 milhões de brasileiros.
Eleições em 2º turno existem no Brasil desde 1989, quando Fernando Collor e Luís Inácio Lula da Silva disputaram o cargo de presidente. Collor ganhou, mas foi obrigado a renunciar ao cargo no dia 29 de dezembro de 1992. A renúncia deveu-se a denúncias feitas pelo irmão Pedro Collor (1952-1994).
Hoje 28, a partir das 21:30, ocorrerá o último debate envolvendo os dois candidatos à presidência da República: Bolsonaro e Lula. Será na TV Globo.
Ontem 27, também na Globo, ocorreu um debate entre Haddad e Tarcísio. No meu ponto de vista, Haddad deu uma surra no carioca.
O carioca candidato a governador de São Paulo mente tanto quanto o seu chefe, um horror. E é milico enrustido.
No livro Inspiração Nordestina (1956), o poeta popular cearense Patativa do Assaré (1909-2002) publicou o belíssimo poema Eu Quero. Leia:

Eu quero

Quero um chefe brasileiro
Fiel, firme e justiceiro
Capaz de nos proteger
Que do campo até à rua
O povo todo possua
O direito de viver

Quero paz e liberdade
Sossego e fraternidade
Na nossa pátria natal
Desde a cidade ao deserto
Quero o operário liberto
Da exploração patronal

Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha

Eu quero o agregado isento
Do terrível sofrimento
Do maldito cativeiro
Quero ver o meu país
Rico, ditoso e feliz
Livre do jugo estrangeiro

A bem do nosso progresso
Quero o apoio do Congresso
Sobre uma reforma agrária
Que venha por sua vez
Libertar o camponês
Da situação precária

Finalmente, meus senhores,
Quero ouvir entre os primores
Debaixo do céu de anil
As mais sonoras notas
Dos cantos dos patriotas
Cantando a paz do Brasil.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (50)

"Estou preocupado, muito preocupado seu Assis", começou o botão poeta de plantão Zilidoro.
Eu quis saber o que tanto preocupa Zilidoro. E ele: "Estou preocupado com os rumos que a política está tomando. O Bolsonaro está arquitetando nos bastidores. E isso me preocupa. É isso o que me preocupa!".
Zoião pediu a palavra pra perguntar se eu já trabalhara na rádio Jovem Pan. Sim, eu disse. Trabalhei na rádio Jovem Pan em anos do século passado. E Zoião: "A Pan era tão direitísta como hoje?".
Além de direitísta, foi falando Barrica, "a rádio Jovem Pan está jogando fora sua história, sua imagem de grande emissora de rádio do País. Além de marchar junto com os milicos e ex-milicos golpistas, a Pan e seus repórteres e colaboradores mentem, deturpam as notícias. E isso é grave, muito grave!".
Jão pediu licença pra dizer que várias entidades democráticas estão se manifestando a favor da democracia e da verdade. E destacou um trecho do manifesto assinado por entidades como Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Instituto Vladimir Herzog, Associação Brasileira de Imprensa, Federação Nacional dos Jornalistas: "Lamentamos que, neste momento, esse conceito esteja sendo usado de forma tão deturpada por veículos de comunicação, principalmente concessionários públicos, na tentativa de levarem à frente uma espécie de vitimismo tacanho e obterem licença para continuarem a mentir, difamar e avariar os pilares do regime democrático". Respirando fundo, Jão contou que jornalistas de todo canto estão se manifestando contra os absurdos transmitidos pela Pan: "Repudiamos toda e qualquer forma de censura e não admitimos que a liberdade de expressão seja distorcida para permitir a prevalência de mentiras na campanha eleitoral".
O botão alagoano Zé disse que também está preocupado: "Ora, ora, e a Pan anuncia aos quatro ventos que está sendo censurada pelo TSE. É mentira, é mentira, é mentira! As pessoas de bem deste nosso país precisam se manifestar e assinar o documento intitulado Manifesto de apoio à democracia".
Balançando a cabeça, irritado, Mané disse que viveu um pedaço da ditadura militar no Brasil. E gritando: "DITADURA NUNCA MAIS! DITADURA NUNCA MAIS!".
De repente ouviu-se o barulho de um chute na porta. Era Lampa, bradando: "AQUI TEM MACHO! AQUI TEM MACHO!". 
O espanto foi geral. Biu caiu na risada, sem se conter: "Esse Lampa! Esse Lampa não tem jeito!".
Não pude também deixar de rir. A cena além de engraçada, era ridícula. 
Zilidoro disse algo como "Esse Lampa é um maluco!".
Lampa, com uns quilos a mais e a barba mal feita, olhou na cara de Zilidoro e disse: "Maluco aqui é você e o feladaputa do Bolsonaro".
Pedi calma. Um problema não se resolve com outro problema. É preciso analisar direitinho o problema que nos incomoda. É claro que a Jovem Pan é um problema extremamente incômodo para as pessoas de bom senso...
"Mas ela não pode se comportar desse jeito, contra o povo e a democracia", interrompeu-me Zoião. Mané acrescentou: "O Zoião tem razão e não custa lembrar que a Pan é uma concessão do governo. E essa concessão não é de hoje é desde muito tempo".
"Numa boa, seu Assis? A Pan com essas maluquices, provoca humor e ódio. Humor porque chega a ser engraçado as mentiras que inventa e ódio porque ódio é ódio. O ódio está saindo da cabeça de Bolsonaro e afetando a cabeça das pessoas. Isso é triste, muito triste e preocupante", disse Zilidoro.
Bom pessoal, a conversa tá boa, mas por hoje é só. 
"Seu Assis! Seu Assis! Eu posso compartilhar com seus leitores o Manifesto 'Fake news não é notícia. Desinformação não é jornalismo', assinado por entidades democráticas como o Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo?", pediu Jão.
Claro!

https://www.sjsp.org.br/noticias/fake-news-nao-e-noticia-desinformacao-nao-e-jornalismo-1d3e

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

"MEU VOTO É 13!", DIZ STREAMER CASIMIRO

O dia D está chegando: domingo 30.
O Brasil da liberdade e da responsabilidade é um Brasil bonito.
O Brasil da irracionalidade e da censura é triste, é feio, é horroroso. Não é esse Brasil que o Brasil bonito, livre, quer.
O que o Brasil bonito quer é a beleza cada vez mais reluzente na cara, no rosto, na alma.
O Brasil, como um todo, está quebrado. Mas tem jeito. Ainda tem jeito. 
O Brasil da cultura popular, o Brasil da cultura erudita, é o Brasil cidadão. O Brasil que deu Câmara Cascudo, Bernardinho José de Souza, Mário Souto Maior e artistas da música como Chiquinha Gonzaga, Joaquim Antônio da Silva Callado, Patápio Silva, Chico Alves, Pixinguinha, Braguinha, Noel Rosa, Villa-Lobos, Carlos Gomes, Tom Jobim, Luiz Gonzaga, Manezinho Araújo e tantos e tantos mais.
O Brasil bonito é incomparável com quaisquer dos quase 200 países alinhados e identificados na Organização das Nações Unidas, ONU. E no cinema, hein?
E nas artes plásticas, hein?
No canto operístico o Brasil bonito guarda no coração e na memória Bidú Sayão.
O dia D, domingo 30, está chegando.
Domingo que vem será o dia que a Democracia se levantará, combalida que anda, para espraiar-se sobre nós.
Domingo será o dia D: 13!
Segunda 24 o teatro da PUC recebeu grandes representantes da nossa democracia, incluindo artistas de todos os seguimentos.
Entre os compositores, cantores e instrumentistas que apoiam a bandeira da democracia, via PT, se acham Jarbas Mariz, Jorge Ribbas, Cacá Lopes, Luiz Wilson, Costa Sena, Wilson Seraine, Dantas do Forró, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e suas filhas Preta e Bela Gil; Djavan, Martinho da Vila e sua filha Mart'nalia; Ivete Sangalo, Maria Rita, Gal Costa, Fatel, Socorro Lira, Anastácia, Anitta...
Mas há no Brasil ainda pessoas em dúvida, que não sabem exatamente ainda em quem votar.
Numa conversa ontem 25 com o amigo Geraldo Vandré, ousei perguntar sobre a atual situação política. O que ele está achando e tal. Se vai votar no Lula ou no outro. Sua resposta, melancolicamente: "Pra mim, tanto faz".
Problemas de foro íntimo têm deixado Geraldo muito triste. Já não faz poesia, já não faz música, já não lê livros nem nada: "Fico vendo TV, Ângelo".
O cidadão Geraldo Pedrosa de Araújo Dias completou no último setembro 87 anos de idade.

FAKE NEWS E STF

O Supremo Tribunal Federal derrubou ontem 25, por 9 a 2, pedido de revisão a um processo que dava mais forças ao exército de mentirosos do presidente Bolsonaro. O pedido foi encaminhado ao STF pelo PGR Augusto Aras. Em suma: Aras queria que o STF não retirasse das redes sociais as fake news postas pelos bolsonaritas. Caiu do cavalo. À propósito, o streamer Casimiro Miguel abriu o bocão para protestar contra o uso da sua imagem. O causo é que Casimiro teve um de seus posts adulterado, dando a entender que ele estaria apoiando a reeleição do atual presidente. Disse o famoso streamer:


ENTREVISTA

Amanhã, quinta 27, a partir das 16h estarei falando a respeito de jornalismo e tal no programa BOTECO APJor. O papo será transmitido ao vivo pelo Youtube/Facebook. Convido todo mundo a acompanhar nossa conversa, que terá entre os entrevistadores o ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo Fred Ghedini.
APJor é a sigla para Associação Profissão Jornalista.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

BRASIL DA CULTURA POPULAR

O Brasil é, culturalmente, um país fora do esquadro. No sentido melhor do termo. 
Embora novo, o Brasil posiciona-se como o 5º maior do mundo em dimensão e população.
A cultura brasileira é rica e diversificada.
O indígena, o negro e o branco formam a nossa Nação.
Há riqueza em todos os cantos brasileiros. No canto propriamente musical e tudo o mais.
Os nossos autores literários, musicais e historiadores de todos os formatos dão o tom e a forma necessários para o fortalecimento do Brasil.
O potiguar Luís da Câmara Cascudo marcou presença na historiografia brasileira. Escreveu de tudo, sobre tudo. Deixou cerca de 150 títulos publicados e não só no campo dito folclórico. Falava muitas línguas e era de uma sabedoria incrível. Eu o conheci de perto.
No campo da cultura popular outro brasileiro, esse quase desconhecido, também deixou uma marca indelével. Refiro-me ao sergipano Bernardinho José de Souza.
Bernardinho José de Souza nasceu no dia 8 de fevereiro de 1884 e morreu no dia 11 de janeiro de 1949 depois de ver publicados os livros Heroínas Bahianas (1936), O Pau-Brasil na História Nacional (1939) e Dicionário da Terra e da Gente do Brasil (1939).
Por volta de 1945, Bernardinho tentou publicar Ciclo do Carro de Bois no Brasil. Não conseguiu. Esse livro, uma pérola, só foi publicado em 1958.
Exemplar a história desse sergipano que teve seus estudos desenvolvidos na Bahia de Castro Alves e Jorge Amado, mesmo lugar em que o paraibano de Caiçara Rafael de Carvalho firmou-se como cantor, ator, autor e tudo o mais relacionado às artes.
No livro Boi da Paraíba, Rafael conta sua história  desde seu berço paraibano.
Rafael de Carvalho morreu vítima de um infarto depois de participar do filme O Baiano Fantasma, dirigido por Denoy de Oliveira.
Rafael participou das novelas O Bem-Amado, Gabriela, Saramandaia e Rosa Baiana, entre outras; e dos filmes Aguenta o Rojão, Um Candango na Belacap e O Homem que Virou Suco, que traz no elenco o cantor e instrumentista paraibano Vital Farias. Pra recordar, ouça:

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (49)

"Seu Assis! Seu Assis! O Brasil tá pegando fogo. O fim do mundo parece que já começou", entrou afobado na casa o botão Biu.
Enquanto Biu afobado falava, o botão Barrica disse não estar espantado com o que está ocorrendo: "Essa violência toda já estava prevista, já estava e está no nosso radar".
É, eu disse. A situação está esquentando. O que aconteceu ontem no Rio não foi garapa. Como é que um ex-deputado e presidente de um partido político não só descumpre uma ordem policial como ataca a tiros e granadas policiais federais destacados para cumprir a determinação da Justiça, de um juiz?
"O que o Jefferson fez foi um crime calculado, previamente calculado. Ele estava armado até os dentes e com armas pesadas, sem que o Exército fizesse nada. E isso é grave!", disse analisando o caso o poeta botão Zilidoro.
"E ainda tem mais um detalhe, seu Assis. O tal Jefferson, uma besta horrorosa, mantinha e mantém um arsenal na sua casa como um CAC", emendou à fala de Zilidoro o botão paraibano Mané.
"O que é CAC, Mané?", quis saber Jão. 
"Iiiih! CAC, Jão, é Colecionador, Atirador desportivo e Caçador", esclareceu Mané.
O mais grave nessa situação, eu disse, é que existem milhares e milhares e milhões, talvez, de CACs espalhados Brasil afora. E armados por incentivo do presidente da República.
"Esse presidente aí, o Bolsonaro, é um criminoso e o lugar dele, mais cedo ou mais tarde, é na cadeia", disse nervoso Zoião.
Barrica, coçando a cabeça, dirigiu-se a mim tecendo elogios por um poema que fiz e que falo de cadeia. Zilidoro pediu a palavra e de memória declamou as duas últimas estrofes do poema referido. Assim:

...Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!
 
A cadeia te espera 
Presidente predador
Hoje quem foge é caça
Amanhã é caçador
 
Ainda não de todo calmo, Biu disse que além dos dois policiais atingidos à bala por Jefferson, um cinegrafista da TV Globo foi atacado covardemente por um bolsonarista que fora prestar "solidariedade" ao ex-deputado Jefferson. O profissional da Globo, Rogério de Paula, continua nesta manhã 24 internado na UTI do Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Rio. E acrescentou Biu: "Enquanto ocorria o furdunço provocado por Jefferson, no município potiguar de Macaíba um bolsonarista numa moto meteu bala contra uma passeata pacífica que tinha a frente o candidato Lula. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, estava presente e foi retirada às pressas por sua segurança".
Pois é, pois é, a coisa tá feia.

domingo, 23 de outubro de 2022

NORDESTINO VOTA EM NORDESTINO

Um bandido acaba de se entregar à Polícia, exatamente nesta hora: às 19h09, depois de a casa ser cercada. Antes balas dele levaram para o hospital um policial e uma policial federal. 
Ainda bem que a força policial não reagiu à ação desse bandido, Roberto Jefferson, presidente de um partido político (PTB).
O Brasil sofre.
O Brasil violento que ora se apresenta é o Brasil Bolsonaro. O Brasil da Michelle, que engana o povo prometendo espaço no céu. Em nome de Deus e dos crápulas enrustidos. Fazem misérias.
O Brasil violento que ora se apresenta é o Brasil dos milicianos. Brasil que mata e promete matar mais ainda. É o Brasil bolsonarista. O Brasil sem pudor, despudorado. O Brasil...
Este domingo 23 está sendo marcado pela violência, mais uma vez, de um bolsonarista radical como é caracterizado um bolsonarista.
Jefferson recebeu à bala a Polícia que foi a sua casa para cumprir uma determinação judicial. Esse Jefferson é aquele que não presta. É aquele ser que baba veneno na gola o tempo todo. É o cara que ontem 22 comparou a ministra Carmen Lúcia com uma prostituta, no mais abjeto do termo.
O Brasil bolsonarista é o Brasil da ditadura horrorista.
A vida brasileira, nossa vida, tem que ser regida o tempo todo pela regra democrática.
Para presidente, nordestino vota em nordestino. E de tabela o Brasil todo vota e tem que votar, neste momento, no Lula para o bem do bem.
Viva a Democracia!

A terra de Homero
E da Mitologia
Dos deuses do Olimpo
E da Democracia
Plantou em Diógenes
A flor da Anarquia

Diógenes era um doido
Diplomado em Poesia
Com sua lanterna acesa
Em pleno dia
Procurou mas não achou
No poder cidadania

Outras coisas ele achou
Mas não o que queria:
Um Ser que fosse honesto
A verdade sem fantasia
e um santo que falasse
Do valor da valentia

Valente é todo Ser
Que vive de teimosia
Que detesta injustiça
E a lei da "Mais Valia"
E não vou falar mais disso
Adeus, até outro dia!

UMA HISTÓRIA DE CARRO DE BOI E GENTE

 
Com os seus cocões cantando
No nosso Brasil rural
Os carros de boi vieram
Das bandas de Portugal
Já prontos pra transportar
Cana do canavial

Primeiro foi na Bahia
E depois em São Vicente
Os carros de boi moldaram
O gosto de muita gente
Mas hoje são só lembrança
Que guardo na minha mente

Nesses carros eu andei
e brinquei com alegria
Em um tempo já distante
Que lembro com nostalgia
No nosso Brasil querido
Tem beleza e fantasia

Quem conduz um boi de carro
Por tradição é carreiro
Por tradução é um craque
Valente, bom estradeiro
Companheiro de um ser de luz
Chamado de Candieiro


https://www.youtube.com/watch?v=IQehVnx_fm8&t

Esse barulhinho aí é esquisito, não é?
Eu ouvi esse barulhinho quando era menino, e ele nunca mais saiu daqui da minha cachola. É o barulhinho do carro de boi chorando, gemendo estrada afora.
Qual menino do meu sertão não ouviu esse chorar e viu o lento rodar dos velhos carros de boi?
Sim, qual o menino que nunca viu isso?
Pois é. Dia de feira, dia de festa, de gente pra lá e de gente pra cá. De gente vinda de tudo quanto é lugar, numa agitação dos infernos! Gente gritando, rindo, moleque chorando, outros vendendo e comprando fosse o que fosse. E à distância, o carro de boi: oooooonnn... Comendo a poeira levantada pelo tropel dos cavalos.
Naqueles dias distantes da minha infância, lembro que tinha também os bebuns de plantão de boteco para quem os dias pareciam não passar.
Mas apesar disso, e por isso mesmo, o que fica pregado na memória é o chiadinho do carro de boi. Esse chiadinho que arrepia a alma, choroso, é diferente do choro de gente. É um choro chorado, dorido, diferente de tudo. Um choro que vem de lá de nem sei de onde.
Esse choro me entristecia, profundamente. Para ter tristeza e chorar num precisa ser frouxo, não. Cabra macho também chora.
Seu Nonô mesmo, que era raçudo e tinha lá nas costas uma penca de morte feita a bala e faca, um dia, escondido, eu o vi chorar. Aliás, até os bois choram. Choro demais chega a ferir o coração da gente.
Ah! Sim, todo mundo sabe: coração de sertanejo é duro de doer. É calejado, cheio de marca que nem seus pés e suas mãos. Notei isso quando cresci. Olha aqui as minhas mãos, tá vendo? Todas cheinhas de calo de tanto amargar o cabo da enxada de sol a sol. Doem. E os pés? Olha aqui. Tudo rachado que nem a terra seca à espera da água do céu que parece nunca vir. Por cá, por essas bandas, falta d´água mata gente e mata boi.
Pois é, coração de sertanejo não é mole, não. Quando dá de doer, seu moço, de machucar feito moenda com toras de cana ou aquelas maquininhas de repuxar agave, no muque, ah!, danou-se! E fique certo: o sofrimento é tanto que lembra dor de dente na hora do meio-dia, do pino, sob a danação da seca pesada. É de lascar o cano!
Por essas bandas tudo é triste. O nosso andar, a nossa fala puxada, o nosso riso, até o nosso espirro é triste. Pode reparar. Tudo é triste na gente. Menos a esperança. Ah! Essa, não. É tudo que nos resta... Mas que a nossa vidinha por aqui é braba, lá isso é. Daí a tristeza. Deus que me perdoe, mas acho que até ele esquece da gente. E né não?
Mas eu tava falando mesmo era dos carros de boi. Quando os carros de boi param, tudo para. Até o tempo. Eita tristeza danada é a falta do gemido, do choro inacoluto do carro de boi!... Eu sempre quis falar esta palavra: inacoluto. Nem sei o que é inacoluto, nem sei se existe, mas que é uma palavrinha bonita, hein? Lá isso é!
Essa história de carro de boi é triste, mas é bonita. Nem sei se pelo carro ou pelos bois. Para os meninos do sertão, o boi não é só um bicho trabalhador, não. É amigo, amigo mesmo! Boa companhia. Bem comparando, é que nem cão e gato na cidade grande. Mas um dia tudo se acaba. Nós, inclusive. E os bois. De morte morrida ou de morte matada, não interessa. Isso é detalhe. Quando o boi morre de morte matada, a sua carne é vendida no açougue. Que fazer? Das duas, uma: ou se morre de barriga cheia ou se morre de barriga vazia.
A cena do boi indo pro sacrifício é feia, o moço aí já viu? Ele adivinha que vai morrer, tanto que dos cantos dos seus olhos escorre lágrima. Pode ver. E numa rápida manobra, o carrasco, poft!, dá cabo à vida dele. Tem gente que disfarça, que olha de banda, que não quer olhar. Eu olhei e chorei, como muitos amigos meus, meninos do meu tempo, de calça curta, de um tempo que já vai longe, e como vai!
Jamais vou esquecer o boi entrando no matadouro, escorregando no sangue de outros bois e caindo pesado, num baque seco, surdo, sem um mugido sequer. O difícil, depois, é achar entre os corpos esquartejados a carne do boi de carro, de estimação, de brinquedo, do boi querido, do boi amigo, do boi quase irmão, do boi que virou calemba, bumbá, mamão. Do boi que virou lembrança, uma dolorosa e triste lembrança no mais fundo de nós.
Mas é essa a sina do boi. Depois de passar a vida toda puxando carro ou arando de sol a sol, morre pelas mãos assassinas do homem. Com Jesus também não foi diferente: veio para nos salvar e nós o matamos. Sem pena nem piedade.
Foi assim, é assim e será sempre assim. Não tem jeito. O homem é mau, o boi é bom.
O homem não nasceu pra se salvar.

Carro de boi
Boi de carro
Carro que geme
Boi que cala
Seja no cipó
Seja na bala

É boi, é gente
É gente, é boi
Carro, boi, gente
A vida no sertão
Ai meu coração!
Gente e boi
Boi, gente
É tudo um pedaço,
Um pedaço que sente,
Que sente que vida
É suor, é semente

Seja boi de reis
Seja boi de carro
Seja boi calemba
Seja boi de carro

Seja boi-bumbá
Seja boi de mamão
Seja, meu Deus!
Bois do coração

É boi de cá
É boi de lá
Tudo é boi
É boi pra se amar
No sol e na poeira
Na subida e na ladeira
Segue o homem
Segue o boi
O carro puxando
Sobre pedra
Sobre barro
Ora aqui
Ora acolá
Sem nada reclamar

O carro, o boi, o homem
O homem, o boi, o carro
O carro geme a dor do homem
Que geme a dor do boi
Que puxa o carro do homem
Sem preguiça
Justiça!
Sem ódio
Sem rancor
Segue assim o homem
Andando, correndo
Comendo poeira
No silêncio do trabalho
Óh! Deus
Segue assim o homem o seu destino
A sua sina…
No cangote doido da vida Severina


https://www.youtube.com/watch?v=-A2RG0dNC68


Foto e ilustração de Flor Maria e Fausto Bergocce

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

O QUE ORA VIVEMOS SÃO TEMPOS DIFÍCEIS

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, aponta que há no Brasil milhões e milhões de brasileiros portadores de algum tipo de deficiência visual, auditiva, motora, intelectual etc. Dentre esses milhões, um número incalculável de cegos. 
Eu perdi a luz dos meus olhos entre 2013 e 2014. A razão foi descolamento de retina.
O que a pesquisa do IBGE não mostra com clareza é o número absurdo de eleitores deficientes. E eleitores simples, carentes de tudo. Pobres, desempregados e tantos mais revelam-se bolsonaristas.
Bolsonaro ganhou o governo, em 2018, após convencer os eleitores e eleitoras de que faria uma administração diferente do que, grosso modo, sempre fizeram os políticos tradicionais. Começou a mentir aí. Quer dizer a mentir mentira grande, pois mentir sempre mentiu, negando no seu "staff" a existência de funcionários fantasmas.
A prática de rachadinhas Bolsonaro iniciou há muito tempo. 
O time que cerca Bolsonaro é um time altamente eficiente no quesito "fake news".
Até agora Lula e o seu "staff" andam um tanto perdidos diante da produção incrivelmente escandalosa de mentiras produzidas pelos bolsonaristas. E eu, aqui, já disse: Bolsonaro mente, mente, mente. Mente e depois se auto desmente, mentindo de novo.
Ontem 20, Lula disse em entrevista no Rio que nem ele, nem o PT, estavam preparados para enfrentar a fábrica monstruosa de fake news armada e comandada pelos bolsonaristas. "É preciso que se reconheça a capacidade do exército de milicianos dele de fazer os enfrentamentos de rede social. Eu acho que a gente não tinha experiência, o Brasil não estava habituado com isso. Mesmo assim eu acho que vamos ganhar as eleições. Acho impossível ele virar em uma semana, mesmo fazendo as loucuras que ele faz", acrescentou.
E põe loucura nisso.
No começo da semana Bolsonaro entrou na casa de umas meninas, em Brasília, e entusiasmou-se. Disse, com todas as letras, que diante delas "pintou um clima".
As meninas em questão são adolescentes nascidas na Venezuela. Depois de dizer isso, desdiu-se na Internet. Quer dizer, além de mentiroso é covarde por não assumir suas falas nojentas.
Ainda nesta semana ouvi um vídeo em que o candidato à reeleição tece loas a Alfredo Stroessner (1912-2006).
Stroessner foi ditador do Paraguai entre 1954 e 1989. Nesse período, perseguiu o povo simples da sua terra. Muita gente morreu nas suas unhas, nas unhas da sua polícia. Enquanto matava quem queria, estuprava meninas de 10 a 15 anos de idade. Foi um pedófilo sem mais classificação. Praticou mais de 1.600 estupros e foi a esse sujeito que Bolsonaro elogiou, depois de elogiar os generais Geisel e Médici, creditando a eles o sucesso do agronegócio.
Essa fala se acha na Internet.
Na Internet também se acha notícia dando conta de que Bolsonaro jogou suas asas em direção a uma garotinha de 10 anos. Afe! Foi numa de suas "lives", no dia 10 de setembro de 2020. A menininha, uma "youtuber" mirim, tremeu ao perceber os olhos maliciosos de Bolsonaro sobre os seus. "Isso é feio", disse ela. 
O Brasil nunca viveu um momento tão delicado como agora. Sem falar no Coronavírus que contaminou e matou meio mundo. Esse vírus fez Bolsonaro imitar, de modo debochado, uma pessoa morrendo por falta de ar. Quanta desumanidade!
Para lembrar o caráter assassino do presidente, fiz o poeminha este:

Já não são quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil

Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas

Praga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o Bicho quer

Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente
O Brasil está morrendo
Nas garras do presidente

Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera 
Presidente predador
Hoje quem foge é caça
Amanhã é caçador
 

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

"VAMOS COM LULA PELO BRASIL!"

 
É falsa a ideia de que somos um povo alegre.
Em 1928, o paulistano Paulo Prado levou à praça o livro Retrato do Brasil, com o subtítulo Ensaio sobre a Tristeza Brasileira. Esse livro alcançou três edições no mesmo ano de 28.
O título do livro de Prado já diz tudo.
Em 1941, o austríaco Stefan Zweig (1881-1942) publicou o livro Brasil, Um País do Futuro.
Retrato do Brasil traça um doloroso perfil da gente brasileira. Dói, mas é verdade.
De 28 pra cá, a tristeza brasileira só aumentou, em consequência do altíssimo índice de desemprego, fome e miséria.
O livro de Zweig é, com todas as letras, um livro de conteúdo otimista.
O País do Futuro referido por Stefan Zweig ainda está pra nascer. 
Stefan Zweig matou-se, junto com a mulher, um ano depois de lançar Um País do Futuro, no dia 23 de fevereiro.
O livro de Paulo Prado continua sendo cópia da nossa cara. Infelizmente.
Mas uma coisa é certa: precisamos nos reinventar, acreditando ser possível a transformação do negativo com o positivo.
Ouvi há pouco Simone Tebet dizer que o Brasil não aguenta mais viver sob o negacionismo bolsonarista. Estamos quebrados, ela disse. E conclamou: "Vamos com Lula pelo Brasil!".
Por enquanto, alegria mesmo só no carnaval. Aliás Carnaval é o título do livro do baiano Jorge Amado (1912-2001).
Mas até no carnaval há tragédias, como nos conta o poeta Carlos Paraná (1932-1970): 
 
Nasceu Maria quando a folia
Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no Carnaval

E não lhe chamaram assim como tantas
Marias de santas, Marias de flor
Seria Maria, Maria somente
Maria semente de samba e de amor

Não era noite, não era dia
Só madrugada, só fantasia
Só morro e samba Viva Maria
Quem sabe a sorte lhe sorriria

E um dia viria
De porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões
E em plena folia
Decerto estaria
Nos olhos e sonhos
De mil foliões

Morreu Maria quando a folia
Na quarta-feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um Carnaval...
 
O carioca Zé Kéti (1921-1999) também pegou o carnaval como tema e cantou, tirando a máscara:
 
Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando pelo amor da Colombina
No meio da multidão

Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (48)

"Atenção, atenção, atenção, pessoal! O doutor do hospital garantiu que o Lampa vai receber alta ainda esta semana. Ele já está até falando. Está lúcido. Disse que vai votar no Lula", falou enfático o botão alagoano Zé.
A fala de Zé foi seguida de um estrondoso bater de palmas. "Que bom! Que bom! O Lampa nos faz falta!", disse Zilidoro.
"Seu Assis, estamos há poucos dias do 2º turno. O feladaputa do Bolsonaro não pode continuar presidindo o nosso País", falou o quase sempre quieto Jão. E Mané: "Isso mesmo! Isso mesmo! Esse aí é resultado de um aborto da natureza. Um horror!".
"Estamos vivendo momentos delicados e decisivos. O Brasil está no fundo do poço. À beira do fundo do poço. E esse poço a que me refiro é sem fundo. Um buraco sem fundo!", foi a vez de Barrica dizer mais uma vez o que pensa a respeito da situação que ora todos nós vivemos.
Aproveitei o momento pra perguntar a Biu e a Zoião se têm acompanhado o noticiário... "Sim, sim! Eu tenho acompanhado tudo. É impressionante o comportamento e a fala do presidente Bolsonaro. Desde sempre, ele xinga tudo e todos. Ele esculhamba com nordestino, negro, gays, pobres e todos mais", disse Biu. E Zoião: "Esse cara aí é inqualificável. Ainda não foi inventada uma palavra pra dizer realmente quem ele é".
Não tem como não concordar com vocês. O que o Zoião acaba de falar é completamente compreensível. Bolsonaro é lixo, produto do esgoto mais fedorento de todos. Hitler começou como ele, falando de pobres, gays, analfabetos e judeus. E deu no que deu. Hitler começou imitando Mussolini. Ambos mataram milhões e milhões de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial.
"Seu Assis, eu andei levantando umas frases loucas ditas por Bolsonaro", começou Biu. E Mané: "Eu também! Eu também! Eu também tenho recorrido à Internet pra procurar o pensamento maldito do presidente. O Brasil não merece Bolsonaro como presidente. Bolsonaro merece ir para o fundo da cadeia. Ele tem muitos crimes pra pagar". Depois de dizer o que disse, Biu pediu licença a seus companheiros botões pra citar algumas frases ditas pelo atual presidente da República. Estas:
“A atual Constituição garante a intervenção das Forças Armadas para a manutenção da lei e da ordem. Sou a favor, sim, de uma ditadura, de um regime de exceção, desde que este Congresso dê mais um passo rumo ao abismo, que no meu entender está muito próximo" (1999)

“O pau-de-arara funciona. Eu sou favorável à tortura” (1999)

“Tudo é coitadismo. Coitado do negro, coitado da mulher, coitado do gay, coitado do nordestino, coitado do piauiense. Vamos acabar com isso” (2018)
Muito bem Biu. Na Internet tem muita coisa mostrando quem é, de fato, Bolsonaro. E o incrível é que corremos o risco de ele ser reeleito. A Federação da Indústria do Estado de São Paulo, Fiesp, está dividida. Uma parte dos grandes empresários quer Bolsonaro reeleito. o Nordeste não quer. O Nordeste e boa parte do Sudeste querem ver esse sujeito no esgoto de onde veio. Claro, o Brasil corre um risco profundo de cair no Nada. No 1º turno, mais de 30 milhões de brasileiros cruzaram os braços, sequer saíram de casa. Não deram bola às urnas, à Democracia.
"Seu Assis! Seu Assis! Sabemos que boa parte dos brasileiros não liga pra nada. É como se seguissem a letra do samba do Zeca Pagodinho: Deixa a vida me levar/Vida leva eu...", cantarolou o potiguar Barrica. 
"Que pena, que pena. Somos em grande parte cidadãos alienados", lamentou Zilidoro. Jão acrescentou: "As frases revelam o sujeito maledicente que é Bolsonaro".
Bom, pessoal, pra encerrar tem esta: “Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil, começando com o FHC, não deixar para fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente” (1999).
"Essa frase aí também é do Bolsonaro?", perguntou um tanto atordoado o paraibano Mané. Sim, respondi. E aproveitei pra perguntar se Mané e seus colegas tinham visto o podcast do Lula, que está batendo recorde de audiência. "Onde eu acho isso?", perguntou Zilidoro. O endereço é este: LULA NO FLOW PODCAST
Levantando-se do tamborete onde até então se achava, Barrica cantarolou acompanhado por todos: 
 
Vai passarNessa avenida um sambaPopularCada paralelepípedoDa velha cidadeEssa noite vaiSe arrepiarAo lembrarQue aqui passaramSambas imortaisQue aqui sangraram pelosNossos pésQue aqui sambaramNossos ancestrais
  

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (47)

Antes de perguntar a meus botões o que acharam do debate de ontem 16 promovido pela Band, ouvi uma voz cavernosa dizendo algo como "Arrasou, arrasou!". Procurei identificar a voz, mas tive dúvidas, Barrica deu uma risada escrachada dizendo: "É o Biu! É o Biu! O Biu quando quer é irônico até na hora do choro, seu Assis". Mas não entendi o "Arrasou! Arrasou!". E Biu: "O Bolsonaro, o Bolsonaro!". De outro canto, Jão comentou: "Arrasou se foi pras quengas dele. E dos cachorros!". Calma, pedi calma. Não podemos entrar na baixaria da propaganda eleitoral.
"Muito bem, seu Assis. Parabéns, de fato a propaganda política está que é uma baixaria só. Um horror!", foi a vez de Zilidoro falar, emendando: "Gostei muito do formato do debate formulado pelo pessoal da Bandeirantes".
O Zilidoro tem razão. A Band inovou no formato para debates políticos. E Zé: "Achei que o Lula ganhou, mas podia ter ganhado de goleada. 
Até então quieto no seu canto, Zoião fez hummm e ameaçou dizer alguma coisa, mas não disse.
O Lula começou falando de educação e perguntando ao seu adversário quantas faculdades novas ele fez no seu governo. Silêncio. Bolsonaro tergiversou. A primeira parte, apesar de tudo, até que foi boa. Depois Bolsonaro só xingou o Lula, chamando-o de ladrão, amigo de bandido. Lamentável. 
Na verdade, na verdade pessoal, a Bandeirantes ganhou no formato para debates e ganhou também a Democracia e todos nós.
Um debate assim, entre dois políticos graduados não poderia ser feito se vivêssemos numa ditadura. Interrompendo-me, disse Zoião: "O Bolsonaro, antes de tudo é um escroto. Sacana. Bicho ruim. Ele mente, ele engana o povo falando de liberdade e democracia. Na verdade ele quer é ditadura, apertar o torniquete. Se ele for reeleito, estaremos todos afunhenhados".
"O cabra não tem conserto. O cabra não tem jeito, é um horror sob todos os aspectos. Fala mal de nordestino, diz que nordestino é analfabeto e que foram os nordestinos analfabetos que deram a vitória ao Lula", lembrou Zé. E Jão emendou: "E ainda desrespeita as mulheres, os negros, os gays, os jornalistas e agora até jovens adolescentes venezuelanas que, pra ele, são prostitutas. E posso dizer mais uma coisa seu Assis? Esse cara, com o perdão da palavra, é um filho da puta!!!".
Pois é pessoal, e ele disse que com as meninas venezuelanas "pintou um clima". Ai, ai, ai...

Pra encerrar, perguntei a Biu como está o Lampa. Resposta: "O Lampa está fora de perigo, já está respirando sem uso de instrumentos. Está na enfermaria do hospital e quem sabe receberá alta nesta ou na próxima semana. Torçamos".
Barrica lembrou que o dia 30 de outubro está chegando e que antes, no dia 28, será a vez de a Globo promover o seu debate entre Lula e Bolsonaro.
Zilidoro, mexendo no computador, fazendo de conta que nada ouvia clicou:  

sábado, 15 de outubro de 2022

SOMOS TODOS MESTRES


Eu tenho um poema que começa assim:

Só não vê quem não quer ver
Diz um dito popular
Esse dito é bem dito
E dele é bom falar...

Mas como hoje 15 é o Dia do Professor, o referido poema eu poderia começar assim:

Só não aprende quem não quer
Diz um dito popular
Esse dito é bem dito
E dele é bom falar...

O Dia do Professor existe para reflexão. É um dia importantíssimo para os profissionais que assumiram para si a missão de ensinar. E cabe ao aluno, e somos todos alunos, aprender se quiser.
Aprendi com muitos professores, amigos, amigas, filhos e filhas. Aprendo com todo mundo e o próprio mundo me ensina.
Levei porrada e porrada certamente levarei. Levar no sentido de receber. 
Tive grandes professores na vida. A começar pelos meus pais, avós e demais familiares. Na escola aprendi o be-a-bá. Na escola aprendi a pintar e só não aprendi a tocar e a cantar porque a mim faltou talento.
Há professores de canto, há professores de música.
Estudei música com Aldo Parisot. Confesso que não aprendi nada. Eu desafinava, dizia ele com decepção. "A sua voz até que é boa, mas não serve para o canto", dizia ele.
João Câmara Filho e outros mestres das artes plásticas até que me ensinaram a segurar o pincél e com ele na palheta. Misturei tintas e nessas pinturas, descobri novas cores. Aprendi que o preto com branco, dá cinza. O vermelho com branco deixa a cor rosada. Tem o azul cobalto...
Um dia no programa da Inezita, Viola Minha Viola, a uma pergunta dela eu disse que a rabeca é filha bastarda do violino. Ela gostou.
O violino nasceu muito antes da rabeca, que tem origem ali pelo século 7º d.C.
O som da rabeca surgiu ali pelos tempos em que os mouros invadiram a Península Ibérica.
Dentre os meus mestres não há como esquecer Luís da Câmara Cascudo. Eu ia à casa dele beber na fonte límpida da história que ele também sabia. História da cultura popular, erudita e tal.
Câmara Cascudo sabia de tudo e mais um pouco. Pra mim ele era "o Velho que Sabe Tudo". Esse, aliás, foi o título que dei a uma das entrevistas que fiz com ele. Saiu no suplemento Folhetim, extinto, do paulistano Folha de S.Paulo.
Os professores sofrem muito, principalmente nos tempos atuais.
Professor ganha pouco e sofre muito. Isso precisa mudar. Um país sem professor, sem mestre, é um país/nação pobre em todos os sentidos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

MEMÓRIAS DA INFÂNCIA: O MENINO E O MAR (2, FINAL)


Além da literatura tradicional, infantil no caso, os autores vão se sucedendo e construindo histórias e reconstruindo memórias.
Descobri autores nacionais pondo nas histórias personagens reais. Caso, por exemplo, de Jorge Amado, que escreveu uma belíssima história dedicada ao filho João. Esse livro foi escrito em 1948 e publicado 28 anos depois. O próprio Jorge explica, à guisa de prefácio:

A história de amor do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá eu a escrevi em 1948, em Paris, onde então residia com minha mulher e meu filho João Jorge, quando este completou um ano de idade, presente de aniversário; para que um dia ele a lesse. Colocado junto aos pertences da criança, o texto se perdeu e somente em 1976, João, bulindo em velhos guardados, o reencontrou, dele tomando finalmente conhecimento.
Nunca pensei em publicá-lo. Mas tendo sido dado a ler a Carybé por João Jorge, o mestre baiano, por gosto e amizade, sobre as páginas datilografadas desenhou as mais belas ilustrações, tão belas que todos as desejam admirar. Diante do que, não tive mais condições para recusar-me à publicação por tantos reclamada: se o texto não paga a pena, em troca não tem preço que possa pagar as aquarelas de Carybé.
O texto é editado como o escrevi em Paris...


Pois é, personagens reais têm invadido a ficção. Infantil. Coisa boa.
Por esse mesmo caminho têm trilhado muitos autores, jornalistas inclusive.
Em 2009, o jornalista alagoano Audálio Dantas publicou O Menino Lula. É a história do pernambucano que virou presidente. Bom texto, para um bom personagem.
E por não ter o que fazer, até eu abracei a ideia de contar a infância de pessoas reais, como a cantora paulistana Inezita Barroso e o pernambucano de Exu Luiz Gonzaga. Dois livros, direcionados ao classificado público infanto-juvenil. Títulos: A Menina Inezita Barroso (2011) e Lua Estrela Baião, a História de um Rei (2012).
No ano de 1987, o multitudo paranaense Elifas Andreato adaptou um texto da Declaração dos Direitos Humanos (1948) para a criançada. Dizia dos principais itens, ou pontos, necessários para que as crianças pudessem/possam crescer com liberdade e categoria. Tornando-se cidadãos de respeito. Essa adaptação ganhou livro e versão musical para teatro e disco. Uma beleza. Título: A Canção dos Direitos da Criança.
Sou litorâneo. Nasci em João Pessoa, PB. Conheci o mar nos braços da minha prima Avani. Eu tinha uns três anos, se tanto. Apaixonei-me pelo mar. E apaixonado escrevo, especialmente para este J&Cia, O Menino e o Mar:

Numa boa estou bem
Na canoa a navegar
Navego no lusco-fusco
Das ondas que faz o mar
Menino-peixe que sou
Eu nasci para brincar

Quem brinca se diverte
Seja só ou seja em par
Nas ruas, parques e praças
Ou simplesmente no mar
Na vida tudo é graça
Pra quem gosta de brincar

Brincando criei a Lua
Brincando fiz o luar
Minha canoa não teme
As intempéries do mar
Quem tem medo do medo
Não serve para brincar

Minha canoa é forte
Tão forte que nem o mar
Tão forte que nem o vento
Quando quer nos assustar
Com remos firmes nas mãos
Eu não me canso de remar

Já remei em todo canto
Inda mais hei de remar
Na Paraíba, no Japão...
Em japonês eu vou cantar
Cantando direi que sei
Dos segredos que tem o mar

Na tarde de todo dia
Num ponto qualquer do mar
Ouço vozes maviosas
Ganhando formas no ar
São sereias desgarradas
Num belo coro a cantar

É a coisa mais bonita
Que se possa imaginar:
Sereias no ar dançado
Cantando pra encantar
Num ponto qualquer do mundo
Num ponto qualquer do mar!

Deslizando sobre águas
Sigo eu a navegar
Procurando juntar forças
Pra quem sabe até voar!
Sou peixe à luz do Sol
À luz da Lua sou o mar

Sol e Lua quando juntos
Formam sempre um belo par
O Sol oscula a Lua
A Lua oscula o mar
Na canoa numa boa
Sigo eu a navegar




O dia 12 de outubro é o Dia das Crianças, escolhido como Lei em 1924.
No dia 12 de outubro também é comemorado o Dia de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil.

LEIA MAIS: Em junho de 2013 escrevi um texto especial abordando o tema literatura infantil. É uma pequena viagem no tempo. Talvez valha a pena acompanhar o dito escrito sob o título Oralidade — Hoje, ontem e sempre.

Foto e ilustrações por Flor Maria, Anna da Hora e Fausto Bergocce.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

MEMÓRIAS DA INFÂNCIA: O MENINO E O MAR (1)

Lá atrás, lá bem atrás, nos meus tempos distantes de criança, eu costumava ouvir nas horas de recreio na escola coisinhas assim:

Hoje é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo!


E ouvia também, e todo mundo cantando, pérolas como esta:

Marcha soldado
Cabeça de papel
Se não marchar direito
Vai preso no quartel…


Muitas coisas bonitas, lúdicas, permanecem grudadas nas paredes da minha memória.
A história de Chapeuzinho Vermelho me assustava, me arrepiava todo. E olha, nem era a história original contada na Idade Média que eu ouvia. Na versão original o lobo mau matava a vovozinha e seu corpo cortado como em pedaços de bife dividia com Chapeuzinho que nem de longe desconfiava do que estava comendo. E depois disso, insaciável, crau! Comia a pobrezinha da Chapeuzinho.
Essa história tem várias versões na França, na Espanha, na Itália. No Brasil, em 1970, o compositor Chico Buarque e o cartunista Ziraldo inventaram uma certa Chapeuzinho Amarelo. É a história de uma menina que tem medo de tudo, até do medo.
Lembro da Gata Borralheira, da Branca de Neve, do Pinocchio, do João e Maria...
A história de João e Maria, essa contada por minha avó Alcina, arrancava-me rios torrenciais de lágrimas. Os irmãos, crianças, eram filhos de um lenhador viúvo casado pela segunda vez. Eram pobres. A madrasta, má, convenceu o marido a abandonar os filhos na floresta. Em resumo: eles sobrevivem mesmo depois de caírem nas garras de uma bruxa cega.
Ai, ai, ai meus tempos de criança.
Os contos de fadas e fábulas têm origem nos tempos imemoriais.
Há indícios de que o primeiro autor de fábulas foi o escravo grego Esopo. Indícios, apenas indícios, pois até hoje não há provas concretas. Não há escritos, manuscritos.
Histórias, historinhas, colhidas da boca do povo. Tudo oralidade.
Esopo teria vivido no século 6 a.C.
Nos séculos 17 e 18 surgiram na França e na Alemanha La Fontaine e os irmãos Grimm, respectivamente.
No ano de 1668 Fontaine publicou seu primeiro livro reunindo pouco mais de uma centena de fábulas, em versos, a que intitulou Fábulas Escolhidas. Esse livro foi dedicado ao rei Luís 14.
Os Grimm foram, como Fontaine, de grande importância para a fabulagem de nossos tempos de infância.
A literatura infantil, em prosa e poesia se acha nos quase 200 países classificados pela Organização das Nações Unidas, ONU.
Pinocchio é personagem italiano e incorpora o mentiroso.
Eu gostava do Pinocchio.
Pra incomodar amiguinhos chatos, eu os chamava de Pinocchio.
Criança apronta muito, e muito. Sempre.
Mais de uma vez eu vi amiguinho defendendo a mãe com uma quadrinha que nunca me saiu da cabeça. Era quando um menino maior xingava um menino menor chamando-o de "filho da puta". Resposta:

Filho da puta
É banana curta
Teu pai é corno
E tua mãe é puta!


O moleque dizia isso e pernas pra que te quero! E corria feito doido, cai aqui cai acolá. E quando caía, apanhava.
Não posso me queixar dos meus tempos de criança. Brinquei de cavalo de pau, de esconde-esconde, de bang bang, de médico e paciente, de passa anel, de bola de gude, de pião. Muitos dos meus brinquedos eu mesmo os construía como caminhõezinhos de madeira, boizinhos e vaquinhas de barro.
O tempo passa e a memória fica.

O MALIGNO E CRIANÇAS EM ARMAS

Uma coisa é certa: a coisa tá feia, como diria o violeiro mineiro de Monte Azul Tião Carreiro (1934-1993), que durante anos e anos fez dupla com o paulista de São Carlos Pardinho (1932-2001).
O presidente Bolsonaro não para de mandar o povo se armar. O povo dele, diga-se de passagem.
Ouvi no rádio e TV noticiário dando conta de que autoridades de Uberaba (MG) e do Rio, RJ, "comemoraram" o Dia das Crianças ensinando a elas como mexer com armas. E de grosso calibre. E bombas de gás lacrimogênio. Um horror! Disseram que era para as crianças começarem a perder o medo de armas de fogo e de bombas. Deus do céu!
Os agentes do Ministério Público estão investigando esses horrores.
Enquanto isso, e no mesmo dia das crianças, Bolsonaro agarra-se no vácuo à cata de votos de cristãos e evangélicos, depois de flertar com a Maçonaria.
Ontem 12, Em Aparecida (SP), o arcebispo dom Orlando Brandes mandou um recado curto e grosso direto a Bolsonaro no correr da homilia: "Nossa Senhora gloriosa no céu, depois da cruz e o céu, é a nossa pátria definitiva. Maria venceu o dragão. Temos muitos dragões que ela vai vencer. O dragão que é o tentador. O dragão que já foi vencido – a pandemia". E disse mais: "Mas temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do maligno. E o dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade. Com Maria, vamos vencer o mal e vamos dar prioridade ao bem, à verdade e justiça que o povo merece porque tem fé e ama Nossa Senhora Aparecida".
A minha conclusão é simples: esse cara que mente, mente e mente, não tem o menor escrúpulo. É horroroso de nascença. O objetivo dele é praticar o mau, especialmente a quem dele discorda. 
O Brasil está se cobrindo de irracionalidade da Direita extremosa, assassina.
Bolsonaro não tem limite. Ele rasga as leis e cospe na cara do povo. Do povo brasileiro, do povo pacato, simples, trabalhador. E aos poucos recomeça sua ladainha contra as urnas eletrônicas. E o Exército, na moita.
Cadê o relatório das Forças Armadas sobre o desempenho das urnas eletrônicas?

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

EU JÁ FUI CRIANÇA

Eu conheci muita gente bonita da nossa música popular. Entre essa gente, Luiz Vieira.
Vieira escreveu muita coisa bonita. Cantou muita coisa bonita, como Menino Passarinho, de sua autoria.
O dia 12 de outubro nos remete ao ano de 1924. Foi nesse ano, no governo Arthur Bernardes, que surgiu e foi patenteado o Dia das Crianças.
O Brasil foi o primeiro país a dedicar um dia às crianças.
Luiz Vieira compôs Menino Passarinho. Eu que não sou poeta nem nada, apenas jornalista, inventei de inventar um poema a que intitulei O Menino e o Mar.
Em 1952, o rei da voz Chico Alves teve lançada após sua morte, no dia 27 de setembro, a Canção da Criança. Uma pérola, belíssima. Ouça:

terça-feira, 11 de outubro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (46)

“Puxa vida! Não entendi nada. Há uma grande violência sendo incentivada e espalhada no Brasil pelo presidente Bolsonaro. Muita doidura vem da boca de Bolsonaro. É muita mentira, muita esculhambação. Eu não compreendo nada, é difícil entender o que ora ocorre no Brasil”, desabafou o poeta popular Zilidoro. Barrica emendou: “Loucura, loucura, loucura!”.
Reflexivo, Zé disse para a surpresa de todos: “Pela primeira vez um chefe de Estado faz da loucura uma estratégia política”.
Zilidoro puxou palmas para a fala de Zé.
Zoião pergunta o que é que acho disso tudo. Hmmmm, respondi.
Mané não gostou do meu “Hmmm…” e retrucou: “Seu Assis, agora é a hora verdadeira de a gente tomar posição e mandar o Bolsonaro para o esgoto de onde saiu!”.
Concordo, concordo. Agora é a hora chegada de tomarmos posição: Lula tem de ganhar, porque senão… “Estaremos afunhenhados!”, arrancou do meu pensamento o poeta Zilidoro, acrescentando: “O Bolsonaro diz que não há fome no Brasil. Ai, ai, ai…”.
O sempre quase quieto Zoião, para minha surpresa, se disse indignado com todas as falas mentirosas, cretinas, homofóbicas, machistas do Bolsonaro. E mudando de assunto, disse que viu há uns 10 anos um filme chamado Gonzaga - de Pai pra Filho e que nesse filme, eu apareço, de alguma forma eu apareço, e que até teve esse filme divulgação ampla na TV Globo. E pra provar o que estava dizendo, tascou: “Foi em 2012. Antes desse filme, o sinhô aparece numa entrevista da Globo dizendo que Luiz Gonzaga era pobre, negro e analfabeto". Sim!, respondi. Era pobre, negro, analfabeto e cego de um olho! E sofreu muito por ser quem foi. Foi um gênio, na verdade!
“Seu Assis, posso compartilhar com meus amigos e todo mundo o vídeo do ...?".
Antes que Zoião concluísse, eu disse: Pode!

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

EU E MEUS BOTÕES (45)

“A campanha política recomeçou, está na rua. Uma doidura”, disse Barrica. Seu irmão Biu, acrescentou: “Vi na TV o ressuscitamento de uma entrevista do Bolsonaro publicada no jornal norte-americano The New York Times, em 2016, dizendo que estava pronto pra comer índio”.
Espantados, todos perguntaram: “O quê!?!?!?”. “Isso mesmo!”, confirmou Biu. E pegando o jornal, destacou a frase de Bolsonaro: “Eu comeria o índio sem problema nenhum, é a cultura deles, e eu me submeti àquilo”.
“Deus do céu!”, espantado disse Mané.
“Caraca!, esse Bolsonaro é do balacubaco. Canibal!”, foi a vez de Zé falar.
Notei que Zilidoro estava a mil, só me observando. Fiz de conta que não vi. E ele: “Seu Assis, até agora o Sr. não se manifestou diretamente sobre a sua preferência ao nome que deverá governar o nosso País nos próximos quatro anos. Pergunto: o sr. é Bolsonaro, ou o sr. é Lula?”.
Olhei na cara de Zilidoro, olhei na cara de todos, e disse com todas as letras: Eu sou Brasil, eu sou brasileiro, eu sou nordestino nascido em João Pessoa, PB. Sou jornalista com poucos recursos financeiros, mas acredito profundamente na Democracia. Sem Democracia não é possível ser feliz. Sonho por um Brasil melhor, sem desigualdades, justo. Vou votar no Lula. O Bolsonaro é lixo.
Confesso que não foi surpresa ver os meus botões se levantarem e entusiasmados baterem palmas: “Isso! Isso!”, disseram. E Zilidoro: “O Brasil precisa sair do buraco em que se acha!”.
Do seu canto Zoião só nos olhava. De repente, disse: “Estou sentindo a falta do Lampa…”.
“Eu também…”, respondeu Zé.
“O Lampa parece estar fora de perigo. Já não respira por máquinas. Saiu do tubo. Foi o que me disse a pouco, por telefone, o Jão”, informou Barrica.
Pessoal, hoje é segunda e amanhã é terça. Tomara que até o fim do mês o Lampa esteja conosco.
“Isso! Isso, seu Assis!”, bateu palmas se levantando da cadeira o Biu.
Antes de darmos por encerrada a nossa reunião, Zilidoro pediu a palavra e perguntou: “Seu Assis, vi hoje na internet o Sr. sendo censurado. Pela internet! Por quê? Não entendi”.
Ai, ai, ai, Zilidoro. Eu também não entendi. Postei uma fala de 53 segundos e a internet não gostou. Não sei porque, tudo que falei foi que estava indignado com a fala de Bolsonaro. Aquela em que ele dizia que nós, nordestinos, votamos em Lula no primeiro turno porque somos analfabetos.
Enquanto eu falava, Mané mexia na internet. Achou o post referido por Mané. E quase gritando, disse: “Achei, achei! É este!”

domingo, 9 de outubro de 2022

DOMINGUINHOS É TEMA DE MUSICAL EM SÃO PAULO (2, FINAL)

É certo que Dominguinhos não estaria dando a mínima ao desmantelado PSDB ou ao inescrupuloso, homofóbico e negacionista Bolsonaro.
O Nordeste inteiro apoiou Lula, levando-o ao 2° turno. Detalhe: Lula só não ganhou no 1° turno porque o ressentido Ciro Gomes inventou de esculhambá-lo chamando-o disso e daquilo.
O embate entre Bolsonaro e Lula está deixando muita gente assustada. Isso porque, de repentemente, o Brasil de uma hora para outra foi coberto pelo manto da direita extremada.
A campanha na rua para o 2° turno começou segunda 3 no fim da tarde. A propaganda política obrigatória, no rádio e TV começou sexta-feira 7. Um dia antes, aliás, estreou no teatro da FAAP (rua Alagoas, 903, Higienópolis) o musical Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais, idealizado e dirigido por Gabriel Fontes Paiva. O texto é da jornalista Silvia Gomes e a parte musical coube a Myriam Taubkin.
Participam do espetáculo Hugo Lins, Jam da Silva, Cosme Vieira e Zé Pitoco, além da filha de Dominguinhos, a cantora Liv Moraes, e os atores Luiza Fittipaldi e Wilson Feitosa.
Dominguinhos estreou em LP no ano de 1964, a convite do baiano Pedro Sertanejo.
Sertanejo, pai de Oswaldinho do Acordeon, era o criador e diretor do selo musical Cantagalo.
Depois dos primeiros discos gravados na Cantagalo, Dominguinhos transformou-se num dos mais importantes sanfoneiros do Brasil. Entre LPs, compactos simples e duplos e CDs, Dominguinhos deixou mais de 50 títulos.
Eu conheci Dominguinhos num ano qualquer dos 80. Em 99, ele assinou o prefácio de um livro de minha autoria Eu Vou Contar Pra Vocês (Editora Ícone). Foi o primeiro e único prefácio que escreveu. E à mão. Participou várias vezes do programa que eu apresentava na Rádio Capital, São Paulo Capital Nordeste. Em 2006 apresentei e dirigi o espetáculo Baião, no Sesc Pinheiro. Desse espetáculo participaram, além de Dominguinhos, Anastácia (rainha do forró), os emboladores Caju e Castanha, Carmélia Alves (rainha do Baião), Cezar do Acordeon, o poeta repentista Oliveira de Panelas, a cantora e compositora Socorro Lira e o cantor e também compositor Gereba. Com Gereba, a propósito, compus Hino ao Céu. Essa música foi gravada por Dominguinhos e Gereba, num ano que não me lembro.


AULA DE RÁDIO

Os jornalistas Heródoto Barbeiro e José Nêumanne deram uma verdadeira aula de conhecimentos no campo do jornalismo radiofônico, sábado 1, no programa Paiaiá na rádio Conectados. O programa é apresentado pelo radialista baiano Carlos Silvio. Confiram: 


SAMBA DO RÁDIO

Até hoje ninguém ousou compor e gravar um hino ao rádio. Por não ter lá muito o que fazer, convidei o craque da nossa música Jarbas Mariz e com ele fiz o Samba do Rádio. Ouçam:

sábado, 8 de outubro de 2022

DOMINGUINHOS É TEMA DE MUSICAL EM SÃO PAULO (1)

Nunca na história política brasileira houve tantos jingles enaltecendo candidatos a deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República. Foram milhares. O de Bolsonaro é uma porcaria e o de Lula muito aquém da sua figura carismática. O de Bolsonaro tem ritmo de "sertanojo" e o de Lula está mais para "forró de plástico". O pessoal que cuida da sua campanha poderia melhorar isso. Cadê o Hilton Acioli, o competente autor de Lula lá?
A história dos jingles políticos no Brasil começa pra valer com Júlio Prestes, o Julinho, candidato a presidente da República, em 1929.
Luiz Gonzaga foi um dos mais profícuos autores de jingles. Ele dizia, e disse-me mais de uma vez, que não tinha particularmente partido político. Trabalhava para quem pagasse melhor. E foi assim com Dutra, Carlos Lacerda, Jânio e tantos e tantos.
O baião Paraíba foi composto originalmente como jingle político. Chegou, aliás, a ser lançado em praça pública pela cantora Marlene. O evento se deu em Campina Grande, PB, no ano de 1950.
A trilha de Gonzaga foi seguida passo a passo por José Domingos de Moraes, o Dominguinhos.
Dominguinhos fez muitos jingles para políticos do Nordeste e de São Paulo, inclusive para candidatos do hoje afunhenhado PSDB.
O PSDB foi praticamente destroçado pelo ex-governador "bolsodória".
Pela primeira vez o sanfoneiro Dominguinhos é tema central de um musical que tem como título o seu nome acrescido de Isso Aqui Tá Bom Demais, título homônimo do forró composto pelo músico pernambucano Nando Cordel.
Em 1949, Dominguinhos tinha 8 anos de idade e tocava com os irmãos à entrada de um hotel de Garanhuns, cidade onde nasceu. Por um desses acasos da vida, Dominguinhos e seus irmãos, Os 3 Pinguins, foram vistos e ouvidos por Gonzaga Rei do Baião. Oito anos depois, em 1957, Gonzaga já apresentava Dominguinhos à imprensa como seu sucessor.Nem tinha ainda maioridade e Dominguinhos já acompanhava Luiz Gonzaga em gravação de disco de 78 RPM na extinta RCA Victor.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

NORDESTINOS, UNI-VOS!

Na infância, desde a infância, aprendi a respeitar as pessoas. Todas as pessoas, independentemente de religião, cor, posição política, sexualidade, condição financeira e tudo mais.
Aprendi que somos todos iguais. 
Aprendi isso na escola e no colégio de padres onde estudei, onde vivi por bom tempo da minha vida.
Aprendi também que somos iguais perante Deus e perante a Lei.
O que ora a pessoa que ocupa a cadeira de representante da República diz é lamentável, sob todos os aspectos. Essa pessoa, Bolsonaro, esculhamba todo mundo. Ele não tem sentimento, não tem pena de ninguém. O projeto dele é poder, poder, poder. Mas ele é pequeno demais. Ninguém é grande, além de Deus.
É incrível o que Bolsonaro faz como presidente da República. Como pessoa. Bom, como pessoa...
O preconceito que Bolsonaro tem contra pretos, brancos, pobres, indígenas e nordestinos é algo incompreensível, abominável, monstruoso. Inclassificável é o seu comportamento sob a ótica civilizatória. Parece, no seu comportamento e ação, um bicho saído dos esgotos. Meu Deus!
Ele, Bolsonaro, acaba de esculhambar de novo os nordestinos. Vomitou na sua língua que Lula ganhou no Nordeste com votos de analfabetos. 
Lula respondeu dizendo que nordestino não é analfabeto porque quer. Nordestino sonha, nordestino quer crescer.
São milhões os nordestinos que fizeram história, que contribuíram e continuam a contribuir para o crescimento do país.
Lula, que não teve oportunidade de virar doutor, disse que quem tiver na veia sangue de nordestino não deve votar no Bolsonaro. Concordo.
Eu sou nordestino. Tenho orgulho disso. Tenho orgulho de ser brasileiro, mas tenho desorgulho de ser contemporâneo desse cara.
Agora é hora de todos os nordestinos, de todos os brasileiros que sonham com um Brasil livre e progressista por na cadeira de presidente o pernambucano Luís Inácio Lula da Silva. 
As forças do bem contra o mal são fortes. Muito fortes. E agora é neste mês de outubro, mais uma vez outubro, que o Brasil terá que decidir quem o dirigirá.
No dia 27 de outubro de 2002, Lula ganhou a presidência no segundo turno.
No dia 29 de outubro de 2006, Lula ganhou o direito de presidir o Brasil pela segunda vez.

POSTAGENS MAIS VISTAS