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terça-feira, 7 de setembro de 2021

RODA VIDA OMITE AUDÁLIO DANTAS

Senti-me ludibriado pela TV Cultura, que anunciou a presença de uma importante autora negra no programa Roda Viva. Semana Passada. A entrevistada era/foi Conceição Evaristo. 
Dizia a chamada da TV que Evaristo iria falar sobre a obra da mineira negra Carolina Maria de Jesus (1914-1977). E aí foi que me senti ludibriado, pois a entrevistada falou nada sobre nada e tal e coisa e foi em frente e a Carolina e seu descobridor, o jornalista Audálio Dantas, jogados para o escanteio. E ela disse, o que interessa é a autora e tal.
Até parece que há um movimento orquestrado para apagar o nome de Audálio Dantas da vida de Carolina Maria de Jesus. 
Na 34ª Bienal de São Paulo há, no 2º piso, um espaço no qual pode se ver manuscritos de Carolina. E o nome de Audálio? Bal, bal... 
"Acho uma pena que isso esteja ocorrendo", diz a colaboradora deste blog a estudante de Artes Visuais, Anna da Hora. "A história não pode ser apagada", ela acrescenta.
Ouvi o Roda Viva de segunda 6 de cabo a rabo. Banca fraquíssima.
Lá pras tantas um dos integrantes da banca, acho que Pedro, fez alusão à Audálio. E ficou nisso. Pena.
Conceição Evaristo, mineira como Carolina, disse ter 74 anos de idade e que não sei quê, não sei quê, não sei que lá. Não falou, mas deixou implícito que a participação de Audálio Dantas na vida de Carolina Maria de Jesus foi nada. No mínimo, prejudicial. 
A entrevistada do Roda Viva defendeu a publicação na íntegra de tudo que Carolina escreveu. Muitos e muitos diários, milhares de páginas. Audálio, profissional arretado que foi, editou os cadernos que viraram Quarto de Despejo. 
Esse livro recebeu dezena e meia de traduções, mundo a fora. 
Senti um quê de petulância e discriminação da entrevistada, em relação a Audálio Dantas e pardos e brancos no geral.
Posso estar errado, mas sei que não estou.
Precisamos ser mais humildes na vida.
E chega, mas acrescento: sem Audálio Dantas, não existiria a escritora Carolina Maria de Jesus.
E se eu dissesse que Carolina foi uma plagiária, hein?
Pois é, basta ouvir o LP Quarto de Despejo, aquelas marchinhas e tal. 
Confira o Roda Viva com Conceição Evaristo, clicando:

LEIA MAIS: 

O 7 NA VIDA DA GENTE

Pra tudo há uma explicação. O número 7, por exemplo.
Na numerologia, o 7 representa perfeição. Representa também espiritualidade, tranquilidade, desafio e tudo mais. Quem tem esse número, quem gosta desse número, tem meio caminho andado nessa vida. Isso diz o popular.
No Folclore, o 7 dá conta de quem mente. E para os supersticiosos, o 7 é atraso de vida. Pra tanto, basta passar debaixo de uma escada ou quebrar um espelho.
O 7 está em todos cantos até nas cantigas infantis:

Sete e sete são quatorze
Com mais sete vinte e um 
Tenho sete namorados 
Mas não gosto de nenhum...

A vida brasileira é cheia de 7.
Dom Pedro I abdicou num 7 de abril, dividiu lençóis com a marquesa de Santos durante 7 anos e num 7 de setembro assinou a Declaração da Independência nas beiradas do riacho Ipiranga, em Sampa.
O Brasil era uma terra tranquila até o seu achamento, em 1500.
Em 1532, os problemas começam a aparecer com a fundação da Vila de São Vicente, SP. Esses problemas aumentam, quando Dom João VI desembarca na Costa baiana e lá cria a primeira capital do País. Isso, em 1808, quando cria o Banco do Brasil.
Entre problemas e soluções, o Brasil vai achando o caminho.
Em 1821, Dom João VI volta a Portugal. Logo depois chama o filho, que não vai.
A essa altura, já estamos em 1822.
Subindo a ladeira num burro desde Santos, SP, saído da casa da amante, Pedro I assina a tal declaração que Pedro Américo retrata totalmente diferente.
Essa Declaração foi redigida por Maria Leopoldina, sua mulher, e ele teve de assiná-la, sem grito.
No mesmo dia que assinou a declaração, a história conta que Dom Pedro compôs o Hino da Independência, que o barítono Vicente Celestino (1894-1968) gravaria, com letra de Evaristo Veiga (1799-1837), em 1922.
O resto é história. 
No dia 9 de setembro de 1856, o romancista Machado de Assis (1839-1908) publicaria no jornal Correio Mercantil o poema O Grito do Ipiranga, baseado no feito de Dom Pedro I. Esse poema, que consta em nenhum livro do escritor, foi descoberto recentemente. Fica o registro.

Liberdade!... Pharol divinisado! —
Sob o teu brilho a humanidade e os seculos
Caminhão ao porvir. Roma as algemas
Quebrou dos filhos que a oppressão lançára
Dentre a sombra de purpura dos Cesares,
Que envolvia Tarquinio em fogo e sangue,
Cheia de tua luz e estimulada
Por teu nome divino — essa palavra
Immensa como as vozes do Oceano,
Sublime como a idéa do infinito!
Tal como Roma a terra americana,
Um dia alevantando ao sol dos tropicos
A fronte que domina os estandartes,
Saudou teu nome magestoso e bello —
E o brado immenso — Independencia ou morte —
Soltado lá das margens do Ypiranga,
Foi nos campos soar da eternidade.

Desenrola nas turbas populares
Dos livres a bandeira o heróe tão nobre,
Digno dos louros festivais que outrora
Roma dava aos heróes entre os applausos

Do povo que os levava ao Capitolio!
Elle foi como o Cesar de Marengo;
Sua voz como a lava do Vesuvio
Levada pela voz da immensidade
Foi do Téjo soar nas margens, onde
Estremeceu de susto o lusitano!

Ypiranga!... Ypiranga!... A voz das brisas
Este nome repete nas florestas!
Caminhante! Eis ali onde primeiro
Sôou o brado — Independencia ou morte! —
O homem secular levando as aguias
Por entre os turbilhões de pó, de fumo,
Ostentando nos livres estandartes
O lucido pharol de um seculo ovante,
Mais sublime não foi nem mais valente
Que Pedro o heróe da América travando
Do pharol da sagrada liberdade,
E acordando o Brasil, escravisado,
Sob ferreos grilhões adormecido.

Somos livres! — Nas paginas da historia
Nosso nome fulgura — alli traçado
Foi por Deus, que do heróe guiando o braço,
Nas—folhas o escreveu do eterno livro.
Somos livres! — No peito brasileiro
A idéa da oppressão não se acalenta!
Somos já livres como a voz do oceano,
Somos grandes tambem como o infinito,
Como o nome de Pedro e dos Andradas!

Seja bemdito o dia em que Colombo
Cesar dos mares, affrontando as ondas,
Á Europa revelou um Novo Mundo;
Elle nos trouxe o sceptro das conquistas
Nas mãos de Pedro — o fundador do Imperio!

O heróe calcando os pedestaes da historia,
Ergue soberbo aos seculos vindouros
A fronte magestosa! Immenso vulto!
É elle o sol da terra brasileira!
Neste dia de esplendidas lembranças
No peito brasileiro se reflecte
O nome delle — como um sol ardente
Brilha dourado no crystal dos prismas!

Tomando o sabre, dominou dous mundos
O heróe libertador, valente e ousado!
Elle, o tronco da nossa liberdade,
Foi como o cedro secular do Libano,
Que resiste ao tufão e ás tempestades!

Ypiranga! Inda o vento das florestas
Que as noites tropicaes respirão frescas
Parecem murmurar nos seus soluços
O brado immenso — Independencia ou morte!
Qual o trovão nos écos do infinito!

Disse ao guerreiro o Deus da Liberdade:
Liberta o teu Brasil num brado augusto,
E o heróe valente o libertou n′um grito!

7 de setembro de 1856.

Para ilustrar essa história, nada melhor do que o cartunista Fausto inspirando-se no pintor norueguês Edvard Munch (1853-1944).
 
 
Pra relaxar, ouça: MATA SETESETE MENINASBICHO DE 7 CABEÇAS

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