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domingo, 24 de julho de 2022

ALDO REBELO, UM CANTADOR DE GESTAÇÃO (2, FINAL)

No decorrer dos causos contados, Aldo disse que a violência é uma praga que existe em todo canto. E lá vem ele: “Um dia um guarda rodoviário fez parar um carro. Dentro além do motorista, um acompanhante. Parado o carro, a autoridade rodoviária ouviu um barulho esquisito no porta-malas e imediatamente determinou que fosse aberto. Lá se achava uma jovem amarrada e amordaçada. Tirou-lhe a mordaça. A jovem disse que o motorista era seu pai e o acompanhante, seu irmão. E por que tal caso estava ocorrendo?”
Segundo a jovem, o pai não queria que se casasse com um certo cidadão. E por que?
O cidadão em pauta era um assassino famoso no Nordeste e já tinha sobre as costas a morte de pelo menos meia dúzia de mulheres. Era um tarado.
O guarda, então, concordou que o pai da jovem estava certo. E liberando o motorista, disse: “Ela está doida, mesmo! O manicômio é o seu lugar”.
São muitas as histórias pitorescas constantes no repertório do Aldo Rebelo.
Durante o almoço, muitas histórias foram contadas.
E o padre, ouvindo.
Em determinado momento, senti uma mão no meu ombro e perguntei: “Quem é?”. Resposta: “É o padre, porra!”.
O mais recente livro de Aldo Rebelo chama-se O Quinto Movimento. Esse livro trata do achamento do Brasil, do “grito” de Pedro I, da escravidão e do golpe militar que acabou com o Império. A respeito o cantador repentista cearense Geraldo Amâncio, publicou um folheto de cordel que começa assim:

Brasil, uma terra esplêndida
magnífica, destinada
a maravilhar o mundo,
por Deus vocacionada,
tudo de bom tem de sobra,
mas está como uma obra
incompleta, inacabada.

Este cordel vem das páginas
de um livro norteador
feito de ideias brilhantes,
todas de alto teor,
para que o Brasil avance,
e com segurança alcance
um futuro promissor.

É “O Quinto Movimento”
livro que em textos polidos
mostra ao país os caminhos,
que deverão ser seguidos,
e dessa forma alcançar,
o mais alto patamar
dos povos desenvolvidos.

O cordel de Amâncio, segue terminando assim:

No país onde os poderes
vivem se digladiando
a data das eleições,
já está se aproximando,
se espera um nome ideal,
de envergadura moral
para assumir o comando.

Que o caminho democrático
viabilize essa conquista
e o eleitorado escolha,
o melhor nome da lista,
é o que a nação deseja,
para que o povo seja
seu principal avalista.


Aldo Rebelo acaba de prefaciar o livro póstumo do jornalista José Antônio Severo (1942-2021). Esse livro traz histórias da Independência do Brasil.E o detalhe mais importante nessa história: Aldo Rebelo, além de ótimo contador de causos, é um cantador em gestação. Pois, não à toa, ousou improvisar, junto com Sebastião Marinho, em quadras a toada de origem popular que tem como mote No Calor da Vaquejada. Confira:

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